Esportes de Aventura e Educação Física - Educação Física (2024)

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<p>Indaial – 2022</p><p>dos EsportEs</p><p>AvEnturA</p><p>Prof. Douglas dos Santos Taborda</p><p>1a Edição</p><p>prEscrição E</p><p>trEinAmEnto</p><p>Elaboração:</p><p>Prof. Douglas dos Santos Taborda</p><p>Copyright © UNIASSELVI 2022</p><p>Revisão, Diagramação e Produção:</p><p>Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech</p><p>Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI</p><p>Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI</p><p>Impresso por:</p><p>C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.</p><p>Núcleo de Educação a Distância. TABORDA, DOUGLAS DOS SANTOS.</p><p>Prescrição e Treinamento dos Esportes Aventura. Douglas dos Santos Ta-</p><p>borda. Indaial - SC: UNIASSELVI, 2022.</p><p>222p.</p><p>ISBN 978-65-5466-203-1</p><p>ISBN Digital 978-65-5466-204-8</p><p>“Graduação - EaD”.</p><p>1. Treinamento 2. Esportes 3. Aventura</p><p>CDD 796.2</p><p>Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679</p><p>As Atividades Físicas de Aventura na Natureza (Afan) se caracterizam como um</p><p>instrumento pedagógico de suma importância no processo de ensino-aprendizagem</p><p>da formação inicial em Educação Física. Em face do exposto, compreende-se que</p><p>essas atividades contemplam o tripé Ensino – Pesquisa – Extensão, podendo assim ser</p><p>desenvolvidas como conteúdo em sala de aula, projetos esportivos, treinamento de alto</p><p>rendimento, ou, até mesmo, como atividades de lazer, saúde e qualidade de vida.</p><p>Ao desenvolver aspectos didático-pedagógicos durante atividades de ensino</p><p>realizadas em ambientes naturais e/ou não convencionais, o profissional de Educação</p><p>Física, desempenha um importante papel no que diz respeito ao acesso a um conteúdo</p><p>inovador e que, ao mesmo tempo, reaproxima os alunos do convívio harmonioso com as</p><p>práticas corporais e sua relação com o meio ambiente (PEREIRA, 2013; PIMENTEL, 2013;</p><p>DA PAIXÃO, 2017).</p><p>Assim, na Unidade 1, vamos estudar os elementos teóricos referentes aos</p><p>conteúdos que englobam a conceituação e a reflexão crítica sobre os temas do meio</p><p>ambiente, ecologia, natureza, educação ecológica e a formação do sujeito ecológico, a</p><p>relação homem-natureza e os objetivos de uma Educação Ambiental Sustentável, como</p><p>também abordaremos o teor conceitual das atividades, sua classificação e principais</p><p>características técnicas. Tais considerações são orientadas por princípios didático-</p><p>pedagógicos, aludindo para a responsabilidade civil do profissional de Educação Física e</p><p>sua contribuição para o processo de formação consciente de cidadãos responsáveis no</p><p>que diz respeito às questões ambientais.</p><p>Na Unidade 2, vamos adentrar diretamente nas questões específicas relacionadas</p><p>aos esportes radicais, esportes de aventura, esportes e atividades não formais na</p><p>natureza e sua aplicação na área da saúde, além de explorar e compreender melhor as</p><p>questões relacionadas aos esportes urbanos como uma nova dimensão das práticas</p><p>corporais muito presente na sociedade atual, entendendo como tais manifestações</p><p>esportivas interagem entre si e compõem um repertório de práticas que abarcam desde</p><p>questões relacionadas à saúde até ao treinamento esportivo.</p><p>Na Unidade 3, vamos tratar das questões técnicas específicas dos esportes de</p><p>aventura, perpassando pelos diferentes aspectos do treinamento esportivo, pensando</p><p>a intervenção sobre os distintos ambientes de prática (aquático, terrestre, aéreo e</p><p>misto), como, também, vamos abordar os elementos do condicionamento físico, os</p><p>aspectos psicológicos e nutricionais imbricados no seio destas práticas, e, por fim,</p><p>vamos abordar os elementos relacionados à formação e às características do treinador</p><p>dos esportes de aventura.</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>GIO</p><p>Olá, eu sou a Gio!</p><p>No livro didático, você encontrará blocos com informações</p><p>adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento</p><p>acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender</p><p>melhor o que são essas informações adicionais e por que você</p><p>poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações</p><p>durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais</p><p>e outras fontes de conhecimento que complementam o</p><p>assunto estudado em questão.</p><p>Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos</p><p>os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina.</p><p>A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um</p><p>novo visual – com um formato mais prático, que cabe na</p><p>bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada</p><p>também digital, em que você pode acompanhar os recursos</p><p>adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo</p><p>deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura</p><p>interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no</p><p>texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que</p><p>também contribui para diminuir a extração de árvores para</p><p>produção de folhas de papel, por exemplo.</p><p>Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente,</p><p>apresentamos também este livro no formato digital. Portanto,</p><p>acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com</p><p>versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.</p><p>Preparamos também um novo layout. Diante disso, você</p><p>verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses</p><p>ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos</p><p>nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos,</p><p>para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os</p><p>seus estudos com um material atualizado e de qualidade.</p><p>Portanto, os conteúdos aqui apresentados visam estimular a sua curiosidade,</p><p>e também o instigar a pensar estratégias de intervenção nos distintos campos de</p><p>atuação profissional.</p><p>Bons estudos!</p><p>Prof. Douglas dos Santos Taborda</p><p>Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e</p><p>dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes</p><p>completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você</p><p>acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar</p><p>essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só</p><p>aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.</p><p>QR CODE</p><p>ENADE</p><p>LEMBRETE</p><p>Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma</p><p>disciplina e com ela um novo conhecimento.</p><p>Com o objetivo de enriquecer seu conheci-</p><p>mento, construímos, além do livro que está em</p><p>suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,</p><p>por meio dela você terá contato com o vídeo</p><p>da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-</p><p>res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de</p><p>auxiliar seu crescimento.</p><p>Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que</p><p>preparamos para seu estudo.</p><p>Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!</p><p>Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um</p><p>dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de</p><p>educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar</p><p>do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem</p><p>avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo</p><p>para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,</p><p>acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!</p><p>SUMÁRIO</p><p>UNIDADE 1 - MEIO AMBIENTE, ECOLOGIA E ESPORTES DE AVENTURA</p><p>A NATUREZA ............................................................................................................1</p><p>TÓPICO 1 - CONCEPÇÕES TEÓRICAS INICIAIS ..................................................... 3</p><p>1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3</p><p>2 AMBIENTE, ECOLOGIA E NATUREZA .................................................................. 3</p><p>2.1 IMPACTO DAS ATIVIDADES FÍSICAS NO AMBIENTE NATURAL ................................11</p><p>2.1.1 Impactos positivos .....................................................................................................12</p><p>2.1.2 Impactos negativos ..................................................................................................14</p><p>2.1.3 Impactos negativos potenciais ..............................................................................15</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 ...........................................................................................17</p><p>da Educação Básica, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), as</p><p>Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),</p><p>apontam para objetivos e orientações norteadoras de uma Educação Ambiental em</p><p>todas as esferas da sociedade. Segundo esses autores, a Educação Ambiental também</p><p>ancora outras áreas da sociedade além da dimensão educacional,</p><p>https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/S7D00004.pdf</p><p>https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/S7D00004.pdf</p><p>29</p><p>a Educação Ambiental tem o papel preponderante de conduzir a</p><p>novas iniciativas, de desenvolver novos pensamentos e práticas, de</p><p>promover a quebra de paradigmas da sociedade, formando cidadãos</p><p>conscientes e participativos das decisões coletivas. Além disso, seu</p><p>papel não se reduz ao meio ambiente, mas seu leque se amplia para</p><p>a economia, a justiça, a qualidade de vida, a cidadania e a igualdade</p><p>(BRANCO; ROYER; BRANCO, 2018, p. 186).</p><p>Nessa perspectiva, a interdisciplinaridade produz conhecimento diverso e plu-</p><p>ral que deve ser observado pelo profissional de Educação Física no momento de sua</p><p>abordagem didático-pedagógica. No estudo realizado por Silva, Silva e Inácio (2008),</p><p>as contribuições teórico-metodológicas para a Educação Física apontam que a lógica</p><p>da produção de conhecimento interdisciplinar permite galgar a artificialidade e a seg-</p><p>mentação das iniciativas educativas isoladas. Assim, dialogar e compreender a univer-</p><p>salidade e a magnitude das questões envolvidas com a Educação Ambiental, alicerça</p><p>uma fundamentação pedagógica coerente com os processos de ensino-aprendizagem.</p><p>As considerações provenientes do estudo realizado por Domingues, Kunz e</p><p>Araújo (2011), firmam coerência com um processo pedagógico vinculado aos objetivos</p><p>apresentados em 1992 pelo Tratado para as Sociedades Sustentáveis e de Responsa-</p><p>bilidade Global. Esse processo pedagógico é ancorado por sete princípios norteadores,</p><p>conforme é descrito a seguir:</p><p>Ter como base o pensamento crítico e inovador, promovendo a</p><p>transformação e a construção da sociedade; ser individual e co-</p><p>letiva, com propósito de formar cidadãos com consciência local e</p><p>planetária, respeitando a autodeterminação dos povos e a sobe-</p><p>rania das nações; envolver uma perspectiva holística, enfocando</p><p>a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma</p><p>interdisciplinar; estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito</p><p>aos direitos humanos, valendo-se da estratégia democrática e in-</p><p>teração entre as culturas; integrar conhecimentos, aptidões, valo-</p><p>res, atitudes e ações; converter cada oportunidade em experiências</p><p>educativas das sociedades sustentáveis; ajudar a desenvolver uma</p><p>consciência ética sobre todas as formas de vida com as quais com-</p><p>partilhamos este planeta, respeitar seus ciclos vitais e impor limites</p><p>à exploração dessas formas de vida pelos seres humanos (DOMIN-</p><p>GUES; KUNZ; ARAÚJO, 2011, p. 562-563).</p><p>Segundo os autores previamente citados, a Educação Física ainda precisa</p><p>avançar sob os aspectos da formação ambientalista, entendendo a Educação Ambiental</p><p>como um Tema Transversal, em outras palavras, não se limitar a discutir questões globais</p><p>sobre Educação Ambiental, apenas pela ótica da “esportivização” das práticas corporais</p><p>na natureza, tampouco vincular somente os elementos específicos das modalidades</p><p>radicais ou de aventura.</p><p>Nas considerações proferidas por Rios, Souza Filho e Ribeiro (2018), a</p><p>interdisciplinaridade envolvida na abordagem da Educação Ambiental permite ao</p><p>profissional de Educação Física ancorar-se em distintas áreas do conhecimento,</p><p>30</p><p>contemplando elementos teóricos e, simultaneamente, permitindo o desenvolvimento</p><p>criativo e autônomo dos alunos de forma dinâmica, explorando suas potencialidades e,</p><p>ainda, considerando suas experiências adquiridas nos distintos ambientes em que os</p><p>sujeitos interagem.</p><p>As atividades práticas, jogos, brincadeiras, esportes e atividades desenvolvidas</p><p>nas aulas de Educação Física, em especial aquelas realizadas na natureza, convergem</p><p>para uma reaproximação dos alunos com os aspectos de sua condição humana</p><p>primordial, ou seja, quando a sensibilidade pelo ecossistema é assumida em compreender</p><p>a importância da preservação e conservação ambiental a sua volta (INÁCIO; MORAES;</p><p>SILVEIRA, 2013).</p><p>Em contrapartida, um estudo realizado por Leão Junior, Demizu e Royer (2016)</p><p>investigou o nível de conhecimento de 18 acadêmicos de Educação Física sobre o</p><p>conceito de Educação Ambiental e sua relação com a disciplina de Educação Física.</p><p>Os resultados obtidos demonstraram que tal associação ainda carece de afirmação</p><p>teórico-prática em diferentes contextos de intervenção. Nessa direção, o processo</p><p>didático-pedagógico da Graduação em Educação Física deve promover o debate crítico</p><p>e oportunizar vivências práticas condizentes com as necessidades metodológicas</p><p>oriundas dos distintos campos de atuação profissional, bem como oferecer subsídios</p><p>para a formação continuada desses profissionais.</p><p>Para fortalecer nossas considerações, são pertinentes as orientações que</p><p>reforçam os elementos pedagógicos presentes na Educação Ambiental e sua relação</p><p>com a Educação Física.</p><p>A Educação Ambiental é um processo de construção da relação hu-</p><p>mana com o ambiente onde os princípios da responsabilidade, da</p><p>autonomia, da democracia, entre outros, estão sempre presentes.</p><p>Dessa forma, a Educação Ambiental busca, em sua ação humaniza-</p><p>dora, a construção de uma prática social e uma ética ambiental que</p><p>redefinam as relações dos homens com o ambiente em que vivem</p><p>(INÁCIO; MORAES; SILVEIRA, 2013, p. 7).</p><p>Ainda, segundo os autores, a inclusão do tema da Educação Ambiental não pode</p><p>ser realizada de forma taxativa e/ou arbitrária. Isso significa dizer que apenas incluir o</p><p>assunto esporadicamente nas aulas e/ou atividades, ou ainda, somente listar em um</p><p>plano de ensino/tarefas, não é suficiente para abranger as inquietudes que essa temática</p><p>demanda. Diante disso, ao profissional de Educação Física cabe a responsabilidade de</p><p>inteirar-se das políticas ambientais, bem como dos estudos e relatos de experiência dos</p><p>colegas de profissão que já iniciaram suas discussões e intervenções nos diferentes</p><p>campos de atuação profissional, a fim de estabelecer um elo entre a práxis pedagógica</p><p>e sua relação com a Educação Ambiental.</p><p>31</p><p>Como forma de contribuir para uma intervenção didático-pedagógica coerente</p><p>com as premissas da Educação Ambiental, mediada pela Educação Física, o estudo</p><p>realizado por Moreira (2006) apresenta uma sistematização de termos e temas</p><p>relacionados com o tema da Educação Ambiental, conforme é apresentado no Quadro 5.</p><p>Quadro 5 – Sistematização dos termos usados no estudo ambiental</p><p>VARIÁVEIS</p><p>EXTERNAS QUE</p><p>INTERFEREM NO</p><p>AMBIENTE</p><p>Físicas: localização geográfica, relevo, clima, ar, água, formas de</p><p>poluição variadas (sonoras, visuais etc.), detritos, ruídos, condições</p><p>habitacionais, ambientes espaciais, condições de conforto (térmico,</p><p>visual, acústico, ventilação, pressão, luminosidade).</p><p>Biológicas não humanas: interações com animais, vegetação.</p><p>Biológicas e demográficas humanas: número de habitantes, taxas de</p><p>natalidade e mortalidade, acesso, fluxo de pessoas e veículos, mobilidade,</p><p>situação sanitária (esgoto, despejo, refugo, lixo), dados epistemológicos.</p><p>Sociais: estratificação socioeconômica, habitus social e familiar;</p><p>condições de intimidade, privacidade, espaço pessoal, comportamento</p><p>territorial, segurança, instituições e serviços;</p><p>Econômicas: valor em capital das habitações, dentre outros.</p><p>Estruturais e combinadas: importância da forma e da estrutura</p><p>do ambiente: sinalização interna e externa; condições de conforto</p><p>térmico, acústico, visual, barreiras arquitetônicas, materiais usados</p><p>na construção, dimensionamento, disponibilidade da área; condições</p><p>técnicas; entorno.</p><p>Reações fisiológicas e psicológicas: reação das pessoas à</p><p>densidade, à necessidade de espaço, zonas de ocupação espacial,</p><p>estresse ambiental.</p><p>CATEGORIAS</p><p>DE RELAÇÃO</p><p>HOMEM-</p><p>AMBIENTE</p><p>- Submissão do homem ao ambiente;</p><p>- Ambiente como construção humana;</p><p>- Sistema interdependente.</p><p>SUBSISTEMAS</p><p>AMBIENTAIS E</p><p>SUAS RELAÇÕES</p><p>COM:</p><p>Arquitetura: construído ou modificado, natural ou geográfico;</p><p>Habilidades motoras: doméstico ou selvagem;</p><p>Condições de vida: urbano ou rural.</p><p>PERÍODO DA</p><p>RELAÇÃO COM O</p><p>AMBIENTE</p><p>Temporário ou permanente.</p><p>FORMAS DE</p><p>ENFRENTAMENTO</p><p>COM O AMBIENTE</p><p>Optativo ou impositivo.</p><p>TIPOS Lar, entorno, escola, local de trabalho, local de lazer, trajetos, outros.</p><p>AMBIÊNCIA</p><p>Qualidade do ambiente: percepção; adaptação; reversão; preferências</p><p>relativas ao tempo.</p><p>TOPOFILIA Percepção por meio dos cinco sentidos.</p><p>32</p><p>PERCEPÇÃO</p><p>SENSÍVEL DO</p><p>AMBIENTE</p><p>Estimulação da sensibilidade para além dos cinco sentidos.</p><p>Nível especial: visão, audição, gustação, olfação, equilíbrio.</p><p>Nível geral: tato protopático (grosseiro), tato epicrítico (discriminativo),</p><p>sensibilidade à pressão, à temperatura (calor e frio), à dor somática</p><p>(na pele, em áreas localizadas, musculares ou articulares), a dores</p><p>viscerais (dores difusas), propriocepção consciente (posição das</p><p>articulações) e propriocepção inconsciente (tônus muscular e estados</p><p>de semicontração muscular).</p><p>CONDIÇÕES DE</p><p>ESTÍMULO</p><p>Estável ou instável: convencional ou experimental; confinado ou</p><p>vasto; arranjo espacial aberto ou semiaberto x fechado; empobrecido,</p><p>padrão, enriquecido, diversificado ou campo aberto; integrado ou</p><p>compartimentalizado.</p><p>Fonte: adaptado de Moreira (2006, p. 43-44)</p><p>Fica evidenciado que o profissional de Educação Física pode e deve contribuir</p><p>para o processo de Educação Ambiental e da conscientização na busca pela formação</p><p>de indivíduos comprometidos e responsáveis pela preservação de nosso ecossistema.</p><p>Portanto, ao inteirar-se dos conhecimentos da Educação Ambiental, as possibilidades</p><p>de interação nos distintos espaços de intervenção profissional ampliam o repertório</p><p>de atividades pedagógicas, bem como de orientação sobre princípios ecológicos e</p><p>ambientais que ancoram objetivos de preservação e manutenção dos recursos naturais</p><p>de que ainda usufruímos.</p><p>Buscar fortalecer práticas pedagógicas educativo-formativas para nossa</p><p>sociedade é mais do que essencial, pois já vivemos um processo de crise de recursos</p><p>e de inúmeras dificuldades de sobrevivência pelo uso indevido e/ou descuidado da</p><p>natureza, e a Educação Física, enquanto área do conhecimento, possui inúmeros</p><p>recursos pedagógicos para contribuir para uma Educação Ambiental de qualidade.</p><p>33</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• O contexto histórico das relações de tensão permanentes entre homem e natureza</p><p>e a importância de atentar para as consequências das ações humanas sobre o</p><p>meio ambiente.</p><p>• Os objetivos nacionais voltados para um projeto político-ambiental a partir de uma</p><p>perspectiva de Desenvolvimento Sustentável e quanto nossa sociedade ainda carece</p><p>de ações pensadas e elaboradas para atingir uma pequena porcentagem de tais</p><p>metas tão importantes.</p><p>• Os princípios norteadores que fundamentam as propostas voltadas para uma Educa-</p><p>ção Ambiental, e como tais princípios ancoram as políticas públicas ambientais que</p><p>devem garantir a preservação e manutenção dos bens naturais.</p><p>• Temas balizadores que fomentam os estudos ambientais e que permitem ao</p><p>profissional de Educação Física traçar sua intervenção profissional ancorado em</p><p>elementos teórico-reflexivos e ainda manter uma relação dialética com as demais</p><p>áreas do conhecimento envolvidas.</p><p>34</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 O esporte se relaciona com a natureza principalmente por meio do movimento esportivo</p><p>denominado Esportes da Natureza. Essas atividades esportivas são caracterizadas</p><p>pela interação de seus praticantes com o ambiente natural, ou seja, são praticados</p><p>em espaços naturais – na terra, água e/ou ar. Se por um lado se pode lançar um olhar</p><p>positivo em relação a essa interação do homem com a natureza através da prática</p><p>esportiva, por outro, esse processo merece atenção, pois o crescente surgimento de</p><p>modalidades esportivas que utilizam o meio natural para a sua prática, associado ao</p><p>aumento do número de praticantes, resulta em uma exploração maior dos fatores</p><p>ambientais envolvidos no desenvolvimento dessas atividades. Isso exige que todos os</p><p>envolvidos nos eventos esportivos, sejam esportistas, organizadores, público e mídia,</p><p>tenham a compreensão de sua responsabilidade frente às questões ambientais.</p><p>Fonte: MAROUN, K.; VIEIRA, V. Impactos ambientais</p><p>positivos são possíveis nos esportes praticados em</p><p>ambientes naturais? Ef Deportes – Revista Digital, v.</p><p>12, n. 108, p. 1, 2007. Disponível em: https://efdeportes.</p><p>com/efd108/impactos-ambientais-positivos-nos-</p><p>esportes-praticados-em-ambientes-naturais.htm.</p><p>Acesso em: 22 maio 2022.</p><p>Considerando as informações apresentadas, em relação à responsabilidade da prática</p><p>das Afan na natureza, assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) É de inteira responsabilidade do governo federal manter fiscalização permanente</p><p>em todas as propriedades rurais para evitar a erosão do solo e o desmatamento</p><p>das árvores nativas.</p><p>b) ( ) A redução do impacto ambiental pelas atividades e/ou esportes na natureza será</p><p>resolvida quando o Comitê Olímpico Internacional obtiver a gerência de todas as</p><p>atividades realizadas.</p><p>c) ( ) A responsabilidade é das empresas de ecoturismo, que devem cobrar um custo</p><p>adicional denominado de “taxa de limpeza” para evitar a poluição ambiental</p><p>causada pelos turistas.</p><p>d) ( ) Cabe responsabilidade aos envolvidos traçar planos de ação cada vez mais</p><p>responsáveis com relação ao uso dos recursos naturais e, assim, reduzir o</p><p>impacto sobre o meio ambiente.</p><p>2 O esporte de aventura se vale das energias provenientes dos elementos da</p><p>natureza, como vento, ondas térmicas, correntezas, declives de montanha (surf,</p><p>rafting, canoagem, asa delta, ski etc.), ou, ainda, de uma força energética exterior,</p><p>proveniente de uma máquina motorizada (motociclismo, automobilismo, ultraleve,</p><p>ski náutico). Assim, por meio de intensa fusão entre o corpo do praticante e a força</p><p>energética da natureza, torna-se possível a realização de movimento, levando-o a</p><p>https://efdeportes.com/efd108/impactos-ambientais-positivos-nos-esportes-praticados-em-ambientes-naturais.htm</p><p>https://efdeportes.com/efd108/impactos-ambientais-positivos-nos-esportes-praticados-em-ambientes-naturais.htm</p><p>https://efdeportes.com/efd108/impactos-ambientais-positivos-nos-esportes-praticados-em-ambientes-naturais.htm</p><p>35</p><p>associar sua performance num equilíbrio dinâmico na efetivação da prática de uma</p><p>dada modalidade de esporte de aventura com êxito. Enquanto área de conhecimento</p><p>e fonte de intervenção social, a Educação Física, como componente curricular,</p><p>consegue dar conta de forma específica e profícua da abordagem de temas que</p><p>relacionam a práticas corporais ao meio ambiente e à natureza. O esporte de aventura</p><p>proporciona ao profissional de Educação Física essa plataforma de trabalho.</p><p>Fonte: DA PAIXÃO, J. A. O esporte de aventura</p><p>como conteúdo possível nas aulas de educação</p><p>física escolar. Motrivivência, v. 29, n. 50, p. 171,</p><p>2017. Disponível em: https://doi.org/10.5007/2175-</p><p>8042.2017v29n50p170. Acesso em: 26 maio 2022.</p><p>Considerando o texto, analise as afirmações a seguir:</p><p>I- Os aspectos educacionais das Afan podem contribuir para a formação de um sujeito</p><p>consciente e atuante nas questões ambientais.</p><p>II- A responsabilidade pela educação ambiental da população repousa sobre o</p><p>Ministério do Meio Ambiente e suas ações político-estaduais.</p><p>III- A prática de atividades físicas no meio ambiente deve ser realizada mediante a</p><p>contratação de empresas especializadas nesse serviço.</p><p>IV- A Educação Física possui o aporte teórico-prático necessário para ofertar didatica-</p><p>mente as Afan em diferentes contextos.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) Somente a sentença III está correta.</p><p>b) ( ) As sentenças II e III estão corretas.</p><p>c) ( ) As sentenças I e IV</p><p>estão corretas.</p><p>d) ( ) Somente a sentença II está correta.</p><p>3 As inúmeras ações humanas no meio ambiente refletem sobre consequências que</p><p>podem comprometer os recursos naturais e interferir no meio de sobrevivência de</p><p>muitas espécies. Acúmulo de lixo nas calçadas, deixar lixo na natureza após uma</p><p>trilha, depositar resíduos inflamáveis no leito dos rios e/ou lagos naturais são alguns</p><p>exemplos da falta de consciência ambiental que presenciamos todos os dias. Diante</p><p>do exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:</p><p>( ) Recolher e trazer o lixo junto a si é um exemplo de boas práticas na natureza.</p><p>( ) Fomentar ações de conscientização ambiental reduz o impacto sobre a natureza.</p><p>( ) É preciso que as cidades contratem mais serviços de coleta para reduzir a poluição.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V – F – F.</p><p>b) ( ) V – V – F.</p><p>c) ( ) F – V – F.</p><p>d) ( ) F – F – V.</p><p>https://doi.org/10.5007/2175-8042.2017v29n50p170</p><p>https://doi.org/10.5007/2175-8042.2017v29n50p170</p><p>36</p><p>4 A relação homem-natureza é histórica, e desde os primórdios tem demonstrado uma</p><p>tensão entre as necessidades de sobrevivência e a exploração desenfreada dos re-</p><p>cursos naturais em busca de crescimento e desenvolvimento econômico. Muitas ve-</p><p>zes, os interesses financeiros extrapolam demasiadamente as políticas ambientais,</p><p>causando danos irreversíveis ao meio ambiente. A esse respeito, disserte sobre os</p><p>objetivos de um desenvolvimento sustentável no Brasil.</p><p>5 Os princípios da Educação Ambiental apresentam elementos que ajudam o</p><p>profissional de Educação Física a pensar suas intervenções na natureza por meio</p><p>da oferta das Afan de forma consciente e com uma visão ambiental coerente com</p><p>tais princípios. Nesse contexto, disserte sobre os princípios da Educação Ambiental</p><p>e como é possível desenvolver práticas corporais na natureza utilizando os recursos</p><p>naturais de forma inteligente e sustentável.</p><p>37</p><p>TÓPICO 3 -</p><p>ATIVIDADES FÍSICAS DE AVENTURA</p><p>NA NATUREZA (AFAN): CONCEITO,</p><p>TAXIONOMIA E CARACTERÍSTICAS</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>UNIDADE 1</p><p>Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos as práticas corporais realizadas no</p><p>ambiente natural. Tais ações ganham cada vez maior notoriedade na mídia devido ao</p><p>leque de relações sob as quais elas estão associadas na sociedade, por exemplo, os fins</p><p>políticos, ambientais, esportivos, de lazer e turismo, respectivamente.</p><p>O ser humano é motivado pelo diferente, pela inovação, assim, tais razões</p><p>inspiram-no a buscar por locais e/ou serviços que oportunizem a vivência orientada de</p><p>esportes alternativos, principalmente, no que tange a atingir as expectativas de vivificar</p><p>sentimentos e emoções de risco, aventura, ou seja, que o desafiem a sair da zona de</p><p>conforto da vida diária.</p><p>Tais atividades realizadas no meio natural podem ser mediadas por profissionais</p><p>capacitados na sua instrução e/ou orientação, ou ainda, também podem ocorrer de</p><p>forma espontânea, como, por exemplo, realizar caminhadas em trilhas ecológicas</p><p>mapeadas, pedalar por zonas rurais para fugir do fluxo das grandes rodovias, ou ainda,</p><p>passear por cachoeiras, lagos, rios, praias, dunas, ou qualquer outro ambiente que</p><p>permita uma reconexão com a natureza.</p><p>Assim, vamos estudar e compreender melhor o conceito de Afan, sistematizan-</p><p>do suas diferentes formas de organização e predisposições, entendendo os possíveis</p><p>impactos ao ecossistema oriundos de suas práticas, mediando nossa discussão sobre</p><p>uma perspectiva formativa.</p><p>2 CONCEITUAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E TENDÊNCIAS</p><p>Para atender à demanda do homem por novas experiências, ou ainda, pela busca</p><p>de recuperar momentos vividos na infância e adolescência em atividades realizadas em</p><p>convívio com a natureza, como profissionais de Educação Física, podemos compreender</p><p>que as práxis das Atividades Físicas de Aventura na Natureza (Afan) se consolidam</p><p>atualmente como conteúdo de ensino obrigatório nos currículos acadêmicos. Além do</p><p>mais, se tornam possibilidades emergentes de entretenimento, lazer e investimento</p><p>profissional sob a ótica de diferentes esferas sociais (BETRÁN, 2003).</p><p>38</p><p>Em face do exposto, essas atividades abrangem um leque de oportunidades</p><p>didático-pedagógicas que vale a pena investigar na Educação Física, visto que podemos</p><p>abordá-las pelo viés esportivo, entendendo sua inserção no cenário mundial, como</p><p>campeonatos mundiais e até mesmo nas olimpíadas de verão e de inverno, ou ainda,</p><p>apresentá-las como meio para fundamentar propostas ecológicas de preservação e</p><p>conservação da natureza, ou então, apresentá-las como possibilidades de lazer, ótimas</p><p>nesse caso, para uma fuga das grandes cidades ou das costumeiras tarefas do dia a</p><p>dia (ALMEIDA; MICALISKI; SILVA, 2019; LISBOA et al., 2019; SCOPEL et al., 2020; TRIANI;</p><p>TELLES, 2020).</p><p>Existe um crescente interesse pelos alunos das escolas, academias, clubes</p><p>esportivo/recreativos, corporações empresariais, dentre outros, pela vivência das</p><p>práticas corporais na natureza, porque elas podem servir a diferentes objetivos, tais</p><p>como a exigência física sobreposta pela sua realização em ambientes naturais, a</p><p>busca pela manutenção da saúde mental e da qualidade de vida dos colaboradores da</p><p>empresa, o treinamento e desenvolvimento de lideranças, o resgate e a reaproximação</p><p>dos atributos instintivos de sobrevivência na natureza associados à busca por atividades</p><p>que provoquem fortes emoções e sensações aos seus praticantes (TAHARA; CARNICELLI</p><p>FILHO, 2009; PIMENTEL; SAITO, 2010; MANFIOLETE et al., 2012; BERNARDES, 2013;</p><p>FRANÇA; FRANÇA; CAREGNATO, 2021).</p><p>Para que possamos avançar, vamos compreender melhor os aspectos relacio-</p><p>nados à terminologia empregada para tais atividades, pois nesse desafio, vamos nos</p><p>deparar com uma série de conceitos e classificações distintas que na literatura vigente</p><p>mantém acesa a necessidade do debate (BANDEIRA; AMARAL, 2020).</p><p>Nessa mesma direção, de acordo com Munhoz e Gonçalves Junior (2004, p. 2),</p><p>“são muitas as nomenclaturas designadas a esse tipo de atividade. A mais divulgada pela</p><p>mídia é Esportes de Aventura”. Entretanto, quando visitamos a literatura, encontramos</p><p>inúmeros conceitos e perspectivas distintas que ora se aproximam, ora se distanciam,</p><p>em virtude de que a abrangência e magnitude do tema requerem cautela (BETRÁN,</p><p>2003; SCHWARTZ, 2006; BERNARDES, 2013).</p><p>No Quadro 6, procuramos sintetizar três dos principais conceitos que são fonte de</p><p>organização e discussão pedagógica na Educação Física, para que, assim, seja possível</p><p>identificar semelhanças e afastamentos dentro da perspectiva de diferentes autores.</p><p>39</p><p>Quadro 6 – Conceitos-chave</p><p>Esportes de Aventura Esportes Radicais</p><p>Atividades Físicas de</p><p>Aventura na Natureza</p><p>(Afan)</p><p>Entendidas como práticas</p><p>esportivas formais ou</p><p>informais realizadas na</p><p>natureza, que envolvem</p><p>sensações e emoções a</p><p>partir de condições de</p><p>incerteza em relação ao</p><p>meio e de risco calculado.</p><p>Realizadas em ambientes</p><p>naturais (ar, água, neve, gelo</p><p>e terra), com exploração das</p><p>possibilidades da condição</p><p>humana, em resposta aos</p><p>desafios desses ambientes.</p><p>Assemelham-se aos</p><p>esportes de aventura, porém</p><p>são realizados através de</p><p>manobras arrojadas e</p><p>controladas como superação</p><p>de habilidades de desafio</p><p>extremo (motocross freestyle,</p><p>skate na megarrampa, globo</p><p>da morte). Desenvolvidas</p><p>em ambientes controlados,</p><p>podendo ser artificiais,</p><p>em manifestações</p><p>educacionais, de lazer e de</p><p>rendimento.</p><p>Abrangem qualquer</p><p>prática que desperte o</p><p>instinto aventureiro e</p><p>que tenha uma ligação</p><p>profunda com o meio</p><p>natural, representando</p><p>uma atividade de diversão</p><p>em seu tempo livre, tendo</p><p>o corpo não como meio,</p><p>mas como um fim em si</p><p>mesmo, por ser o portador</p><p>de emoções e sensações</p><p>vivenciadas.</p><p>Fonte: adaptada de Betrán (2003); Costa, Marinho e Passos (2007); Pimentel (2013);</p><p>Bandeira e Amaral (2020)</p><p>Selecionar conceitos nem sempre é tarefa fácil. Primeiramente, porque envolve</p><p>conflitos relacionados à capacidade deles em representar, de forma plena,</p><p>determinado</p><p>fenômeno, e ainda existe a luta simbólica entre detentores legítimos do saber, na qual</p><p>autores com linhas de pensamento antagônicas buscam a predominância de seus</p><p>conceitos e tipologias sobre determinado campo acadêmico. Diante disso, concordando</p><p>com as considerações de Betrán (2003), utilizaremos o termo Afan.</p><p>De acordo com Munhoz e Gonçalves Junior (2004), quando se fala de práticas</p><p>corporais de aventura na natureza, são comuns termos como “esportes de aventura”,</p><p>“esportes californianos”, “esportes alternativos” ou “esportes radicais”, para citar apenas</p><p>alguns exemplos. Em contrapartida, a conotação esportiva pode prejudicar e diminuir</p><p>o tipo de fenômeno que acontece no meio ambiente natural (BERNARDES, 2013;</p><p>INÁCIO; MORAES; SILVEIRA, 2013). Em outras palavras, as interações entre o homem e</p><p>a natureza superam qualquer possibilidade de afunilar as inúmeras possibilidades dessa</p><p>relação, a magnitude das ações, tampouco podem ser reduzidas a um ou outro viés de</p><p>utilização/entendimento.</p><p>O Canal Educação Física InForma do Youtube apresenta uma sistematiza-</p><p>ção muito interessante e atual sobre as atividades de aventura realizadas na</p><p>natureza. O vídeo incita ao debate reflexivo sobre a gama de possibilidades</p><p>didático-pedagógicas inerentes ao contexto das Afan. Vale a pena conferir.</p><p>Acesse vídeo e aproveite. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?-</p><p>v=WZT9F71Y-O0.</p><p>DICAS</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=WZT9F71Y-O0</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=WZT9F71Y-O0</p><p>40</p><p>Cabe-nos utilizar da cautela e do bom senso, pois Betrán (2003) nos ensina</p><p>que as Afan também agregam o esporte e o jogo em sua dimensão polissêmica. De</p><p>acordo com o autor, as vivências possíveis na natureza integram três ambientes: terra,</p><p>água e ar. Nessa mesma direção, é possível inferir que as Afan estão associadas ao</p><p>denominado turismo na natureza. De acordo com Pimentel (2013), a oferta da maioria</p><p>dos esportes de aventura na natureza ocorre por meio da contratação de serviços em</p><p>agências de ecoturismo, e, inferiormente, a partir da oferta ou associação às federações</p><p>e confederações.</p><p>O turismo na natureza também é carregado de adjetivações, sendo um</p><p>campo mais difícil ainda para demarcações: ecoturismo, turismo verde, turismo</p><p>sustentável, turismo brando, turismo alternativo, turismo ecorrural (PIMENTEL; SAITO,</p><p>2010; MANFIOLETE et al., 2012; PIMENTEL, 2013). Todas essas denominações para</p><p>aproximadamente evocar a mesma atividade de lazer, têm muito a ver com a carência</p><p>de estudos tipológicos e a crescente comercialização das viagens à natureza, o que</p><p>estimula cada região receptora ou organização emissora a criarem rótulos para seus</p><p>produtos turísticos.</p><p>Nessa direção, o ecoturismo pode ser compreendido como um foco sobre a</p><p>natureza como motivação principal da viagem para maior conhecimento e consciência</p><p>da natureza (MARTINS; SILVA, 2019). Por esse pensamento, é imperativo agregar à</p><p>viagem contribuição positiva à conservação da área visitada e da comunidade residente</p><p>nela. Dentre as formas de turismo alternativo (em oposição aos de massa), haveria o</p><p>ecoturismo, distribuído pelos enfoques culturais, educacionais, científicos e de aventura.</p><p>Outro tipo de turismo alternativo a ser considerado seria o turismo rural, por possuir</p><p>certa intersecção no ecoturismo.</p><p>Portanto, as Afan ocorrem predominante sob um dos enfoques do ecoturismo:</p><p>o desejo pela aventura. Não obstante, ainda podemos atribuir outros significados</p><p>para as Afan que estão ligados aos motivos pelos quais seus adeptos usufruem delas,</p><p>por exemplo: a caça e a pesca esportiva, o escotismo, a relação terapêutica, o estilo</p><p>de vida, o coaching empresarial, dentre outros. (BETRÁN, 2003; SCHWARTZ, 2006;</p><p>BERNARDES, 2013).</p><p>2.1.1 Diferentes perspectivas das Afan</p><p>As Afan apresentam atualmente três âmbitos de atuação: o turístico-recreativo,</p><p>o de rendimento-competição e o educativo-pedagógico (BETRÁN; BETRÁN, 2006).</p><p>O primeiro corresponde a sua área natural e histórica, pois nasce nesse contexto</p><p>e se desenvolve por meio das empresas turísticas que gerenciam essas práticas e</p><p>oferecem diversão, aventura e natureza, preferencialmente para o indivíduo urbano</p><p>(OLIVEIRA, 2009). O segundo âmbito provém da influência do onipresente sistema</p><p>desportivo e corresponde à transformação e desnaturalização dessas práticas que</p><p>41</p><p>buscam intrinsecamente o prazer sensorial e motor, e novas emoções em contato com</p><p>a natureza, por meio da competição e do rendimento em multicompetições e raids</p><p>(competições longas e difíceis com provas diversas e singulares) (SCOPEL et al., 2020)</p><p>. O terceiro âmbito refere-se à progressiva incorporação dessas atividades no encontro</p><p>educativo (BETRÁN; BETRÁN, 2016) .</p><p>Para dar conta do desafio proposto nesse tópico, ou seja, de apresentar</p><p>fundamentos didáticos pedagógicos que solidifiquem uma proposta educacional para</p><p>as AFAN, precisamos recorrer às seguintes considerações:</p><p>As Afan constituem um bloco de atividades recreativas capaz de engendrar por si</p><p>mesmo uma série de situações motoras de grande importância por conta da transmissão</p><p>eficiente de valores, atitudes e normas, da aprendizagem de conceitos integrados em</p><p>diferentes âmbitos do conhecimento, mediante um processo interdisciplinar, e da</p><p>realização de diversas experiências motoras de notável impacto emocional (com fortes</p><p>elevações de adrenalina), pelas características intrínsecas dessas práticas em estreito</p><p>contato com seu meio natural. A motivação e o interesse que geram entre os alunos,</p><p>a grande satisfação que sua prática reporta com a experimentação de sensações e</p><p>emoções individuais compartilhadas com o grupo, a percepção de liberdade entre a</p><p>sensação de risco sob controle e a vivência excitante da aventura, permitem que as</p><p>Afan sejam atividades apropriadas para realizar créditos interdisciplinares (créditos</p><p>de síntese) com o restante das matérias da grade curricular do centro educativo, com</p><p>repercussões diretas no indivíduo nos planos intelectual, moral e motor, o que pode</p><p>contribuir para a formação integral dos alunos (BETRÁN; BETRÁN, 2006, p. 181-182).</p><p>Mesmo com as reflexões proferidas, as Afan como possíveis práticas educativo-</p><p>formativas, ainda que presentes nos documentos oficiais da Educação Nacional, até o</p><p>presente momento, perecem frente à falta de recursos materiais, a falta de apoio das</p><p>entidades esportivas, os medos e inseguranças das famílias dos alunos, ou, ainda, pela</p><p>falta de profissionalismo na oferta de serviços de qualidade por parte das empresas</p><p>desse setor, que, associada aos motivos anteriores, somam responsabilidades que</p><p>impedem e/ou dificultam a implantação e desenvolvimento das Afan como práticas</p><p>efetivas para o lazer, a saúde, ou até para o alto rendimento esportivo (OLIVEIRA, 2009;</p><p>TAHARA; CARNICELLI FILHO, 2009; PIMENTEL; SAITO, 2010).</p><p>Frente a isso, entendemos que há uma necessidade emergente de uma educação</p><p>ambiental entre os alunos, associada à importância da realização de créditos de síntese</p><p>e o interesse de levar a aula para a natureza (e vice-versa) em um ambiente de colabo-</p><p>ração, descobrimento e diversão, que tornam essas práticas ímpares (BETRÁN; BETRÁN,</p><p>2016; BRANCO; ROYER; BRANCO, 2018). Não obstante, a riqueza motora dessas práticas,</p><p>o conceito de corpo e modelo corporal que utilizam e a existência de outras atividades no</p><p>currículo acadêmico dessa índole, assim como a demanda dos alunos para a realização</p><p>dessas experiências em contato direto com o meio natural lhes atribuem validade, do</p><p>ponto de vista intrínseco (ALVES et al., 2021; FRANÇA; FRANÇA; CAREGNATO, 2021).</p><p>42</p><p>A visão (entendimento) que a sociedade tem das Afan está diretamente</p><p>relacionada com o risco e o perigo, gerando muitas dúvidas e silêncio nos diferentes</p><p>cenários de intervenção da Educação Física (SCHWARTZ, 2006). Ainda que o nível de</p><p>acidentes e sinistros seja muito baixo, modificar essa crença resulta em um processo</p><p>lento e cheio de obstáculos, que vem sendo alimentado por esporádicos acidentes, que,</p><p>em sua maioria, ocorrem mais por azar da natureza que pela negligência de educadores</p><p>profissionais (PEREIRA; ROMÃO; CAMARGO, 2020). No entanto, cabe destacar que o</p><p>esforço pela discussão dessas práticas no âmbito formativo envolve cada vez mais</p><p>profissionais e responsáveis dos centros esportivos na elaboração de projetos e</p><p>conteúdos claramente pedagógicos, permitindo uma introdução progressiva, eficaz em</p><p>muitos destes espaços (ALVES et al., 2021; INÁCIO, 2021).</p><p>As Afan como um conjunto de conhecimentos constituidores do projeto de</p><p>Educação Física conduzem a novos esquemas em nível motor aprimorados em convívio</p><p>retilíneo com a natureza, possibilitando diversos contextos ambientais, bem como</p><p>proporcionam um entorno com altos níveis de incerteza motora, o que facilita distintas</p><p>situações emocionais em variadas circunstâncias (estresse, fadiga, dificuldade, risco)</p><p>(BADARÓ et al., 2020; CORRÊA et al., 2020; TRIANI; TELLES, 2020; DA SILVA TRIANI et</p><p>al., 2021). Da mesma forma, favorecem a conscientização do aluno com o meio natural</p><p>e a sensibilização com os problemas do meio ambiente promovendo uma educação</p><p>ambiental (BETRÁN; BETRÁN, 2006; SILVA; SILVA; INÁCIO, 2008; SANTOS SOARES;</p><p>PAIXÃO, 2010). Nessa mesma perspectiva, o conhecimento das características dos</p><p>ecossistemas utilizados no contexto sociocultural a que pertencem e a utilização</p><p>responsável dos diversos recursos materiais e tecnológicos que facilitam o deslizamento</p><p>controlado pelos diversos planos físicos, proporcionam a alunos e educadores um</p><p>instrumento de incontestável valor educativo (PAIXÃO, 2015; SANTOS, et al., 2015). Veja</p><p>a Figura 7.</p><p>43</p><p>Figura 7 – Afan realizadas em diferentes planos físicos</p><p>Fonte: https://www.pexels.</p><p>com/pt-br/foto/pessoa-</p><p>andando-de-caiaque-</p><p>cinza-2749500/.</p><p>Acesso em: 26 maio 2022.</p><p>Fonte: https://www.pexels.</p><p>com/pt-br/foto/homem-</p><p>vestindo-camiseta-preta-e-</p><p>shorts-marrons-escalando-</p><p>rocha-1094794/.</p><p>Acesso em: 26 maio 2022.</p><p>Fonte: https://www.</p><p>pexels.com/pt-br/foto/</p><p>pessoa-parapente-sob-ceu-</p><p>nublado-132429/.</p><p>Acesso em: 26 maio 2022.</p><p>Descrição: As Afan permitem um completo e complexo sistema de práticas corporais</p><p>realizadas nos planos terrestres, aquáticos, e aéreos, como também em suas variações,</p><p>como a neve, o gelo sólido, ou ainda, a mescla de equipamentos que permitem o</p><p>praticante em um primeiro momento usufruir do ambiente aquático, e, rapidamente,</p><p>migrar para o ambiente aéreo, como é o caso do kite surf, no qual o surfista utiliza</p><p>simultaneamente uma prancha e uma espécie de miniparaquedas que o impulsiona</p><p>para cima, momento no qual são realizadas diferentes manobras aéreas (transição),</p><p>antes de retornar para o plano aquático.</p><p>As Afan permitem ao profissional de Educação Física desenvolver experiências</p><p>motoras significativas, sensíveis e, principalmente, de grande magnitude formativa, pois</p><p>aglomeram possibilidades didático-pedagógicas de áreas do conhecimento distintas e,</p><p>ao mesmo tempo, lançam os sujeitos ao desafio intrínseco de suas práticas, realizadas</p><p>em ambientes diferenciados, que por si sós já trazem em seu bojo elementos de</p><p>aventura como obstáculos, níveis de dificuldade e a necessidade de superação de limites</p><p>físico-emocionais. Por tudo isso, considera-se que as Afan constituem um conjunto</p><p>de práticas de grande valor formativo, e que, se tratadas pedagógica e didaticamente,</p><p>podem ajudar de forma eficaz na tarefa de educar os sujeitos por meio de um verdadeiro</p><p>processo interdisciplinar.</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-andando-de-caiaque-cinza-2749500/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-andando-de-caiaque-cinza-2749500/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-andando-de-caiaque-cinza-2749500/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-andando-de-caiaque-cinza-2749500/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-vestindo-camiseta-preta-e-shorts-marrons-escalando-rocha-1094794/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-vestindo-camiseta-preta-e-shorts-marrons-escalando-rocha-1094794/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-vestindo-camiseta-preta-e-shorts-marrons-escalando-rocha-1094794/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-vestindo-camiseta-preta-e-shorts-marrons-escalando-rocha-1094794/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-vestindo-camiseta-preta-e-shorts-marrons-escalando-rocha-1094794/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-parapente-sob-ceu-nublado-132429/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-parapente-sob-ceu-nublado-132429/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-parapente-sob-ceu-nublado-132429/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-parapente-sob-ceu-nublado-132429/</p><p>44</p><p>A escola de aventura: possibilidade de atuação, é um projeto ino-</p><p>vador que traz, em sua estrutura, elementos didático-pedagógicos</p><p>que vão ao encontro do assunto que abordamos neste tópico. Para</p><p>isso, nada melhor do que conhecer o seu idealizador, e entender</p><p>melhor as perspectivas educacionais intrínsecas nas Afan. Para isso,</p><p>assista à webconferência com o professor Juliano Pimentel e apro-</p><p>funde-se nesse assunto. Disponível em: https://www.youtube.com/</p><p>watch?v=SuxjUFwmMxM.</p><p>DICAS</p><p>2.1.2 Afan e suas relações com o turismo e o turismo</p><p>de aventura</p><p>Notavelmente, o Turismo Nacional vem crescendo gradativamente em diferentes</p><p>aspectos e regiões brasileiras, estando diretamente relacionado com o crescimento</p><p>econômico de cidades e regiões que se tornaram polos de entretenimento para diversos</p><p>públicos em nível mundial. Para que fique mais clara a magnitude desse conceito, nos</p><p>espelhamos em Guerra Ashton e Garcia (2008, p. 116):</p><p>O turismo tem se apresentado como um fenômeno socioeconômico</p><p>em crescimento em nível mundial, o que reforça a relevância em</p><p>analisar o tema proposto. Sua complexidade exige a participação de</p><p>vários atores, desde a formatação até a consolidação dos destinos</p><p>turísticos, além da necessidade de compreender como as relações</p><p>sociais, econômicas, culturais e ambientais são estabelecidas no</p><p>sentido de favorecer o desenvolvimento das regiões.</p><p>De acordo com Silva (2015), do ponto de vista histórico, o surgimento do</p><p>turismo se dá na Europa. O progresso nos âmbitos social, cultural e econômico</p><p>exigiu desbravações, construções de estrada e, consequentemente, facilidades</p><p>para deslocamento da população (CARVALHO, 2016). As pessoas mais privilegiadas</p><p>percorriam Gênova, Florença, Veneza, Paris e Amsterdã no chamado Grand Tour, atrás</p><p>de cultura. Do nascimento dessa atividade, da proliferação e da diversificação, vieram a</p><p>necessidade de órgãos legisladores e promotores, resultando na Organização Mundial</p><p>do Turismo (OMT), criada em 1925, na Holanda (GUERRA ASHTON; GARCIA, 2008). Já no</p><p>Brasil, criou-se em 2003 o Ministério do Turismo, pois, anteriormente, existia apenas a</p><p>Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) (RAMOA; PIRES, 2019).</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=SuxjUFwmMxM</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=SuxjUFwmMxM</p><p>45</p><p>O portal Sebrae de Ecoturismo apresenta informações relevantes sobre o</p><p>desenvolvimento do Ecoturismo no Brasil, trazendo à tona elementos téc-</p><p>nicos, orientações e normativas institucionais a respeito do tema. Nesta ani-</p><p>mação, é possível compreender melhor a atuação do portal: https://www.</p><p>youtube.com/watch?v=MzrkTGz2tz0.</p><p>DICAS</p><p>Fruto de um conceito mais amplo, o Turismo de Aventura possui uma estreita</p><p>relação com a área da Educação Física, em virtude das características peculiares</p><p>inerentes ao contexto das práticas corporais realizadas na natureza. Assim, estão</p><p>presentes elementos que contemplam conteúdos que envolvem desde o entendimento</p><p>de conceitos universais, como atividade física, exercício, lazer e recreação até a</p><p>orientação direcionada de ações, comportamentos e atividades que se entrelaçam com</p><p>as questões ambientais, físicas, psicoemocionais e, evidentemente, que despertam o</p><p>espírito aventureiro.</p><p>Para que possamos avançar, vamos entender o conceito de Turismo de</p><p>Aventura, sob o qual nos debruçamos sobre as considerações de Silva (2015, p. 12), que</p><p>nos esclarecem:</p><p>Entendem-se como atividades</p><p>de Turismo de Aventura aquelas</p><p>oferecidas comercialmente, adaptadas nas atividades esportivas</p><p>de aventura, que tenham o mesmo tempo o caráter recreativo e</p><p>envolvam riscos avaliados, controlados e assumidos. É importante</p><p>ressaltar que as atividades podem ser conduzidas em ambientes</p><p>naturais, rurais e urbanos. De forma abrangente, o Turismo de</p><p>Aventura no Brasil evoluiu a partir dos conceitos e práticas do</p><p>desenvolvimento sustentável, a qual foi fortemente estimulada pela</p><p>realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e</p><p>Desenvolvimento, Rio Eco – 1992.</p><p>O termo aventura tem origem no latim “adventura” – o que há por vir, ou ainda,</p><p>acontecimento imprevisto (BANDEIRA; SILVA; AMARAL, 2021). Embora o sucesso do</p><p>segmento acompanhe o progresso da tecnologia, nas práticas esportivas, ele tem</p><p>origem em influências históricas, como viagens de peregrinos, andarilhos do Caminho</p><p>de Compostela, na Europa, que ainda hoje é explorado, e tem como seu principal objetivo</p><p>a procura por um descobrimento espiritual ou emocional, enfrentando o desconhecido.</p><p>O turismo de aventura flutua entre dois polos pertinentes no que tange a</p><p>usufruir do tempo livre existente na sociedade. De um lado, temos o tradicional gozo do</p><p>tempo livre com inúmeras perspectivas, desde o descanso à diversão variada. Na outra</p><p>ponta, os esportes de aventura, em que o elemento “perigo” se encontra em destaque</p><p>na busca por novas descobertas e desafios aos limites de nossas habilidades, como a</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=MzrkTGz2tz0</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=MzrkTGz2tz0</p><p>46</p><p>presença de riscos controlados (MARTINS; SILVA, 2019). Unir turismo e aventura foi uma</p><p>das muitas vertentes bem-sucedidas originadas dos esportes que, quando explorados,</p><p>respeitando as normas e as técnicas, são capazes de incrementar a economia, gerando</p><p>desenvolvimento, emprego e até mesmo a preservação da natureza (ICMBIO, 2018;</p><p>BARROS; LEUZINGER, 2020).</p><p>Uma das principais características envolvidas com o Turismo de Aventura no</p><p>Brasil é que vivemos em um país de dimensões continentais, ou seja, a diversidade de</p><p>opções e locais para a prática de atividades na natureza é vasta, permitindo que muitas</p><p>localidades, antes esquecidas no mapa, pudessem reaparecer com a apresentação das</p><p>Afan como recurso turístico e de sobrevivência para inúmeras famílias. De acordo com</p><p>Brasil (2005, p. 11), essa variedade de localidades e da oferta das Afan se baseia nas</p><p>seguintes características:</p><p>Estar na maioria das vezes associada ao turismo na natureza, prati-</p><p>cada em ambientes naturais preservados (unidades de conservação</p><p>e seu entorno) ou relativamente bem preservados, forte interseção</p><p>com o ecoturismo, sendo muitas vezes confundido como tal; Diver-</p><p>sidade de modalidades oferecidas e praticadas; Como atividade eco-</p><p>nômica, possui forte participação de empresas de pequeno e médio</p><p>porte (levantamentos preliminares baseados no banco de dados de</p><p>empresas prestadoras de serviços no Brasil - ver documento "TA -</p><p>MTur - IH – 09; Análise da oferta de atividades de turismo de aven-</p><p>tura no Brasil" - indicam que a maioria das empresas de turismo de</p><p>aventura são de pequeno porte); Envolvimento de empresários que</p><p>optam pelo empreendimento como estilo de vida e não pela gestão</p><p>do negócio.</p><p>Ainda nessa direção, as comunidades que possuem tais características con-</p><p>seguiram se organizar juridicamente, também aprimorando os aspectos relacionados à</p><p>melhoria no atendimento ao turista, à organização dos recursos humanos e físico/téc-</p><p>nicos, aperfeiçoando a recepção e hospedagem dos clientes de forma mais profissional.</p><p>Nesse bojo, desenvolveu-se o conceito de Turismo de Base Comunitária (TBC).</p><p>Turismo de Base Comunitária é um modelo de gestão da visitação</p><p>protagonizado pela comunidade, gerando benefícios coletivos, pro-</p><p>movendo a vivência intercultural, a qualidade de vida, a valorização</p><p>da história e da cultura dessas populações, bem como a utilização</p><p>sustentável para fins recreativos e educativos, dos recursos da Uni-</p><p>dade de Conservação (ICMBio, 2018, p. 10).</p><p>Sob essa égide, as comunidades de base, organizadas e residentes nas</p><p>Unidades de Conservação, conseguiram se fortalecer, criar uma fonte de renda estável,</p><p>baseada nas características da biodiversidade e, também, nas peculiaridades culturais</p><p>intrínsecas de cada região, tais como as iguarias, comidas típicas, músicas, folclore,</p><p>danças e práticas corporais na natureza própria de cada localidade.</p><p>47</p><p>O documento intitulado: “Turismo de base comunitária em uni-</p><p>dades de conservação federais, princípios e diretrizes”, apresenta</p><p>todos os elementos técnicos constitutivos de sua formatação e</p><p>sistematização do TBC”, e ilustra de forma didática o quão impor-</p><p>tante esse movimento tem se tornado como uma fonte de renda e</p><p>sobrevivência para as famílias que vivem nas Unidades de Conser-</p><p>vação. O documento está disponível gratuitamente e na íntegra no</p><p>seguinte endereço: https://ava.icmbio.gov.br/mod/data/view.php?-</p><p>d=17&rid=2977.</p><p>DICAS</p><p>Diante do exposto, as Afan estão diretamente associadas com as práticas</p><p>corporais realizadas no TBC, uma vez que a grande maioria dos moradores das unidades</p><p>de conservação não dispõe de conhecimentos técnicos específicos de como organizar e</p><p>promover essas atividades. Emerge daí outra possibilidade de intervenção do profissional</p><p>de Educação Física, que consegue se inserir nesses projetos de forma direta e objetiva,</p><p>conseguindo associar a prática sadia das Afan com todo o arcabouço de possibilidades</p><p>que estão presentes nas comunidades de base.</p><p>Há também uma boa relação entre as Afan serem utilizadas como elemento</p><p>formador e conscientizador das questões ambientais, o que, para além dos objetivos</p><p>econômicos, atrai um público-alvo interessante e permanente, abrangendo desde</p><p>as escolas, universidades, ONGs, até pesquisadores dos mais diferentes campos do</p><p>conhecimento, que buscam nas práticas das Afan, sensibilizar os sujeitos a partir de</p><p>uma abordagem pedagógica e pautada por uma educação ecológica de qualidade.</p><p>https://ava.icmbio.gov.br/mod/data/view.php?d=17&rid=2977</p><p>https://ava.icmbio.gov.br/mod/data/view.php?d=17&rid=2977</p><p>48</p><p>PRÁTICAS CORPORAIS NA NATUREZA: (Re) Significando Valores Sociais para</p><p>uma Melhor Qualidade de Vida</p><p>Mauro Bertollo</p><p>Sandra Helena Joris Bertollo</p><p>Vivemos em uma realidade veloz, na qual “tem po é dinheiro” e, cada vez mais,</p><p>entranhados em uma “selva de pedra”. As agendas superlotadas e a correria do dia</p><p>a dia fazem com que as pessoas sejam reféns do trabalho e, muitas vezes, em seu</p><p>tempo livre, na hora do lazer, fiquem enclausuradas em suas “confortáveis” residências,</p><p>submersas em um mundo midiático, seja assistindo televisão e/ou envolvidas com seus</p><p>“amigos” virtuais, em redes sociais, ou seja, inalam um mundo vertiginoso e repleto de</p><p>informações (MACHADO, 2006).</p><p>Diante dessa lógica, o homem contemporâneo tem abolido uma série de</p><p>valores sociais que, em nosso entendimento, não deveriam ser abandonados por</p><p>um ser conhecido como homo sapiens, ou “ho mem sábio”. Valores que, certamente,</p><p>contribuem para que existam hábitos diferentes que interferem no estilo de vida dos</p><p>sujeitos e, consequentemente, podem contribuir para uma melhor qualidade de vida</p><p>(MACHADO, 2006).</p><p>Pensando nesse processo resgatamos depoimen tos de sujeitos que praticaram</p><p>atividades físicas e esportivas na natureza de forma orientada. Desen volvemos este</p><p>trabalho de pesquisa construindo uma reflexão quanto a estas práticas, apresentando</p><p>alternativas para o (re)encontro dos seres humanos com valores fundamentais para a</p><p>mudança de com portamento e, consequentemente de estilo de vida e para a busca de</p><p>melhoria na qualidade de vida.</p><p>Objetivos – Este estudo tem como meta fazer uma reflexão sobre as práticas</p><p>corporais realizadas no meio natural. Destacar seus impactos no que se refere aos valores</p><p>sociais, estilo de vida e bem-estar de seus praticantes, apresentando alternativas de la-</p><p>zer, sobretudo em meio à natureza.</p><p>Método – Esta pesquisa</p><p>é caracterizada como exploratória, que segundo Gil</p><p>(2002) desenvolve a busca de uma aproximação com a problemática, objetivando a</p><p>elaboração de hipóteses, tornando-a mais clara. Para o autor esse tipo de investigação</p><p>tem “como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições”</p><p>(2002, p. 41). Este estudo envolve depoimentos de acadêmicos do curso de Educação</p><p>LEITURA</p><p>COMPLEMENTAR</p><p>49</p><p>Física da Universidade Regio nal do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí</p><p>– que vivenciaram práticas corporais junto a natureza em atividades orientadas, no</p><p>componente curricular Atividades Físicas e Esportivas na Natu reza, no ano de 2012.</p><p>Resultados – Após anos de experiência orien tando/monitorando atividades físi-</p><p>cas e esportivas na natureza percebemos que tais práticas desper tam valores que con-</p><p>tribuem para que os indivíduos se sintam estimulados a refletir sobre seu estilo de vida.</p><p>No componente curricular Atividades Físicas e Esportivas na Natureza, os</p><p>acadêmicos são desafia dos a realizar práticas como rapel, arvorismo, ti rolesa, trekking,</p><p>slack line, esporte de orientação, flutuação em rios, canoagem, trilhas noturnas, entre</p><p>outras. Cada uma dessas atividades tem suas par ticularidades. Elas são carregadas de</p><p>significados subjetivos em sua intensidade, pois cada sujeito rea ge de forma diferente.</p><p>Percebe-se, no entanto, que em quase sua totalidade as sensações são similares.</p><p>Exemplos podem ser evidenciados nas diferentes práticas, conforme depoimentos:</p><p>“Os esportes praticados em espaços junto a na tureza são inúmeros e seus</p><p>benefícios são incom paráveis. Práticas de rapel, arvorismo, esporte de orientação e</p><p>tirolesa, por exemplo, remetem seus praticantes a sensações e desafios muitas vezes</p><p>indescritíveis e inesperados. Percepção dos limites de cada corpo, força, autocontrole,</p><p>equilíbrio, percepção espacial, libertação, co ragem, são algumas das características</p><p>que po dem ser despertadas, percebidas e trabalhadas nos indivíduos” (Acadêmico A).</p><p>“Atividades com integração à natureza nos tra zem vários significados, onde</p><p>podemos traba lhar de forma diferente, fazendo-nos criar con ceitos novos sobre as</p><p>coisas, viver de uma forma melhor, com mais saúde, bem-estar, autoestima, ou seja,</p><p>a prática dessas atividades físicas nos renovam, modelam de um jeito que podemos</p><p>ver os obstáculos em nosso caminho com outros olhos, e encarar seus obstáculos com</p><p>força e objetivos” (Acadêmico B).</p><p>“Outro fato que me marcou muito nesta maravi lhosa experiência, além de ver e</p><p>sentir a supera ção de meus colegas, que foram muitas, foi a co operação, solidariedade</p><p>e o respeito mútuo [...] aprendi a enxergar os limites não só do corpo, mas também os</p><p>da alma, significados que vou levar para minha vida inteira” (Acadêmico C).</p><p>Diante desses depoimentos é possível perceber a dimensão que as atividades</p><p>físicas e esportivas na natureza são submetidas com relação ao despertar de valores.</p><p>Fica explícito que, ao executá-las, os sujeitos emergem para um mundo de novas</p><p>possibi lidades, sejam elas emocionais, sociais ou físicas.</p><p>Discussão – De acordo com Lopes (2009), a Educação Física apresenta várias</p><p>possibilidades para a sociedade desfrutar da cultura corporal de movimento, pensando,</p><p>sobretudo, no lazer, nas emoções, afeições e sentimentos, com a probabi lidade de</p><p>promover, recuperar e manter a saúde dos indivíduos ativos. Seguindo a lógica da</p><p>50</p><p>autora, acreditamos que as atividades físicas realizadas na natureza vêm ao encontro</p><p>desses propósitos, esti mulando de maneira intensa os sujeitos a praticarem atividades</p><p>não comuns no cotidiano, que se trans formam em fortes aliadas para produzirem prazer</p><p>e o sentimento de “quero mais”.</p><p>É possível que este “querer mais” seja a chave para mudanças de hábitos.</p><p>Praticar atividades que sejam prazerosas pode ser o primeiro passo para que os sujeitos</p><p>se tornam adeptos de novos costu mes. Vemos nas atividades físicas e esportivas na</p><p>natureza a oportunidade de desfrutar intensamente de diferentes sensações positivas.</p><p>Esta afirmativa corrobora com Pitanga (2004), quando este autor sugere estratégias</p><p>para fomentar a prática regular de atividade física para minimizar os fatores de risco à</p><p>saúde relacionados à hipocinética. O autor enfatiza, ainda, que a saúde e a qualidade</p><p>de vida estão inter-relacionadas, entre outros, com o lazer e a atividade física e que a</p><p>alegria e a felicidade estão entrelaçadas com seus condicionantes.</p><p>A adesão às atividades físicas e esportivas na natureza parece ser estimulada,</p><p>segundo Schwartz (2006), pela mudança do conceito de tempo, por extrapolar os</p><p>limites das causas do estresse, pela busca de novas alternativas, novos sentimentos e</p><p>pela procura constante na melhora dos níveis de saúde.</p><p>Schwartz (2006 citando Bruhns, 1997), afirma que as emoções sentidas em</p><p>atividades praticadas na natureza auxiliam na reconciliação do homem com a mesma,</p><p>possibilitando o redimensionamento dos condicionantes da sociedade.</p><p>Essas emoções se confirmam nos depoimentos colhidos, anteriormente</p><p>apresentados, e são ratifica dos em outros estudos, conforme podemos observar no</p><p>trabalho de Ferreira (2009) que, com o objetivo de analisar e entender os significados</p><p>evidenciados nas corridas de aventura, uma das modalidades das práticas corporais</p><p>realizadas na natureza, entrevis tou atletas que participaram da Expedição Mata Atlântica</p><p>(EMA). Karina, estudante de Educação Física, em um de seus depoimentos relata o poder</p><p>que tais atividades incitam nas mudanças de sen timentos no que tange à ampliação da</p><p>autoestima, criando novos paradigmas em relação à perspectiva de viver a vida:</p><p>[...] Todos vivenciamos ocasiões nas quais, em vez de sermos açoi-</p><p>tados por forças anônimas, sentimo-nos realmente no controle de</p><p>nossas ações, donos de nosso próprio destino. Nas raras ocasiões</p><p>em que isso acontece, experimentamos uma satisfação e uma pro-</p><p>funda sensação de pra zer, lembradas por muito tempo, e que, em</p><p>nossa memória, se tornam um ponto de referência de como deveria</p><p>ser a vida (FERREIRA, 2009, p. 6).</p><p>Parece ser tranquilo reconhecer que ao realiza rem práticas corporais na</p><p>natureza os indivíduos deparam-se com circunstâncias desconfortáveis, o contrário do</p><p>que se busca no cotidiano. Machado (2006, p. 104) salienta que “Grandes mudanças</p><p>ocorrem, historicamente, quando a sociedade se depara, brus camente, com uma ou</p><p>51</p><p>mais situações de desconfor to”. Para a autora, as emoções sentidas a partir de tais</p><p>condições propiciam modificações “qualitati vas e significativas para a vida humana,</p><p>no âmbito individual ou social, uma vez que são associadas a ações ou momentos,</p><p>realmente, significativos”.</p><p>Considerações Finais</p><p>A partir dos trabalhos que realizamos com ati vidades físicas e esportivas na</p><p>natureza, nos ins tigamos a perguntar: Será que a busca incessante por conforto é o</p><p>caminho para a melhor qualidade de vida? As investigações na área nos revelam que</p><p>existem alternativas para o ser humano ampliar sua visão e buscar mudanças de valores.</p><p>Não são ra ras as indicações que nos permitem concordar que as práticas corporais na</p><p>natureza aparentam estar aliadas à mudança de estilo de vida, favorecendo condições</p><p>para uma melhor qualidade de vida.</p><p>O presente trabalho segue essa perspectiva. Aponta sinais de comprovação,</p><p>pois os depoimen tos, associados à pesquisa bibliográfica, nos revelam que os pratican-</p><p>tes de atividade físicas e esportivas na natureza tendem a (re)significar valores sociais</p><p>por intermédio de experiências ricas que causam sensações e emoções não sentidas</p><p>no cotidiano.</p><p>FONTE: BERTOLLO, M.; BERTOLLO, S. H. J. Práticas corporais na natureza: (re) significando</p><p>valores para uma melhor qualidade de vida. Revista Contexto & Saúde, v. 12, n. 22, seção</p><p>Resumo expandido, p. 52–55, 2012. Disponível em: https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/</p><p>contextoesaude/article/view/1674. Acesso em: 20 jun. 2022.</p><p>https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/article/view/1674</p><p>https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/article/view/1674</p><p>52</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• O aprofundamento técnico sobre o conceito e a magnitude de abrangência das Afan</p><p>para diferentes contextos de intervenção profissional.</p><p>• O conhecimento sobre os diferentes cenários (aéreo, terrestre, aquático) no qual as Afan</p><p>ocorrem, entendendo a necessidade do aprimoramento técnico em cada modalidade.</p><p>• O conhecimento sobre o Turismo de Aventura como espaço/área de intervenção do</p><p>profissional de Educação Física.</p><p>• O entendimento sobre o Turismo de Base Comunitária como um novo paradigma que</p><p>emerge nas comunidades rurais e que abre um leque de possibilidades de interven-</p><p>ção profissional com vistas à uma perspectiva ambiental sustentável.</p><p>53</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 As Afan possuem um leque de atividades físicas realizadas na natureza que propiciam</p><p>as mais diversas sensações e emoções aos seus praticantes. Nessa mesma esfera,</p><p>uma mesma atividade pode representar/significar objetivos e/ou sentidos diferentes</p><p>entre os praticantes. Uns buscam a sensação de aventura e adrenalina, outros</p><p>querem um lazer ativo na natureza, e outros, ainda, buscam um refúgio para a saúde</p><p>mental e os problemas relacionados às exigências do ambiente de trabalho. Diante</p><p>dos diferentes objetivos que as Afan podem atender aos seus praticantes, assinale a</p><p>alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) Atualmente, ocorre um crescente interesse por diferentes segmentos da</p><p>sociedade pela vivência mais frequente com as modalidades das AFAN.</p><p>b) ( ) Há um distanciamento das pessoas com as AFAN por conta do risco iminente</p><p>das modalidades e a falta de profissionais capacitados.</p><p>c) ( ) As Afan realizadas em convívio com a natureza prejudicam os processos</p><p>cognitivos de seus participantes em virtude do medo e da vertigem intrínsecos.</p><p>d) ( ) Os problemas de recursos materiais acarretam altos custos financeiros para a</p><p>prática frequente das Afan, limitando o acesso dos interessados.</p><p>2 Os diferentes cenários de prática das Afan contemplam espaços físicos e estruturas</p><p>distintas, seja por conta das características das modalidades, seja pelo tipo de</p><p>ambiente físico no qual a modalidade é realizada. Nesse sentido, temos modalidades</p><p>terrestres, aéreas, aquáticas, ou ainda a possibilidade de modalidades que permitem</p><p>a fusão de dois ou mais destes ambientes, ou, como são chamadas, práticas em</p><p>ambientes mistos. Diante disso, analise as sentenças a seguir:</p><p>I- O kite surf é um exemplo de Afan praticado em ambiente misto.</p><p>II- Vela, remo, canoagem e rafting são classificados como esportes de ambientes mistos.</p><p>III- Esporte de orientação e trekking são classificados como esportes terrestres.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.</p><p>b) ( ) Somente a sentença II está correta.</p><p>c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.</p><p>d) ( ) Somente a sentença III está correta.</p><p>3 Com o surgimento de diversos meios tecnológicos e com o estilo de vida urbanizado,</p><p>o ser humano acabou se afastando do ambiente natural, porém, atualmente, as</p><p>pessoas estão buscando, cada vez mais, se reencontrar com a natureza durante seu</p><p>54</p><p>período de lazer, e assim, as Atividades Físicas de Aventura na Natureza (Afan) estão</p><p>sendo muito procuradas. O termo Afan, utilizado primeiramente por Betran em 1995,</p><p>refere-se às atividades praticadas em ambiente natural, com diferentes modalidades</p><p>praticadas no ar, na terra ou na água, na busca por novas sensações que a natureza</p><p>pode proporcionar para os praticantes.</p><p>Fonte: FRANÇA, G. L. de; FRANÇA, D. L. de;</p><p>CAREGNATO, A. F. Motivos da adesão em atividades</p><p>de aventura na natureza e as influências na qualidade</p><p>de vida de seus praticantes. LICERE – Revista do</p><p>Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em</p><p>Estudos do Lazer, v. 24, n. 3, p. 183. 2021. Disponível</p><p>em: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.36311.</p><p>Acesso em: 25 jun. 2022.</p><p>Com base no texto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:</p><p>( ) As Afan possuem relação com o desejo pela aventura dos seus participantes.</p><p>( ) O alto custo financeiro é um dos principais problemas enfrentados na prática das Afan.</p><p>( ) As sensações de liberdade e aventura compõem o seio principal das Afan.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V – F – F.</p><p>b) ( ) V – F – V.</p><p>c) ( ) F – V – F.</p><p>d) ( ) F – F – V.</p><p>4 As Afan possuem, em sua estrutura de organização, diferentes perspectivas que</p><p>estão ancoradas sobre distintas aplicações práticas que assim visam atender</p><p>objetivos e públicos-alvo completamente diferenciados. Nesse cenário amplo e</p><p>diversificado, insere-se o profissional de Educação Física, que precisa inteirar-se de</p><p>tais perspectivas para que, assim, possa se aperfeiçoar e se aprimorar em diferentes</p><p>técnicas e/ou formas de aplicação das Afan. Frente ao exposto, disserte sobre as</p><p>diferentes perspectivas que contemplam as Afan.</p><p>5 As comunidades tradicionais residentes nas Unidades de Conservação estão</p><p>encontrando no Turismo de Base Comunitária (TBC) uma alternativa de renda, uma</p><p>oportunidade de valorizar a própria cultura e uma forma de integrar os jovens ao</p><p>modo de vida local. Percebemos que não existe uma receita pronta. Estão surgindo</p><p>desde formas mais tradicionais, em que o visitante vivencia o modo de vida local, até</p><p>https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.36311</p><p>55</p><p>outras em que operadores de turismo promovem experiências de sol e praia. Reservas</p><p>Extrativistas como Marinha do Soure, Prainha do Canto Verde, Unini e Chico Mendes,</p><p>Florestas Nacionais como Tapajós e Purus, e até mesmo em Parques Nacionais como</p><p>Jaú e Chapada Diamantina têm desenvolvido formas de TBC.</p><p>Fonte: ICMBIO, I. C. M. de C. da B. Turismo de base</p><p>comunitária em unidades de conservação</p><p>federais. Princípios e diretrizes. [S. l.]: Ministério</p><p>do Meio Ambiente, 2018, p. 3. Disponível em: https://</p><p>ava.icmbio.gov.br/mod/data/view.php?d=17&rid=2977.</p><p>Acesso em: 28 abr. 2022.</p><p>A partir do texto, disserte sobre a possibilidade das Afan integrarem os projetos de</p><p>Turismo de Base Comunitária.</p><p>https://ava.icmbio.gov.br/mod/data/view.php?d=17&rid=2977</p><p>https://ava.icmbio.gov.br/mod/data/view.php?d=17&rid=2977</p><p>56</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALMEIDA, B. S.; MICALISKI, E. L.; SILVA, M. R. da. Esportes complementares [livro</p><p>eletrônico]. 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Disponível em: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2008n30p44.</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 18</p><p>TÓPICO 2 - RELAÇÃO HISTÓRICA HOMEM-NATUREZA .....................................23</p><p>1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................23</p><p>2 RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA ........................................................................23</p><p>2.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ....................................................27</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................33</p><p>AUTOATIVIDADE ...................................................................................................34</p><p>TÓPICO 3 - ATIVIDADES FÍSICAS DE AVENTURA NA NATUREZA (AFAN):</p><p>CONCEITO, TAXIONOMIA E CARACTERÍSTICAS ................................................. 37</p><p>1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 37</p><p>2 CONCEITUAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E TENDÊNCIAS ....................................... 37</p><p>2.1.1 Diferentes perspectivas das Afan .........................................................................40</p><p>2.1.2 Afan e suas relações com o turismo e o turismo de aventura .....................44</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................. 48</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................52</p><p>AUTOATIVIDADE ...................................................................................................53</p><p>REFERÊNCIAS .......................................................................................................56</p><p>UNIDADE 2 — ATIVIDADES FÍSICAS E ESPORTES DE AVENTURA</p><p>NA NATUREZA .......................................................................................................63</p><p>TÓPICO 1 — ESPORTES RADICAIS OU ESPORTES DE AVENTURA? ...................65</p><p>1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................65</p><p>2 ESPORTES RADICAIS .......................................................................................65</p><p>2.1 MODALIDADES RADICAIS – SURF: CARACTERÍSTICAS E ESTRUTURA</p><p>DA MODALIDADE ..................................................................................................................... 69</p><p>2.2 TREINAMENTO E PREPARAÇÃO FÍSICA NOS ESPORTES RADICAIS .....................72</p><p>3 ESPORTES DE AVENTURA ................................................................................ 81</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................90</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 91</p><p>TÓPICO 2 - ATIVIDADES FÍSICAS E ESPORTES NÃO FORMAIS .........................95</p><p>1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................95</p><p>2 ESPORTES NÃO FORMAIS .................................................................................96</p><p>3 ATIVIDADES FÍSICAS NA NATUREZA E SAÚDE ............................................. 101</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................106</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 107</p><p>TÓPICO 3 - ESPORTES URBANOS E MEIO AMBIENTE ....................................... 111</p><p>1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 111</p><p>2 PERSPECTIVA DO ESPAÇO URBANO COMO MEIO AMBIENTE ...................... 111</p><p>3 ESPORTES URBANOS FORMAIS E NÃO FORMAIS .........................................117</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 123</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................ 129</p><p>AUTOATIVIDADE .................................................................................................130</p><p>REFERÊNCIAS .....................................................................................................133</p><p>UNIDADE 3 — TREINAMENTO DOS ESPORTES DE AVENTURA ........................143</p><p>TÓPICO 1 — TREINAMENTO DOS ESPORTES DE AVENTURA ...........................145</p><p>1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................145</p><p>2 FUNDAMENTOS TÉCNICOS DOS ESPORTES DE AVENTURA ........................145</p><p>2.1 ESPORTES DE AVENTURA AQUÁTICOS .......................................................................147</p><p>2.2 ESPORTES DE AVENTURA AÉREOS ........................................................................... 150</p><p>2.3 ESPORTES DE AVENTURA TERRESTRES E MISTOS .............................................. 155</p><p>3 CONDICIONAMENTO FÍSICO NOS ESPORTES DE AVENTURA ...................... 159</p><p>3.1 CONDICIONAMENTO FÍSICO/TÉCNICO PARA OS ESPORTES DE</p><p>AVENTURA AQUÁTICOS ....................................................................................................... 159</p><p>3.2 CONDICIONAMENTO FÍSICO/TÉCNICO PARA OS ESPORTES DE</p><p>AVENTURA AÉREOS .............................................................................................................. 164</p><p>3.3 CONDICIONAMENTO FÍSICO/TÉCNICO PARA OS ESPORTES DE</p><p>AVENTURA TERRESTRES E MISTOS ................................................................................. 169</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................ 179</p><p>AUTOATIVIDADE .................................................................................................180</p><p>TÓPICO 2 - PROGRAMAS DE TREINAMENTO NOS ESPORTES</p><p>DE AVENTURA .....................................................................................................183</p><p>1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................183</p><p>2 ASPECTOS PSICOLÓGICOS RELACIONADOS AOS ESPORTES DE</p><p>AVENTURA ..........................................................................................................183</p><p>3 ASPECTOS NUTRICIONAIS RELACIONADOS AOS ESPORTES DE</p><p>AVENTURA ..........................................................................................................190</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 197</p><p>AUTOATIVIDADE .................................................................................................198</p><p>TÓPICO 3 -FORMAÇÃO DE TREINADORES NOS ESPORTES DE AVENTURA .......201</p><p>1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................201</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................... 208</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................ 213</p><p>AUTOATIVIDADE .................................................................................................214</p><p>REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 216</p><p>1</p><p>UNIDADE 1 -</p><p>MEIO AMBIENTE, ECOLOGIA</p><p>E ESPORTES DE AVENTURA</p><p>NA NATUREZA</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• compreender os aspectos sociais, políticos e técnicos das áreas do meio ambiente e</p><p>ecologia associando-os aos esportes de aventura na natureza;</p><p>• assimilar as intervenções históricas do Homem na Natureza e suas consequências</p><p>ambientais;</p><p>• apreender a diversidade transdisciplinar envolta sobre o tema da Ecologia, aproxi-</p><p>mando tais áreas com as práticas corporais na natureza;</p><p>• entender os princípios fundamentais de uma proposta de Educação Ecológica.</p><p>A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com</p><p>Acesso</p><p>em: 5 jun. 2022.</p><p>TAHARA, A. K.; CARNICELLI FILHO, S. Atividades Físicas de Aventura na Natureza</p><p>(AFAN) e academias de ginástica: motivos de aderência e benefícios advindos da</p><p>prática. Movimento (ESEFID/UFRGS), v. 15, n. 3, p. 187–208, 2009. Disponível em:</p><p>https://doi.org/10.22456/1982-8918.4917. Acesso em: 5 jun. 2022.</p><p>TRIANI, F. D. S.; SAMPAIO, B. H. R.; CASTRO, L. M. de; PAIXÃO, J. A. D. Esportes de</p><p>aventura praticados na Barra da Tijuca e São Conrado, RJ: um levantamento das</p><p>modalidades e formação do instrutor. Motrivivência, v. 32, n. 61, p. 01–15, 6 abr. 2020.</p><p>Disponível em: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2020e61665. Acesso em: 5 jun. 2022.</p><p>TRIANI, F.; TELLES, S. D. C. C. Representações sociais sobre os esportes de aventura</p><p>na educação física. Interfaces da educação, v. 10, n. 30, p. 246-267, 17 jul. 2020.</p><p>Disponível em: https://doi.org/10.26514/inter.v10i30.3946. Acesso em: 5 jun. 2022.</p><p>https://doi.org/10.22292/mas.v11i05.587</p><p>63</p><p>ATIVIDADES FÍSICAS E</p><p>ESPORTES DE AVENTURA</p><p>NA NATUREZA</p><p>UNIDADE 2 —</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• definir os principais conceitos teóricos que circundam a discussão sobre os esportes</p><p>de aventura, esportes radicais e atividades de aventura;</p><p>• compreender as diferentes perspectivas de intervenção profissional dos esportes de</p><p>aventura e dos esportes radicais no treinamento esportivo e na saúde integral;</p><p>• analisar as potencialidades do espaço urbano para a prática de esportes e/ou ativi-</p><p>dades físicas que tenham vertente radical ou de aventura;</p><p>• entender as dimensões e características fundamentais inerentes aos esportes de</p><p>aventura e aos esportes radicais como conteúdo da Educação Física.</p><p>A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de</p><p>reforçar o conteúdo apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – ESPORTES RADICAIS OU ESPORTES DE AVENTURA?</p><p>TÓPICO 2 – ATIVIDADES FÍSICAS E ESPORTES NÃO FORMAIS</p><p>TÓPICO 3 – ESPORTES URBANOS E MEIO AMBIENTE</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure</p><p>um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>64</p><p>CONFIRA</p><p>A TRILHA DA</p><p>UNIDADE 2!</p><p>Acesse o</p><p>QR Code abaixo:</p><p>65</p><p>TÓPICO 1 —</p><p>ESPORTES RADICAIS OU ESPORTES</p><p>DE AVENTURA?</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Prezado acadêmico! Neste tópico, estudaremos a fundo a nomenclatura e as</p><p>vertentes teóricas acerca das práticas corporais na natureza, procurando entender</p><p>porque elas ainda continuam ambíguas ou no mínimo geram discussões no cenário</p><p>acadêmico, devido a diferentes proposições e tendências, sejam elas de cunho científico,</p><p>financeiro ou, ainda, de cunho sociocultural.</p><p>Sob esta ótica, é preciso inteirar-se dos conceitos distintos que circundam as</p><p>Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN), como também procurar entender</p><p>o porquê da existência de terminologias variadas, que, ora se aproximam, outra se</p><p>afastam, de acordo com os pontos de vista de diferentes autores.</p><p>Entendemos que o profissional de Educação Física está inserido nesse contexto</p><p>de discussão e debate, e, por esta razão, conhecer e aprofundar a origem de tais con-</p><p>ceitos, pode ajudar na organização e sistematização da oferta dos mais variados conte-</p><p>údos de ensino. Não obstante, também pode auxiliar na organização e na oferta de prá-</p><p>ticas corporais sadiamente orientadas para a qualidade de vida integral dos praticantes.</p><p>Ao estudar este tópico, iremos discernir sobre diferentes conceitos e enten-</p><p>dimentos sobre as terminologias utilizadas no Brasil, entender como elas surgiram e</p><p>por que ainda estampam o cartaz de discussões e contradições acadêmicas sobre seu</p><p>significado/sentido dentro do contexto da Educação Física.</p><p>2 ESPORTES RADICAIS</p><p>Os esportes radicais são oriundos de um universo de práticas e/ou atividades</p><p>que se inter-relacionam com tudo que o homem construiu em sua conexão indubitável</p><p>com a natureza (COELHO et al., 2021), ou seja, procurando deixar de lado toda a discussão</p><p>sobre a polissemia do termo “esporte”, a palavra “radical” agrega diferentes sentidos/</p><p>significados para os adeptos e/ou simpatizantes de tais práticas corporais. Nesse</p><p>sentido, o ser humano radical em relação ao esporte, às atividades, práticas corporais</p><p>ou jogos está sempre em construção, pois é no encadeamento de ações interativas que</p><p>o sujeito aprende, cria, recria e reconstrói elementos que estão associados ao risco, ao</p><p>perigo, ao desafio e ao aventureiro arrojado (PEREIRA et al., 2022).</p><p>66</p><p>Para que possamos avançar, em 2007, o Conselho Nacional do Esporte (CNE)</p><p>publicou no Diário Oficial da União, Art. 1º, inciso II, uma tentativa de conceituar os es-</p><p>portes radicais de forma a diferenciar esse conceito dos esportes de aventura. Vejamos:</p><p>Esporte radical: O conjunto de práticas esportivas formais e não</p><p>formais, vivenciadas a partir de sensações e de emoções, sob</p><p>condições de risco calculado. Realizadas em manobras arrojadas</p><p>e controladas, como superação de habilidades de desafio extremo.</p><p>Desenvolvidas em ambientes controlados, podendo ser artificiais,</p><p>quer seja em manifestações educacionais, de lazer e de rendimento,</p><p>sob controle das condições de uso dos equipamentos, da formação</p><p>de recursos humanos e comprometidas com a sustentabilidade</p><p>socioambiental (BRASIL, 2007, p. 107).</p><p>Segundo Bandeira e Amaral (2020), naquele momento histórico, a Comissão de</p><p>Esportes de Aventura (CEAV) do Ministério do Esporte, tinha como principal objetivo,</p><p>ampliar e difundir tais terminologias a nível nacional, para todos os interessados e setores</p><p>envolvidos com essa temática, padronizando a utilização dos termos em diferentes</p><p>contextos de intervenção. Infelizmente, na evolução das tratativas, a CEAV encerrou</p><p>suas atividades e seus objetivos não galgaram êxito.</p><p>Na perspectiva de esmiuçar o entendimento sobre os esportes radicais, dife-</p><p>rentes autores na literatura têm debruçado esforço teórico para exprimir suas contri-</p><p>buições e assim trazer à tona, possibilidades de compreender este universo, criando</p><p>possibilidades didático-pedagógicas para a intervenção profissional.</p><p>De acordo com Pereira, Armbrust e Ricardo (2008), há uma distinção interna nos</p><p>esportes radicais que, segundo esses autores, podem ser classificados em “Esportes</p><p>de Ação” e “Esportes de Aventura”, sendo que, essas modalidades são organizadas de</p><p>acordo com o tipo de “meio” em que ocorrem: terrestre, aquático, aéreo, misto e urbano.</p><p>Para que essa concepção fique mais clara, preferimos reproduzir o quadro</p><p>conceitual e de classificação propostos no estudo de Pereira, Armbrust e Ricardo (2008).</p><p>67</p><p>Quadro 1 – Classificação dos esportes radicais</p><p>Esportes radicais</p><p>Meio Ação Aventura</p><p>Aquático Surf e windsurf.</p><p>Mergulho (livre e autônomo).</p><p>Canoagem (rafting, caiaque, aqua-ride,</p><p>canyonning).</p><p>Aéreo Base jump e sky surf. Paraquedismo, balonismo e voo livre.</p><p>Terrestre</p><p>Bungee Jump e</p><p>sandboarding.</p><p>Montanhismo (escalada em rocha, escalada</p><p>em gelo, técnicas verticais, tirolesa, rapel e</p><p>arvorismo).</p><p>Mountain bike (downhill e cross country).</p><p>Trekking.</p><p>Misto Kite surf. Corrida de aventura.</p><p>Urbano</p><p>Escalada indoor, skate, patins</p><p>in line e bike (trial e bmx).</p><p>Le parkour.</p><p>Fonte: adaptado de Pereira, Armbrust e Ricardo (2008)</p><p>Os esportes radicais também possuem forte correlação com diferentes aspectos</p><p>no que diz respeito ao entendimento sobre as questões socioculturais, ambientais,</p><p>históricas, controle e gestão de risco, público-alvo, entre outros (ALMEIDA; MICALISKI;</p><p>SILVA, 2019; LISBOA et al., 2019; SCOPEL et al., 2020). Frente a isso, os profissionais</p><p>de Educação Física precisam entender e discernir sobre determinados conteúdos, que,</p><p>sob o ponto de vista didático-pedagógico, constituem elementos fundamentais para</p><p>estruturar uma prática pedagógica consciente e consistente.</p><p>Dessa forma, a caracterização dos aspectos motores inerentes aos esportes</p><p>radicais, bem como suas interfaces de conexão com vertentes da psicologia, antropologia,</p><p>fisiologia, ecologia,</p><p>entre outras, proporciona ao profissional de Educação Física uma</p><p>gama de informações, que, aliadas às experiências motrizes dessas práticas corporais,</p><p>viabilizam possibilidades de organizar e ofertar experiências cada vez mais significativas</p><p>e voltadas para a formação de um sujeito integral (COELHO et al., 2021; SANTOS; KEIM;</p><p>DOMINGUES, 2021). Cabe-nos deixar exposto aqui uma sistematização muito bem</p><p>elaborada no estudo de Pereira, Armbrust e Ricardo (2008), que nos apresenta uma</p><p>proposta de caracterização dos esportes radicais, considerando em seu bojo, tanto os</p><p>esportes de ação quanto os esportes de aventura e suas exigências físicas basilares.</p><p>Vejamos o Quadro 2.</p><p>68</p><p>Quadro 2 – Caracterização dos esportes radicais</p><p>Fonte: adaptado de Pereira, Armbrust e Ricardo (2008)</p><p>Esportes radicais</p><p>Característica Ação Aventura</p><p>Habilidade Predomina a estabilização. Predomina a locomoção.</p><p>Capacidade</p><p>Predomina a força potente.</p><p>A velocidade das manobras</p><p>exige força e velocidade.</p><p>Predomina a resistência.</p><p>A estratégia e a escolha ganham</p><p>importância.</p><p>Surgimento</p><p>Como atividade de lazer e uso</p><p>do tempo livre.</p><p>Como expedição ou exploração (militar,</p><p>econômica ou científica).</p><p>Etimologia</p><p>Manifestação de força</p><p>e energia, movimento,</p><p>comportamento e atitude.</p><p>Experiências arriscadas, incomuns,</p><p>perigosos e imprevisíveis</p><p>Objetivo</p><p>O lazer é o principal motivo.</p><p>As competições geram eventos</p><p>de grande importância.</p><p>Forte relação entre lazer e turismo.</p><p>Usado como educação.</p><p>Local</p><p>Urbano e natureza.</p><p>Espaços construídos e eventos</p><p>da natureza (onda, vento).</p><p>Natureza e urbano.</p><p>Espaços naturais (a meta é sair de um</p><p>ponto e chegar a outro).</p><p>Público Média entre 15 e 25 anos. Média entre 25 e 35 anos.</p><p>Perigo</p><p>Socorro mais próximo.</p><p>Menor ação do clima.</p><p>Socorro mais distante.</p><p>Maior ação do clima.</p><p>Organização</p><p>Existem regras, associações e</p><p>formação de tribos.</p><p>Existem regras, associações e</p><p>formação de equipes</p><p>Mídia</p><p>Busca captar a manobra</p><p>Relaciona-se com público-</p><p>alvo na atitude, vestimenta,</p><p>comportamento e linguagem.</p><p>Busca captar uma história.</p><p>Relaciona-se com o público-alvo na</p><p>ecologia, qualidade de vida e meio</p><p>ambiente.</p><p>É muito importante que você compreenda a vertente e/ou a matriz do entendi-</p><p>mento sobre esporte radical no Brasil. Almeida e Gáspari (2014), entrevistaram um dos</p><p>professores/pesquisadores mais influentes da Educação Física dentro do contexto da</p><p>aventura, o professor Dimitri Wuo Pereira. Nessa entrevista, ele fala abertamente sobre</p><p>suas aspirações, teses e, principalmente, do que acredita sobre uma ideia de Educa-</p><p>ção Física mediada pelo universo dos esportes radicais. Também já existem vídeos de</p><p>lives gravadas no YouTube, palestras e outras intervenções do professor à disposição de</p><p>quem interessar.</p><p>69</p><p>Os pesquisadores Adriana Mesquita de Almeida e Arthur Fernandes Gáspari</p><p>compilaram em um artigo publicado na Revista Conexões da Unicamp, as</p><p>perguntas e respostas obtidas em entrevista com o professor Dimitri Wuo</p><p>Pereira, em que são abordados temas e assuntos referentes aos esportes</p><p>radicais. Você poderá compreender melhor o tema, como também conhecer</p><p>as proposições de um dos autores mais proeminentes da Educação Física</p><p>que abordam esse assunto. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.</p><p>br/ojs/index.php/conexoes/article/view/2164/pdf_10.</p><p>DICAS</p><p>2.1 MODALIDADES RADICAIS – SURF: CARACTERÍSTICAS E</p><p>ESTRUTURA DA MODALIDADE</p><p>Com origem duvidosa ou, no mínimo, contraditória, a história do surf se divide</p><p>em duas principais perspectivas: de um lado, há aproximadamente 1.500 anos, a</p><p>modalidade teria surgido no que é conhecido como triângulo polinésio nas imediações</p><p>do Oceano Pacífico; em contrapartida, estudos históricos remontam a sua origem à</p><p>região do Peru, onde nativos realizaram as primeiras manobras nas ondas sob troncos</p><p>de madeira (SOUZA, 2013).</p><p>A relação histórica do surf também perpassa por uma questão de compreensão</p><p>cultural e de sobrevivência dos sujeitos ribeirinhos de diferentes períodos históricos</p><p>(LISBOA et al., 2019; SCOPEL et al., 2020). Segundo Souza (2013, p. 87, grifo do autor):</p><p>É sabido que os primeiros a realizarem tal feito habitavam as beiras</p><p>dos mares do pacífico há centenas de anos atrás, no entanto, sur-</p><p>gem algumas divergências quando se trata do local exato onde fo-</p><p>ram surfadas as primeiras ondas. Diversos autores preconizam que o</p><p>surf se origina e se desenvolve no Havaí, sendo que o capitão inglês</p><p>James Cook, colonizador deste arquipélago, foi o primeiro europeu a</p><p>presenciar o surf e realizar os primeiros relatos sobre tal fenômeno.</p><p>Já os estudos de Kampion e Brown sugerem que o surf pode ter tido</p><p>sua origem em mares peruanos, onde a população nativa, de estrei-</p><p>ta relação com o mar, retornava de suas pescarias pegando “carona”</p><p>nas ondas, em posição bípede, numa embarcação semelhante a uma</p><p>canoa, denominada caballitos de totora. No entanto, de acordo com</p><p>o desenvolvimento e popularização do surf ao longo da história, nos</p><p>parece plausível afirmar que a procedência havaiana do surf tem maior</p><p>destaque e influência no progresso da modalidade. Passados alguns</p><p>contratempos no processo de popularização do surf, tendo seu maior</p><p>declive em meados do século XIX quando os europeus praticamente</p><p>extinguiram o surf ao considerarem um esporte imoral frente à igreja,</p><p>surgem então, a partir do ano de 1900, alguns personagens marcantes</p><p>no renascimento e divulgação do surf. É nessa época que um havaiano</p><p>chamado Duke Kahanamoku se consagra na história do surf. Duke foi</p><p>atleta de natação em nível olímpico e ao competir em grandes eventos</p><p>internacionais, fazia questão de carregar sua prancha na bagagem e</p><p>divulgar o surf nas mais diversas regiões do planeta. Tais feitos rende-</p><p>ram-lhe os títulos de embaixador do surf e pai do surf.</p><p>70</p><p>Uma forma divertida de entender melhor as vertentes dessas duas</p><p>versões, foi elaborada pela equipe de jornalismo do Jornal “Folha”,</p><p>na sua versão digital. Nessa animação, são apresentadas imagens e</p><p>referências a cada uma das perspectivas de forma didática, ilustrati-</p><p>va e criativa. Vale a pena conferir. Disponível em: https://www1.folha.</p><p>uol.com.br/webstories/cultura/2021/07/qual-e-a-origem-do-surfe/.</p><p>DICAS</p><p>O Brasil possui uma relação íntima com o surf, estando entre os principais</p><p>países considerados verdadeiras potências esportivas (LOPES et al., 2021). Já foram</p><p>conquistados inúmeros títulos mundiais, etapas e circuitos internacionais e, mais</p><p>recentemente, nos Jogos Olímpicos de Tokio/2020, tivemos o privilégio de ver o brasileiro</p><p>Ítalo Ferreira sagrar-se o primeiro campeão olímpico da história do surf moderno na</p><p>estreia da modalidade nos Jogos.</p><p>Levando em consideração a evolução histórica da modalidade do surf e, con-</p><p>sequentemente, o avanço nas tecnologias envolvidas na elaboração das pranchas e</p><p>acessórios, bem como o surgimento de diferentes estilos de surfar, seja no mar, nos rios</p><p>e/ou piscinas artificiais próprias para a prática, é de suma importância que possamos</p><p>entender melhor quais são os estilos do surf e suas principais características específicas</p><p>(BASTOS; PEREIRA, 2017). Os diferentes estilos são descritos no Quadro conceitual 3.</p><p>Quadro 3 – Estilos do surf</p><p>Estilo Descrição</p><p>Long board</p><p>O surf com long board é praticado com pranchas maiores, que retratam melhor</p><p>as raízes e o início da popularização do surf. Este estilo é subdivido em outras</p><p>duas categorias:</p><p>• Long board clássico: definido por pranchas cujo tamanho partem dos 9’6”</p><p>(nove pés e seis polegadas); suas manobras exigem alto grau de intimidade</p><p>do sufista com o equipamento e o mar. É, portanto, praticado pelos mais</p><p>experientes por exigir alto grau de controle em que interagem a leitura</p><p>do mar, a capacidade de antecipação do movimento (feedforward) e a</p><p>habilidade sobre a prancha. Uma manobra característica a se observar é</p><p>o hang ten, em que o sufista permanece com os pés no bico da prancha e</p><p>com os dez dedos posicionados fora dela.</p><p>• Long board progressivo: é praticado em long board de tamanho menor</p><p>que</p><p>o clássico. Suas medidas partem dos 9’0” (nove pés) e suas formas (com</p><p>menor flutuação, tipos de quilhas, fundo e bordas) proporcionam um estilo</p><p>de surf com manobras mais rápidas e agressivas do que o estilo clássico.</p><p>71</p><p>Fonte: adaptado de Souza (2013)</p><p>Short board</p><p>É o estilo mais conhecido e apreciado pelos simpatizantes do surf e pela</p><p>mídia. São praticados com pranchas pequenas e de baixa flutuabilidade, que</p><p>proporcionam manobras velozes e agressivas. É o estilo mais evidenciado em</p><p>competições nacionais e internacionais. Sua prática exige muita habilidade dos</p><p>sufistas para permanecerem estáveis na onda.</p><p>Tow-in</p><p>É também conhecido como surf de reboque, no qual o sufista é rebocado por</p><p>um jet-ski. Indiscutivelmente, é o estilo mais radical da prática do surf, devido ao</p><p>seu alto grau de periculosidade, pois a base de sua prática se dá (teoricamente)</p><p>em ondas grandes, as quais não seriam possíveis de serem surfadas na remada.</p><p>O surf pode ser compreendido e/ou praticado sobre diferentes perspectivas e</p><p>objetivos (ALMEIDA; MICALISKI; SILVA, 2019). Para alguns sujeitos, é apenas uma forma</p><p>de se divertir em meio à natureza; para outros, uma filosofia de vida ou meio de expressar</p><p>seus sentimentos de liberdade e sensibilidade com a natureza; para outros ainda, é</p><p>uma profissão ou forma de sobrevivência (ROMARIZ; GUIMARÃES; MARINHO, 2011). De</p><p>acordo com Bigolin (2019, p. 10):</p><p>O surf é, simultaneamente, um esporte, uma atividade física ou</p><p>atividade de lazer. O surfista utiliza uma prancha, atualmente, de</p><p>fibra de vidro que desliza sobre as ondas. Quando o praticante inicia</p><p>o movimento de entrada na onda, ele rema deitado para tentar atingir</p><p>a mesma velocidade de deslocamento da onda e, posteriormente,</p><p>se posicionar de pé sobre a prancha para executar as manobras</p><p>específicas do esporte enquanto a onda possuir energia suficiente</p><p>para carregá-lo. É realizado de modo intermitente, com momentos</p><p>de alta intensidade intercalados com períodos de baixa intensidade</p><p>e descanso. Para praticar o surf, é necessário que o surfista domine</p><p>diversas técnicas, desde a remada, o ficar em pé sobre a prancha, até</p><p>realizar as manobras de diferentes níveis.</p><p>Os diferentes elementos envolvidos na prática do surf (mar, ondas, contato</p><p>com a natureza, busca por excitação, desafio pessoal, entre outros) permitem aos</p><p>seus praticantes uma gama de sensações e emoções que se traduzem em diferentes</p><p>benefícios à saúde dos surfistas (TRIANI et al., 2020). A respeito da qualidade de vida</p><p>que circunda o ambiente e os próprios praticantes do surf, sejam eles amadores ou</p><p>atleta profissionais, podemos considerar:</p><p>Os aspectos benéficos ligados à realização desses tipos de atividades</p><p>são diversos e de significativa importância. Há, por exemplo, a</p><p>revitalização das zonas rurais, a possibilidade de se viver intensamente</p><p>o tempo livre, o retorno à natureza associada à conscientização sobre</p><p>os inúmeros problemas de degradação ambiental e à viabilização de</p><p>relações sociais gratificantes. A satisfação gerada, a plenitude pessoal,</p><p>o alívio das tensões da vida diária, a superação dos limites próprios,</p><p>do grupo e do meio, a busca de liberdade e o prazer de adaptar-</p><p>se e integrar-se ao dinamismo da natureza; [...] a possibilidade de</p><p>maior presença de estímulos e sensações de prazer nas modalidades</p><p>em contato direto com a natureza, quando comparadas a outras</p><p>atividades realizadas em instalações esportivas convencionais, tendo</p><p>72</p><p>em vista as características apresentadas por tais vivências. Assim, as</p><p>atividades de aventura estimulam uma integração entre necessidade</p><p>e prazer, oriundas dos diversos aspectos positivos provenientes das</p><p>vivências em meio natural [...] (ROMARIZ; GUIMARÃES; MARINHO,</p><p>2011, p. 478).</p><p>2.2 TREINAMENTO E PREPARAÇÃO FÍSICA NOS</p><p>ESPORTES RADICAIS</p><p>Um dos pilares mais importantes da ciência do treinamento esportivo</p><p>repousa sobre a periodização e organização/estruturação das variáveis treináveis e</p><p>mensuráveis em atletas de alto nível (GOMES, 2009). Para que seja possível organizar</p><p>uma periodização do treinamento, é necessário que o treinador compreenda quais</p><p>são as demandas técnicas, neuromusculares e orgânicas vinculadas à modalidade</p><p>específica que se pretende abordar, como também atentar-se para as exigências físicas</p><p>predominantes pelas quais o atleta será submetido durante a competição (MARCON;</p><p>BOTTURA; NOVELLI, 2019; BRITO; OLIVEIRA, 2020).</p><p>A preparação física está diretamente vinculada à alta performance atlética</p><p>nas mais distintas modalidades esportivas. Ela representa boa parte do trabalho</p><p>dos profissionais responsáveis por medir, avaliar e monitorar as variáveis fisiológicas</p><p>intrínsecas ao esporte específico, bem como representam o alicerce que sustenta as</p><p>ações dos demais sujeitos envolvidos com treinamento e a competição (BROCKELT,</p><p>2009; OLIVEIRA, 2009). De acordo com Palmeira e Campos (2005, p. 24):</p><p>No que diz respeito à preparação física, a prescrição do treinamento</p><p>deve ser elaborada a partir das qualidades físicas gerais, e as es-</p><p>pecíficas utilizadas na prática do surf competitivo, relacionando-as</p><p>com as bases da fisiologia do exercício e os princípios científicos do</p><p>treinamento desportivo, sendo esses o alicerce básico para se con-</p><p>quistar os objetivos desejados com o treinamento em qualquer mo-</p><p>dalidade desportiva. A preparação física constitui-se pelos métodos</p><p>e processos de treino, utilizados de forma sequencial em obediência</p><p>aos princípios da periodização e que visam levar o atleta ao ápice de</p><p>sua forma física específica, a partir de uma base ótima.</p><p>Entender quais são os diferentes períodos e as diferentes etapas que compõem</p><p>uma periodização de treinamento é de extrema importância (MARCON; BOTTURA;</p><p>NOVELLI, 2019). Ao visitarmos a literatura, é possível identificar uma “estrutura base”</p><p>que permite visualizar de forma global todas as partes que compõem uma periodização</p><p>ao longo de uma temporada esportiva. O Quadro 4 ilustra essa estrutura.</p><p>73</p><p>Quadro 4 – Estruturação da periodização do treinamento esportivo</p><p>Períodos</p><p>Período Preparatório</p><p>(PP)</p><p>Período Competitivo</p><p>(PC)</p><p>Período de</p><p>Transição</p><p>(PT)</p><p>Etapas</p><p>Etapa Geral</p><p>(EG)</p><p>Etapa</p><p>Especial (EE)</p><p>Etapa Pré-</p><p>Competitiva</p><p>(EPC)</p><p>Etapa</p><p>Competitiva</p><p>(EC)</p><p>Etapa</p><p>Regenerativa</p><p>(ER)</p><p>Fonte: adaptada de Gomes (2009)</p><p>O período denominado de Preparatório, ancora as etapas Geral e Especial, no</p><p>qual se enfatizam os trabalhos direcionados às qualidades gerais, visando aprimorar</p><p>as capacidades orgânicas e/ou fisiológicas do atleta (GOMES, 2009). Nesse período,</p><p>constrói-se solidamente uma boa base que fundamenta a busca por melhores resultados</p><p>de performance em níveis máximos, por meio da melhora significativa das capacidades</p><p>fisiológicas e funcionais do atleta, bem como do aumento das habilidades técnicas e</p><p>fundamentos da modalidade (MATVEEV, 1997). Na sequência, o Período Competitivo, que</p><p>abarca as etapas Pré-Competitiva e Competitiva, deve focar os esforços de trabalho sobre</p><p>as qualidades físicas determinantes e/ou específicas no que diz respeito às demandas</p><p>fisiológicas da modalidade na prática da competição (BRITO; OLIVEIRA, 2020).</p><p>De forma objetiva, podemos classificar as capacidades físicas em gerais e</p><p>específicas (MELO; LIMA; OLIVEIRA, 2019). Reitera-se que o profissional de Educação</p><p>Física precisa conhecer tais demandas a ponto de conseguir estruturar tanto a</p><p>periodização como as sessões de treinamento físico para a modalidade (GOMES, 2009).</p><p>De acordo com Palmeira e Campos (2005), como capacidades físicas gerais temos:</p><p>resistência aeróbica, Resistência Muscular Localizada (RML), flexibilidade, agilidade,</p><p>equilíbrio dinâmico, força dinâmica e força de explosão; como capacidades físicas</p><p>específicas temos: resistência anaeróbica, coordenação, velocidade de movimento,</p><p>velocidade de reação visomotora e equilíbrio recuperado.</p><p>A partir do conhecimento das capacidades físicas gerais e específicas, o</p><p>profissional de Educação Física deve focar atenção sobre como elaborar as sessões</p><p>de</p><p>treinamento de forma a otimizar os resultados do atleta, considerando os diferentes</p><p>períodos e etapas da periodização, para que, assim, seja possível melhorar os índices de</p><p>performance no esporte (VAGHETTI et al., 2018; GUEDES et al., 2018).</p><p>Baseados nesse entendimento, podemos avançar sobre as estratégias para</p><p>a elaboração de sessões de treinamento específicas para o condicionamento físico-</p><p>técnico dos atletas (PALMEIRA; CAMPOS, 2005; GUEDES et al., 2018). Quando visitamos</p><p>a literatura, ainda são escassos os trabalhos que conseguiram exprimir ou dirigir atenção</p><p>para a sistematização de resultados voltados à especificidade de uma sessão de treino</p><p>para os esporres de aventura em geral (SOUZA, 2013; BIGOLIN, 2019).</p><p>74</p><p>A proposta elaborada por Guedes et al. (2021) apresenta um organograma</p><p>objetivo que auxilia o treinador a compreender melhor os diferentes momentos da</p><p>sessão de treinamento e suas especificidades a partir da modalidade de surf. Vejamos</p><p>a Figura 1.</p><p>Figura 1 – Modelo de uma sessão de treinamento específico para surfistas</p><p>Fonte: Guedes et al. (2021, p. 2)</p><p>Descrição:</p><p>* O trabalho de potência muscular é realizado alternado por segmento em progressão</p><p>horizontal, intervalos de três minutos são adotados para recuperação da via creatina</p><p>fosfato (ATP-CP).</p><p>** A força muscular segue o mesmo padrão de trabalho, com intervalos de três minutos,</p><p>em algumas sessões e as cargas complexas podem ser adotadas, um exercício de</p><p>potência muscular seguido de um exercício de força muscular, mantendo o mesmo</p><p>tempo de intervalo de três minutos.</p><p>*** Os exercícios específicos são realizados em forma de circuito, com pausas ativas em</p><p>algum ergômetro para simular a volta do surfista ao “outside”.</p><p>**** A capacidade cardiorrespiratória, considerada condicionante para o surf, é treinada</p><p>no contexto da sessão de treinamento.</p><p>Embora o estudo de Guedes et al. (2021) apresente fundamentos sólidos que</p><p>sustentam uma ideia conceitual sobre elaboração de sessão de treinamento, os próprios</p><p>autores não propõem uma sistematização objetiva ou um exemplo prático de como</p><p>poderia ser estruturada uma sessão de treino específica para surfistas. Os autores ainda</p><p>complementam que mais pesquisas são necessárias para que se possa avançar sobre</p><p>os estudos da modalidade.</p><p>75</p><p>Dentre as opções para o treinamento e condicionamento das capacidades físi-</p><p>cas relacionadas aos esportes de aventura, o método de treino denominado de “Treina-</p><p>mento Funcional” tem sido estudado e aprimorado por diferentes estudos e pesquisa-</p><p>dores interessados na evolução da preparação física e técnica de surfistas (PALMEIRA;</p><p>CAMPOS, 2005; BROCKELT, 2009; NONES JÚNIOR; SHIGUNOV, 2010; SOUZA, 2013; MOI-</p><p>SÉS, 2014; BASTOS; PEREIRA, 2017; GUEDES et al., 2018; VAGHETTI et al., 2018; MELO;</p><p>LIMA; OLIVEIRA, 2019; GUEDES et al., 2021; SILVA; LIMA, 2021). Com ênfase sobre a</p><p>importância do treinamento funcional como método de condicionamento físico, vamos</p><p>nos espelhar nas seguintes considerações:</p><p>O treinamento funcional visa estimular o desenvolvimento das con-</p><p>dições neurológicas que afetam a capacidade funcional do corpo</p><p>humano, utilizando como meio os diversos exercícios da modalidade</p><p>com o intuito de desafiar o sistema nervoso, gerando, assim, estí-</p><p>mulos adaptativos que resultem em uma melhoria das capacidades</p><p>e qualidades físicas do sujeito, o que pode ser observado tanto no</p><p>dia a dia quanto nas práticas e gestos esportivos. Não por acaso, as</p><p>tendências mais avançadas na área de prescrição do treinamento</p><p>funcional envolvem conhecimentos estruturais cinesiológicos, bio-</p><p>mecânicos e fisioterápicos agregados intimamente com a ciência da</p><p>teoria do treinamento esportivo (MELO; LIMA; OLIVEIRA, 2019, p. 9).</p><p>Como forma de orientar a organização das sessões de treinamento, aprovei-</p><p>tando-nos do modelo de treino proposto por Guedes et al. (2021) e direcionando nossa</p><p>intenção para os demais esportes de aventura, foi possível identificar exemplos de</p><p>exercícios funcionais que se aproximam e contribuem diretamente para a elaboração</p><p>de sessões de treinamento físico-técnico. No Quadro 5, é representada uma siste-</p><p>matização dos exercícios funcionais subdivida em: aquecimento e ativação do “core”,</p><p>preparo muscular e treinamento do “core”; no Quadro 6, é feita a ilustração e a descri-</p><p>ção de cada um dos exercícios.</p><p>Quadro 5 – Sistematização de uma sessão de treinamento funcional</p><p>Fonte: Nones Júnior e Shigunov (2010, p. 4)</p><p>Objetivo Exercício Série Repetições Intervalo</p><p>Aquecimento</p><p>e Ativação do</p><p>“core”.</p><p>Prancha em Y sobre a Bola 1 30” a 45” 30"</p><p>Extensão e Flexão Alternada de</p><p>Braços e Pernas</p><p>2 20 45”</p><p>Preparo</p><p>Muscular</p><p>Flexão de cotovelos sobre o Bosu®. 3 12 1'</p><p>Puxar Vertical em 3 apoios (Elástico) 3 10 1'</p><p>Agachamento Lateral 3 10 1'</p><p>Afundo com Rotação 3 10 1'</p><p>Treinamento</p><p>do Core</p><p>Prancha Lateral Sobre o Bosu®. 3 20" 45"</p><p>Prancha de frente na Bola 3 45" 30”</p><p>76</p><p>Quadro 6 – Sistematização de uma sessão de treinamento funcional</p><p>Fase do Treino</p><p>Aquecimento e Ativação do “CORE”</p><p>Exercícios Descrição Demonstração</p><p>Prancha em Y</p><p>sobre a bola</p><p>Inicie a posição</p><p>deitado em decúbito</p><p>ventral sobre a bola</p><p>com os pés afastados</p><p>e apoiados no solo.</p><p>Estendendo os braços</p><p>acima da cabeça,</p><p>afastados em forma</p><p>de Y, mantendo-os</p><p>alinhados ao corpo.</p><p>Permaneça nesta</p><p>posição contraindo a</p><p>cintura escapular.</p><p>Extensão e</p><p>flexão alternada</p><p>de braços e</p><p>pernas</p><p>Inicie o movimento</p><p>na posição de quatro</p><p>apoios sobre o solo.</p><p>Realize uma extensão</p><p>de um braço acima</p><p>da cabeça e da perna</p><p>oposta, mantendo-os</p><p>alinhados ao tronco.</p><p>Retorne à posição</p><p>inicial e repita o</p><p>movimento do</p><p>lado oposto.</p><p>Para aumentar</p><p>a dificuldade do</p><p>exercício, mantenha</p><p>apenas uma das mãos</p><p>e o joelho apoiado</p><p>(em uma superfície</p><p>confortável). Dessa</p><p>forma, a base de</p><p>apoio será menor,</p><p>aumentando a</p><p>instabilidade do</p><p>exercício.</p><p>77</p><p>Fase do treino</p><p>Preparo muscular</p><p>Exercícios Descrição Demonstração</p><p>Flexão de</p><p>cotovelos sobre</p><p>o bosu</p><p>Na posição de</p><p>apoio sobre o solo,</p><p>mantenha seu tronco</p><p>reto e as mãos sobre</p><p>o bosu invertido</p><p>(com a parte da bola</p><p>para baixo). Realize</p><p>flexões de cotovelo</p><p>aproximando o tronco</p><p>do equipamento</p><p>mantendo o corpo</p><p>alinhado. Em seguida,</p><p>estenda os cotovelos</p><p>e retorne à posição</p><p>inicial. Este exercício</p><p>também pode ser</p><p>executado no indo</p><p>board.</p><p>Puxar Vertical</p><p>em 3 apoios</p><p>Na posição de apoio</p><p>sobre o solo (mãos</p><p>e pés apoiados no</p><p>solo), mantenha as</p><p>mãos abaixo dos</p><p>ombros e as pernas</p><p>afastadas. Fique de</p><p>frente para a polia</p><p>ou um elástico preso</p><p>para a realização do</p><p>exercício. Segure</p><p>com uma das mãos</p><p>na ponta do elástico</p><p>(polia) com o braço</p><p>estendido acima da</p><p>cabeça. Com a palma</p><p>da mão voltada para</p><p>o solo, puxe o elástico</p><p>para baixo realizando</p><p>uma adução do</p><p>ombro e uma flexão</p><p>do cotovelo. Em</p><p>seguida, realize o</p><p>exercício do lado</p><p>oposto.</p><p>78</p><p>Agachamento</p><p>lateral</p><p>Partindo da posição</p><p>inicial com os pés na</p><p>largura do quadril e</p><p>os braços estendidos</p><p>à frente do tronco,</p><p>dê um longo passo</p><p>lateral flexionando a</p><p>perna movimentada</p><p>inicialmente. Procure</p><p>observar se o joelho</p><p>flexionado não irá</p><p>passar da linha da</p><p>ponta do pé. Retorne</p><p>à posição inicial e</p><p>realize o exercício do</p><p>lado oposto.</p><p>79</p><p>Afundo com</p><p>rotação</p><p>Com os pés</p><p>posicionados na</p><p>largura do quadril,</p><p>dê um passo longo</p><p>para trás, mantendo</p><p>alinhada à cintura</p><p>pélvica com os</p><p>ombros. Realize uma</p><p>flexão de joelhos</p><p>descendo o quadril</p><p>perpendicularmente</p><p>em relação ao solo.</p><p>Evite ultrapassar o</p><p>joelho que está à</p><p>frente da linha da</p><p>ponta do pé. Em</p><p>seguida realize uma</p><p>rotação de tronco</p><p>para o lado da perna</p><p>que está à frente.</p><p>Retorne o tronco à</p><p>frente elevando o</p><p>quadril à posição</p><p>inicial. Realize o</p><p>movimento para o</p><p>lado oposto.</p><p>80</p><p>Fase do treino</p><p>Treinamento do “Core”</p><p>Exercícios Descrição Demonstração</p><p>Prancha lateral</p><p>no solo/bosu</p><p>Deitado em decúbito</p><p>lateral, com o cotovelo</p><p>flexionado e o</p><p>antebraço apoiado no</p><p>solo ou sobre o bosu,</p><p>mantenha o braço</p><p>oposto estendido em</p><p>direção ao teto. Eleve</p><p>o quadril para que</p><p>o corpo todo fique</p><p>alinhado.</p><p>Prancha de</p><p>frente sobre a</p><p>bola</p><p>Em decúbito</p><p>ventral sobre a bola,</p><p>posicione</p><p>seus antebraços na</p><p>parte superior da bola</p><p>com os cotovelos</p><p>flexionados (90°).</p><p>Mantenha sua coluna</p><p>ereta, observando</p><p>a região lombar e</p><p>cervical. Contraia a</p><p>região do abdômen</p><p>e glúteos. Mantenha</p><p>a coluna alinhada</p><p>e a região do “core”</p><p>contraída. Este</p><p>exercício também</p><p>pode ser executado</p><p>no bosu, sobre uma</p><p>bola murcha, no solo</p><p>ou, ainda, na areia</p><p>fofa da praia.</p><p>Fonte: adaptada de Nones Júnior e Shigunov (2010)</p><p>81</p><p>3 ESPORTES DE AVENTURA</p><p>Na mesma proporção dos esportes radicais, temos a abordagem dos esportes</p><p>de aventura. Esse termo tem sido utilizado por inúmeros autores brasileiros e até</p><p>mesmo internacionais, como uma aproximação com todo o universo de conhecimentos</p><p>e perspectivas teóricas que o circundam de forma muito contundente (BERNARDES,</p><p>2013; PEREIRA, 2013; TRIANI et al., 2020). Assim, vamos, inicialmente, recuperar o</p><p>conceito de esportes de aventura que foi enunciado pelo CNE em 2007 (Art. 1, inciso I)</p><p>e que até hoje gera embates dentro do universo acadêmico.</p><p>Esporte de aventura: o conjunto de práticas esportivas formais e</p><p>não formais, vivenciadas em interação com a natureza, a partir de</p><p>sensações e de emoções, sob condições de incerteza em relação ao</p><p>meio e de risco calculado. Realizadas em ambientes naturais (ar, água,</p><p>neve, gelo e terra), como exploração das possibilidades da condição</p><p>humana, em resposta aos desafios desses ambientes, quer seja em</p><p>manifestações educacionais, de lazer e de rendimento, sob controle</p><p>das condições de uso dos equipamentos, da formação de recursos</p><p>humanos e comprometidas com a sustentabilidade socioambiental</p><p>(BRASIL, 2007, p. 107).</p><p>Dentro desse conceito, estão imbricadas diferentes percepções sobre aventura,</p><p>assim como compreensões daquilo que seria ou não esporte, como é o caso de práticas</p><p>formais ou não formais. Mais uma vez, as tentativas de conceituação que abordam</p><p>temas polêmicos por uma perspectiva generalista acabam por cair em contradição ou,</p><p>ainda, por alarmar os estudiosos sobre o assunto, pois, em primeira vista, esse conceito,</p><p>parece acolher uma espécie de colcha de retalhos, sem aprofundar devidamente o</p><p>tema. Também é possível identificar as questões educacionais sendo atravessadas</p><p>pelas diferentes manifestações do esporte (rendimento, lazer e educação), da mesma</p><p>forma que, a discussão sobre uma formação de recursos humanos para atuar com o</p><p>tema, balizados por uma perspectiva ambientalista.</p><p>Nesse ponto, precisamos trazer à tona outros conceitos que são mencionados</p><p>na literatura e que apresentam elementos que foram desenvolvidos por meio de análises</p><p>exaustivas em documentos oficiais da educação, revisões e estudos detalhados</p><p>oriundos da pesquisa científica. Para isso, recuperamos o conceito de Práticas Corporais</p><p>de Aventura (PCAs), presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC):</p><p>Práticas corporais de aventura, exploram-se expressões e formas de</p><p>experimentação corporal centradas nas perícias e proezas provoca-</p><p>das pelas situações de imprevisibilidade que se apresentam quando</p><p>o praticante interage com um ambiente desafiador. Algumas dessas</p><p>práticas costumam receber outras denominações, como esportes de</p><p>risco, esportes alternativos e esportes extremos. Assim como as de-</p><p>mais práticas, elas são objeto também de diferentes classificações,</p><p>conforme o critério que se utilize. Neste documento, optou-se por</p><p>diferenciá-las com base no ambiente de que necessitam para ser re-</p><p>alizadas: na natureza e urbanas. As práticas de aventura na natureza</p><p>se caracterizam por explorar as incertezas que o ambiente físico cria</p><p>82</p><p>para o praticante na geração da vertigem e do risco controlado, como</p><p>em corrida orientada, corrida de aventura, corridas demountain bike,</p><p>rapel, tirolesa, arborismo etc. Já as práticas de aventura urbanas</p><p>exploram a “paisagem de cimento” para produzir essas condições</p><p>(vertigem e risco controlado) durante a prática deparkour,skate, pa-</p><p>tins,bikeetc (BRASIL, 2017, grifos do autor).</p><p>De acordo com o conceito anterior, podemos identificar uma ideia simples de</p><p>classificação dividindo as PCA pelo tipo de ambiente em que são praticadas (urbano e</p><p>natureza), tendo como critérios a geração de vertigem e risco controlado. Entretanto,</p><p>autores especialistas no assunto, admitem que é possível avançar significativamente</p><p>nesses critério e trazer à tona novos elementos para se pensar a intervenção profissional.</p><p>Dentre eles, um estudo aprimorado de duas décadas de revisão foi apresentado</p><p>por Betrán e Betrán (2016), autores originais do termo “AFAN”, e que, nesse estudo,</p><p>apresentam uma análise minuciosa dessas práticas, trazendo uma vasta proposta de</p><p>classificação, justificando suas elocuções por meio de cinco grandes dimensões que</p><p>integram a “coluna vertebral” do estudo. Vejamos o Quadro 7:</p><p>Quadro 7 – Dimensões da taxionomia das AFAN</p><p>Ambiente</p><p>físico</p><p>É o lugar ou o espaço em que as AFAN são desenvolvidas, bem como o grau de</p><p>incerteza que sua prática pode gerar relacionados à influência de fatores físicos</p><p>ou o fator ambiental intrínseco (fatores meteorológicos, condições de habitat ou</p><p>espaço natural, alterações súbitas nas condições de prática etc.) que afetam</p><p>ou que podem interferir na atividade em si. São considerados três ambientes</p><p>básicos: o meio, o plano e a incerteza.</p><p>Meio: ar, água, terra e fogo;</p><p>Plano: horizontal e vertical e suas variações de inclinações.</p><p>Incerteza: entendida como a capacidade que o praticante tem de prever a</p><p>resposta que o meio oferece durante o desenvolvimento da própria atividade,</p><p>interagindo com o ambiente de acordo com o grau das suas próprias emoções</p><p>e sensações.</p><p>Ambiente</p><p>pessoal</p><p>Classificado em quatro categorias, de acordo com a forma como o praticante lida</p><p>com a execução da prática da AFAN com base no fator psicológico.</p><p>Emoções, sensações e experiências pessoais relacionados à relação com o</p><p>meio ambiente, as características da prática, a inter-relação com os ma-</p><p>teriais utilizados para o desenvolvimento da tarefa e, finalmente, a aventura</p><p>pessoal e sua experiência imaginária, muitas vezes mais fictícia do que real.</p><p>Atividades</p><p>Na seção que corresponde a práxis das AFAN, destacam-se 98 atividades</p><p>estruturadas em diferentes modalidades, nas quais são discernidas o modelo de</p><p>participação, o nível de esportivização da modalidade ou mesmo o local específico</p><p>de cada prática. Tudo isso contribui para diferentes emoções e sensações aos</p><p>praticantes. Essas atividades foram agrupadas em 29 seções distintas, seguindo</p><p>a organização dos demais critérios presentes nas outras dimensões.</p><p>83</p><p>Ambiente</p><p>social</p><p>Nesta seção, destacam-se os dois critérios de classificação. Por um lado, a impli-</p><p>cação prática ou motora, ou seja, essas atividades podem ser realizadas sozinhas,</p><p>sem a necessidade de outras pessoas interagindo, são definidas como individuais</p><p>ou psicopráticas; por outro lado, estão aquelas que são geralmente realizadas</p><p>em grupo (porém também podem ser realizadas individualmente) e são definidas</p><p>como atividades em grupo sem colaboração ou psicopráticas em companhia.</p><p>Temos aquelas em que um determinado grupo de pessoas participa interagindo</p><p>diretamente. Sua colaboração é necessária para se obter êxito e são denominadas</p><p>de sociopráticas ou em grupo colaborativo.</p><p>Nessa dimensão, ainda está presente outro critério, denominado de “modelos</p><p>de participação”, que determinam qual é a motivação, orientação e propósito</p><p>da atividade em si; distinguem-se três modelos principais: 1) O modelo de</p><p>participação formativo: pode ter uma motivação e orientação formativa e até</p><p>mesmo educacional formal por sua natureza interdisciplinar e/ou pelos valores</p><p>pedagógicos intrínsecos nas atividades. 2) Atividades de turismo recreativo:</p><p>atende a um objetivo focal de desfrutar de tudo o que a atividade oferece ao</p><p>praticante, propiciando a busca das emoções máximas e sensações durante</p><p>o</p><p>desenvolvimento da prática. 3) Aventura extrema: essas práticas agrupam</p><p>especialistas, aventureiros reconhecidos e/ou pessoas com grandes recursos</p><p>(ou financiadas por empresas interessadas no setor) que vivenciam experiências</p><p>com o máximo de emoções, risco extremo e desafio à vertigem.</p><p>Avaliação</p><p>ético</p><p>ambiental</p><p>Uma das motivações que os praticantes da AFAN valorizam mais em sua intera-</p><p>ção com atividades, é o ambiente natural, respondendo ao paradigma ecológico</p><p>em que urbanistas em geral buscam fugir de suas vidas (asfalto, poluição, mo-</p><p>notonia etc.) para procurar a policromia de cores que a natureza nos proporciona</p><p>e tudo o que ela nos oferece. Há um paradoxo de que essas atividades também</p><p>condicionam e interagem com o ambiente em que elas são desenvolvidas, in-</p><p>fluenciando de diretamente em habitats, ambientes de fauna e flora ou mesmo</p><p>com os moradores nativos de certo local. Esse critério leva em conta o impacto</p><p>ecológico que cada atividade pode gerar, devido as suas características intrín-</p><p>secas. Como exemplos temos a contaminação ambiental oriunda da combustão</p><p>fósseis ou atividades a motor, a degradação do ambiente pela produção de lixo</p><p>humano ou, ainda, a contaminação acústica e visual do homem em relação a</p><p>outras espécies.</p><p>Fonte: adaptado de Betrán e Betrán (2016)</p><p>A partir desse resumo dos critérios de classificação proposto por Betrán e</p><p>Betrán (2016), podemos observar que há uma gama de conhecimentos intrínsecos</p><p>nas AFAN que nos fazem refletir cada vez mais sobre a importância da oferta de tais</p><p>atividades nos distintos contextos de intervenção profissional. Outro ponto de vista está</p><p>voltado para o fato de que a magnitude das atividades realizadas na natureza abarca</p><p>conhecimentos de cunho interdisciplinar, o que, por um lado, pode ampliar a oferta</p><p>de tais vivências, agrupando diferentes disciplinas e áreas de interesse, e, por outro,</p><p>incorrer sobre a angústia e a falta de formação específica do profissional de Educação</p><p>Física em aventurar-se nesse universo de possibilidades didático-pedagógicas.</p><p>Recentemente outra proposta de classificação das AFAN foi apresentada por</p><p>Inácio (2021, p. 1), na qual são apontados elementos e critérios voltados para a Educa-</p><p>ção Física brasileira, tecendo críticas a outros modelos de classificação anteriores, en-</p><p>fatizando suas considerações sobre a égide de cinco grandes critérios, denominados pelo</p><p>84</p><p>autor de elementos constituintes, são eles: “Deslocamento, sentido do desloca-</p><p>mento, formas de deslocamento, impulso motriz, risco e aventura”. Para melhor</p><p>entender a aplicação destes elementos, vamos discriminá-los tecendo os fundamentos</p><p>didáticos desta proposta. Iniciamos entendendo um pouco mais sobre o elemento “des-</p><p>locamento”, a partir da interpretação da Figura 2, explicando a diferença deste conceito</p><p>entre as práticas da tirolesa e do arvorismo.</p><p>Figura 2 – Diferentes formas de deslocamento na tirolesa e no arvorismo</p><p>Fonte: Inácio (2021, p. 5)</p><p>Pedro João</p><p>Tiago</p><p>8m</p><p>12m</p><p>2,6m</p><p>Descrição:</p><p>Tirolesa e arvorismo. Na tirolesa, figura da esquerda, observa-se um desloca-</p><p>mento apenas entre dois pontos; já no arvorismo, figura da direita, observam-se vários</p><p>pontos intermediários entre o inicial e o final.</p><p>Quando aprofundamos sob o tema “deslocamento”, percebemos que, ao analisar</p><p>diferentes modalidades de aventura, encontramos uma variedade significativa de</p><p>sentidos e formas de deslocamento que podem ser peculiares ou mistas dependendo</p><p>da prática esportiva (SCOPEL et al., 2020). Sobre os sentidos do deslocamento, Inácio</p><p>(2021), apresenta que eles podem ser realizados no plano vertical, horizontal, diagonal</p><p>ou misto, envolvendo manobras de saltos, giros, voltas, subidas, descidas, avanços,</p><p>entre outras, e podemos observar facilmente essas considerações em modalidades</p><p>como surf, rafting, boia-cross, canoagem, floating e stand up paddle. Vejamos a Figura</p><p>3A e 3B.</p><p>85</p><p>Figura 3 – Sentidos de deslocamento</p><p>Fonte: adaptada de https://www.pexels.com/pt-br/foto/</p><p>pessoas-andando-em-um-barco-inflavel-1732278/.</p><p>Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>Figura 4 – Formas de deslocamento</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-</p><p>br/foto/pessoa-em-embarcacao-</p><p>perto-da-cachoeira-1761282/.</p><p>Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>AA BB</p><p>As formas de deslocamento podem ocorrer andando, deslizando, saltando</p><p>para cima, caindo, sobre rodas e/ou outros artefatos, como exemplos de modalidades,</p><p>podemos mencionar: o snowboard, o esqui no gelo, o trekking e o hiking, o skate, o mou-</p><p>ntain bike e o patins roller (SCOPEL et al., 2020; INÁCIO, 2021). Vejamos a Figura 4A e 4B.</p><p>Fonte: adaptada de https://www.pexels.com/</p><p>pt-br/foto/homem-de-snowboard-preto-com-</p><p>amarracao-executa-um-salto-848599/.</p><p>Acesso em: 30 ago. 2022.</p><p>Fonte: adaptada de https://www.pexels.com/</p><p>pt-br/foto/grupo-de-pessoas-caminhando-na-</p><p>montanha-1365425/. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>Avançando ainda mais sobre as formas de deslocamento, Inácio (2021)</p><p>nos apresenta uma classificação deste elemento que permite subdividi-lo em quatro</p><p>grandes categorias, são elas: deslizamento, habilidades corporais, rolamento,</p><p>queda livre e o balanço. Nesse ponto, podemos inferir que as diferentes formas e</p><p>categorias de deslocamento abarcam uma quantidade significativa de práticas corporais</p><p>de aventura que ampliam ainda mais o repertório de possibilidades de ensino, vivência e</p><p>AA BB</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoas-andando-em-um-barco-inflavel-1732278/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoas-andando-em-um-barco-inflavel-1732278/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-de-snowboard-preto-com-amarracao-executa-um-salto-848599/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-de-snowboard-preto-com-amarracao-executa-um-salto-848599/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-de-snowboard-preto-com-amarracao-executa-um-salto-848599/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/grupo-de-pessoas-caminhando-na-montanha-1365425/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/grupo-de-pessoas-caminhando-na-montanha-1365425/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/grupo-de-pessoas-caminhando-na-montanha-1365425/</p><p>86</p><p>intervenção do Profissional de Educação Física (SCHWARTZ, 2006; BERNARDES, 2013;</p><p>PNDU, 2017; LISBOA et al., 2019; SCOPEL et al., 2020). De forma didática, optamos por</p><p>elaborar o Quadro 8, que apresenta os sentidos/significados das categorias das formas</p><p>de deslocamento, apresentadas por Inácio (2021).</p><p>Quadro 8 – Categorias das formas de deslocamento</p><p>Categoria Conceito, características e exemplos</p><p>Deslizamento</p><p>O deslizamento se caracteriza pelo deslocamento em que o praticante</p><p>está em contato com o meio no qual realiza a PCA e escorrega sobre este,</p><p>com o próprio corpo ou com a mediação de algum artefato/equipamento.</p><p>Exemplo: rafting.</p><p>Habilidades</p><p>Corporais</p><p>As habilidades corporais são a caminhada, a corrida, os saltos, as piruetas</p><p>etc., empreendidas pelo próprio praticante; nesse caso, ele pode estar</p><p>em contato com algum dos meios em certos momentos e em outros não.</p><p>Exemplo: Le Parkour.</p><p>Rolamento</p><p>Quando utilizamos algum equipamento que tenha rodas, é o movimento</p><p>delas rodando que promove o deslocamento, chamamos de rolamento.</p><p>Sabemos que a expressão rolamento também é utilizada nas ginásticas, no</p><p>Le Parkour, em algumas lutas marciais etc. Poderíamos chamar de rodízio,</p><p>de rodagem ou outra palavra; todavia, decidimos manter rolamento pela</p><p>familiaridade com ela. Exemplo: patinete.</p><p>Queda livre</p><p>A queda livre está presente em PCAs nas quais o praticante se solta, sem</p><p>amarras, sem freios, no meio ‘ar’, o que lhe imprime um deslocamento de</p><p>cima para baixo. Esta pode ser a forma de deslocamento mais difícil de ser</p><p>realizada em aulas de EF, mas é possível a partir de algumas estratégias de</p><p>amortecimento da queda. Ex.: saltos em paredes de rocha e/ou montanhas</p><p>com queda (aterrisagem) em rios, lagos, mar, entre outros.</p><p>Balanço</p><p>O balanço é uma forma de deslocamento distinta das demais, pois recebe</p><p>influência da queda livre e das habilidades corporais, e não há presença</p><p>de deslizamento ou rolamento. Em termos de PCAs, é</p><p>mais comum</p><p>observarmos balanços compridos, chamados então de pêndulos, mas a</p><p>lógica é a mesma de um balanço pequeno.</p><p>Fonte: adaptado de Inácio (2021, p. 5)</p><p>Dando continuidade à identificação e organização dos elementos constituintes</p><p>das PCAs, temos o “impulso”, que se vale do entendimento do conceito de força motora</p><p>que oferece as condições para favorecer e promover o movimento e/ou deslocamento</p><p>(PEREIRA; ARMBRUST, 2021). Segundo Inácio (2021), dentro da categoria impulso,</p><p>podemos encontrar outros elementos, tais como, a gravidade, a força ou ausência do</p><p>vento e a força (condição física) humana. Baseado nessas considerações, podemos</p><p>mencionar uma gama de possibilidades sobre as mais diversas formas de PCAs, por</p><p>exemplo, o impulso das pernas para o movimento de saída na fase de aceleração ao</p><p>praticar asa delta ou voo livre, o impulso ao saltar de bungee jump, o impulso para saltar</p><p>de wingsuit e base jump (modalidades do paraquedismo radical), sejam elas praticadas</p><p>no ambiente urbano ou na natureza (SCOPEL et al., 2020; TRIANI et al., 2021).</p><p>87</p><p>Outro elemento constituinte das PCAs é o risco controlado, ou também</p><p>conhecido como as normas, regulamentos e cuidados com a segurança no manejo</p><p>dos equipamentos, acessórios, da própria prática em si, e, em especial, dos sujeitos</p><p>envolvidos (GUAIANO, 2013). Para esclarecer e aprofundar este elemento, concordamos</p><p>com as seguintes considerações,</p><p>Risco controlado. Isto quer dizer que quem está desenvolvendo algumas das</p><p>PCAs cumpriu, ou deveria ter cumprido, o que podia ser feito em termos de planejamento,</p><p>de organização, de orientação, de equipamentos e materiais, foi feito; e que, com isso, a</p><p>possibilidade de acontecer algum acidente danoso é reduzida quase a zero. Nas PCAs, a</p><p>ideia é que haja de fato tal risco, para produzir as emoções que são sempre referenciadas</p><p>a elas, costumeiramente (e equivocadamente) chamadas de ‘adrenalina’. É importante</p><p>compreender que um aspecto destes riscos pode ser real, mas que pode ser também</p><p>subjetivo, pois há muitas situações nas quais muitas pessoas nem sequer se motivam a</p><p>realizar, por entendê-las como muito simples, enquanto outras pessoas se amedrontam</p><p>a ponto de se recusarem a praticá-la (INÁCIO, 2021, p. 6).</p><p>Por fim, podemos acrescentar aos elementos constituintes das PCAs o termo</p><p>aventura, que carrega uma bagagem emocional e subjetiva em seu bojo, pois em outras</p><p>palavras, aventurar-se significa enfrentar os riscos intrínsecos nas práticas, de forma a</p><p>controlar os sentimentos, emoções, vertigens, medo, euforia, alegria e superação dos</p><p>limites, considerando, assim, a aventura como uma característica primordial das PCAs,</p><p>mas não uma prática em si (PEREIRA; ROMÃO; CAMARGO, 2020; INÁCIO, 2021).</p><p>É importante frisar que, no estudo de Inácio (2021), fica evidente que a</p><p>organização de seus elementos constituintes em sua proposta de classificação das AFAN</p><p>foi balizada pelo alicerce teórico da proposta de classificação das práticas corporais da</p><p>Educação Física apresentada por González e Bracht (2012).</p><p>É preciso avançar nessas questões e procurar situar o profissional de Educação</p><p>Física sob sua responsabilidade civil, como também aludir para propostas didático-pe-</p><p>dagógicas baseadas na intervenção e nas experiências vividas no cotidiano profissional</p><p>nos distintos contextos. Para isso, é necessário se apoiar em diversos estudos aplicados</p><p>sobre as AFAN, nos quais foi possível consolidar a relação dessas práticas com a práti-</p><p>ca pedagógica do profissional de Educação Física (TAHARA; CARNICELLI FILHO, 2009;</p><p>INÁCIO et al., 2016; NEUENFELDT; MARTINS, 2016; TAHARA; DARIDO, 2016; PAIXÃO,</p><p>2017; PEREIRA et al., 2017; AMARAL JUNIOR et al., 2018; BADARÓ et al., 2020; CORRÊA</p><p>et al., 2020; TRIANI et al., 2020; COELHO et al., 2021; LUZ; OLIVEIRA, 2021). Como foi</p><p>demonstrado, existem elementos teóricos produzidos por diversos estudos em dife-</p><p>rentes contextos de intervenção, sendo que, o ambiente escolar tem tomado boa parte</p><p>das preocupações científicas sobre o assunto, em virtude do que apresentou os textos</p><p>orientadores contidos na BNCC.</p><p>88</p><p>Um dos exemplos mais proeminentes sobre proposta de ensino das AFAN é o</p><p>estudo apresentado por Paixão (2017), no qual foi possível identificar uma organização</p><p>didático-pedagógica das AFAN, sendo estas, distribuídas e mediadas pelas três</p><p>dimensões de conteúdo: conceituais, atitudinais e procedimentais, que ancoram</p><p>o bojo dos fundamentos pedagógicos da sua proposta. Com o intuito de contribuir para</p><p>nosso estudo, vamos observar o Quadro 9, que exprime visualmente essa sistematização.</p><p>Quadro 9 – AFAN – dimensões de conteúdo</p><p>Dimensões de Conteúdo</p><p>Modalidades Conceituais Atitudinais Procedimentais</p><p>Orientação</p><p>Histórico da</p><p>modalidade.</p><p>Entender o</p><p>equipamento.</p><p>Acessórios e</p><p>logística.</p><p>Locais de prática</p><p>(elaboração de</p><p>pistas nos morros da</p><p>região).</p><p>Tipos de bússolas.</p><p>Leituras de mapas</p><p>(regionais).</p><p>Ângulos e graus.</p><p>Deslocamento e</p><p>contagem de passos.</p><p>Terrenos de diferentes</p><p>Dimensões.</p><p>Deslocamentos com</p><p>diferentes graus de</p><p>dificuldade.</p><p>Passagem por</p><p>pontos acidentados</p><p>(constituição do terreno</p><p>local).</p><p>Corrida de regularidade.</p><p>Motivação em praticar.</p><p>Reconhecimento</p><p>dos morros, trilhas e</p><p>acessos locais.</p><p>Assimilação das</p><p>passagens.</p><p>Cuidados com o</p><p>equipamento.</p><p>Cuidados com o</p><p>meio natural e com a</p><p>segurança individual.</p><p>Afetividade e</p><p>companheirismo.</p><p>Sensações e emoções.</p><p>Trekking</p><p>Histórico da</p><p>modalidade.</p><p>Locais de prática.</p><p>Interpretar a</p><p>geografia local.</p><p>Tipos de terreno.</p><p>Tipos de calçados.</p><p>Compreender</p><p>parelhos de</p><p>localização (GPS).</p><p>Caminhar em trilha</p><p>aberta e lisa.</p><p>Caminhar em trilha</p><p>fechada (em meio à</p><p>vegetação).</p><p>Caminhada em costeira</p><p>(rochas à beira mar).</p><p>Caminhada em rios.</p><p>Cuidados ao abrir</p><p>trilhas.</p><p>Responsabilidade.</p><p>Afetividade e</p><p>companheirismo.</p><p>Respeito pelo ambiente</p><p>natural e seus</p><p>obstáculos.</p><p>Expectativas.</p><p>Canoagem</p><p>Histórico da</p><p>modalidade.</p><p>Tipos de embarcação.</p><p>Tipos de remos e</p><p>equipamentos de</p><p>segurança.</p><p>Locais de prática.</p><p>Acessórios.</p><p>Meteorologia</p><p>(condições climáticas,</p><p>formação de ondas e</p><p>ventos etc.).</p><p>Posição fundamental.</p><p>Deslocamentos na</p><p>água.</p><p>Tipos de remada e giros.</p><p>Saída da praia e retorno</p><p>à praia.</p><p>Passagens de</p><p>arrebentação.</p><p>“Surfar” as ondas.</p><p>Assimilação dos</p><p>exercícios.</p><p>Cuidado com os</p><p>materiais.</p><p>Segurança na água.</p><p>Sensações e emoções.</p><p>Responsabilidade e</p><p>companheirismo.</p><p>Dificuldades</p><p>apresentadas</p><p>89</p><p>Acampamento</p><p>Conhecer os</p><p>equipamentos.</p><p>Acessórios e</p><p>logística.</p><p>Nutrição específica.</p><p>Primeiros socorros</p><p>básicos.</p><p>Cuidados com o</p><p>ambiente (lixo, fogo</p><p>etc.).</p><p>Montagem de</p><p>acampamentos.</p><p>Locais ideais, abrigos,</p><p>bivaques.</p><p>Organizar o local de</p><p>acampamento.</p><p>Organizar a barraca.</p><p>Organizar a mochila.</p><p>Divisão de tarefas.</p><p>Cuidado com os</p><p>materiais.</p><p>Responsabilidade.</p><p>Companheirismo.</p><p>Dificuldades.</p><p>Simbiose com a</p><p>natureza (desfrutar</p><p>sem prejudicar).</p><p>Fonte: adaptado de Paixão (2017)</p><p>Essa sistematização de conteúdos finaliza este tópico, mas não encerra este</p><p>debate. Em contrapartida, abre novos horizontes para que seja possível pensar/elaborar</p><p>propostas pedagógicas cada vez mais alinhadas com os propósitos e objetivos oriundos</p><p>de cada contexto de intervenção profissional, como também chamar a atenção dos</p><p>profissionais de Educação Física, para o fato de que é necessário avançar sobre os</p><p>elementos didáticos que são fundamentais na estruturação das AFAN, e na consolidação</p><p>do processo de ensino-aprendizagem-vivência destas práticas corporais.</p><p>90</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• A taxionomia e as diferentes vertentes que abordam os conceitos-chave dos esportes</p><p>radicais e dos esportes de aventura, entendendo sua magnitude, como também as</p><p>suas principais características de classificação.</p><p>• A organização e sistematização dos esportes radicais na perspectiva do treinamento</p><p>esportivo, entendendo suas peculiaridades, bem como aprofundando conhecimen-</p><p>tos técnicos específicos para o planejamento e a periodização do sistema de treina-</p><p>mento dos atletas.</p><p>• A estruturação das capacidades físicas,</p><p>técnicas e orgânicas relacionadas às</p><p>exigências motoras dos esportes radicais, como também a distribuição dos elementos</p><p>do condicionamento físico a partir de um exemplo aplicado à modalidade do surf.</p><p>• A elaboração de sessões de treinamento para os esportes radicais e a organização dos</p><p>conteúdos de ensino dos esportes de aventura, estruturando o processo de ensi-</p><p>no-aprendizagem-treinamento, levando em consideração os modelos apresentados</p><p>pelo método do treinamento funcional e pelas dimensões de conteúdo.</p><p>91</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 AUTOATIVIDADE</p><p>1 Leia o texto a seguir:</p><p>Os esportes radicais, neste início de século, estão se tornando uma importante novida-</p><p>de no cenário nacional, pela imagem de jovialidade, por lidarem com o risco calculado</p><p>e por serem praticados em ambientes menos regrados e previsíveis. Segundo Uvinha</p><p>(2001 apud PEREIRA, D. W. et al., 2017), os esportes radicais são aqueles que se apre-</p><p>sentam nos meios da água, da terra e do ar e que estão ligados às atitudes, aos com-</p><p>portamentos e à cultura jovem. Sobre a classificação dos esportes radicais, assinale a</p><p>alternativa CORRETA:</p><p>Fonte: PEREIRA, D. W. et al. Esportes radicais no</p><p>meio ambiente urbano no município de São Paulo.</p><p>Caderno de Educação Física e Esporte, v. 15, n. 1,</p><p>p. 84, 2017. Disponível em: http://e-revista.unioeste.</p><p>br/index.php/cadernoedfisica/article/view/15662.</p><p>Acesso em: 8 maio 2022.</p><p>a) ( ) Classificam-se em esportes de ação e esportes de aventura.</p><p>b) ( ) Classificam-se em esportes radicais e esportes extremos.</p><p>c) ( ) Classificam-se como esportes californianos e esportes de natureza.</p><p>d) ( ) Classificam-se como esportes de lazer e esportes de competição.</p><p>2 Leia o texto a seguir:</p><p>A busca pela aventura, pelo desconhecido e longe dos padrões urbanos tem se mostra-</p><p>do mais frequente ultimamente, quando se percebe o aumento de vivências naturais,</p><p>presente nas atividades físicas de aventura em contato direto com o meio ambiente na-</p><p>tural, no sentido de buscar condições favoráveis à possibilidade de imprimir mais qua-</p><p>lidade à vida. Atualmente, um aspecto que tem chamado à atenção de muitos jovens e</p><p>adolescentes são as atividades de risco conhecido como esportes radicais, nas quais</p><p>são praticadas como lazer, esporte ou educação, em que o movimento é o elemento</p><p>central dessa cultura. Considerando o texto e os estudos proferidos durante a disciplina,</p><p>avalie as afirmações a seguir:</p><p>Fonte: COELHO, A. N. et al. A participação de</p><p>adolescentes em esportes radicais e de contato com</p><p>a natureza em Porto Velho. Centro de Pesquisas</p><p>Avançadas em Qualidade de Vida, v. 13, n. 1, p. 2,</p><p>2021. Disponível em: http://www.cpaqv.org/revista/</p><p>CPAQV/ojs-2.3.7indexphp?journal=CPAQV&page=article</p><p>&op=view&path%5B%5D=632. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>http://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/view/15662</p><p>http://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/view/15662</p><p>http://www.cpaqv.org/revista/CPAQV/ojs-2.3.7/index.php?journal=CPAQV&page=article&op=view&path%5B%5D=632</p><p>http://www.cpaqv.org/revista/CPAQV/ojs-2.3.7/index.php?journal=CPAQV&page=article&op=view&path%5B%5D=632</p><p>http://www.cpaqv.org/revista/CPAQV/ojs-2.3.7/index.php?journal=CPAQV&page=article&op=view&path%5B%5D=632</p><p>92</p><p>I- Habilidades de estabilização e locomoção são exigidas.</p><p>II- As capacidades de força, velocidade e resistência estão presentes.</p><p>III- Há um predomínio da participação feminina nas competições.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.</p><p>b) ( ) Somente a sentença II está correta.</p><p>c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.</p><p>d) ( ) Somente a sentença III está correta.</p><p>3 Leia o texto a seguir:</p><p>Dentre um universo de conceitos possíveis, optou-se pelo proposto por Costa, Marinho e</p><p>Passos (2007), também adotado pelo Ministério do Esporte, que compreendem o termo</p><p>esporte de aventura como o conjunto de práticas esportivas que podem ser vivenciadas</p><p>em ambientes educacionais, de lazer ou de rendimento, sob controle do uso de</p><p>equipamentos, da formação de recursos humanos e comprometimento socioambiental,</p><p>desde que exista interação com a natureza, possibilitando a emergência de emoções</p><p>sob condições de incerteza em relação ao meio e com risco calculado. A prática pode ser</p><p>realizada em ar, água, neve, gelo e terra, por meio da exploração das possibilidades da</p><p>condição humana. De acordo com o conceito de esporte de aventura e suas interfaces</p><p>como diferentes meios de prática, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para</p><p>as falsas:</p><p>Fonte: COSTA, V. L. M.; MARINHO, A.; PASSOS, L. C. M.</p><p>Esportes de aventura e esportes radicais: propondo</p><p>conceitos. Motriz, Rio Claro, v. 13, n. 2 (Supl.1), p.</p><p>S44-S343, 2007.</p><p>( ) Nos esportes de aventura, há um predomínio de atletas olímpicos.</p><p>( ) São práticas formais ou informais realizadas na natureza sob desafios.</p><p>( ) Envolvem alto custo financeiro por conta dos equipamentos sofisticados.</p><p>( ) Agregam valores socioambientais e éticos aos seus praticantes.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V – F – F – F.</p><p>b) ( ) F – V – F – V.</p><p>c) ( ) F – V – V – F.</p><p>d) ( ) F – F – V – V.</p><p>4 Leia o texto a seguir:</p><p>O treinamento das habilidades físicas e motoras potencializará a melhoria do</p><p>praticante em sua modalidade. Algumas habilidades físicas como: força, resistência</p><p>aeróbia, resistência muscular localizada, flexibilidade e as qualidades motoras como</p><p>coordenação, agilidade, velocidade de reação de movimento; equilíbrio dinâmico,</p><p>93</p><p>estático e recuperado pode ser desenvolvido. Uma alternativa para a preparação física</p><p>dos surfistas é o treinamento funcional. De acordo com o texto e com os conteúdos</p><p>abordados neste tópico, explique porque o método de treinamento funcional tem sido</p><p>muito utilizado no condicionamento de surfistas.</p><p>Fonte: MELO, L. F. de F.; LIMA, M. P. de S.; OLIVEIRA, Y. F. V.de.</p><p>A influência do treinamento funcional nas capacidades</p><p>físicas e motoras de surfistas. 2019. Monografia</p><p>(Graduação) – Centro Universitário Unibra, Recife, 2019.</p><p>Disponível em: https://grupounibra.com/uploads/repositorio/</p><p>edfis-tcc-3.pdf. Acesso em: 10 jul. 2022.</p><p>5 Leia o texto a seguir:</p><p>A prática de esporte de aventura é um fenômeno crescente no Brasil nas últimas décadas.</p><p>Trata-se de práticas corporais, manifestadas no âmbito do lazer e da competição e que,</p><p>por sua vez, tem como eixos norteadores a aventura, o risco e as fortes emoções em sua</p><p>máxima intensidade e profusão experienciadas no meio natural. O esporte de aventura</p><p>surge a partir de novos paradigmas centrados na (re)aproximação com a natureza, na</p><p>autorrealização, no lazer e na melhoria da qualidade de vida, os quais buscam substituir</p><p>os de competição, rendimento e esforço pela incerteza, risco e liberdade. Considerando</p><p>o texto, e, os estudos proferidos durante este tópico, comente sobre as questões do</p><p>risco controlado e os benefícios à saúde pela prática dos esportes de aventura:</p><p>Fonte: PAIXÃO, J. A. da. O esporte de aventura como</p><p>conteúdo possível nas aulas de educação física escolar.</p><p>Motrivivência, v. 29, n. 50, p. 171, 2017. Disponível em:</p><p>https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/</p><p>article/view/2175-8042.2017v29n50p170/34005.</p><p>Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2017v29n50p170/34005</p><p>https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2017v29n50p170/34005</p><p>94</p><p>95</p><p>ATIVIDADES FÍSICAS E ESPORTES</p><p>NÃO FORMAIS</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>UNIDADE 2 TÓPICO 2 -</p><p>Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos os elementos relacionados à oferta de</p><p>práticas esportivas formais e não formais na natureza e, consequentemente, na Educação</p><p>Física. Os denominados esportes formais representam um conjunto de modalidades</p><p>institucionalmente regulamentadas e regradas que são conhecidas e reconhecidas</p><p>internacionalmente por sua estrutura de competição oficial, sistema de regulamento e,</p><p>ainda, fazem parte da categoria de entretenimento e rendimento esportivo.</p><p>Os esportes</p><p>não formais representam as práticas corporais realizadas em qualquer ambiente, mas</p><p>que não se prendem à ideia de regras institucionais, competições oficiais ou se vinculam</p><p>à necessidade unívoca de competir, podem ser realizadas de forma lúdica, recreativa e/</p><p>ou contemplativa, principalmente em se tratando de atividades realizadas na natureza.</p><p>Os diferentes conceitos e vertentes teóricas sobre os esportes formais e não</p><p>formais também fazem parte de nossos estudos neste tópico. É importante frisar que</p><p>o discernimento entre nomenclaturas ou intencionalidades pedagógicas do profissional</p><p>que atua na oferta de tais atividades faz parte do cotidiano das intervenções do</p><p>profissional de Educação Física. Por essas razões, ancorar-se em alicerces teóricos</p><p>sólidos, pode contribuir diretamente para o entendimento e a organização da oferta</p><p>dessas práticas corporais para diferentes nichos e/ou públicos-alvo.</p><p>A relação das AFAN com a saúde integral e a qualidade de vida dos praticantes</p><p>também faz parte dos conteúdos abordados neste tópico. Entender e priorizar a saúde</p><p>integral dos alunos/atletas/clientes deve ser uma máxima em qualquer ambiente de</p><p>intervenção profissional. No cenário das AFAN, pelo contato com a natureza, esse</p><p>entendimento e essa relação com a saúde dos praticantes se aguça e torna as atividades</p><p>ainda mais prazerosas e divertidas quando o viés da qualidade de via é colocado em</p><p>voga pelo profissional de Educação Física.</p><p>Bons estudos!</p><p>96</p><p>2 ESPORTES NÃO FORMAIS</p><p>Fruto do debate acirrado entre as tendências tecnicistas e propostas críticas da</p><p>Educação Física brasileira, o termo “esporte”, desde a década de 1970 do século XX, vem</p><p>sendo construído, reconstruído, desconstruído e reinventado de diferentes formas, por</p><p>inúmeros autores e sob diversas intencionalidades didático-pedagógicas (GONZÁLEZ;</p><p>BRACHT, 2012).</p><p>Não é novidade que o termo “esportes não formais” se encaixe perfeitamente</p><p>nesse cenário “pluriconceitual” no qual a Educação Física brasileira insiste em incorrer</p><p>demasiadamente nas últimas décadas (ALMEIDA; MICALISKI; SILVA, 2019). Não obstan-</p><p>te, também não há consenso na vasta literatura científica de que o termo “esportes não</p><p>formais” seja o mais adequado ou que ele represente com know-how a diversidade ou</p><p>magnitude das convicções e propostas didático-pedagógicas até então apresentadas,</p><p>em virtude das inúmeras divergências socioculturais oriundas e inerentes de cada con-</p><p>texto de intervenção (MATOS, 2020).</p><p>Para que possamos avançar em nosso estudo, precisamos procurar estratégias</p><p>que nos permitam conceituar e entender melhor sobre este emaranhado conceitual de</p><p>terminologias infindas que cercam a polissemia do termo “esporte” na Educação Física.</p><p>Consideramos apropriado, apresentar um quadro conceitual, elaborado sobre a égide de</p><p>diferentes autores, que utilizam expressões conceituais diferentes, mas que, entretan-</p><p>to, ajudam-nos a identificar e aproximar de um entendimento sobre o termo “esportes</p><p>não formais”. Vejamos o Quadro 10.</p><p>Quadro 10 – Diferentes expressões conceituais para esportes não formais</p><p>Autor Expressão Conceito</p><p>Barros e Reis</p><p>(2013, p. 1)</p><p>Esportes não</p><p>convencionais</p><p>O termo esportes não convencionais não deve ser</p><p>compreendido como uma tentativa de se criar uma</p><p>categoria de conteúdos para a Educação Física ou</p><p>um novo segmento da cultura corporal, muito pelo</p><p>contrário, esse termo surgiu como um artifício para</p><p>o agrupamento de algumas modalidades esportivas</p><p>que não são praticados, assistidos ou entendidos</p><p>de forma ampla em nossa sociedade, com intuito de</p><p>difundi-los em nossa cultura, junto aos conteúdos e</p><p>esportes mais tradicionais.</p><p>Tomita e Canan</p><p>(2019, p. 16)</p><p>Esportes não</p><p>tradicionais</p><p>Os autores sugerem que a expressão não tradicional</p><p>seria a mais sensata, não apenas porque é adotada</p><p>como forma de explicar as outras denominações, mas</p><p>também devido a sua neutralidade em simplesmente</p><p>antagonizar, contrariar o termo “tradicionais”, sem</p><p>necessariamente adjetivar o conjunto de modalidades</p><p>que busca denominar.</p><p>97</p><p>Matos (2020, p. 5)</p><p>Esportes</p><p>alternativos</p><p>[...] Neste bojo da discussão, entenderemos a</p><p>importância e a capacidade de intervenção dos</p><p>esportes alternativos. Como o próprio nome já diz,</p><p>são esportes que buscam ser uma alternativa para</p><p>as aulas de Educação Física, ultrapassando aquilo</p><p>que é convencional dentro das escolas. Com eles,</p><p>possibilitaremos a ampliação de práticas inovadoras</p><p>[...] [...] Assim, defendo a ideia de que podemos incluir</p><p>neste grupo denominado esportes alternativos aquelas</p><p>práticas que têm as seguintes características: pouca</p><p>visibilidade na mídia; materiais mais especializados e</p><p>diferenciados; e sem contextualização sociocultural.</p><p>Fonte: adaptado de Barros e Reis (2013), Tomita e Canan (2019) e Matos (2020)</p><p>Nessa busca realizada, não foram encontrados estudos que definiram o termo</p><p>“esportes não formais”, essa nomenclatura foi abordada de forma indireta, citando-a</p><p>como sinônimo de outras definições comumente utilizadas na literatura vigente, tais</p><p>como “esportes não tradicionais”, esportes não convencionais”, “esportes alternativos”</p><p>ou, ainda, “esportes complementares” ALMEIDA; MICALISKI; SILVA, 2019).</p><p>Fica claro que, na Educação Física, as definições de “esporte não formal”, como</p><p>sinônimo de outras definições conceituais, estão atreladas a uma série de critérios</p><p>(ambientais, sociais, culturais, entre outros), como também relacionadas às perspectivas</p><p>e intencionalidades didático-pedagógicas e metodológicas de cada prática docente</p><p>(BETRÁN; BETRÁN, 2006; SCHWARTZ, 2006; PEREIRA, 2013). Em tese, podemos inferir</p><p>que são consideradas aquelas modalidades esportivas que não são destacadas nos</p><p>currículos de ensino ou na sociedade em geral ou, ainda, que não estão em constante</p><p>evidência dentro e fora do contexto esportivo, diferentemente do que ocorre com</p><p>modalidades que estão em voga na mídia mundial, por exemplo, o futebol, o basquete e</p><p>voleibol, respectivamente (TRIANI; TELLES, 2020).</p><p>Há diversos estudos que vêm sendo compartilhados nos quais são relatadas</p><p>experiências com novas modalidades que antes não eram trabalhadas ou ofertadas</p><p>dentro e fora da escola, sejam em clubes recreativos ou projetos sociais (PEREIRA;</p><p>ARMBRUST, 2021). Um exemplo é o estudo realizado por Triani et al. (2020), que buscou</p><p>analisar quais são os esportes de aventura mais praticados na região da Barra da Tijuca</p><p>e São Conrado no Rio de Janeiro, bem como a formação dos instrutores que conduzem</p><p>essas práticas esportivas. Foram identificadas seis modalidades e a porcentagem de</p><p>prática de cada uma delas: voo livre (81%), kitesurf (7%), surf (5%), trilha (5%), rapel (2%) e</p><p>escalada (1%); com relação à formação profissional, dos 176 sujeitos investigados, apenas</p><p>14% possuía formação em Educação Física. Em tese, podemos inferir que há uma gama</p><p>de modalidades de aventura em voga, entretanto, poucos profissionais de Educação</p><p>Física estão inseridos ou capacitados atuando na condução dessas atividades.</p><p>98</p><p>Outro estudo muito interessante foi apresentado por Luz e Oliveira (2021), no qual</p><p>o Esporte de Orientação foi tematizado como conteúdo de ensino das Práticas Corporais</p><p>de Aventura (PCAs) em rompimento à hegemonia de modalidades esportivas tradicionais,</p><p>por meio da sistematização de uma unidade didática de cinco aulas para apresentar e</p><p>experenciar a modalidade. Vejamos algumas considerações do estudo mencionado:</p><p>A Orientação oportuniza a vivência e a exploração do ambiente. A sua realização</p><p>se dá com poucos e possíveis materiais, dentro e fora da escola, vindo ao encontro das</p><p>atuais tendências sociais de bem-estar, saúde, performance, contato com a natureza,</p><p>preservação, dentre outros. O objetivo da prática é que os participantes percorram,</p><p>num menor tempo possível, uma distância estipulada de um percurso desconhecido,</p><p>marcado por postos de controle pré-determinados e identificados num mapa do</p><p>terreno (ou croqui), utilizando uma bússola, no caso das categorias experientes.</p><p>Esta</p><p>modalidade exige de seus praticantes certas habilidades, como a leitura precisa dos</p><p>mapas, avaliação e tomada de decisões rápidas para a escolha da rota, concentração</p><p>sob tensão, correr em terreno natural entre outras (LUZ; OLIVEIRA, 2021, p. 228).</p><p>A organização da prática da Orientação requer uma série de habilidades por</p><p>parte do professor/instrutor em conseguir transferir para os envolvidos a gama de</p><p>informações que estão presentes no mapa, desde a legenda até a interpretação dos</p><p>inúmeros símbolos presentes na cartografia que será utilizada como elemento-base do</p><p>percurso (CARVALHO, 2020). Vejamos as Figuras a seguir.</p><p>Figura 5 – Representações do mapa de Orientação – figuras e imagens que podem ser</p><p>encontrados em um mapa de Orientação</p><p>Fonte: adaptada de Luz e Oliveira (2021, p. 229-230)</p><p>99</p><p>Figura 6 – Mapa de Orientação elaborado para a unidade didática</p><p>Fonte: adaptada de Luz e Oliveira (2021, p. 229-230)</p><p>Para que o sujeito consiga simultaneamente ler, interpretar e percorrer o</p><p>percurso da Orientação, perpassando por todos os pontos obrigatórios (prismas), existem</p><p>algumas técnicas específicas que permitem uma facilitação deste processo, bem como</p><p>melhoram a relação entre o tempo de leitura do mapa e o tempo total para percorrer todo</p><p>o percurso, visto que o objetivo dessa modalidade é superar os adversários percorrendo</p><p>o trajeto completo no menor tempo possível (SCOPEL et al., 2020; LUZ; OLIVEIRA, 2021).</p><p>Legenda:</p><p>Área aberta</p><p>Área pavimentada</p><p>Árvores esparsas</p><p>Edificação transponível</p><p>Edificação intransponível</p><p>Árvore destacada ou isolada</p><p>Árvore pequena</p><p>Arbusto</p><p>Objeto de vegetação, toco</p><p>Ponto de passagem</p><p>Objeto feito pelo homem</p><p>Poste de luz (torre pequena)</p><p>100</p><p>Sobre as técnicas básicas de leitura do mapa e interpretação dos símbolos,</p><p>consideramos pertinentes as considerações trazidas no estudo de Souza et al. (2015,</p><p>p. 92-93):</p><p>Ponto característico: é a identificação de uma marca no terreno de fácil</p><p>localização e que serve de referência, ou que será o ponto a ser visitado.</p><p>Leitura do mapa com auxílio do dedo: seguir deslocando o dedo</p><p>polegar, todo o caminho que está sendo percorrido durante a prova.</p><p>Orientação mapa-terreno: verificar no mapa, a semelhança com o terreno,</p><p>de maneira que as referências coincidam e o mapa esteja “orientado”.</p><p>Passo duplo: aferição da quantidade de passos necessários para</p><p>percorrer, caminhando e correndo dada distância. Em geral, verifica-</p><p>se 100 m.</p><p>Torna-se importante salientar que a Orientação é realizada diretamente no</p><p>ambiente natural, proporcionando uma série de benefícios e elementos importantes para</p><p>a saúde dos seus praticantes, pois as atividades na natureza superam aquelas rotineiras</p><p>do ambiente de trabalho ou até dos ambientes de características mais fechadas, tais</p><p>como academias e centros de reabilitação (PNDU, 2017; ALMEIDA; MICALISKI; SILVA,</p><p>2019; LISBOA et al., 2019; SCOPEL et al., 2020). Mais especificamente, sobre a magnitude</p><p>dos fatores da Orientação, nos baseamos nas considerações apresentadas por Luz e</p><p>Oliveira (2021, p. 228):</p><p>Consequentemente, podemos identificar outros fatores importantes</p><p>na prática da Orientação como envolvimento social, estar ao ar livre,</p><p>evitar ambientes e hábitos insalubres, melhorar o humor, encorajar</p><p>tomada de decisões, desenvolver autoconfiança, superar limites cor-</p><p>porais, melhorar condicionamento aeróbio, ser ágil e saber competir.</p><p>Um “círculo vicioso” entre PCA – Promoção da Saúde – Inclusão –</p><p>Aumento do Lazer – PCA, no qual a prática de atividade Física irá</p><p>gerar menos tempo sedentário e aumento dos benefícios à saúde ao</p><p>longo da vida.</p><p>Caso você tenha se interessado e queria aprofundar seus conhecimentos</p><p>sobre o Esporte de Orientação, é possível acompanhar e ter acesso a uma</p><p>gama de materiais didáticos propostos e sistematizados pela International</p><p>Orienteering Federation (IOF), que se consolida como órgão oficial desta mo-</p><p>dalidade e que rege seus regulamentos técnicos. Acesse o site e curta os</p><p>materiais. Disponível em: https://orienteering.sport/orienteering/.</p><p>DICAS</p><p>Concordamos diretamente com as convicções apresentadas por Matos (2020) de</p><p>que o profissional de Educação Física precisa atuar sob diferentes perspectivas no que diz</p><p>respeito ao ensino das mais variadas modalidades esportivas. Segundo este autor:</p><p>https://orienteering.sport/orienteering/</p><p>101</p><p>Cabe ao professor apresentar novas culturas, disseminando, pro-</p><p>blematizando e ampliando o repertório aos seus alunos. Exemplo: o</p><p>Tchoukball (esporte suíço), o Corfebol (esporte holandês), o Rugby</p><p>(esporte inglês) e o Futebol Americano. Até mesmo, certos esportes</p><p>tipicamente brasileiros podem ser apresentados, tais como a Peteca,</p><p>o Frescobol e o Futevôlei (MATOS, 2020, p. 304, grifos do autor).</p><p>Portanto, o profissional de Educação Física precisa interagir com diferentes</p><p>propostas de modalidades esportivas, procurando, assim, enriquecer o repertório motor</p><p>e cultural de seus alunos, visto que as próprias origens e evoluções específicas de</p><p>cada prática esportiva possuem muitos sentidos/significados que podem e devem ser</p><p>agregados aos conteúdos de ensino-aprendizagem do fenômeno esporte, em qualquer</p><p>ambiente de intervenção profissional e quando tais intervenções ocorrem na natureza,</p><p>essa gama de opções e sensações é ainda mais significativa (DACOSTA; MIRAGAYA;</p><p>BISPO, 2006; OLIVEIRA, 2009; PIMENTEL; SAITO, 2010).</p><p>Um dos movimentos mais interessantes e inovadores que trouxeram à</p><p>tona a questão da diversidade das práticas corporais na Educação Física,</p><p>entre elas os esportes não formais/não tradicionais/não convencionais,</p><p>repousa sobre o trabalho desenvolvido pelo Instituto Península, que, no</p><p>ano de 2017, criou um programa de formação de professores de Educa-</p><p>ção Física brasileiro, denominado de “Impulsiona”. No site, você poderá</p><p>encontrar materiais didáticos sensacionais, como planos de aula para</p><p>diversas modalidades esportivas e, principalmente, realizar cursos de</p><p>formação com certificação gratuita e muitos temas relacionados à Edu-</p><p>cação Física. Vale muito a pena conferir o site e ampliar seus horizontes.</p><p>Disponível em: https://impulsiona.org.br/.</p><p>DICAS</p><p>3 ATIVIDADES FÍSICAS NA NATUREZA E SAÚDE</p><p>De acordo com os estudos realizados na área da Ciência do Esporte e do</p><p>Exercício, o Brasil possui inúmeros espaços e áreas naturais propícias para a prática</p><p>regular atividade física ao ar livre, em detrimento de que fatores como a temperatura</p><p>e o clima contribuem diretamente para que as práticas corporais realizadas em meio à</p><p>natureza estejam cada vez mais presentes no cotidiano dos brasileiros (LISBOA et al.,</p><p>2019; SCOPEL et al., 2020).</p><p>Entre praças públicas, parques verdes e áreas rurais próximas ao meio urbano,</p><p>ainda contamos com uma grande quantidade de lagoas, rios, orla das praias, dunas,</p><p>entre outros, locais estes totalmente acessíveis, gratuitos e de uma beleza natural</p><p>invejável, que permitem a prática de atividades físicas em contato com a riqueza da</p><p>natureza (PNDU, 2017).</p><p>102</p><p>Em 2021, o Ministério da Saúde publicou um importante documento denominado</p><p>de Guia de atividade física para a população brasileira, no qual são apresentadas</p><p>orientações muito pertinentes sobre o entendimento conceitual de atividade física,</p><p>como também esclarecimentos e exemplos de práticas corporais direcionadas desde a</p><p>mais tenra idade, perpassando pelo nicho da terceira idade e até mesmo incitando essa</p><p>prática para pessoas com necessidades especiais. Segundo este documento, podemos</p><p>entender o conceito, os benefícios e as dimensões aplicáveis da Atividade Física como,</p><p>Um comportamento que envolve os movimentos voluntários do</p><p>corpo, com gasto de energia acima do nível de repouso, promovendo</p><p>interações sociais e com o ambiente, podendo acontecer no tempo</p><p>livre, no deslocamento, no trabalho ou estudo e nas tarefas domés-</p><p>ticas. São exemplos de atividade física: caminhar, correr, pedalar,</p><p>brincar, subir escadas, carregar objetos, dançar, limpar a casa,</p><p>passear com animais de estimação, cultivar</p><p>o objetivo de</p><p>reforçar o conteúdo apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – CONCEPÇÕES TEÓRICAS INICIAIS</p><p>TÓPICO 2 – RELAÇÃO HISTÓRICA HOMEM-NATUREZA</p><p>TÓPICO 3 – ATIVIDADES FÍSICAS DE AVENTURA NA NATUREZA (AFAN): CONCEITO,</p><p>TAXIONOMIA E CARACTERÍSTICAS</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure</p><p>um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>2</p><p>CONFIRA</p><p>A TRILHA DA</p><p>UNIDADE 1!</p><p>Acesse o</p><p>QR Code abaixo:</p><p>3</p><p>CONCEPÇÕES TEÓRICAS INICIAIS</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>TÓPICO 1 - UNIDADE 1</p><p>Prezado acadêmico! Neste tópico, nós vamos abordar temáticas relacionadas</p><p>às concepções de ambiente, meio ambiente, ecologia e natureza, buscando realizar</p><p>um movimento de conversão teórica que nos permita direcionar o foco do discurso</p><p>para questões didático-pedagógicas voltadas ao âmbito da intervenção profissional no</p><p>contexto da Educação Física.</p><p>Nesse viés, se torna necessário firmar um bom alicerce teórico sobre concepções</p><p>conceituais que fundamentam e dão sustentação aos princípios que norteiam as</p><p>questões ecológicas mundiais, tão importantes para nossa sobrevivência e boa relação</p><p>com o meio ambiente, entretanto, pouco difundidas, ou até mesmo, em alguns casos,</p><p>sobrepostas por políticas e ações voltadas para a exploração dos recursos naturais de</p><p>formas desmedidas.</p><p>Por fim, abordaremos a fundamentação teórico-conceitual das Atividades Físi-</p><p>cas e de Aventura na Natureza, procurando elucidar sua dimensão polissêmica, classi-</p><p>ficação taxionômica e suas principais características de prática, vistas pela organização</p><p>didática das atividades pautadas por diferentes critérios de sistematização pedagógica.</p><p>2 AMBIENTE, ECOLOGIA E NATUREZA</p><p>Dentre as temáticas que mais ganharam notabilidade mundial nos últimos</p><p>anos está presente a questão ambiental, a utilização inteligente de seus recursos,</p><p>a poluição, os problemas do crescimento industrial e comercial, bem como os</p><p>desmatamentos e a exploração indevida dos recursos naturais em detrimento da</p><p>cobiça exacerbada pelo lucro.</p><p>Nessa mesma direção, precisamos entender a universalidade conceitual sobre</p><p>ambiente buscando construir elementos didáticos de intervenção na Educação Física.</p><p>Assim, os conceitos de ambiente e meio ambiente se entrelaçam e, por vezes, até são</p><p>utilizados como sinônimos, o que nos faz exprimir certas ponderações.</p><p>O conceito de ambiente é vasto na literatura, e distinto no que tange às áreas de</p><p>conhecimento envolvidas. De acordo com Moreira (2006), psicologia ambiental, ecologia</p><p>humana, arquitetura, administração, educação, são algumas das muitas áreas que atuam</p><p>diretamente na conceituação e intervenção do e no ambiente. Em face do exposto, traça-</p><p>remos nosso ponto de vista de forma relacional, associando indivíduo e ambiente.</p><p>4</p><p>As contribuições teóricas acerca do tema do ambiente e suas interfaces</p><p>são produzidas a partir da lente pluridisciplinar de áreas distintas do</p><p>conhecimento, em virtude da variedade e magnitude de assuntos que</p><p>tangem ao seio de sua amplitude conceitual. Assim, é preciso sempre</p><p>utilizar cautela e bom senso ao tratar do tema do ambiente, e, ao mesmo</p><p>tempo, considerar as leituras de diferentes ciências para que se possa ter</p><p>uma visão mais ampla e menos ortodoxa sobre esse assunto.</p><p>ATENÇÃO</p><p>Através das considerações teóricas de Bronfenbrenner (1996), podemos inferir</p><p>que o sujeito é um “todo funcional”, imbuído de diferentes modos de interagir no e</p><p>sob o ambiente social. Diante disso, o ambiente e seu desenvolvimento podem ser</p><p>compreendidos como uma teia que envolve distintos contextos ambientais, que são:</p><p>... o Microssistema (família, escola, bairro e grupos de amigos); o</p><p>Mesossistema (resultante da interação entre os distintos ambientes</p><p>dos microssistemas); o Sistema Externo (que são os ambientes sociais</p><p>nos quais o indivíduo não desempenha papel ativo, mas é afetado por</p><p>suas decisões); o Macrossistema (referendado pela cultura na qual um</p><p>indivíduo existe); e o Cronossistema, (ligado aos eventos histórico-</p><p>sociais da vida de um indivíduo) (MOREIRA, 2006, p. 37).</p><p>A complexidade envolta sob a temática do ambiente e do indivíduo nos</p><p>permite inferir que existem diferentes formas de interpretar o ambiente e as relações/</p><p>intervenções que o sujeito nele realiza. Entre outras palavras, queremos expressar que</p><p>os distintos locais onde o indivíduo convive e interage condicionam e/ou norteiam seu</p><p>comportamento. Veja a Figura 1.</p><p>Figura 1 – Interferência do indivíduo no ambiente</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/vista-de-baixo-angulo-da-representacao-humana-da-</p><p>grama-296085/. Acesso em: 20 maio 2022.</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/vista-de-baixo-angulo-da-representacao-humana-da-grama-296085/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/vista-de-baixo-angulo-da-representacao-humana-da-grama-296085/</p><p>5</p><p>Descrição: na Figura 1, podemos observar quão tamanha é a influência do comporta-</p><p>mento do indivíduo sob o ambiente natural. Vemos um tronco de árvore que foi cortado</p><p>pelas mãos do homem, identificando a modificação do ambiente, e ao mesmo tempo, a</p><p>interferência dos meios digitais nos dias atuais, consequentemente na modificação do</p><p>próprio ambiente, no qual o tronco serrado serve como uma espécie de apoio (mesa)</p><p>para acomodar o notebook.</p><p>Por conseguinte, é sensato dizer que o professor de Educação Física deve se em-</p><p>penhar em conhecer qual ou quais são os ambientes frequentados e/ou vividos por seus</p><p>alunos, pois por meio dessa premissa será possível interpretar e compreender melhor a</p><p>origem, ou ainda, a consequência de determinados comportamentos socioculturais por</p><p>eles apresentados (AMARAL JUNIOR et al., 2018; LISBOA et al., 2019) . Veja a Figura 2.</p><p>FIGURA 2 – Adaptação da natureza às interferências do homem</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/plantador-de-lampadas-claras-em-grey-rock-1108572/.</p><p>Acesso em: 12 jun. 2022.</p><p>Descrição: na Figura 2, nós temos um exemplo claro de como a cultura de ter cuidado</p><p>com o descarte de resíduos comuns ao cotidiano das pessoas que vivem no seio das</p><p>cidades interfere, modifica e causa modificações no ambiente natural. A lâmpada</p><p>descartada de forma inconsequente na natureza pode causar vários problemas às</p><p>espécies do habitat natural, muitos animais que procuram por alimento podem se ferir,</p><p>e, em casos mais extremos, perder a vida pelos componentes metálicos ou pelo vidro da</p><p>lâmpada. Dessa forma, os comportamentos humanos sofrem ação direta das relações</p><p>sociais e culturais do ambiente no qual os sujeitos interagem.</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/plantador-de-lampadas-claras-em-grey-rock-1108572/</p><p>6</p><p>Diferentes estudos sobre o comportamento humano (BRON-</p><p>FENBRENNER, 1996; SCHWARTZ, 2006; SILVA; SILVA; INÁCIO, 2008;</p><p>GRÜN, 2011) apontam para uma estreita relação entre a manifes-</p><p>tação das ações humanas e meio ambiente em que interagem. No</p><p>que diz respeito às questões ambientais, comportamentos desme-</p><p>didos em relação à poluição, por exemplo, estão atrelados à cultura</p><p>do local na qual as pessoas convivem, ou seja, a influência do meio</p><p>no qual os seres humanos passam a maior parte do seu tempo,</p><p>interfere, modifica ou cria uma cultura que pode direcionar os com-</p><p>portamentos desses sujeitos para diferentes tipos de poluição e</p><p>descuidado com a natureza.</p><p>IMPORTANTE</p><p>O conceito de “meio ambiente” possui diversas formulações, tais como aque-</p><p>las que buscam a sua caracterização etimológica, outras que visam assegurar os pro-</p><p>pósitos jurídicos de sua existência e até aquelas que visam servir como orientação</p><p>para órgãos públicos, organizações não governamentais e setores de produção (SÁ,</p><p>2011; RIBEIRO, 2012). Indiferentemente da perspectiva teórica, há registros e infor-</p><p>mações pertinentes que ajudam a pensar de forma mais ampla a respeito do tema</p><p>(SCOPEL et al., 2020). Assim, optamos por trazer à tona uma síntese conceitual de</p><p>meio ambiente, na qual distintas perspectivas teóricas nos ajudam a entender melhor</p><p>a magnitude desse vocábulo.</p><p>Quadro 1 – Conceito de meio ambiente</p><p>Concepção</p><p>a terra, cuidar do</p><p>quintal, praticar esportes, lutas, ginásticas, yoga, entre ou-</p><p>tros. A atividade física faz parte do dia a dia e traz diversos benefí-</p><p>cios, como o controle do peso e a melhora da qualidade de vida,</p><p>do humor, da disposição, da interação com as outras pessoas</p><p>e com o ambiente. Você pode fazer atividade física em quatro do-</p><p>mínios da sua vida: no seu tempo livre; quando você se desloca;</p><p>nas atividades do trabalho ou dos estudos; e nas tarefas do-</p><p>mésticas (BRASIL, 2021a, p. 7, grifos nossos).</p><p>Podemos inferir que as práticas corporais realizadas no ambiente natural,</p><p>para além de proporcionar a melhora nas condições de aptidão física dos sujeitos,</p><p>ainda contribuem diretamente para o controle emocional, para a manutenção da</p><p>saúde mental e, ainda, influenciam positivamente os aspectos intrínsecos às relações</p><p>interpessoais (BERTOLLO; BERTOLLO, 2012). Em um mundo absolutamente frenético</p><p>no qual se enaltecem, arbitrariamente, as relações de trabalho e produtividade, manter</p><p>níveis consideráveis de atividade física diariamente pode contribuir para a promoção da</p><p>saúde da população em geral e, ao mesmo tempo, diminuir a incidência e/ou o agravo</p><p>de Doenças Crônicas Degenerativas não Transmissíveis (DCDNT) (REIS et al., 2017).</p><p>Ainda contribuindo para o discurso sobre a relevância das práticas corporais</p><p>na natureza e sua implicação nas condições de saúde dos sujeitos, apoiamo-nos nos</p><p>estudos realizados por Oliveira (2009) e Carvalho (2017), nos quais são retratadas as</p><p>vivências, da mesma maneira que os relatos pessoais dos praticantes de atividade</p><p>física na natureza realizadas nos parques verdes urbanos localizados nos municípios de</p><p>Curitiba (PR) e Rio Branco (AC), respectivamente.</p><p>Uma dúvida recorrente das pessoas repousa sobre qual a intensidade do esforço</p><p>que deve ser realizado para que o exercício cause as adaptações fisiológicas necessárias</p><p>mantendo uma condição de conforto, sem exageros e esforços demasiados (FRANÇA;</p><p>FRANÇA; CAREGNATO, 2021; GALILY et al., 2021). Para nos ajudar a esclarecer essa</p><p>dúvida, optamos por trazer a Figura 7, que apresenta os diferentes níveis de intensidade</p><p>intrínsecos à prática de exercícios físicos voltados à saúde.</p><p>103</p><p>Figura 7 – Níveis de intensidade do esforço durante a prática de exercícios físicos</p><p>Fonte: Brasil (2021a, p. 8)</p><p>Quando o assunto são as AFAN, há uma relação direta entre os níveis de esforço</p><p>físico e a predominância dos sistemas energéticos de produção de energia, muito</p><p>em função no nível de intensidade e do tempo de duração que a prática, prova e/ou</p><p>competição ocorre (BERNARDES, 2013; DOMINGUES FILHO et al., 2015). É importante</p><p>salientar que as AFAN são realizadas sob diferentes tipos de terreno (ambiente de</p><p>prática), como também sob diferentes condições climáticas e de temperatura (calor,</p><p>frio, umidade, altitude, entre outras). Essa variabilidade de ambiente e adversidades</p><p>intrínsecas proporciona exigências físicas e mentais distintas para os atletas (GRECO,</p><p>2006; MENDES et al., 2008).</p><p>Ainda, podemos mencionar que as AFAN possuem muitos atributos que lhe</p><p>permitem atribuir uma série de benefícios à saúde dos seus praticantes e/ou atletas</p><p>(ALMEIDA; MICALISKI; SILVA, 2019; SCOPEL et al., 2020). Para que essas informações</p><p>fiquem mais claras, optamos por reproduzir o Quadro 11 que nos apresenta as</p><p>representações sociais de diferentes sujeitos que participaram do estudo proposto por</p><p>Pimentel e Saito (2010) sobre a prática de variadas AFAN e o que esses sujeitos buscam</p><p>(objetivos) nessas práticas com relação a diferentes aspectos da saúde.</p><p>104</p><p>Quadro 11 – Benefícios e representações sociais das AFAN</p><p>Mais saúde Emoções fortes Sair da rotina Rejuvenescer</p><p>Skate 30,3% 30,3% 21,2%</p><p>Trekking 27,7% 25,5% 21,2%</p><p>Rapel 30,3% 24,2% 18,1%</p><p>Montanhis-</p><p>mo</p><p>33,3% 33,3% 16,6%</p><p>MotoCross 27,7% 22,2% 33,3%</p><p>Rafting 28,5% 21,4% 18,1%</p><p>Surf 36,3% 18,1% 18,1%</p><p>Arvorismo 25% 18,7% 25%</p><p>Vôo-livre 16,6% 16,6% 33,3%</p><p>Tirolesa 27,2% 18,1% 18,1%</p><p>Fonte: Pimentel e Saito (2010, p. 159)</p><p>Fica aqui o alerta aos profissionais de Educação Física no que diz respeito à</p><p>observação e intervenção sob os níveis de atividade física de cada comunidade local,</p><p>a partir da exploração e incentivo às práticas corporais em áreas verdes públicas e de</p><p>acesso livre, pois como já foi mencionado anteriormente, esses locais podem e devem</p><p>ser melhor utilizados visando incentivar o aumento dos níveis de atividade física semanal</p><p>(150 min/semana), conforme as recomendações do Colégio Americano de Medicina</p><p>Esportiva (ACSM) (ARANA et al., 2020).</p><p>Caso você precise de um empurrãozinho para incentivá-lo a buscar diferentes maneiras</p><p>de proporcionar atividades físicas na natureza, deixamos aqui três recomendações pon-</p><p>tuais de como aproveitar o ambiente natural para incentivar os sujeitos à prática física. Em</p><p>suma, são três materiais didáticos produzidos pelo programa Impulsiona que retratam a</p><p>importância e benefícios dos exercícios realizados ao ar livre, um material sobre iniciação</p><p>ao surf, mesmo que você não disponha de praia e um terceiro material exemplificando</p><p>sobre a prática do Slackline:</p><p>Esporte e natureza: por uma vida mais saudável: https://impulsiona.org.</p><p>br/esporte-e-natureza/.</p><p>Surf na educação física: não precisa de praia: https://impulsiona.org.br/</p><p>surfsurfsurf-educacao-fisica/.</p><p>Slackline na aula de educação física: https://impulsiona.org.br/slackline-</p><p>-educacao-fisica/.</p><p>NOTA</p><p>105</p><p>Finalizamos este tópico chamando a atenção para alguns fatores que, sob</p><p>nossa perspectiva, podem contribuir diretamente no aumento dos níveis de atividade</p><p>física em ambientes naturais, sob a orientação do profissional de Educação Física.</p><p>Destacamos os seguintes pontos:</p><p>• Milhares de pessoas permanecem diariamente muito tempo em posturas inativas,</p><p>sentadas, por exemplo, em frente ao computador e telefone por conta de suas</p><p>atividades laborais. Outras, mesmo que em pé, realizam poucos deslocamentos</p><p>ou esforço físico, ocasionando acúmulo de tensão sobre as principais articulações</p><p>do corpo. Tudo isso influencia diretamente nas queixas de dores e desconfortos</p><p>osteomusculares ao final do dia. Além do mais, em ambos os casos, as pessoas</p><p>ficam em espaços fechados como escritórios, espaços de produção em fábricas, o</p><p>que impede que elas consigam ter alguns momentos de intervalo em contato com</p><p>a natureza. Dessa forma, a exploração de ambientes naturais, sejam eles longínquos</p><p>ou, ainda, em áreas verdes urbanas, permite que esses sujeitos possam realizar</p><p>atividades físicas em um ambiente diferente daquele fechado sob o qual permanecem</p><p>por longas jornadas de trabalho, trazendo uma sensação de liberdade e de reconexão</p><p>com a natureza (SCHWARTZ, 2006; OLIVEIRA, 2009; TAHARA; CARNICELLI FILHO,</p><p>2009; BERTOLLO; BERTOLLO, 2012).</p><p>• Saúde mental/emocional e física: as atividades físicas quando realizadas na natureza,</p><p>impulsionam os praticantes para a melhoria das condições de aptidão física, como</p><p>também interferem diretamente sob os níveis de ansiedade, estresse, depressão,</p><p>problemas cardíacos e demências que acometem grande parte da população</p><p>brasileira. Sendo assim, para além do movimento corporal e dos benefícios físicos,</p><p>essas atividades contribuem para a socialização e sociabilização de experiências</p><p>e vivências sadiamente orientadas para a saúde integral dos sujeitos, melhorando</p><p>os aspectos psico-fisico-emocionais, reduzindo os custos tanto da saúde pública</p><p>quanto os custos próprios e cada indivíduo com sua saúde (PNDU, 2017; ANDRIES</p><p>JÚNIOR; PIGNATA, 2020; GALILY et al., 2021).</p><p>O projeto Saúde Brasil do Ministério da Saúde incentiva a prática de</p><p>atividades físicas em qualquer lugar e horário, trazendo informações</p><p>e orientações pontuais mediadas pelo profissional de Educação Física.</p><p>Para saber mais, acesse o vídeo disponível em: https://www.youtube.</p><p>com/watch?v=pSigKYL5jWE.</p><p>NOTA</p><p>106</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• O conhecimento sobre as diferentes nomenclaturas e conceitos atrelados aos</p><p>esportes não formais</p><p>e sua relação direta com as intervenções do profissional de</p><p>Educação Física que atua ou pretende atuar com essas atividades.</p><p>• A classificação e organização dos esportes não formais como possibilidade didático-</p><p>pedagógica que emerge no contexto da oferta de diferentes atividades para nichos</p><p>e/ou público-alvo distintos que não praticam ou possuem apreço pelas modalidades</p><p>esportivas tradicionais e/ou convencionais.</p><p>• A importância da organização e da oferta das AFAN como possibilidade de intervenção</p><p>profissional na área da saúde, possibilitando ao profissional de Educação Física uma</p><p>afirmação e um diferencial qualitativo nas atividades práticas voltadas para este fim.</p><p>• A relação do contato com a natureza através das vivências das AFAN e de como</p><p>o ambiente natural pode contribuir para a busca da melhor qualidade de vida e da</p><p>manutenção da saúde integral de seus praticantes.</p><p>107</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 Leia o texto a seguir:</p><p>O cenário da Educação Física está repleto de terminologias e vertentes teóricas que</p><p>buscam sua afirmação e/ou reafirmação de forma permanente. No contexto das AFAN</p><p>e dos esportes não formais, há uma lógica de que essas atividades ainda carecem de</p><p>maior efetivação e apropriação pelos profissionais de Educação Física na oferta dessas</p><p>modalidades tão qual ocorre com os chamados esporte formais ou tradicionais. Sobre</p><p>os esportes não tradicionais na Educação Física, assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) São modalidades ou atividades que contemplam uma gama de possibilidades</p><p>didático-pedagógicas e que atendem a uma grande quantidade de pessoas.</p><p>b) ( ) Ficam restritos a espaços fechados ou particulares dificultando o acesso dos</p><p>praticantes por conta das questões socioeconômicas envolvidas.</p><p>c) ( ) Possuem uma regulamentação oficial voltada para o rendimento e entretenimento</p><p>e são consideradas atividades altamente competitivas.</p><p>d) ( ) Caracterizam-se por priorizar os atletas com maior e melhor performance motora,</p><p>excluindo de suas práticas os sujeitos menos aptos fisicamente.</p><p>2 Os esportes não convencionais, também chamados de esportes não tradicionais ou,</p><p>ainda, esportes alternativos, representam um conteúdo que, ao mesmo tempo, pode</p><p>ser considerado inovador no que diz respeito às novas modalidades que surgiram a</p><p>partir de meados do século XX, como também podem representar o resgate cultural de</p><p>jogos e atividades que fogem da lógica da competição e do rendimento esportivo. Com</p><p>base nas diferentes definições dos esportes não formais, analise as sentenças a seguir:</p><p>I- São consideradas modalidades que ainda não são tão bem compreendidas pela</p><p>sociedade em geral, por isso ainda causam certo afastamento.</p><p>II- Podem ser incluídas em qualquer ambiente de ensino/intervenção, pois englobam</p><p>inúmeras possibilidades didático-pedagógicas em seu bojo.</p><p>III- São inadequadas para a oferta na natureza, pois estão associadas ao alto grau de</p><p>risco a saúde dos participantes exigindo muita cautela.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.</p><p>b) ( ) Somente a sentença II está correta.</p><p>c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.</p><p>d) ( ) Somente a sentença III está correta.</p><p>108</p><p>3 O Brasil possui inúmeros espaços para a prática de atividade física, seja no ambien-</p><p>te urbano ou no ambiente rural. As AFAN se caracterizam por tecer uma relação</p><p>direta entre a prática de atividade física e a conexão dos sujeitos com a natureza.</p><p>Sobre a relação entre saúde e AFAN, classifique V para as sentenças verdadeiras e</p><p>F para as falsas:</p><p>( ) As AFAN permitem a realização de atividades físicas que propiciam bem-estar e</p><p>saúde integral aos seus praticantes.</p><p>( ) As atividades realizadas na natureza prejudicam o desenvolvimento cognitivo e</p><p>social dos seus praticantes.</p><p>( ) O universo de práticas corporais na natureza atende as empresas de ecoturismo e</p><p>aos atletas de rendimento esportivo.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V – F – F.</p><p>b) ( ) V – F – F.</p><p>c) ( ) F – V – F.</p><p>d) ( ) F – F – V.</p><p>4 Leia o texto a seguir:</p><p>A qualidade de vida é um fator almejado pela maioria da população e representa</p><p>uma necessidade premente, como demonstrado por Nahas (2006; SABA, 2001 apud</p><p>TAHARA, A. K.; CARNICELLI FILHO, 2009, p. 187), os quais elucidam o interesse das</p><p>pessoas em praticar atividades físicas e adotar hábitos saudáveis como alternativas</p><p>para conquistarem melhorias no que tange à saúde e à vida como um todo. Disserte</p><p>sobre as AFAN e sua relação com a saúde e qualidade de vida dos praticantes.</p><p>Fonte: TAHARA, A. K.; CARNICELLI FILHO, S. Atividades</p><p>Físicas de Aventura na Natureza (AFAN) e academias</p><p>de ginástica: motivos de aderência e benefícios</p><p>advindos da prática. Movimento (ESEFID/UFRGS),</p><p>v. 15, n. 3, p. 187, 2009. Disponível em: https://doi.</p><p>org/10.22456/1982-8918.4917. Acesso em: 1 jul. 2022.</p><p>https://doi.org/10.22456/1982-8918.4917</p><p>https://doi.org/10.22456/1982-8918.4917</p><p>109</p><p>5 Leia o texto a seguir:</p><p>O número de pessoas que começaram a praticar atividades físicas de maneira sistemática</p><p>aumentou nos últimos anos e os parques públicos são considerados locais privilegiados</p><p>a essa prática. Nesses espaços, observa-se a circulação de muitos pessoas, que realizam</p><p>atividades com variados níveis de custo energético e intensidade. Os benefícios do</p><p>exercício físico à saúde e à prevenção de doenças são bastante descritos na literatura.</p><p>Disserte sobre a relevância da prática de atividades físicas em áreas verdes urbanas ou</p><p>rurais e sua relação com a saúde.</p><p>Fonte: CARVALHO, R. S. de. Meio ambiente e as práticas</p><p>de atividades físicas em parques urbanos no Município</p><p>de Rio Branco – AC. 2017. Dissertação (Mestrado em m</p><p>Ciências Ambientais) – Programa de Pós-graduação em</p><p>Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté, Taubaté,</p><p>2017. Disponível em: http://repositorio.unitau.br/jspui/</p><p>bitstream/20.500.11874/3480/1/Rener%20Santos%20de%20</p><p>Carvalho.pdf. Acesso em: 5 maio 2022.</p><p>http://repositorio.unitau.br/jspui/bitstream/20.500.11874/3480/1/Rener Santos de Carvalho.pdf</p><p>http://repositorio.unitau.br/jspui/bitstream/20.500.11874/3480/1/Rener Santos de Carvalho.pdf</p><p>http://repositorio.unitau.br/jspui/bitstream/20.500.11874/3480/1/Rener Santos de Carvalho.pdf</p><p>110</p><p>111</p><p>TÓPICO 3 -</p><p>ESPORTES URBANOS E MEIO AMBIENTE</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>UNIDADE 2</p><p>Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos como o espaço urbano e suas interfaces</p><p>podem ser melhor exploradas com a finalidade de ofertar práticas esportivas urbanas</p><p>formais e não formais, como também ancorar intervenções do profissional de Educação</p><p>Física voltadas ao esporte, ao lazer e ao entretenimento saudável.</p><p>Para que possamos avançar, vamos nos aprofundar sobre as diferentes pers-</p><p>pectivas de entendimento do espaço urbano como meio ambiente e quais são as pos-</p><p>sibilidades didático-pedagógicas e de intervenção que podem e devem configurar o</p><p>cenário das intervenções profissionais da Educação Física, seja pelo viés do lazer ou</p><p>pelo esporte de competição.</p><p>Os esportes urbanos formais e não formais integram um corpo teórico-prático</p><p>deste tópico, como mais uma possibilidade emergente voltada para as intervenções do</p><p>profissional de Educação Física, bem como permitem um olhar diferenciado sobre como</p><p>a criatividade na forma de elaborar novas possibilidades de práticas corporais está cada</p><p>vez mais presente na cultura corporal de movimento.</p><p>O entendimento sobre as práticas corporais no cenário urbano, suas relações</p><p>com a saúde e as novas formas de se pensar o espaço urbano na oferta de atividades</p><p>prazerosas têm sido o foco de inúmeras perspectivas de lazer e entretenimento e, assim,</p><p>configuram um subtópico de que trataremos no decorrer de nosso estudo.</p><p>Bons estudos!</p><p>2 PERSPECTIVA DO ESPAÇO URBANO COMO</p><p>MEIO AMBIENTE</p><p>Entender o contexto da urbanização das cidades e sua relação com o meio</p><p>ambiente requer cautela em virtude de que a constituição de um município é a prova</p><p>real da intervenção/interferência do homem sobre o ambiente natural, sem que haja</p><p>a</p><p>possibilidade de recuperar as áreas verdes tomadas pela aceleração da construção</p><p>civil (HOMRICH, 2013; ARANA et al., 2020). Nessa esfera, precisamos compreender que</p><p>as cidades representam as maiores modificações no meio ambiente produzidas pelo</p><p>homem e balizadas por aspectos sociopolítico-culturais (ALMEIDA; MICALISKI; SILVA,</p><p>2019; LISBOA et al., 2019; SCOPEL et al., 2020).</p><p>112</p><p>Devemos compreender o princípio da “Percepção Ambiental”, que se destaca</p><p>como um fenômeno psicosocioecológico que visa contribuir sob as viabilidades,</p><p>entusiasmos e/ou descontentamentos da população no que se refere ao meio ambiente</p><p>e, consequentemente, aos prismas que tangem aos objetivos correlatos à qualidade de</p><p>vida e ao bem-estar social (CARVALHO, 2012; CARVALHO, 2017).</p><p>Para que isso possa se tornar tangível, cabe responsabilidade aos sujeitos</p><p>imersos na governança de cada cidade, tomar iniciativas voltadas ao desenvolvimento</p><p>equilibrado e harmonioso dos diferentes espaços públicos, que visem atender às</p><p>premissas de um desenvolvimento urbano sustentável e que permitam o atendimento</p><p>às questões básicas do bem-estar social. Assim, em 2001, a Lei nº 10.257, apresenta no</p><p>seu Art. 1º, parágrafo único:</p><p>Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade,</p><p>estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam</p><p>o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança</p><p>e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental</p><p>(BRASIL, 2001).</p><p>Quando nos referimos ao princípio da Percepção Ambiental, estamos</p><p>apresentando o alicerce que sustenta a relação interativa entre homem-natureza,</p><p>entendendo que o meio ambiente se constitui no grande e vasto cenário no qual o</p><p>homem (ator social), interage, cria, recria, constrói, reconstrói inventa e reproduz</p><p>elementos da cultura e, principalmente, transforma a natureza de acordo com objetivos</p><p>pessoais, sociais e especialmente financeiros (DAMAS, 2020; SILVA; CARLAN, 2020).</p><p>A Semana Nacional de Desenvolvimento Sustentável (SNDS) é uma</p><p>iniciativa que emergiu como forma de minimizar as inúmeras dife-</p><p>renças sociopolítico-ambientais e culturais em torno da diversidade</p><p>das cidades e da pluralidade que é observada em cada canto do</p><p>país, pelas formas de utilização dos espaços públicos e, principal-</p><p>mente, para orientar e conscientizar os sujeitos sobre seus direitos</p><p>e deveres enquanto cidadãos, no que tange à utilização dos espa-</p><p>ços públicos de forma organizada e sustentável. Para isso, assista ao</p><p>vídeo institucional da SNDS e atente-se para as informações. Dispo-</p><p>nível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tMJwIivr8M. Acesso</p><p>em: 1 jul. 2022.</p><p>NOTA</p><p>O que tem chamado a atenção, principalmente nas grandes metrópoles, é o</p><p>aumento significativo do número de veículos motorizados circulando no seio das cidades</p><p>(ARANA et al., 2020). Assim, como consequência, a pavimentação de ruas asfálticas</p><p>também tem aumentado demasiadamente para tentar escorrer ou reduzir o fluxo de</p><p>automóveis das principais vias, ocupando novos espaços, criando novas rotas, retirando</p><p>113</p><p>o clima pacato e de tranquilidade dos bairros e distritos que antes eram utilizados como</p><p>ambientes de lazer, seja das crianças com as brincadeiras e jogos tradicionais, como dos</p><p>jovens e adultos, que até então podiam circular tranquilamente pedalando, caminhando</p><p>ou praticando alguma atividade prazerosa sem correr os riscos oriundos do trânsito</p><p>urbano (CARVALHO, 2017).</p><p>Tais considerações afetam diretamente a área da Educação Física, em virtude</p><p>de que o repertório motor dos alunos atualmente fica prejudicado e/ou defasado porque</p><p>a liberdade de “brincar na rua”, “andar de bike”, “andar de skate ou roller”, entre tantas</p><p>outras práticas, acabam por ficar restritas a escassos espaços construídos para esses</p><p>fins, quando sequer essa possibilidade existe na realidade dos inúmeros municípios do</p><p>Brasil (COELHO et al., 2021; TRIANI et al., 2021). Concordamos com as considerações de</p><p>Rodrigues (2012, p. 10):</p><p>Partimos da suposição de que os espaços urbanos são os lugares nas</p><p>cidades que os sujeitos podem ocupar com os seus corpos, e podem</p><p>fazer os acontecimentos de sua existência em sociedade. Aqueles</p><p>que se relacionam com os espaços urbanos, ao praticar exercícios em</p><p>praças e ruas da cidade, encontram algumas dificuldades, qual seja, o</p><p>evitamento de ser atropelado pelos automóveis. O sentimento é de que</p><p>na circulação dos sujeitos pelos espaços urbanos ocorre uma disputa,</p><p>entre os corpos e os automóveis. Atualmente, quando se caminha</p><p>pela cidade, fica claro que as ruas foram projetadas prioritariamente</p><p>para a circulação dos automóveis, e para os pedestres resta apenas o</p><p>estreitamento das calçadas esburacadas e sujas. O descaso para com</p><p>os pedestres também se apresenta nas faixas destinadas à travessia</p><p>da rua, onde se podem observar cenas constantes de desrespeito por</p><p>parte dos motoristas. As cidades não permitem a realização do sujeito</p><p>saudável, principalmente, a sua saúde mental, pois nelas o melhor é</p><p>ficar parado em algum lugar seguro.</p><p>Baseado nas considerações anteriores, emergem políticas públicas que tentam</p><p>superar e/ou reduzir os impactos da urbanização, tentando recuperar um pouco</p><p>da mobilidade urbana dos pedestres e, assim, compensar o impacto causado pelo</p><p>aumento desenfreado de ruas pavimentadas e rodovias (GRÜN, 2011). A construção, a</p><p>revitalização e/ou o planejamento de parques, praças e espaços públicos de lazer têm</p><p>sido o foco primordial dos argumentos daqueles que procuram justificar a aceleração da</p><p>urbanização, a degradação do meio ambiente, o aumento taxativo da poluição em todos</p><p>os âmbitos do ecossistema, procurando amenizar esses impactos com a apresentação</p><p>à população de tais espaços de lazer (RODRIGUES, 2012; HOMRICH, 2013).</p><p>Surgem duas perguntas norteadoras: 1) será que a construção dos chamados</p><p>“Parques Públicos” pelos governantes acarreta a redução sobre o impacto ambiental</p><p>sofrido pelas cidades ao longo das últimas cinco décadas? 2) como estabelecer uma</p><p>relação positiva entre desenvolvimento sustentável e aceleração digital?</p><p>114</p><p>A resposta do primeiro questionamento pode ser inspirada no estudo realizado</p><p>por Rechia (2007, p. 90), que retrata o caso da Cidade de Curitiba no Estado do Paraná,</p><p>que ancora um modelo de “Cidade-Jardim”, vejamos,</p><p>Há mais de 20 anos, vem-se desenvolvendo o planejamento urbano</p><p>de Curitiba. Com base nas chamadas “vias estruturais”, foi dado início,</p><p>na década de 1970, à grande transformação da cidade. Nessa época,</p><p>o ambiente onde o cidadão curitibano estava acostumado a vivenciar</p><p>práticas lúdicas, ou seja, um conjunto de chácaras de imigrantes</p><p>italianos, com grandes áreas verdes, que possibilitavam subir em</p><p>árvores, soltar pipa, jogar bola, andar de bicicleta, tomar banho de rio,</p><p>transformou-se em espaços diferenciados que receberam o nome</p><p>de “parques públicos”. Embora esses parques viabilizassem o lazer</p><p>comunitário – com churrasqueiras, quadras de esporte, pistas para</p><p>caminhadas, lagos, lanchonetes –, lamentou-se tal transformação</p><p>porque certos espaços se artificializaram, o que, de certa maneira,</p><p>gerou um sentimento de perda e exigiu uma (re)adaptação nas</p><p>formas de uso. Dessa forma, passou-se a praticar esportes em</p><p>quadras de cimento, correr em pista de cooper, andar de bicicleta</p><p>nas ciclovias, passear nas trilhas determinadas, passando a haver</p><p>normas de acesso a alguns espaços.</p><p>Basicamente, os apontamentos traduzidos no estudo de Rechia (2007) se</p><p>tornaram uma espécie de consentimento público, ou seja, por um lado estão os sujeitos</p><p>que entendem que é por meio da construção dos parques públicos nas cidades que</p><p>seja possível reverter os impactos ambientais no ecossistema e ao mesmo tempo,</p><p>garantir o direito ao lazer a todos os cidadãos; em contrapartida, existem os sujeitos</p><p>divergentes que entendem que aceitar tais premissas reduz a compreensão sobre</p><p>natureza e utilização do meio ambiente como meios das práticas de lazer e/ou atividade</p><p>física, entendendo que</p><p>é a manutenção dos ambientes em seu habitat de origem que</p><p>se caracteriza por estreitar as relações homem-natureza. Cria-se então um paradoxo</p><p>entre o que é e o que deveria ser ou, ainda, entre o que é ou não aceitável como política</p><p>pública de preservação e/ou conservação dos ambientes naturais.</p><p>Sob o segundo questionamento, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR)</p><p>com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) criaram o projeto colaborativo para a formu-</p><p>lação da Carta brasileira sobre cidades inteligentes, na qual este documento envolve di-</p><p>ferentes setores do governo, sociedade civil, privada e as distintas áreas acadêmicas,</p><p>contanto ainda com o apoio da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ).</p><p>115</p><p>O Ministério do Desenvolvimento Regional entendeu pertinente pu-</p><p>blicar informações direcionadas ao entendimento da importância do</p><p>tema do Desenvolvimento Sustentável (DS), sendo ele aliado ao desen-</p><p>volvimento tecnológico, visando à elaboração da Carta brasileira para</p><p>cidades inteligentes e, ainda, buscando estabelecer conexões nacionais</p><p>e internacionais que permitissem a unificação de políticas públicas vol-</p><p>tadas para o DS de forma colaborativa e integrativa. Para saber mais,</p><p>assista ao vídeo institucional do MDR. Disponível em: https://www.you-</p><p>tube.com/watch?v=WDvP-sXRaBg.</p><p>NOTA</p><p>Vale ressaltar que, corriqueiramente vemos uma série de consequências nas</p><p>diferentes cidades brasileiras no que diz respeito às causas e efeitos dos eventos cli-</p><p>máticos e seus desfechos sobre a população, causando diversos problemas ambientais,</p><p>econômicos e sociais. De acordo com Junior e Neves (2016, p. 60-61):</p><p>A supressão do ambiente natural pelo artificial potencializa os pro-</p><p>blemas relacionados às questões socioeconômicas e ocasiona de-</p><p>sequilíbrios ambientais, diminuição da biodiversidade, alterações das</p><p>condições climáticas, desconforto térmico, enchentes, poluição (ar,</p><p>água, solo, sonoro e visual), congestionamentos, risco de acidentes</p><p>naturais ou provocados pelo homem etc., em escalas que vão do lo-</p><p>cal ao regional.</p><p>Registram-se ainda os comportamentos humanos cada vez mais inconsequentes</p><p>com relação à produção de lixo e, principalmente, das formas de descarte e/ou</p><p>reutilização. Esses comportamentos humanos inconsequentes ocorrem mesmo com</p><p>políticas e iniciativas de reciclagem consciente popularizadas pela mídia, parece que tais</p><p>movimentos ficam apenas na teoria. Um exemplo disso é quando se observa eventos</p><p>climáticos básicos como chuvas torrenciais, ventos fortes ou a combinação de ambos,</p><p>imediatamente emergem à superfície das cidades, uma quantidade inimaginável de</p><p>lixo urbano que toma conta das ruas, praças, e, em algumas situações, adentra as</p><p>residências dos sujeitos (MACIEL; GÜLLICH; LIMA, 2018; LISBOA et al., 2019).</p><p>Com intuito de amenizar tais desdobramentos, o governo federal tem realizado</p><p>algumas iniciativas para promover políticas públicas para um desenvolvimento urbano</p><p>sustentável e mais consciente frente às incoerências que afetam a preservação</p><p>do meio ambiente. Recentemente, tivemos a publicação da Política Nacional de</p><p>Desenvolvimento Urbano (PNDU), que traz em seu bojo as Bases para a atualização</p><p>de forma colaborativa da Agenda Nacional de Desenvolvimento Urbano Sustentável,</p><p>elaborada em parceria com o Projeto de Colaboração estabelecido com a Alemanha</p><p>(Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – GIZ/GmbH) e redigida pelo</p><p>Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e</p><p>pelo Projeto ANDUS (BRASIL, 2021b).</p><p>116</p><p>O Projeto ANDUS surgiu como uma forma viável de cooperação técnica dire-</p><p>cionada a fornecer suporte ao governo brasileiro nas questões inerentes às</p><p>políticas públicas voltadas ao desenvolvimento urbano sustentável. No site</p><p>da ANDUS, você encontrará documentos, vídeos, tutoriais e demais materiais</p><p>relacionados com o tema. Acesse: http://www.andusbrasil.org.br/.</p><p>DICAS</p><p>Um dos pilares que sustenta o PNDU está em democratizar o entendimento</p><p>sobre a concepção de um Desenvolvimento Urbano Sustentável (DUS), para que a</p><p>população brasileira, ao inteirar-se de tal conceito, possa promover ações que permeiam</p><p>uma ideologia pautada no uso consciente do meio ambiente urbano, sem deixar de</p><p>atender às premissas de sustentabilidade e diversidade naturais. Segundo o PNDU</p><p>(BRASIL, 2021b, p. 14), o conceito é definido como:</p><p>O desenvolvimento urbano ocorre de maneira sustentável quando a ocupação</p><p>urbana acontece de forma a privilegiar o bem comum e de forma a reduzir as desigual-</p><p>dades, mas não apenas isso. É necessário também equilibrar as necessidades sociais,</p><p>dinamizar a cultura, valorizar e fortalecer identidades. É necessário usar os recursos na-</p><p>turais, tecnológicos, urbanos e financeiros de forma responsável. Também é preciso pro-</p><p>mover o desenvolvimento econômico local. É preciso impulsionar iniciativas que criam</p><p>oportunidades que incluam a diversidade. É preciso impulsionar formas de incluir todas</p><p>as pessoas, da geração atual e das futuras gerações. É preciso incluir todas as pessoas</p><p>no mercado de trabalho e no espaço, nas cidades, nos lugares. E isso deve acontecer</p><p>independentemente da idade, gênero, raça, etnia ou qualquer outra característica das</p><p>pessoas. Para alcançar um desenvolvimento urbano sustentável, é necessário também</p><p>distribuir infraestrutura, espaços públicos, bens e serviços urbanos de forma equitativa</p><p>(justa). É necessário ordenar o uso e a ocupação do solo de forma adequada, em dife-</p><p>rentes contextos e escalas territoriais. É necessário respeitar acordos sociais e políticos</p><p>que tenham sido definidos em ambientes democráticos de governança colaborativa.</p><p>No tocante ao que se refere à Educação Física enquanto área da saúde, torna-</p><p>se necessário apropriar-se desses conhecimentos, documentos e leis para que seja</p><p>possível pensar e viabilizar práticas corporais voltadas à saúde, ao lazer e à qualidade de</p><p>vida dos sujeitos, mediante a utilização adequada e consciente dos espaços públicos</p><p>destinados à população. Não é novidade que a prática regular de atividade física</p><p>melhora os aspectos da saúde dos indivíduos e, quando associados e praticados em</p><p>ambientes propícios e que condicionam as ações para o bem-estar, estes resultados</p><p>são multiplicados (BRASIL, 2021b).</p><p>117</p><p>3 ESPORTES URBANOS FORMAIS E NÃO FORMAIS</p><p>O discurso que circunda as expressões “esportes urbanos”, “formais e não</p><p>formais” ainda incita ao debate acadêmico (PEREIRA; ARMBRUST, 2021). De um lado,</p><p>temos as proposições daqueles autores que procuram sua afirmação e consolidação</p><p>(SILVA; CARLAN, 2020; INÁCIO, 2021; LUZ; OLIVEIRA, 2021). Do outro, estão aqueles que</p><p>trazem relatos de experiências vividas de forma muito positiva, sejam elas práticas e/ou</p><p>pedagógicas, ou seja, do ensino de tais esportes em contextos educativos ou na área</p><p>de prestação de serviços (TOMITA; CANAN, 2019; BADARÓ et al., 2020; CORRÊA et al.,</p><p>2020; MATOS, 2020).</p><p>Agora, serão apresentadas algumas modalidades esportivas e as suas</p><p>caracterizações em que serão fornecidas informações específicas para que seja</p><p>possível compreender melhor este universo de práticas corporais no ambiente urbano</p><p>que, nas últimas décadas, tem conseguido conquistar mais e mais adeptos (TRIANI et</p><p>al., 2021; FRANÇA; FRANÇA; CAREGNATO, 2021). Existe uma relação paradoxal entre a</p><p>necessidade do homem em se desafiar, sair da rotina e buscar liberdade de expressão por</p><p>meio do movimento humano (PEREIRA et al., 2017). Nesse cenário, os esportes urbanos</p><p>conseguem, mesmo que na chamada “selva de pedras” das grandes metrópoles, atrair</p><p>e reunir uma diversidade de práticas.</p><p>Um dos esportes urbanos formais mais conhecidos e difundidos é o skate.</p><p>Muitas pessoas atribuem a origem dessa modalidade ao racionamento de água ocorrido</p><p>na década de 1970 no Estado da Califórnia (EUA), no qual a grande quantidade de</p><p>piscinas vazias estimulou e desenvolveu um estilo conhecido como vert skate ou skate</p><p>vertical. De acordo com Armbrust (2013), a falta de registros históricos</p><p>causa algumas</p><p>contradições, pois há relatos de que entre as décadas de 1920/1940 o skate teria sua</p><p>origem em antigos caixotes de madeira fixados com rodas no nos quais se transportavam</p><p>laranjas. Já na década de 1950, o skate ganha popularidade nas ruas, aproximando-se</p><p>dos surfistas que, na falta de ondas no mar, teriam adaptado uma prancha de madeira</p><p>sobre rodas para praticar as manobras, constituindo o sidewalk surfing ou surf de</p><p>calçada (ARMBRUST; LAURO, 2010).</p><p>Atualmente, o skate possui aproximadamente 15 modalidades distintas,</p><p>categorizadas pelo tipo de percurso, habilidades requeridas do praticante, desafio</p><p>ou elementos constituintes no ambiente, como rampas, obstáculos, transições,</p><p>entre outros. As práticas mais conhecidas são o street, o freestyle, o Vertical e o park</p><p>(ARMBRUST, 2013). A Figura 8, reflete um pouco a liberdade de expressão do skate park.</p><p>118</p><p>Figura 8 – Skate park</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/foto-do-skate-park-durante-o-dia-3006223/.</p><p>Acesso em: 3 jul. 2022.</p><p>Nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, realizados em 2021, em virtude da</p><p>Pandemia, o skate fez sua estreia nas Olimpíadas em duas modalidades: o street e o</p><p>park. O Brasil teve destaque nos jogos, levando uma delegação de 12 atletas, divididos</p><p>nos naipes masculino e feminino. Por modalidade, são eles: Pâmela Rosa, Rayssa Leal,</p><p>Letícia Bufoni, Kelvin Hoefler, Felipe Gustavo, Giovanni Vianna no street; e Isadora</p><p>Pacheco, Dora Varella, Yndiara Asp, Pedro Quintas, Luiz Francisco e Pedro Barros na</p><p>modalidade do park. Os atletas Rayssa Leal e Kelvin Hoefler da modalidade street</p><p>sagraram-se medalhistas de Prata nos Jogos.</p><p>Como forma de disseminar e incentivar ainda mais a prática do skate no Brasil, as mídias</p><p>sociais e os meios de comunicação criaram instrumentos e materiais específicos para</p><p>que o público em geral tivesse conhecimento e conseguisse entender a diversidade de</p><p>manobras, graus de dificuldade, quais seriam os critérios de avaliação</p><p>dos juízes nas diferentes provas olímpicas. Se você se interessa pelas</p><p>modalidades do Skate Olímpico, foi elaborado pela Rede Globo de Co-</p><p>municações um mecanismo interativo, no qual você pode conhecer</p><p>mais a fundo as características e diferenças do street e do park, os equi-</p><p>pamentos de proteção, bem como, conhecer cada uma das manobras</p><p>obrigatórias que foram realizadas e avaliadas nos Jogos Olímpicos de</p><p>Tóquio. Acesse: https://interativos.ge.globo.com/olimpiadas/especial/</p><p>skate-olimpico-2021.</p><p>DICAS</p><p>Um dos esportes urbanos não formais que tem chamado a atenção é o drift</p><p>trike não motorizado. Você conhece? Veja a Figura 9.</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/foto-do-skate-park-durante-o-dia-3006223/</p><p>https://www.cnnbrasil.com.br/esporte/abracei-a-ideia-e-fui-pra-cima-diz-skatista-sobre-classificacao-na-olimpiada/</p><p>119</p><p>Figura 9 – Modelos de trike disponíveis no mercado</p><p>Fonte: Lima et al. (2019, p. 11-13)</p><p>Basicamente, poderíamos dizer que o drift trike consiste em descer ladeiras</p><p>em alta velocidade em uma espécie de triciclo adaptado, realizando manobras e</p><p>reinventando novas formas de deslocamento urbano que atendem simultaneamente as</p><p>expectativas de sair da rotina, de praticar um esporte radical e explodir em adrenalina</p><p>(BERNARDO, 2015).</p><p>De acordo com Brant et al. (2017, p. 1):</p><p>ODrift Trike(DT)é um esporte que teve início nas ladeiras da Nova</p><p>Zelândia e Califórnia e vem sendo praticado no Brasil desde 2010. Hoje</p><p>conta com eventos em todo o Brasil, sendo difícil saber a quantidade</p><p>exata de praticantes, porém com homens, mulheres e crianças</p><p>desfrutando de deslizar sobre rodas no asfalto. Nesta modalidade</p><p>utiliza-se umTrike(triciclo) composto por um eixo traseiro, com duas</p><p>rodas dekartligadas a uma roda de bicicleta, aro 20, com um banco</p><p>sobre o eixo traseiro, que mantém o centro de gravidade próximo ao</p><p>solo. Pode se dizer que oDTé uma evolução do carrinho de rolimã,</p><p>misturado com a bicicleta.</p><p>Segundo Bernardo (2015), mesmo que haja modelos de trike disponíveis no mer-</p><p>cado, produzidos por empresas especializadas, é cultural no Brasil que seus praticantes e</p><p>adeptos ainda comprem peças avulsas, misturando-as com peças de outros equipamentos</p><p>e construam seus próprios trikes em oficinas e/ou garagens caseiras. Isso faz com que o</p><p>praticante (trikeiro) construa e customize seu próprio trike, criando uma espécie de cultura</p><p>própria, identidade com o esporte, sob uma perspectiva de territorialidade (LAPEDRA; ICHI-</p><p>KAWA, 2017). A Figura 10 reflete mais sobre essas considerações.</p><p>120</p><p>Caixa de</p><p>direção</p><p>Garfo e roda de</p><p>BMX com pedal</p><p>adaptado de mo-</p><p>nociclo</p><p>Mesa de Montain Bike Guidão de Montain Bike</p><p>ou BMX</p><p>Banco de plástico em formato</p><p>de concha</p><p>Rodas de plástico ou de Kart com PVC em volta</p><p>Freios à disco Quadro fabricado por empre-</p><p>sas especializadas ou adapta-</p><p>dos de bicicleta BMX</p><p>Figura 10 – Peças para montar um trike</p><p>Fonte: Bernardo (2015, p. 19)</p><p>No Brasil, a prática do trike ainda é incipiente e está em uma fase inicial.</p><p>Entretanto, de acordo com Brant et al. (2017), já há registros de um movimento mundial</p><p>que conta com mais de 150 equipes, sendo que 91 delas estão situadas no Brasil, entre</p><p>os Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, na sua maioria. O Estado de São</p><p>Paulo criou a Liga Paulista de Drif Trike (LPDF) em 2013 e, desde então, vem realizando</p><p>eventos regionais e estaduais com o intuito de fortalecer e difundir esse esporte,</p><p>gerando intercâmbio e troca de experiências entre os pilotos (BERNARDO, 2015).</p><p>O canal esportivo de TV da Red Bull traz com frequência todas as in-</p><p>formações sobre os principais eventos de drift trike, apresentando</p><p>os atletas, os locais de competição, curiosidades sobre o esporte,</p><p>como também os recursos necessários para a organização de um</p><p>evento oficial, baseado em seu próprio evento nacional, conhecido</p><p>como Red Bull Trike Strike. Para saber mais, ver vídeos e mais infor-</p><p>mações acesse o site oficial do evento. Acesse: https://www.redbull.</p><p>com/br-pt/Red-Bull-Trike-Strike-2018-infos.</p><p>DICAS</p><p>121</p><p>As regras de organização e participação em eventos estão associadas a cada</p><p>entidade e local de prática, mas já há registros de uma padronização e tentativa de</p><p>formalização do trike procurando institucionalizá-lo como esporte de competição formal.</p><p>Nessa direção, optamos por trazer à tona as principais orientações e regras técnicas dos</p><p>eventos organizados pela LPDF, são elas:</p><p>O regulamento é composto pela prova despeed (velocidade) esli-</p><p>de(manobras de deslize), com quatro pilotos descendo em cada ba-</p><p>teria. As principais regras são:</p><p>a saída será somente na gravidade, não sendo permitido o impulso</p><p>com os pés ou pedais;</p><p>o piloto na largada deverá ficar com os pés na pedaleira e as duas</p><p>mãos no guidão;</p><p>os quatro pilotos terão duas oportunidades de largada;</p><p>em caso de algum queimar a primeira largada, será dado mais uma</p><p>chance;</p><p>em caso de queima de largada pela segunda vez, independente de</p><p>qual piloto queimou a primeira largada, será desclassificado;</p><p>os pilotos não poderão fechar intencionalmente o seu oponente,</p><p>impedindo, assim, sua passagem, sendo o atleta desclassificado;</p><p>provocar qualquer tipo de manobra que possa a vir prejudicar a</p><p>integridade física ou desempenho na prova do piloto a sua frente</p><p>também é passível de desclassificação (BRANT et al., 2017, p. 1).</p><p>Em contrapartida, também existem praticantes de drift trike, que preferem pra-</p><p>ticá-lo em grupo, perfazendo os trajetos como forma de lazer e diversão. Nessa direção,</p><p>os sujeitos que tomam à frente durante o percurso se alternam, priorizando a demons-</p><p>tração das manobras, do controle do trike durante a descida, como também enfatizando</p><p>a amizade interna entre o grupo (BERNARDO, 2015). Nessa possibilidade, há uma divisão</p><p>de tarefas, por exemplo, um dos participantes fica responsável por realizar o apoio, que</p><p>consiste em ir à frente dos “treikeiros” com um veículo, para identificar como está o</p><p>trânsito e os riscos para a os praticantes, emitindo sinais visuais e sonoros aos demais</p><p>veículos nas rodovias e, ao final, com uma corda presa na traseira do veículo, esse su-</p><p>jeito reboca os “treikeiros” novamente para o início da ladeira para que possam refazer a</p><p>descida quantas vezes forem necessárias (BERNARDO, 2015; BRANT et al., 2017).</p><p>A TV Câmara de São José do Campos publicou uma reportagem na íntegra</p><p>sobre o surgimento e desenvolvimento do drift trike no município, bem como</p><p>contou sobre como este esporte conquistou uma série de adeptos, levando</p><p>famílias inteiras para praticar e/ou prestigiar a modalidade que só cresce no</p><p>estado do Paraná. Assista ao vídeo e veja como é simples encontrar locais</p><p>e até mesmo pessoas que fabricam artesanalmente seus próprios trikes na</p><p>garagem de casa. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=AIHXzIln4ek.</p><p>DICAS</p><p>122</p><p>Portanto, o drift trike é um esporte urbano não formal (por enquanto), que tem</p><p>conseguido manter-se em voga no seio das grandes cidades, conquistando a cada dia</p><p>novos adeptos e simpatizantes, trazendo à tona uma nova modalidade esportiva que</p><p>remonta à ideia de que é possível sair da zona de conforto, explodir em adrenalina,</p><p>praticando um esporte muito interessante, fora do eixo das modalidades convencionais</p><p>e, ainda, com uma ótima relação custo x benefício, permitindo que o próprio sujeito</p><p>construa seu trike, customizando e criando uma identidade própria com o esporte.</p><p>123</p><p>ESPORTES RADICAIS, DE AVENTURA E DE AÇÃO: O CONTEÚDO DOS ENSINOS</p><p>FORMAL E NÃO FORMAL E OS DESAFIOS DE FORMAÇÃO E PRÁTICA DO</p><p>PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA</p><p>Adriana Mesquita de Almeida</p><p>Arthur Fernandes Gáspari</p><p>1 Na atualidade, pode-se observar o uso de dois termos distintos, “Esportes de</p><p>Aventura” e “Esportes Radicais”, há alguma diferença entre eles? Como você</p><p>os definiria? Nesse contexto, qual o significado de Atividades Físicas de</p><p>Aventura na Natureza (AFAN)?</p><p>Defendo a ideia de Esportes Radicais, de Aventura e de Ação. Primeiro utilizo a</p><p>terminologia Esporte dentro da definição da UNESCO – ONU, já referenciada por Tubino</p><p>no livro Dimensões sociais do esporte, nas quais o esporte é um fenômeno que apresenta</p><p>três elementos distintos e complementares: o rendimento (competição), a participação</p><p>(âmbito do lazer, condicionamento físico voluntário ou saúde) e educação (formação</p><p>do sujeito). Discordo da separação da educação física com o esporte, tal qual se vê</p><p>atualmente, compreendo que essa separação reduz, simplifica, objetiva e determina</p><p>a cultura corporal, cultura essa que está em constante transformação e que por sua</p><p>complexidade não permite disjunções. Talvez, todas as ideias que compartilharei, a</p><p>partir dessas, seguem o princípio da complexidade, já defendida por mim em minha</p><p>dissertação de mestrado e que se baseia nos estudos que faço de Edgar Morin, que</p><p>afirma a necessidade de reunir aquilo que está separado.</p><p>O termo Radical vem do latim e significa raiz ou extremo. Nos faz lembrar adrenalina e</p><p>medo, hormônio e sensação/sentimento presentes nas práticas que tenho procurado</p><p>ensinar nos últimos 20 anos como possibilidades de formação humana. Claro que a</p><p>adrenalina e o medo estão presentes em situações diversas da vida como um assalto,</p><p>um acidente etc., mas a diferença está na escolha deliberada da pessoa pela busca</p><p>de atividades que o impulsionarão a essas sensações. Sempre que se fala em radical,</p><p>lembra-se do perigo e risco dessas atividades e, nesse sentido, percebe-se a relação</p><p>de extremismo entre a vida e a morte de quem pratica o montanhismo, por exemplo.</p><p>Por que se arriscar em montanhas sabendo que a morte pode vir? Talvez porque</p><p>precisemos provar a nós mesmos a capacidade de enfrentar os desafios da vida dando-</p><p>lhe um sentido que vá além da conformidade do cotidiano, do nascer, crescer e morrer,</p><p>é preciso, como diz David Le Breton, encontrar algo que faça perceber o sentido da vida</p><p>e nada mais importante do que arriscar aquilo que temos de mais precioso, sentindo</p><p>LEITURA</p><p>COMPLEMENTAR</p><p>124</p><p>que podemos sair dessa experiência com a lembrança marcada em nosso corpo de que</p><p>fomos capazes de ter o controle do nosso destino em nossas mãos, mesmo que por um</p><p>instante. É isso que faz um escalador quando busca um novo desafio numa montanha,</p><p>rocha, Boulder ou parede, quer se pôr à prova para acreditar em sua humanidade</p><p>que se constrói além da sua natureza física, seguindo na direção de uma existência</p><p>significativa. Isso é o Esporte Radical, uma experiência capaz de me provar que estou</p><p>vivo e que valorizo cada instante, cada ar respirado, cada gota de água, cada pôr do sol,</p><p>cada esforço realizado, cada compartilhamento com meus parceiros nos momentos de</p><p>angústia e cada alegria de uma conquista.</p><p>Dentre os Esportes Radicais surge uma classificação que ajuda a compreender o tipo de</p><p>desafio a ser superado: Esporte Radical de Aventura é quando o objetivo do praticante</p><p>se relaciona mais com “o que está por vir”, ou seja, com o desconhecido ou o inesperado,</p><p>tal como vemos na vivência de montanhistas, mergulhadores, canoístas etc. Esporte</p><p>Radical de Ação, por outro lado, aproxima-se da intenção explícita de fazer manobras</p><p>durante a prática, como no skate, patins, bike ou outras modalidades, pois ação tem</p><p>por significado o movimento, a busca pelo movimento perfeito, porém não costumo</p><p>usar essas terminologias de forma definitiva, nem determinista como se uma coisa</p><p>não estivesse diretamente relacionada com a outra, em outras palavras, os Esportes</p><p>Radicais são de aventura e de ação, o que permite a compreensão de ambos os termos</p><p>como cossignificados.</p><p>Já AFAN é um termo que refuto, com todo respeito, pois acredito que foi um termo</p><p>importado da Espanha, que após algumas discussões no Brasil (CBAA), já foi deixado</p><p>de lado, por sua inconsistência teórica. Vou tentar explicar meu ponto de vista:</p><p>atividade física é qualquer movimento que tenha gasto energético, não se relacionando</p><p>diretamente com a cultura corporal especificamente estudada pela Educação Física.</p><p>Logo, lavar roupa no tanque é atividade física, mas nem por isso vou ensiná-la nas aulas</p><p>de Educação Física. Compreendo que as pessoas que no Brasil primeiro começaram a</p><p>usar esse termo ainda na década de 1990, tinham a intenção de valorizar o exercício</p><p>como forma de propagar a saúde, mas daí a usar essa expressão como sinônimo de</p><p>cultura corporal há uma distância enorme. A palavra Aventura costuma remeter à ideia</p><p>de imprevisibilidade que também compartilho, mas em geral, esquecem que algumas</p><p>atividades não são tão imprevisíveis e estou falando da cultura de manobras do skate,</p><p>patins etc. Por fim, Natureza, que provém do grego Physis, isto é, aquilo que é físico, tem</p><p>corpo, ou matéria e, dessa forma, falar de natureza é uma redundância, porque tudo é</p><p>natural, tudo é físico. A utilização de Natureza reforça a ideia de práticas em ambientes</p><p>selvagens, inóspitos, desconhecidos, ao ar livre, mas esses ambientes não existem,</p><p>porque o ser humano já chegou a todos os lugares do planeta, e todos os ambientes</p><p>urbanos são naturais, a diferença como costumo dizer é a quantidade de cultura que há</p><p>em cada ambiente natural, alguns possuem muita modificação humana, outros pouca,</p><p>mas tudo é natural, mesmo que tenha sido modificado.</p><p>125</p><p>2 O que te motivou a escolher a área dos Esportes de Aventura como atividade</p><p>profissional e acadêmica?</p><p>Az zahr, palavra árabe para jogo de dados, isto é, o acaso. Eu era professor de escola e</p><p>academia, e sentia que faltava algo. Gostava do contato com cachoeiras, montanhas,</p><p>acampamentos, bike, trilha, skate etc., mas não conhecia as técnicas. Então o acaso me</p><p>deu a oportunidade de conhecer a escalada e percebi que a Educação Física agora fazia</p><p>sentido para mim e comecei a escalar quase todos os dias. Descobri que, há 20 anos,</p><p>um profissional de Educação Física com conhecimentos de aventura era uma raridade</p><p>e senti a necessidade de investir nessa área. Dediquei-me totalmente e o caminho da</p><p>escola e da Universidade acabaram colidindo com o meu e com os anseios da sociedade</p><p>contemporânea.</p><p>3 Apesar</p><p>de haver uma demanda latente, são poucas as instituições de ensino</p><p>que abordam os Esportes de Aventura nos cursos de formação em Educação</p><p>Física. Em sua opinião, quais são os desafios para que os Esportes de Aventura</p><p>se consolidem enquanto conteúdo nos currículos de Educação Física?</p><p>O desafio é a capacitação de novos profissionais de Educação Física em Aventura. Há uma</p><p>carência enorme, só em agosto de 2014 foram duas Universidades de São Paulo pedindo</p><p>indicação para professor de Aventura, pois tinham a disciplina na grade e não tinham</p><p>uma pessoa com formação adequada. O curso de pós-graduação em Aventura da FMU</p><p>é o único na atualidade preparando os profissionais para esse mercado. Em geral, hoje,</p><p>as instituições de Ensino Superior colocam na grade a disciplina, mas não encontram</p><p>professores. Muitas vezes professores com outras especializações são alocados nela e</p><p>sentem-se perdidos ou angustiados por não terem embasamento para desenvolver esse</p><p>tema, passando aos seminários ou palestras com praticantes em suas aulas.</p><p>4 Quais as principais características e objetivos de uma disciplina de Esporte</p><p>de Aventura para cursos de graduação? Qual a importância deste conteúdo</p><p>para os profissionais da Educação Física?</p><p>É importante verificar se o curso é de licenciatura ou bacharelado. Na licenciatura, o</p><p>professor vai precisar compreender as diversas modalidades, o perigo de cada uma,</p><p>como desenvolver o controle dos riscos e como adequar seis aspectos da escola para sua</p><p>atuação: o espaço, o material, o professor, a segurança, a direção e os pais/comunidade,</p><p>como já apontou o professor Laércio Franco em sua dissertação. No bacharelado, a</p><p>necessidade é outra, deve-se desenvolver o conteúdo no âmbito do lazer e do alto</p><p>rendimento, relacionando com o turismo, o meio ambiente, o mercado, e aprofundando</p><p>em questões técnicas e lúdicas.</p><p>126</p><p>5 Os Esportes de Aventura estão ganhando maior visibilidade, porém levá-</p><p>los para dentro da escola ainda é um desafio – tanto pela falta de espaço e</p><p>equipamentos apropriados quanto pelo receio de coordenadores e diretores</p><p>que ainda acreditam que esta seja uma atividade perigosa. Qual conselho</p><p>você daria para um professor que deseja implementar este conteúdo em suas</p><p>aulas de Educação Física?</p><p>Vamos lá:</p><p>Espaço – o professor deve mudar seu olhar para a escola, costumo dizer que a melhor</p><p>parte do livro Pedagogia da aventura é sua capa, se você apenas olhar a capa, já verá</p><p>uma escola na perspectiva dos Esportes Radicais.</p><p>Material – conhecer as modalidades para criar soluções de equipamentos como fizeram</p><p>os surfistas e professores de Educação Física Neil e Renata em Garopaba/SC com o</p><p>projeto de pranchas de garrafa PET.</p><p>Segurança – conhecer as técnicas e procedimentos de cada modalidade, só assim você</p><p>ajuda seu aluno a reconhecer os perigos e controlar os riscos. Além disso, desenvolver</p><p>boas estratégias de ensino para manter a motivação e prevenir acidentes.</p><p>Professor – capacitação e vivência.</p><p>Direção – parte difícil (risos). Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, o eixo transversal</p><p>“meio ambiente” já tem a proposta de utilizar os Esportes Radicais (essa é a terminologia</p><p>no texto dele) com as modalidades montanhismo, skate, surf etc., para ensinar e educar</p><p>de forma interdisciplinar as questões relativas à preservação ambiental e no caderno</p><p>do Estado de São Paulo já está colocado como obrigatória a aprendizagem do skate</p><p>e parkour. Portanto se os documentos oficiais indicam os Esportes Radicais como</p><p>conteúdo, não deve existir barreiras da direção. A direção, em geral, desconhece esses</p><p>conteúdos nos documentos.</p><p>Pais/comunidade – é preciso trazê-los para sua aula, pode ser em festa junina montando</p><p>um slackline ou no dia dos pais praticando com seus filhos o parkour ou skate. Assim,</p><p>o professor conseguirá aliados no lugar da desconfiança. Não podemos culpar os pais,</p><p>eles desconhecem o que sabemos.</p><p>6 Como tem sido sua experiência de trabalhar os conteúdos do Esporte de Aven-</p><p>tura nos ensinos formal e não formal? Como se dá a participação dos alunos?</p><p>No momento, não estou no ensino básico, mas enquanto estive atuando foi um desafio</p><p>provar que era possível, hoje as coisas são mais fáceis. A participação do aluno tem um</p><p>aspecto importante, a segurança deve ser responsabilidade do aluno!!!!!!!</p><p>127</p><p>As exclamações são para os leitores, pois sei que causa indignação uma afirmação</p><p>dessas, mas tentarei explicar. O educando precisa aprender a se responsabilizar pela</p><p>própria segurança e decidir o momento de fazer ou não uma tentativa em práticas de</p><p>risco, pois é a vida dele em jogo, a integridade dele, portanto o professor deve respeitar</p><p>quando o aluno não quer fazer e deve ser o primeiro em ajudá-lo quando este precisar</p><p>de apoio. Aqui reside a necessidade de conhecimento técnico da modalidade, porque</p><p>assim o professor passa tranquilidade a quem aprende e sabe prever situações que</p><p>poderão dar errado antes que aconteçam. É claro que não dizemos para crianças de</p><p>educação infantil: “a responsabilidade é sua”. Esse é um processo gradual de aquisição</p><p>de maturidade e conhecimento até que seu aluno possa decidir por si como e quando</p><p>se arriscar, mas essa maturidade o ajudará na vida adulta a tomar decisões e esse é meu</p><p>maior orgulho com meus alunos, crianças que se tornam pessoas mais conscientes nos</p><p>momentos de decisão.</p><p>7 Além do trabalho acadêmico, você possui uma empresa de Esportes de</p><p>Aventura voltada para o campo educacional. Conte-nos sobre as atividades</p><p>que a sua empresa promove e como esse pode ser um campo de atuação</p><p>profissional para egressos de cursos de educação física?</p><p>Minha empresa já fez muitos muros de escalada em escolas, já atuei com aulas em</p><p>escolas, mas hoje não faço mais isso por falta de tempo. Montei 26 paredes de escalada</p><p>horizontais no SESI do Estado de São Paulo, apostando nelas como uma forma de</p><p>desmistificar a aventura na escola.</p><p>Hoje trabalho muito com eventos de aventura, sempre com foco em proporcionar</p><p>experiências enriquecedoras às pessoas que ainda não conhecem os Esportes Radicais.</p><p>Alguns de meus alunos montaram empresas por influência minha nesse ramo e hoje</p><p>seguem nessa área com muito sucesso: MSV, Via Brasil Aventura, CAT, Aguiar Adventure</p><p>entre outras, e isso mostra o potencial da Educação Física nessa área, mas aviso: é</p><p>preciso se capacitar para tal atuação.</p><p>8 Quais são seus projetos atuais e futuros nessa área?</p><p>Escrever um pouco sobre o assunto (o próximo livro está quase pronto) para ajudar</p><p>na divulgação dessa temática. Continuar a graduação e pós-graduação lato sensu</p><p>ajudando a formar pessoas. Escalar e fazer outras aventuras com os amigos. Manter a</p><p>empresa sempre na ponta quando se trata de aventura educacional.</p><p>9 Quais referências você indica para quem pretende se aprofundar um pouco</p><p>mais no tema?</p><p>Pedagogia da aventura – não dá para fugir dele porque na área educacional não tem</p><p>obra igual no mundo, o problema é ser em português, mas acho que os gringos têm</p><p>outras obras importantes e mais a ver com o contexto deles, o nosso (meu e do Igor</p><p>Armbrust) tem a cara do Brasil.</p><p>128</p><p>Atividades e esportes de aventura para profissionais de educação física – organizado</p><p>pelo Luciano Andrade Bernardes, coordenador da pós de aventura, é essencial, porque</p><p>é o mais completo em todos os aspectos.</p><p>Juventude lazer e esportes radicais – gosto muito, porque o livro é bom e porque o Uvinha</p><p>é um grande homem dessa área e, inclusive, quem me deu a primeira oportunidade de</p><p>palestra no Ensino Superior na FEFISA.</p><p>Tem muitos autores que têm que ser lidos nessa área, não por uma obra, mas pelo</p><p>conjunto, como: David Le Breton, porque compreendeu a essência do que é radical,</p><p>Alcyane Marinho (eu já li tudo e não me canso de reler), Giuliano Pimentel, Flavio Ascânio,</p><p>Gisele Schwartz, Vera Lucia Costa, Enio Pereira de Pelotas, Cleber Augusto Gonçalves</p><p>Dias (que não se arrisca, mas compreende como ninguém esse tema).</p><p>Fonte: adaptado de https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/2164.</p><p>Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>129</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• O entendimento sobre as diferentes possibilidades de utilização do espaço urbano</p><p>para a prática de esportes urbanos formais e não formais.</p><p>• O conhecimento sobre os documentos legais que ancoram as diretrizes de utilização</p><p>e revitalização do espaço urbano como político pública de acesso aos espaços de</p><p>esporte e lazer urbanos.</p><p>• O entendimento dos esportes urbanos formais, como o skate e de como tais práticas</p><p>corporais se afirmam e constroem uma identidade dos praticantes com o meio urbano.</p><p>• A visão criativa e inovadora das modalidades esportivas urbanas não formais e de</p><p>como os sujeitos aproveitam e reaproveitam o espaço urbano para a prática de ativi-</p><p>dades esportivas e recreativas de forma prazerosa e inovadora.</p><p>130</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 Leia o texto a seguir:</p><p>A presença do ser humano no mundo se firma com a necessidade de agir, pelo e no</p><p>movimento próprio, ao caminhar, dançar, jogar, conversar, trabalhar, relacionar, imaginar,</p><p>examinar, amar, a vida acontece na existência corporal em contexto histórico, cultural</p><p>e social. Entretanto, na vida em sociedade, os mecanismos hegemônicos tensionam</p><p>a relação entre o ser social e o ser individual, de tal forma que as forças e os poderes</p><p>dominantes na sociedade, permeados pelos referenciais da economia, da tecnologia</p><p>e da legislação, promovem o acirramento da divisão entre classes sociais. A tensão</p><p>decorrente dos processos produtivos e orientados para atender diferenças de classes,</p><p>geram meios de produção que causam a destruição dos recursos naturais, e ditam</p><p>padrões estereotipados de comportamentos, inculcando o individualismo, a competição,</p><p>o consumismo e o autoritarismo. Considerando as informações apresentadas, qual é o</p><p>princípio que sustenta a relação interativa entre homem e natureza?</p><p>Fonte: SANTOS, R. M.; KEIM, E. J.; DOMINGUES, S. C.</p><p>Educação ambiental uma proposta emancipatória na</p><p>educação física escolar. Dialogia, n. 38, p. 2, 2021.</p><p>Disponível em: https://periodicos.uninove.br/dialogia/</p><p>article/view/18614/9146. Acesso em: 20 jul. 2022.</p><p>a) ( ) Percepção ambiental.</p><p>b) ( ) Interferências humana.</p><p>c) ( ) Governança municipal.</p><p>d) ( ) Política ambiental.</p><p>2 Leia o texto a seguir:</p><p>Se existe essa relação positiva entre áreas verdes urbanas e encorajamento para a</p><p>prática de AF, e sabe-se que uma vida fisicamente ativa traz inúmeros benefícios em</p><p>muitos determinantes de saúde, os espaços urbanos de qualidade têm de ser vistos</p><p>com devida importância na estratégia de promoção de saúde – direito de todos. A falta</p><p>de recursos para participar de atividades ou instalações pagas é uma das principais</p><p>barreiras na busca de atingir os 150 minutos de AF por semana recomendados pela</p><p>Organização Mundial de Saúde. A promoção da saúde é, de acordo com as leis federais,</p><p>a ferramenta mais importante da Saúde Pública: desde os anos 1970, que se sabe que</p><p>os serviços de saúde são insuficientes, por si sós, para obter ganhos satisfatórios.</p><p>Considerando o texto e os estudos proferidos neste tópico, avalie as afirmações a seguir:</p><p>Fonte: ARANA, A. R. A. et al. Atividade física e ambiente:</p><p>a influência dos parques verdes urbanos na saúde. In:</p><p>GRILLO, R. de M.; SWERTS, M. M. (orgs.). Educação física</p><p>e ciências do esporte: uma abordagem interdisciplinar.</p><p>Guarujá: Científica Digital, 2020. p. 141. Disponível em:</p><p>http://www.editoracientifica.org/articles/code/201001836.</p><p>Acesso em: 13 jul. 2022.</p><p>https://periodicos.uninove.br/dialogia/article/view/18614/9146</p><p>https://periodicos.uninove.br/dialogia/article/view/18614/9146</p><p>131</p><p>I- O aumento de vias asfálticas reduz os espaços antes utilizados para atividades</p><p>físicas de lazer.</p><p>II- Realizar atividades físicas em ambientes privados é uma necessidade importante</p><p>para a saúde.</p><p>III- A poluição sonora provocada pelos sons automotivos se tornou uma constante em</p><p>locais que antes eram pacatos e tranquilos.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.</p><p>b) ( ) Somente a sentença II está correta.</p><p>c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.</p><p>d) ( ) Somente a sentença III está correta.</p><p>3 Veja a imagem e, em seguida, leia a matéria jornalística a seguir:</p><p>Figura – Drift trikes – derrapando em três rodas</p><p>Fonte: https://revistabicicleta.com/wp-content/uploads/2019/06/Drift-2.gif. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>“Já assistiu ao Fantástico mundo de Bobby? Talvez nunca tenha assistido ao desenho,</p><p>mas já tenha visto pelo menos a abertura, em que Bobby anda a toda com um triciclo</p><p>no mundo imaginário dele. É disso que muita gente lembra – principalmente o pessoal</p><p>da década de 1990 – quando vê um drift trike. Pode parecer coisa de criança – coisa</p><p>do Bobby – mas esses triciclos conquistaram pessoas de diferentes idades e perfis</p><p>no mundo todo” (PETRIS, 2020). De acordo com os estudos relacionados ao drift trike,</p><p>classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas</p><p>Fonte: adaptado de PETRIS, P. B. Drift trikes: derrapando em três</p><p>rodas. 2020. revistabicicleta.com. [Institucional]. Disponível em:</p><p>https://revistabicicleta.com/bmx/drift-trikes-derrapando-em-tres-</p><p>rodas/. Acesso em: 25 jun. 2022.</p><p>https://revistabicicleta.com/bmx/drift-trikes-derrapando-em-tres-rodas/</p><p>https://revistabicicleta.com/bmx/drift-trikes-derrapando-em-tres-rodas/</p><p>132</p><p>( ) Levando em consideração as técnicas do drift trike, podemos elencá-lo como es-</p><p>porte de alto rendimento esportivo.</p><p>( ) Considerando as características desse esporte, podemos classificá-lo como espor-</p><p>te urbano não formal.</p><p>( ) Tendo em vista as características desse esporte, podemos classificá-lo como</p><p>esporte institucionalizado e olímpico.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V – F – F.</p><p>b) ( ) F – V – F.</p><p>c) ( ) V – V – F.</p><p>d) ( ) F – F – V.</p><p>4 Leia o texto a seguir:</p><p>Na atualidade, há mais pessoas interessadas em práticas esportivas que fogem das</p><p>competições institucionalizadas, sendo importante oferecer políticas públicas que</p><p>atendam às demandas sociais e favoreçam um estilo de vida ativo à população. Assim,</p><p>surge uma demanda por políticas públicas que envolvam este tipo de atividade e a am-</p><p>pliação do conhecimento em relação aos praticantes e seus interesses são importantes</p><p>para o planejamento de execução de ações nesse sentido. O espaço urbano distingue-</p><p>-se dos meios ambientes mais selvagens, pois as interações culturais nele produzem</p><p>estruturas complexas, com diversas formas de relação humana, proporcionando uma</p><p>grande modificação da sua forma natural. Nesse contexto, a prática esportiva também</p><p>se adapta as condições desses locais e algumas modalidades de esportes radicais dão</p><p>novo significado às ruas, às praças, aos parques e aos ginásios esportivos das cidades.</p><p>Nesse contexto, disserte sobre os esportes urbanos e as políticas públicas que garan-</p><p>tem o acesso a locais urbanos de prática esportiva.</p><p>Fonte: PEREIRA, D. W.; PAULA, R. O. de; SILVA, A. B. da;</p><p>GALINDO, C. B.; SANTOS, V. S. F. dos. Esportes radicais</p><p>no meio ambiente urbano no município de São Paulo.</p><p>Caderno de Educação Física e Esporte, v. 15, n. 1,</p><p>p. 84, 2017. Disponível em: https://e-revista.unioeste.</p><p>br/index.php/cadernoedfisica/article/view/15662/pdf.</p><p>Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>5 As políticas públicas de desenvolvimento sustentável refletem sobre como utilizar o</p><p>ambiente urbano de forma consciente e, ao mesmo tempo, viabilizar a oferta e/ou a</p><p>manutenção de espaços públicos voltados à prática de esportes e atividades físicas</p><p>em parques, praças e demais espaços destinados a estas atividades. Nesse contexto,</p><p>disserte sobre a utilização consciente do espaço urbano para as práticas esportivas</p><p>formais e não formais.</p><p>https://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/view/15662/pdf</p><p>https://e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/view/15662/pdf</p><p>133</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALMEIDA, A. M. de; GÁSPARI, A. F. 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Nas</p><p>aulas/intervenções na Educação Física, diferentes questionamentos emergem quando</p><p>esses conteúdos de ensino são apresentados aos alunos. Nessa mesma direção, buscar</p><p>dialogar de forma reflexiva sobre diferentes aspectos (legais, políticos, naturais, dentre</p><p>outros) permite que o professor crie um espaço para o debate, estabelecendo uma</p><p>proposta democrática e sistêmica de abordagem dos conteúdos.</p><p>O estudo de Ribeiro (2012), intitulado “Meio Ambiente: Expressões, Sig-</p><p>nificados e Sentidos”, trata de uma longa discussão apresentando eti-</p><p>mologicamente diferentes perspectivas e significados para o tema. É</p><p>uma ótima recomendação de leitura para aprofundar aspectos teóricos</p><p>e históricos sobre o conceito de meio ambiente. Disponível em: https://</p><p>repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/90939/ribeiro_jag_me_</p><p>bauru.pdf?sequence=1. Acesso em: 20 maio 2022.</p><p>NOTA</p><p>O termo “ecologia” está diretamente relacionado com as questões ambientais.</p><p>Defini-lo conceitualmente não é tarefa simples, pois está imbricado em diferentes</p><p>tendências e concepções teóricas.</p><p>Para melhor organizar nossa linha de raciocínio, vamos focar em uma visão</p><p>formativa com intencionalidade pedagógica de abordar esse tema nas intervenções do</p><p>profissional de Educação Física. Assim, vejamos as considerações a seguir:</p><p>A Ecologia estuda as relações mútuas que os seres vivos estabele-</p><p>cem entre si e com o ambiente físico. Esse objeto de estudo, baseado</p><p>nas interações que ocorrem no mundo natural, abarca uma grande</p><p>gama de conceitos biológicos e lhe confere um papel importante no</p><p>ensino de conceitos científicos. O entendimento dos diferentes fenô-</p><p>menos que englobam essas relações e interações entre seres vivos</p><p>(incluindo o homem) e os componentes abióticos é amplamente dis-</p><p>cutido à luz de teorias ecológicas. No contexto escolar, esse enten-</p><p>dimento é imprescindível. O aluno em formação precisa apropriar-se</p><p>da linguagem e dos conceitos científicos para desenvolver atitudes</p><p>responsáveis e postura crítica frente às diferentes problemáticas</p><p>ambientais, as quais vem confrontando diariamente (BRANDO; CA-</p><p>VASSAN; CALDEIRA, 2009, p. 13).</p><p>https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/90939/ribeiro_jag_me_bauru.pdf?sequence=1</p><p>https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/90939/ribeiro_jag_me_bauru.pdf?sequence=1</p><p>https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/90939/ribeiro_jag_me_bauru.pdf?sequence=1</p><p>8</p><p>As considerações sobre a ecologia são amplas em diferentes verten-</p><p>tes teóricas. Na Educação Física não é diferente. Um dos estudos que</p><p>procura discutir o distanciamento do homem com a natureza, conside-</p><p>rando a corporeidade, a ecologia e saúde na contemporaneidade e sua</p><p>relação com a Educação Física, é apresentado no estudo proposto por</p><p>Pithan e Carlan (2020), no qual é possível destacar uma necessidade de</p><p>reconstituir essa relação indissociável entre o ecossistema e a ecolo-</p><p>gia do ser humano. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/</p><p>index.php/BRJD/article/view/12547/10514. Acesso em: 20 maio 2022.</p><p>NOTA</p><p>No cenário formativo-educacional, emerge a concepção de Educação Ambiental.</p><p>Nesse contexto, o crescimento populacional, bem como a evolução tecnológica e</p><p>industrial, interferiram diretamente sobre a degradação ambiental mundial (SILVA;</p><p>SILVA; INÁCIO, 2008; OLIVEIRA, 2009). É em defesa de uma educação ecológica,</p><p>ou seja, que vise à mudança de aspectos e comportamentos humanos que permitam</p><p>compreender a importância de se preservar as riquezas naturais ainda existentes em</p><p>nosso planeta, para que as futuras gerações ainda possam delas desfrutar (ARANA et</p><p>al., 2020; TRIANI; TELLES, 2020).</p><p>A Educação Ambiental é uma das temáticas abrangentes e emergentes nos</p><p>documentos oficiais da Educação, bem como as possibilidades didático-pe-</p><p>dagógicas inovadoras na Educação Física. Para isso, assista ao vídeo intitu-</p><p>lado “Educação Física e Educação Ambiental”, da série “Esporte na Escola”,</p><p>produzido pelo Ministério da Educação, e fique por dentro. Disponível em:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=xG_4_5rUyME.</p><p>DICAS</p><p>A conscientização em relação à ecologia (conservação, educação) convida</p><p>a sociedade em geral para uma reflexão permanente e emergente sobre os padrões</p><p>comportamentais que prejudicam a natureza. Diante disso, como professores, devemos</p><p>formar o sujeito ecológico, que se “caracteriza por indivíduos que agem e refletem em</p><p>favor da conscientização ambiental” (NEUENFELDT; MARTINS, 2016, p. 58).</p><p>A conscientização da humanidade para esse sujeito ecológico permite reunir</p><p>em um indivíduo aspectos éticos, morais, estéticos e socioambientais, configurando um</p><p>sujeito voltado para comportamentos que aludem para uma possibilidade de reverter</p><p>tais adversidades e, ainda, contribuem para vislumbrar um mundo ambientalmente</p><p>sustentável (RIBEIRO, 2012; DA PAIXÃO, 2017; MACIEL; GÜLLICH; LIMA, 2018; SCOPEL</p><p>et al., 2020).</p><p>https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/12547/10514</p><p>https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/12547/10514</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=xG_4_5rUyME</p><p>9</p><p>O sujeito ecológico pode ser compreendido por diferentes correntes teóri-</p><p>cas. Em um estudo recente, Inocêncio e Carvalho (2021) tratam desse assun-</p><p>to com maestria e trazem importantes considerações a respeito do discurso</p><p>contemporâneo ambientalista que tange à formação do sujeito ecológico</p><p>como um produto de inúmeras intercorrências socioculturais. Vale a pena</p><p>a leitura. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/revbea/arti-</p><p>cle/view/11644/8826.</p><p>DICAS</p><p>Ainda nesse viés, torna-se necessário ampliar o enfoque conceitual, buscando</p><p>trazer à tona as inúmeras possibilidades de conceituar a natureza, relacionando-a com</p><p>os demais conceitos por hora apresentados.</p><p>A construção/evolução histórica sobre o conceito de “natureza” abarca uma</p><p>gama de diferentes concepções teóricas que, quando comparadas, ora possuem</p><p>relações de aproximação, ora tais relações conceituais se distanciam. Para que seja</p><p>possível avançarmos no tema, observamos os seguintes apontamentos:</p><p>A priori, o vocábulo natureza nos remete a uma infinidade de</p><p>significados. Dentre as definições que podemos ter estão: (I) princípio</p><p>de vida; causa eficiente e final; princípio vital. (II) Substância ou</p><p>essência necessária; conjunto das propriedades que definem algo.</p><p>(III) Características particulares que distinguem um indivíduo;</p><p>temperamento, idiossincrasia. (IV) Universo, conjunto ou totalidade</p><p>das coisas naturais; o conjunto de tudo que existe. (V) Conjunto</p><p>de seres que não o homem. (VI) Sistema de regras, ordem ou lei</p><p>natural, cujas origens podem estar nas mãos do Criador. (VII) Tudo</p><p>o que é inato, instintivo, espontâneo em um ser; opõem-se àquilo</p><p>que é adquirido pela experiência individual ou social. (VIII) Aquilo a</p><p>que estamos acostumados, os objetos e acontecimentos tais</p><p>Acesso em:</p><p>12 maio 2022.</p><p>MOISÉS, J. A. F. Relatório de estágio em surf na equipa Surftechnique. 2014.</p><p>Relatório (Mestrado em Treino Desportivo) – Universidade de Lisboa, Faculdade de</p><p>Motricidade Humana, Lisboa, 2014. Disponível em: https://www.repository.utl.pt/</p><p>bitstream/10400.5/7316/1/Relat%C3%B3rio_Est%C3%A1gio_Surf_Jo%C3%A3o%20</p><p>Mois%C3%A9s.pdf. Acesso em: 12 jul. 2022.</p><p>NEUENFELDT, D. J.; MARTINS, C. C. Educação física escolar e vivências com à</p><p>natureza: contribuições para a formação ecológica de estudantes. Revista Didática</p><p>Sistêmica, v. 18, n. 2, p. 56-70, 2017. Disponível em: https://periodicos.furg.br/redsis/</p><p>article/view/7157. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>NONES JÚNIOR, N.; SHIGUNOV, V. O treinamento funcional como uma proposta de</p><p>preparação física para o surf. In: III Congresso Nordeste de Ciências do Esporte</p><p>[...]. 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Conexões, Campinas, v. 14, n. 2, p. 113-136, abr./jun. 2016.</p><p>TOMITA, A. S. F.; CANAN, F. A utilização de modalidades esportivas não tradicionais</p><p>em aulas de educação física escolar. Corpoconsciência, Cuiabá,</p><p>v. 23, n. 2, p. 13-25,</p><p>mai./ago. 2019.</p><p>TRIANI, F. da S. et al. Representações sociais de graduandos em Educação Física</p><p>sobre meio ambiente e a relação homem, esporte e natureza. Revista Brasileira de</p><p>Estudos Pedagógicos, v. 102, n. 260, p. 205-217, 2021. Disponível em: http://rbep.</p><p>inep.gov.br/ojs3/index.php/rbep/article/view/4133. Acesso em: 15 ago. 2022.</p><p>TRIANI, F. da. S. et al. Esportes de aventura praticados na Barra da Tijuca e</p><p>São Conrado, RJ: um levantamento das modalidades e formação do instrutor.</p><p>Motrivivência, v. 32, n. 61, p. 1-15, abr. 2020. Disponível em: https://doi.</p><p>org/10.5007/2175-8042.2020e61665. Acesso em: 10 jul. 2022.</p><p>TRIANI, F.; TELLES, S. D. C. C. Representações sociais sobre os esportes de aventura</p><p>na educação física. Interfaces da educação, v. 10, n. 30, p. 246-267, 17 jul. 2020.</p><p>Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/interfaces/article/</p><p>view/3946. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>VAGHETTI, C. A. O. et al. Preparação física, hábitos alimentares e percentual de gordura</p><p>em surfistas profissionais. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 26, n. 1,</p><p>p. 75-83, 2018. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/</p><p>view/7650. Acesso em: 10 jul. 2022.</p><p>http://revista.cbce.org.br/index.php/cadernos/article/view/2188</p><p>https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/4917</p><p>http://rbep.inep.gov.br/ojs3/index.php/rbep/article/view/4133</p><p>http://rbep.inep.gov.br/ojs3/index.php/rbep/article/view/4133</p><p>https://periodicosonline.uems.br/index.php/interfaces/article/view/3946</p><p>https://periodicosonline.uems.br/index.php/interfaces/article/view/3946</p><p>142</p><p>143</p><p>TREINAMENTO DOS</p><p>ESPORTES DE AVENTURA</p><p>UNIDADE 3 —</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• Discutir sobre as estratégias de planejamento e organização das sessões de</p><p>treinamento subdividindo e caracterizando cada processo;</p><p>• Analisar as orientações sobre o condicionamento técnico-físico dos atletas dos</p><p>esportes de aventura considerando as modalidades e suas peculiaridades;</p><p>• Entender a importância dos processos psicológicos e nutricionais como fundamentos</p><p>sólidos na construção e formação de atletas nos esportes de aventura;</p><p>• Compreender as competências e características do perfil do treinador dos esportes</p><p>de aventura, os conhecimentos e habilidades necessárias.</p><p>A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar</p><p>o conteúdo apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – FUNDAMENTOS TÉCNICOS E CONDICIONAMENTO FÍSICO</p><p>TÓPICO 2 – PROGRAMAS DE TREINAMENTO NOS ESPORTES DE AVENTURA</p><p>TÓPICO 3 – FORMAÇÃO DE TREINADORES NOS ESPORTES DE AVENTURA</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure</p><p>um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>144</p><p>CONFIRA</p><p>A TRILHA DA</p><p>UNIDADE 3!</p><p>Acesse o</p><p>QR Code abaixo:</p><p>145</p><p>TÓPICO 1 —</p><p>TREINAMENTO DOS ESPORTES</p><p>DE AVENTURA</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os fundamentos técnicos, características</p><p>e a classificação dos diferentes tipos de escalada encontradas no montanhismo.</p><p>Inicialmente, vamos entender a história e evolução da escalada, as suas modificações</p><p>e convenções para que se tornasse um dos esportes mais fascinantes e que atrai cada</p><p>vez mais adeptos.</p><p>Vamos conhecer e diferenciar os tipos de escalada e seus principais ambien-</p><p>tes de prática, destacando também as principais regras de conquista de montanhas e</p><p>rochas, os equipamentos, técnicas específicas, os tipos e características das competi-</p><p>ções oficiais, e vamos tratar também da organização e sistematização do treinamento</p><p>para escaladores.</p><p>Em continuidade, vamos conhecer e compreender os processos de condiciona-</p><p>mento físico de diferentes esportes de aventura, entendendo suas características e pe-</p><p>culiaridades em cada modalidade e/ou ambiente de prática. Nesse ponto, para além das</p><p>capacidades físicas dos atletas, é necessário entender como as condições de prática se</p><p>estabelecem em cada ambiente, o grau de dificuldade de cada prova, o nível técnico de</p><p>cada atleta, as condições climáticas e sua influência sobre o condicionamento físico e</p><p>psicológico dos atletas.</p><p>Ainda, vamos entender como sistematizar a organização do treinamento para di-</p><p>ferentes esportes de aventura, apresentando elementos para auxiliar o treinador na or-</p><p>ganização das sessões de treinamento físico e condicionamento específico para cada</p><p>modalidade, entendendo as exigências orgânicas envolvidas com cada prática esportiva.</p><p>2 FUNDAMENTOS TÉCNICOS DOS ESPORTES</p><p>DE AVENTURA</p><p>O desafio deste tópico está em apresentar os principais elementos técnicos que</p><p>compõem o leque de modalidades esportivas de aventura, procurando, em um primeiro</p><p>momento, classificá-las e caracterizá-las pelo tipo de ambiente de prática, como,</p><p>também, trazer à tona a discussão sobre aquelas modalidades mistas que permeiam</p><p>diferentes ambientes de prática, agregando uma série de outras modalidades em sua</p><p>estrutura de organização.</p><p>146</p><p>Dessa forma, os esportes de aventura aquáticos, aéreos e terrestres serão</p><p>distribuídos de forma que fique mais fácil observar as semelhanças entre as distintas</p><p>modalidades e, dessa forma, conseguir demonstrar a estrutura de treinamento</p><p>baseando-se ora na modalidade em si, ora nos fundamentos da periodização e do</p><p>planejamento do treinamento esportivo.</p><p>Figura 1 – Representação simbólica dos ambientes de prática dos esportes de aventura</p><p>Fonte: https://www.freepik.com/free-vector/extreme-sport-activities-flat-icons-collection_3998330.</p><p>htm#query=extreme%20sports&position=4&from_view=keyword. Acesso em: 7. set. 2022.</p><p>147</p><p>2.1 ESPORTES DE AVENTURA AQUÁTICOS</p><p>Neste subtópico, vamos focar nossa atenção na organização dos conhecimentos</p><p>do treinamento dos esportes de aventura aquáticos. É importante salientar a identificação</p><p>da espécie humana com o meio aquático, desde os primórdios e, principalmente, na</p><p>idade mais tenra (SCOPEL et al., 2020). Para entender melhor essa origem, atentamos</p><p>para as seguintes considerações:</p><p>É inegável que o contato do homem com o meio aquático não data</p><p>dos dias atuais, mas desde a sua origem, já que se tornou responsável</p><p>por fornecer alimentação e condições de vida, além de permitir o</p><p>deslocamento por longas distâncias. Desde seu desenvolvimento</p><p>na barriga da mãe, a criança demonstra maior prazer nas atividades</p><p>aquáticas, o que resulta em reflexos e respostas motoras ao meio</p><p>líquido característicos em cada fase do desenvolvimento, ou seja,</p><p>as respectivas capacidades neuro motoras de movimento na água.</p><p>Um dos fatores primordiais para que o indivíduo sinta prazer de estar</p><p>na água é descobrir as sensações que ela pode lhe proporcionar</p><p>(LISBOA; POSSAMAI; JUNIOR, 2020, p. 174).</p><p>As diferentes sensações que o meio liquido proporciona ao indivíduo desde</p><p>a sua fase uterina e, notoriamente quando este mesmo sujeito tem a oportunidade</p><p>de vivenciar experiências aquáticas, permitem o desenvolvimento de novas formas</p><p>de movimento e adaptação ao meio aquoso, perfazendo novas possibilidades de</p><p>movimentos e habilidades que interferem e/ou ampliam o repertório cognitivo-motor,</p><p>em termos de força, velocidade, capacidade cardiovascular, deslocamento, controle</p><p>emocional, dentre tantas outras capacidades humanas (MARCON; BOTTURA; NOVELLI,</p><p>2019; BRITO; OLIVEIRA, 2020).</p><p>São inúmeras as modalidades de aventura aquáticas que se tem registro, algu-</p><p>mas consideradas esportes formais, outras consideradas práticas de lazer ou até mes-</p><p>mo de contemplação e/ou exploração da natureza, e, dentre as principais, podemos</p><p>mencionar: bodyboard, surf, stand-up paddle (SUP), wakeboard, kitesurf, windsurf, ca-</p><p>noagem, rafting e mergulho (LISBOA et al., 2019; LISBOA; POSSAMAI; JUNIOR, 2020). No</p><p>Quadro 1, são apresentadas as características gerais e habilidades/capacidades técni-</p><p>co-físicas essenciais que englobam boa parte das modalidades de aventura aquáticas.</p><p>148</p><p>Quadro 1 – Características gerais e habilidades técnicas</p><p>fundamentais</p><p>Modalidade Características Habilidades técnicas/físicas</p><p>Bodyboard</p><p>Velocidade, saltos e manobras na</p><p>posição decúbito ventral sobre a</p><p>prancha.</p><p>Coordenação multilateral, resistência</p><p>muscular da região do core, força de</p><p>preensão manual, girar sobre a prancha</p><p>em deslize sob a onda, equilíbrio</p><p>dinâmico e equilíbrio recuperado,</p><p>atenção seletiva e tomada de decisão.</p><p>Surf</p><p>Velocidade e agilidade, rasgadas</p><p>na onda, deslize e manutenção</p><p>do equilíbrio.</p><p>Força de membros superiores na</p><p>remada, equilíbrio dinâmico na</p><p>manutenção dos membros inferiores</p><p>sob a prancha, força e resistência de</p><p>força nos membros inferiores, leitura</p><p>tático-estratégica dos movimentos da</p><p>onda, concentração e atenção focal,</p><p>equilíbrio emocional.</p><p>Stand up</p><p>paddle (SUP)</p><p>Prática aquática considerada</p><p>híbrida entre surf e canoagem,</p><p>mesclando a combinação entre</p><p>a prancha e o remo, pode ser</p><p>praticada em rios, lagos e no</p><p>mar. Também pode ser praticada</p><p>sob pequenas, médias e longas</p><p>distâncias, dependendo do</p><p>objetivo que se quer com a</p><p>prática, e, principalmente, da</p><p>experiência e condicionamento</p><p>físico do atleta.</p><p>Equilíbrio dinâmico sob a prancha,</p><p>força nos membros superiores para os</p><p>movimentos de remada, resistência</p><p>abdominal para manter o ponto de</p><p>equilíbrio durante a remada e o deslize</p><p>sob a água, força de membros inferiores</p><p>para manter o corpo estável durante as</p><p>remadas, resistência muscular geral e</p><p>resistência cardiovascular.</p><p>Wakeboard</p><p>É uma espécie de esqui aquático,</p><p>no qual os atletas são puxados</p><p>através de um cabo preso a uma</p><p>lancha, ou pequena embarcação,</p><p>tendo como base de apoio, uma</p><p>pequena prancha que possui</p><p>botas fixadas para prender os</p><p>pés do atleta, alcançando uma</p><p>velocidade aproximada de</p><p>40 km/h, enquanto realizam</p><p>movimentos, saltos e manobras</p><p>sob a água, ou, sob obstáculos</p><p>dispostos pelo ambiente</p><p>de prática, sempre em alta</p><p>velocidade e risco.</p><p>Coordenação multilateral, equilíbrio</p><p>dinâmico e recuperado, força nos</p><p>membros superiores, estabilidade da</p><p>região do core, força e resistência de</p><p>força nos membros inferiores, força</p><p>de potência nos membros superiores</p><p>e inferiores para realizar os saltos e</p><p>manobras segurando o manete do cabo</p><p>e absorvendo os impactos no retorno à</p><p>superfície da água.</p><p>Kitesurf</p><p>Essa modalidade reúne</p><p>características do surf, windsurf</p><p>e wakeboard, além de depender</p><p>das condições climáticas</p><p>favoráveis para sua prática,</p><p>em virtude dos equipamentos</p><p>(prancha e um paraquedas</p><p>alongado que é fixado ao colete</p><p>do atleta).</p><p>Força e resistência de força nos</p><p>membros superiores e inferiores,</p><p>equilíbrio dinâmico, coordenação</p><p>multilateral, fortalecimento e resistência</p><p>abdominal, velocidade de reação,</p><p>concentração e tomada de decisão.</p><p>149</p><p>Windsurf</p><p>Modalidade que reúne a</p><p>combinação de uma prancha</p><p>que possui uma vela marítima</p><p>que o atleta precisa segurar</p><p>e controlar observando e</p><p>coordenando suas ações com</p><p>as direções e forças do vento,</p><p>permitindo realizar manobras,</p><p>saltos e acrobacias.</p><p>Força e resistência de força nos</p><p>membros superiores e inferiores,</p><p>coordenação multilateral, resistência</p><p>cardiovascular, equilíbrio dinâmico</p><p>e recuperado, boa flexibilidade e</p><p>mobilidade nos membros superiores</p><p>e inferiores, tomada de decisão e boa</p><p>capacidade de adaptação e adequação</p><p>ao meio líquido influenciado pela força</p><p>do vento sobre a vela.</p><p>Canoagem</p><p>Modalidade que pode ser</p><p>praticada em diferentes</p><p>contextos como rios, lagoas,</p><p>corredeiras e até mesmo no mar</p><p>ou em ambientes artificiais como</p><p>piscinas próprias para a prática.</p><p>Força, flexibilidade, mobilidade e</p><p>resistência muscular de membros</p><p>inferiores, principalmente nas regiões</p><p>dos isquiostibiais, glúteos e panturrilhas,</p><p>força, resistência de força, flexibilidade e</p><p>mobilidade de membros superiores para</p><p>os movimentos de remada, resistência</p><p>da região do core, resistência</p><p>cardiovascular.</p><p>Rafting</p><p>Prática que geralmente agrega</p><p>mais de duas pessoas em um</p><p>bote inflável, remando, girando e</p><p>controlando o bote em descidas</p><p>de rios, lagos, e que pode ser</p><p>praticada como lazer ou, até</p><p>mesmo, de forma competitiva.</p><p>Estabilidade de core, força de membros</p><p>inferiores que estarão presos à</p><p>superfície do bote, força e resistência</p><p>de força dos membros superiores</p><p>para os movimentos de remada e</p><p>freada, resistência cardiovascular,</p><p>capacidade de trabalho em equipe,</p><p>controle emocional e habilidades de</p><p>comunicação e reconhecimento de</p><p>sinaléticas específicas da comunicação</p><p>entre o líder e os demais integrantes.</p><p>Mergulho</p><p>Prática que tem ganhado cada</p><p>vez mais adeptos em áreas</p><p>de preservação/conservação</p><p>marítima e que também pode</p><p>ser realizada sob os aspectos</p><p>da competição, resguardando</p><p>todas as medidas de segurança</p><p>necessárias.</p><p>Controle respiratório acentuado,</p><p>capacidade de realizar movimento</p><p>de apneia respiratória, capacidade</p><p>cardiovascular, resistência muscular</p><p>generalizada, força e resistência</p><p>de força nos membros superiores</p><p>e inferiores, controle emocional,</p><p>resistência abdominal, habilidades</p><p>de natação bem desenvolvidas,</p><p>flutuabilidade e deslize, concentração e</p><p>atenção focal.</p><p>Fonte: adaptado de Abeta (2009), Brasil (2010), Bernardes (2013) e Szanto (2014)</p><p>Conforme as informações apresentadas no Quadro 1, é possível inferir que as</p><p>modalidades de aventura aquáticas possuem uma grande parcela de elementos em co-</p><p>mum, o que, sob nenhuma hipótese, anula as especificidades de cada prática, mas que,</p><p>entretanto, permitem associar fundamentos técnicos e exigências físicas muito simila-</p><p>res e/ou complementares, que, quando observamos mais atentamente, nos ajudam a</p><p>entender que é possível pensar e elaborar, tanto sessões de treinamento técnico quanto</p><p>físico, que podem ser utilizadas e reaproveitadas entre as diferentes modalidades es-</p><p>portivas (LISBOA et al., 2019; CBCA, 2020; LISBOA; POSSAMAI; JUNIOR, 2020).</p><p>150</p><p>2.2 ESPORTES DE AVENTURA AÉREOS</p><p>As modalidades de aventura aéreas possuem uma forte ligação com o processo</p><p>de industrialização e das necessidades de desenvolver novas formas de deslocamento</p><p>para que o homem pudesse explorar e descobrir novas possibilidades de expansão</p><p>comercial, como também encontrar novos locais para a migração e produção de seus</p><p>bens de consumo (BETRÁN; BETRÁN, 2006; SCHWARTZ, 2006).</p><p>As diferenças geográficas nos mais distintos locais do mundo providenciaram</p><p>novas técnicas e instrumentos de deslocamento, sobrevivência e, no final de contas,</p><p>abriram caminho para novas práticas esportivas, de lazer e de turismo, aproveitando-se</p><p>dos recursos naturais disponíveis em cada localidade (BETRÁN, 2003; MOREIRA, 2006;</p><p>MAROUN; VIEIRA, 2007).</p><p>No que tange ao contexto esportivo, as modalidades esportivas aéreas compre-</p><p>endem um leque de opções quando observadas sob as lentes da variedade de práticas</p><p>disponíveis, entretanto, principalmente pelas questões que envolvem os equipamentos</p><p>de proteção e segurança, os próprios equipamentos da modalidade específica, o grau</p><p>de periculosidade eminente e a exigência de recursos financeiros consideráveis para a</p><p>sua prática, essas atividades acabam por não atender grande parte da população, seja</p><p>de atletas e, principalmente, daquelas pessoas voltadas para o turismo e/ou lazer, que</p><p>devido aos altos custos operacionais, tem grande dificuldade de vivenciar as modalida-</p><p>des de aventura no ambiente aéreo (BRASIL, 2010; MANFIOLETE et al., 2012; BERNAR-</p><p>DES, 2013; PEREIRA, 2013; FRANCO; CAVASINI; DARIDO, 2014).</p><p>151</p><p>Figura 2 – Diferentes modalidades de aventura aéreas</p><p>Fonte: https://www.freepik.com/free-vector/skydiving-extreme-sport-elements-flat-icons-collection-</p><p>with-parachute-jump-free-fall-airplane-glider-isolated_6862954.htm#query=adventure%20sports%20</p><p>in%20the%20air&position=31&from_view=search. Acesso em: 6 set. 2022.</p><p>As modalidades esportivas aéreas contemplam uma pequena faixa da população</p><p>que consegue manter suas práticas e vivências a partir do investimento financeiro, da</p><p>formação de grupos que agregam instrutores, atletas e participantes</p><p>ou, ainda, aqueles</p><p>atletas extremos, que recebem patrocínio das principais marcas esportivas para romper</p><p>e/ou superar limites físicos, emocionais e de alto grau de dificuldade, seja em vencer o</p><p>local de prática ou, ainda, na execução de manobras, movimentações ou a combinação</p><p>entre ambas na perspectiva de criar novos recordes mundiais, mantendo o foco nas</p><p>condições de alto risco e desafio constantes (GONZÁLEZ; DARIDO; OLIVEIRA, 2014;</p><p>INÁCIO et al., 2016; TAHARA; DARIDO, 2016; SCOPEL et al., 2020; CBPQ, 2022; QUEDA</p><p>LIVRE, 2022).</p><p>152</p><p>Para que possamos avançar, vamos conceituar as modalidades de aventura</p><p>aéreas e, em seguida, iremos apresentar elementos teóricos que balizam a organização</p><p>do treinamento de tais modalidades sobre a ótica dos principais fundamentos técnicos,</p><p>físicos e psicológicos inerentes a essas práticas. Sobre o conceito e caracterização das</p><p>práticas de aventura aéreas, concordamos com as considerações do estudo de Lisboa,</p><p>Possamai e Junior (2020, p. 135):</p><p>As modalidades esportivas aéreas são aquelas em que o homem não</p><p>está em contato direto com o solo nem com a água, ou seja, está</p><p>se deslocando em locais altos, ou, ainda, utilizando equipamentos</p><p>diferenciados para exercer tal atividade, como a força do vento, a</p><p>gravidade e equipamentos aerodinâmicos. [...] é possível enquadrar</p><p>tais modalidades como californianas (no caso daquelas de voo livre),</p><p>radicais, extremos, selvagens, em liberdade, alternativos e técnico-</p><p>ecológicos, uma vez que todas as modalidades aéreas se propõem a</p><p>realizar um movimento não natural para o ser humano: voar. Portanto,</p><p>tal ação provoca sentimentos de adrenalina, insegurança e com</p><p>diferentes tipos e graus de periculosidade, mas sempre praticada</p><p>em ambientes abertos e não urbanos, o que promove uma conexão</p><p>com a natureza, constituindo, inclusive, uma maneira de promover a</p><p>preservação ambiental.</p><p>No que tange os motivos e a aderência dos atletas aos esportes de aventura</p><p>aéreos, há um consenso na literatura de que provocar sensações de risco de morte ou,</p><p>ainda, colocar-se em situações de perigo com o intuito de superar medos e desafios</p><p>pessoais, físicos, emocionais, dentre outros, está diretamente relacionado com as</p><p>características fundamentais dessas modalidades esportivas (LISBOA et al., 2019;</p><p>LISBOA; POSSAMAI; JUNIOR, 2020; SCOPEL et al., 2020). A esse respeito,</p><p>[..c] considera-se que até mesmo a prática do “esporte radical”,</p><p>pode ser compreendida como um elemento de risco que estimula o</p><p>enfrentamento do desafio provocando inquietação nos praticantes e,</p><p>ao mesmo tempo, permitindo que se sintam vivos, recompensados ao</p><p>praticar esse tipo de atividade. Ao apontar que o perigo não precisa</p><p>ser enxergado como algo negativo na situação do dia a dia, essa</p><p>dinâmica representa valores positivos, como o enfrentamento do</p><p>medo e a superação de todos os limites (CARNEIRO et al., 2017, p. 17).</p><p>Fica claro, então, que existe algo de especial na prática dos esportes de aventura</p><p>aéreos, que, ao mesmo tempo, atrai uma parcela da população para sua vivência, seja</p><p>no ambiente esportivo, seja no ambiente de lazer/turismo, pelo menos aqueles com</p><p>maior espírito aventureiro e com disposição para superar seus limites (LISBOA et al.,</p><p>2019; LISBOA; POSSAMAI; JUNIOR, 2020). Em se tratando de características gerais,</p><p>habilidades/capacidades e fundamentos técnico-físicos, o Quadro 2 apresenta uma</p><p>série de modalidades de aventura aéreas:</p><p>153</p><p>Quadro 2 – Características gerais e habilidades técnicas fundamentais</p><p>Modalidade Características Habilidades técnicas/físicas</p><p>Arvorismo</p><p>Atividade realizada perpassando</p><p>vários pontos em sequência ou,</p><p>até mesmo, retornando ao ponto</p><p>inicial, que geralmente é realizada</p><p>na natureza, através da utilização</p><p>de cabos de aço, cordas diversas,</p><p>equipamentos de montanhismo</p><p>(capacete, mosquetão, cabo de</p><p>vida, cadeirinha de escalada/</p><p>rapel, dentre outros).</p><p>Coordenação multilateral,</p><p>capacidade de deslocar-se em</p><p>equilíbrio sobre superfícies instáveis,</p><p>equilíbrio dinâmico e equilíbrio</p><p>recuperado combinando movimentos</p><p>dos membros superiores e inferiores,</p><p>foco, atenção e concentração</p><p>seletivas e tomada de decisão.</p><p>Tirolesa</p><p>Atividade realizada na qual o</p><p>sujeito percorre um percurso de</p><p>um ponto a outro, suspenso por</p><p>cabos e um sistema de polias</p><p>que imprime grande velocidade</p><p>ao deslocamento, podendo ser</p><p>realizada sob dois ou mais pontos,</p><p>no qual o sujeito é freado por um</p><p>terceiro que aciona o dispositivo</p><p>de frenagem garantindo a</p><p>segurança na chegada do</p><p>indivíduo ao ponto parcial e/ou</p><p>final da travessia.</p><p>Força de membros superiores e</p><p>inferiores, pois as posições de</p><p>travessia podem ser sentadas ou</p><p>deitadas (decúbito ventral e dorsal),</p><p>mas, recentemente, surgiu uma nova</p><p>forma de realizar a tirolesa utilizando</p><p>uma bicicleta suspensa e presa nos</p><p>cabos, exigindo força e resistência</p><p>de força nos membros inferiores,</p><p>equilíbrio dinâmico, resistência da</p><p>região do core, concentração e</p><p>atenção focal, equilíbrio emocional.</p><p>Asa delta</p><p>É uma das modalidades mais</p><p>procuradas por conta da</p><p>sensação de liberdade e pelas</p><p>fortes sensações de adrenalina</p><p>inerentes à sua prática. Os</p><p>equipamentos são rígidos,</p><p>compondo uma espécie de</p><p>asa triangular, acoplando</p><p>tubos de alumínio e tecidos</p><p>leves e flexíveis, mas muito</p><p>resistentes, que, ao sofrer a força</p><p>aerodinâmica do ar, mantém o</p><p>equipamento planando e em</p><p>equilíbrio durante a fase de voo.</p><p>Força nos membros inferiores</p><p>para os movimentos de corrida e</p><p>aceleração na fase de propulsão</p><p>do voo, resistência abdominal para</p><p>manter o ponto de equilíbrio durante</p><p>o voo, força de membros superiores</p><p>para sustentar e manobrar a asa</p><p>delta durante o voo, resistência</p><p>muscular geral, controle emocional e</p><p>controle da vertigem da altura.</p><p>Paraquedismo</p><p>É uma das práticas de aventura</p><p>aéreas mais antigas, tendo seus</p><p>primeiros registros históricos em</p><p>meados do século XVIII, além de</p><p>ganhar cada vez mais atletas e</p><p>praticantes, é muito utilizada em</p><p>forças especiais e no trabalho</p><p>militar ou de resgate.</p><p>Coordenação multilateral, equilíbrio</p><p>dinâmico e recuperado, força nos</p><p>membros superiores, estabilidade da</p><p>região do core, força e resistência de</p><p>força nos membros inferiores, força</p><p>de potência nos membros superiores</p><p>e inferiores para realizar as manobras</p><p>durante o voo e, principalmente na</p><p>fase de aterrissagem, absorvendo os</p><p>impactos no retorno à superfície de</p><p>pouso.</p><p>154</p><p>Parapente</p><p>Esta modalidade surgiu como</p><p>suplementar ao treinamento dos</p><p>paraquedistas, seu equipamento</p><p>é um pouco diferente do</p><p>paraquedas normal. É realizado</p><p>saltando-se um local alto (assim</p><p>como na asa delta), permitindo ao</p><p>piloto controlar a rota de descida,</p><p>mas, pelas características do</p><p>equipamento, perde velocidade</p><p>de forma gradual, e, possui uma</p><p>fase de voo menos intensa do que</p><p>no paraquedismo.</p><p>Força e resistência de força nos</p><p>membros superiores e inferiores,</p><p>equilíbrio dinâmico, coordenação</p><p>multilateral, fortalecimento e</p><p>resistência abdominal, velocidade</p><p>de reação, concentração e tomada</p><p>de decisão, controle emocional e</p><p>bom raciocínio sobre momentos de</p><p>pressão psicológica.</p><p>Balonismo</p><p>Modalidade que iniciou como</p><p>um meio de transporte para</p><p>percorrer distâncias pelo meio</p><p>aéreo. O Brasil é uma referência</p><p>no assunto, a partir do feito de</p><p>Santos Dumont ao final do século</p><p>XIX, influenciando as inovações</p><p>e as perspectivas da produção</p><p>de novos modelos que vão</p><p>além de um meio de transporte,</p><p>permitindo, assim, que a prática</p><p>evoluísse para um modelo mais</p><p>aerodinâmico e esportivo.</p><p>Força e resistência de força nos</p><p>membros superiores e inferiores</p><p>para manobrar o balão, coordenação</p><p>multilateral, resistência muscular</p><p>geral, equilíbrio dinâmico e</p><p>recuperado, boa leitura das correntes</p><p>de vento, controle emocional, foco,</p><p>atenção e concentração seletivas,</p><p>boa percepção ambiental e tomada</p><p>de decisão.</p><p>Fonte: adaptado de Lisboa et al. (2019); Lisboa, Possamai e Junior (2020); Scopel et al. (2020);</p><p>CBPq (2022);</p><p>Queda Livre (2022).</p><p>A partir das informações fornecidas no Quadro 2, é possível observar que, assim</p><p>como nas modalidades de aventura aquáticas, os esportes aéreos de aventura também</p><p>possuem uma gama de elementos e fundamentos que se aproximam diretamente, seja</p><p>nos aspectos técnicos, seja nos aspectos físicos e psicológicos (FRANCO; CAVASINI;</p><p>DARIDO, 2014; PIRES SILVA; PAIXÃO, 2017; BRASIL; RAMOS; NASCIMENTO, 2019).</p><p>Ao observar quais são os benefícios e as motivações que levam diferentes</p><p>pessoas a procurar competir, ou apenas, vivenciar as práticas de aventura aéreas, nos</p><p>deparamos com uma série de elementos importantes, que nos auxiliam a compreender</p><p>o sentimento de paixão, liberdade e de superação intrínseco nessas práticas (PAIXÃO,</p><p>2015; BETRÁN; BETRÁN, 2016; DOS REIS et al., 2017). Buscando apoio na literatura,</p><p>concordamos com as seguintes considerações,</p><p>...as práticas corporais de aventura, quando em contato com a</p><p>natureza, promovem uma troca de ambiente que pode ser benéfico,</p><p>já que as pessoas podem ignorar seu conforto e segurança,</p><p>levando seu corpo ao limite, esforçando-se para alcançar objetivos,</p><p>jogando constantemente com a imprevisibilidades — assim, leva os</p><p>praticantes, a todo momento, a tomarem decisões para enfrentar os</p><p>riscos, superando-os, além de criar condições para a superação e</p><p>o enfrentamento do medo não apenas no esporte, mas também na</p><p>vida cotidiana, questionando atitudes protecionistas e tradicionais</p><p>155</p><p>fora do ambiente da prática esportiva. Diferentemente de outras</p><p>práticas esportivas, a competição — ainda que envolva fatores</p><p>competitivos como campeonatos e classificações — é inter-sujeito, ou</p><p>seja “a vitória ou derrota está intrinsecamente ligada ao indivíduo que</p><p>desafia suas habilidades e se coloca em confronto consigo mesmo”,</p><p>sendo mais importante a vivência do indivíduo naquele momento,</p><p>capaz de se auto(re)conhecer e extrair as aprendizagens (motoras,</p><p>sociais ou psicológicas) do momento vivido, como o sentimento de</p><p>responsabilidade consigo, com os outros e até mesmo com a natureza</p><p>que o cerca, o local de convívio com os demais e que promove</p><p>satisfação e prazer. (LISBOA; POSSAMAI; JUNIOR, 2020, p. 146).</p><p>Portanto, podemos argumentar que a prática dos esportes de aventura aéreos</p><p>desperta nos atletas e/ou praticantes muito mais do que simplesmente o espírito</p><p>competitivo, estamos falando de algo intrínseco no âmago do ser humano, que está</p><p>alinhado com o espírito aventureiro, com a necessidade de se colocar à prova e vencer</p><p>e/ou superar os desafios, sejam eles de cunho físico, mental, psicológico ou até mesmo</p><p>social (ALMEIDA; MICALISKI; SILVA, 2019; LISBOA et al., 2019; LISBOA; POSSAMAI;</p><p>JUNIOR, 2020).</p><p>2.3 ESPORTES DE AVENTURA TERRESTRES E MISTOS</p><p>Neste subtópico, são apresentados os fundamentos técnicos e a organização</p><p>do treinamento para os esportes de aventura terrestres e mistos, com a finalidade de</p><p>sistematizar uma forma de organização desses conhecimentos, bem como orientar os</p><p>profissionais de Educação Física para o processo de ensino-aprendizagem-treinamento</p><p>dessas modalidades esportivas (LISBOA et al., 2019; ANDRIES JÚNIOR; PIGNATA, 2020;</p><p>CARVALHO, 2020; LISBOA; POSSAMAI; JUNIOR, 2020).</p><p>É notável o quanto os esportes de aventura terrestres são predominantes no</p><p>cotidiano, tanto de atletas quanto de praticantes de atividades de lazer/turismo, em</p><p>virtude, principalmente, do fácil acesso a essas práticas e, ainda, pelo fato de que</p><p>em modalidades como a corrida de orientação, o trekking, o hiking, a necessidade de</p><p>equipamentos de segurança, ou até mesmo acessórios e/ou equipamentos técnicos,</p><p>é muito menor ou quase inexistente quando comparada com os esportes de aventura</p><p>aéreos e aquáticos (BETRÁN; BETRÁN, 2006; SCHWARTZ, 2006).</p><p>Segundo Lisboa, Possamai e Junior (2020, p. 152) “as modalidades esportivas</p><p>de aventura terrestre são aquelas em que o praticante está em contato com o solo,</p><p>podendo ser montanhas, pedras, florestas ou trilhas. Nessas modalidades, as pernas</p><p>são as principais formas de transporte.” Baseados nesse conceito, podemos inferir que</p><p>os esportes de aventura terrestres, assim como os aéreos e aquáticos, são modalidades</p><p>que possuem a maior semelhança entre os seus principais fundamentos técnicos e</p><p>exigências físicas, resguardadas as especificidades e peculiaridades eminentes entre</p><p>alguns esportes que utilizam equipamentos sobre rodas, como é o caso da mountain</p><p>bike, dos trilheiros de mototurismo e dos jipeiros, dentre outros (PEREIRA, 2013; FRANCO;</p><p>CAVASINI; DARIDO, 2014; ALMEIDA; MICALISKI; SILVA, 2019).</p><p>156</p><p>Em se tratando de diversidade nas opções de práticas esportivas de aventura</p><p>terrestres, novamente nos deparamos com uma gama de possibilidades, dentre as</p><p>quais podemos mencionar: mountain bike, trekking, trail running, corrida de aventura,</p><p>orientação, escalada, rapel, montanhismo, skate, sandboard e snowboard (LISBOA;</p><p>POSSAMAI; JUNIOR, 2020; PEREIRA; ARMBRUST, 2021).</p><p>Para facilitar a compreensão, elaboramos o Quadro 3, que traz consigo as</p><p>principais características e fundamentos técnicos dessas modalidades esportivas.</p><p>Quadro 3 – Características gerais e habilidades técnicas fundamentais</p><p>Modalidade Características Habilidades técnicas/físicas</p><p>Moutain bike</p><p>A prática do mountain bike ou,</p><p>como também é conhecido,</p><p>“ciclismo de montanha”, é</p><p>uma modalidade de aventura</p><p>terrestre praticada em espaços</p><p>naturais, principalmente</p><p>em trajetos na natureza</p><p>conhecidos como trilhas, e que</p><p>envolve habilidades técnicas e</p><p>físicas bastante peculiares.</p><p>Coordenação multilateral,</p><p>capacidade de deslocar-se</p><p>pilotando a bike em equilíbrio sobre</p><p>terrenos irregulares, íngremes e</p><p>escorregadios, equilíbrio dinâmico e</p><p>equilíbrio recuperado combinando</p><p>movimentos dos membros</p><p>superiores e inferiores, resistência</p><p>muscular geral, resistência aeróbica,</p><p>capacidade de foco, atenção e</p><p>concentração seletivas e tomada de</p><p>decisão durante o percurso.</p><p>Trekking</p><p>Essa atividade envolve realizar</p><p>travessias a pé, podendo ser</p><p>de curta, média ou longas</p><p>distâncias, na qual o sujeito</p><p>desbrava terrenos irregulares</p><p>como trilhas, vales, morros,</p><p>montanhas, podendo ser</p><p>praticada como atividade</p><p>contemplativa na natureza ou,</p><p>também, pelo viés competitivo</p><p>do esporte de rendimento.</p><p>Resistência muscular geral,</p><p>resistência aeróbica, força de</p><p>membros superiores e inferiores,</p><p>equilíbrio dinâmico, resistência da</p><p>região do core, concentração e</p><p>atenção focal, equilíbrio emocional,</p><p>foco, concentração, percepção</p><p>ambiental e tomada de decisão.</p><p>Trail running</p><p>Essa prática também é</p><p>conhecida como corrida de</p><p>trilha, semelhante ao trekking</p><p>e a corrida de aventura. Os</p><p>sujeitos perpassam trajetos</p><p>na natureza no menor tempo</p><p>possível, atravessando matas</p><p>fechadas, e, em alguns casos,</p><p>até superando montanhas e</p><p>morros durante o percurso.</p><p>Resistência aeróbica, resistência</p><p>muscular geral, força de membros</p><p>inferiores, resistência à fadiga,</p><p>boa orientação espacial, equilíbrio</p><p>dinâmico para enfrentar os</p><p>desníveis do percurso, resiliência e</p><p>controle emocional.</p><p>157</p><p>Corrida de</p><p>Aventura</p><p>É uma das práticas de aventura</p><p>terrestre mais desgastantes</p><p>física e emocionalmente,</p><p>pois, além de ser praticada</p><p>em terrenos mais hostis,</p><p>também possui como principal</p><p>característica a travessia</p><p>de longas distâncias sob</p><p>condições climáticas que</p><p>oscilam durante a prova,</p><p>principalmente por locais</p><p>obrigatórios de passagem nos</p><p>quais a temperatura ambiente e</p><p>a umidade são muito distintas.</p><p>Resistência aeróbica, força de</p><p>membros inferiores, resistência</p><p>muscular geral, capacidade de</p><p>adaptação ao clima, resiliência e</p><p>controle emocional, resistência</p><p>à fadiga, capacidade de correr</p><p>e equilibrar-se sobre terrenos</p><p>irregulares, escorregadios, íngremes</p><p>e de difícil acesso, boa orientação</p><p>espacial, foco, concentração, leitura</p><p>ambiental e tomada de decisão.</p><p>Orientação</p><p>Essa modalidade também</p><p>é conhecida como Corrida</p><p>de Orientação ou Esporte</p><p>de Orientação, exige que os</p><p>competidores</p><p>perpassem</p><p>por pontos específicos no</p><p>trajeto, recolhendo as senhas</p><p>sequenciais e específicas</p><p>colocadas nos prismas de</p><p>demarcação de todo o percurso</p><p>da prova.</p><p>Força e resistência de força nos</p><p>membros inferiores, resistência</p><p>aeróbica, equilíbrio dinâmico,</p><p>coordenação multilateral, resistência</p><p>abdominal, boa capacidade de leitura</p><p>e interpretação de mapas, avaliação</p><p>da rota menos perigosa, uso e</p><p>leitura de bússola, rápida tomada</p><p>de decisão, saber a distância que já</p><p>foi percorrida e o quanto falta até o</p><p>próximo ponto.</p><p>Escalada</p><p>Modalidade esportiva que</p><p>possui muitas facetas,</p><p>podendo ser praticada na</p><p>rocha, indoor, outdoor, em</p><p>muros e paredes artificiais, em</p><p>ambientes naturais como as</p><p>proximidades de cachoeiras,</p><p>cânions e até mesmo em</p><p>ambientes urbanos. Em 2020,</p><p>estreou como esporte olímpico</p><p>em Tóquio/Japão.</p><p>Força e resistência de força nos</p><p>membros superiores e inferiores para</p><p>coordenar os movimentos, força e</p><p>resistência abdominal, resistência</p><p>à fadiga, controle emocional e</p><p>resiliência, boa capacidade de</p><p>leitura da via, agilidade e velocidade,</p><p>flexibilidade e boa mobilidade geral.</p><p>Rapel</p><p>Essa é uma atividade e/ou</p><p>técnica vertical que utiliza</p><p>técnicas de outros esportes</p><p>como o montanhismo e</p><p>o alpinismo, utilizando</p><p>equipamentos de proteção</p><p>e segurança como cordas,</p><p>capacetes, luvas e sistemas</p><p>de freios que permitem descer</p><p>paredes de pedra, vãos livres</p><p>ou, até mesmo, edificações.</p><p>Equilíbrio dinâmico, coordenação</p><p>multilateral, força de membros</p><p>superiores e inferiores, flexibilidade</p><p>e mobilidade, resistência abdominal,</p><p>capacidade de orientação espacial,</p><p>leitura do terreno e tomada de</p><p>decisão consciente, foco, atenção</p><p>e concentração, capacidade de</p><p>manusear equipamentos durante</p><p>os movimentos de descida, calma,</p><p>tranquilidade e controle emocional.</p><p>158</p><p>Montanhismo</p><p>O montanhismo é uma</p><p>prática milenar, que possui</p><p>raízes históricas primordiais</p><p>da evolução do homem</p><p>e suas necessidades de</p><p>sobrevivência. Possui como</p><p>principal característica a</p><p>atividade de escalar ou</p><p>ascender montanhas com o</p><p>objetivo de atingir o seu cume.</p><p>Força de membros superiores e</p><p>inferiores, resistência aeróbica e</p><p>anaeróbica, resistência à fadiga,</p><p>resistência abdominal, flexibilidade</p><p>e mobilidade, boa orientação</p><p>e percepção ambiental, foco,</p><p>concentração, atenção e tomada de</p><p>decisão seletivas.</p><p>Sandboard</p><p>Essa modalidade é</p><p>originalmente brasileira, criada</p><p>ao final da década de 1990, e</p><p>basicamente se resume em</p><p>descer em velocidade as dunas</p><p>de areia sobre uma espécie</p><p>de prancha fixada aos pés do</p><p>atleta com botas e presilhas.</p><p>Coordenação multilateral, força de</p><p>membros inferiores, resistência</p><p>aeróbica e anaeróbica, resistência</p><p>abdominal, velocidade e agilidade</p><p>nas manobras, equilíbrio dinâmico</p><p>e recuperado, boa capacidade de</p><p>leitura e orientação espacial, foco,</p><p>atenção e tomada de decisão.</p><p>Snowboard</p><p>Essa modalidade possui uma</p><p>característica peculiar, pois é</p><p>praticada na neve, ou seja, o</p><p>snowboard consiste em descer</p><p>montanhas de neve sobre uma</p><p>prancha presa aos pés, assim</p><p>como no sandboard.</p><p>Coordenação multilateral, força de</p><p>membros inferiores, resistência</p><p>aeróbica e anaeróbica, resistência</p><p>abdominal, velocidade e agilidade</p><p>nas manobras, equilíbrio dinâmico</p><p>e recuperado, boa capacidade de</p><p>leitura e orientação espacial, foco,</p><p>atenção e tomada de decisão.</p><p>Fonte: adaptado de Betrán e Betrán (2003); Schwartz (2006); Pereira (2007; 2013).</p><p>Dadas as considerações proferidas no Quadro 3, podemos inferir que há uma</p><p>possibilidade emergente da oferta e organização das práticas de aventura terrestre</p><p>de forma prática e didática, visto que as semelhanças nos fundamentos técnicos e</p><p>exigências físicas, motoras, psicológicas e emocionais se aproximam diretamente</p><p>(FRANCO; CAVASINI; DARIDO, 2014; GONZÁLEZ; DARIDO; OLIVEIRA, 2014; TOMIO et al.,</p><p>2016; DA PAIXÃO, 2017).</p><p>Cabe-nos salientar, ainda, que algumas modalidades mistas também foram</p><p>apresentadas no Quadro 3, como é o caso da corrida de aventura e do montanhismo,</p><p>que envolvem, geralmente, mais de um ambiente de prática e, principalmente, mais de</p><p>uma característica em relação às exigências motoras e físicas dos participantes, em de-</p><p>corrência da troca de ambientes (terrestre, aquático, por exemplo) ou, ainda, do tipo de</p><p>equipamentos que devem ser manuseados pelo atleta nos distintos ambientes durante</p><p>o percurso (BRAVO et al., 2018; LISBOA et al., 2019; LISBOA; POSSAMAI; JUNIOR, 2020).</p><p>Ainda, podemos mencionar outras modalidades consideradas mistas, como, por</p><p>exemplo, aquelas que utilizam o sufixo “atlo", ou "athlon” (duatlo, triatlo, pentatlo, hep-</p><p>tatlo, decatlo), as corridas de aventura de longas distâncias, conhecidas como adventu-</p><p>re races, que podem ser percorridas a pé, com motocicletas ou até mesmo com o uso de</p><p>veículos de quatro rodas (DAMAS, 2020; LISBOA; POSSAMAI; JUNIOR, 2020; SCOPEL et</p><p>159</p><p>al., 2020). As características dessas modalidades remontam àquelas apresentadas nos</p><p>esportes de aventura aquáticos, aéreos e terrestres, não havendo necessidade de no-</p><p>vas classificações e/ou aprofundamentos teóricos (BETRÁN, 2003; SCHWARTZ, 2006;</p><p>PEREIRA; ARMBRUST; RICARDO, 2008; BERNARDES, 2013; PEREIRA, 2013).</p><p>3 CONDICIONAMENTO FÍSICO NOS ESPORTES</p><p>DE AVENTURA</p><p>Neste tópico em especial, são apresentados fundamentos teórico-práticos</p><p>que visam estabelecer uma ideia geral na forma de organização dos conhecimentos</p><p>da ciência do treinamento esportivo aplicados às diferentes modalidades esportivas de</p><p>aventura, em seus diferentes contextos de prática, ou seja, nos ambientes aquático,</p><p>aéreo, terrestre e misto.</p><p>Dessa forma, nos esmeramos em trazer exemplos construídos a partir da revi-</p><p>são da literatura, como, também, balizados pela experiência profissional e a utilização de</p><p>recursos que permitam a visualização das diferentes etapas e períodos da periodização.</p><p>Ainda, traçamos exemplos de organização das sessões de treinamento que combinam</p><p>o condicionamento físico com as características e fundamentos técnicos das modali-</p><p>dades envolvidas.</p><p>Também traçamos exemplos de métodos de treinamento resistido, que podem</p><p>ser utilizados no trabalho de organização do condicionamento físico e podem ser</p><p>complementares durante as diferentes fases, mesociclos e microciclos da periodização,</p><p>para que seja possível identificar os elementos fundamentais das modalidades esportivas,</p><p>traçando uma linha de raciocínio que permita aprimorar os processos técnico-físicos</p><p>visando à melhora da performance.</p><p>3.1 CONDICIONAMENTO FÍSICO/TÉCNICO PARA OS</p><p>ESPORTES DE AVENTURA AQUÁTICOS</p><p>Neste subtópico, iniciamos com a apresentação da sistematização de um</p><p>exemplo de periodização para os esportes de aventura aquáticos, na qual é representada</p><p>uma parte do macrociclo, no qual estão mencionados os mesociclos e microciclos</p><p>correspondentes a cada fase e período. A partir dessa exemplificação, elaboramos um</p><p>sistema de intervenção sob os aspectos do condicionamento físico, escolhendo alguns</p><p>microciclos para exemplificar as ações do treinador e do preparador físico, bem como,</p><p>ao final, é apresentado um planejamento de trabalho que dispõe em cada dia da semana</p><p>o tipo de trabalho que será realizado.</p><p>160</p><p>A Figura 3, que é apresentada a seguir, traz uma ideia simples de organização</p><p>do planejamento dos mesociclos e microciclos de treinamento, considerando o segundo</p><p>semestre do ano, no qual o período competitivo se encontra entre o décimo e o décimo</p><p>primeiro mês do ano, permitindo, assim, sistematizar um macrociclo de 120 dias de</p><p>forma prática e objetiva.</p><p>Figura 3 – Exemplo de periodização para esportes de aventura aquáticos para 120 dias</p><p>Duração 1ºMês 2ºMês 3ºMês 4ºMês</p><p>Fase de</p><p>Treinamento</p><p>Fase Básica Fase Básica Fase Específica Fase Específica</p><p>Período</p><p>Preparatório</p><p>Geral</p><p>Preparatório</p><p>Específico</p><p>Pré-competitivo Competitivo</p><p>Meses julho/agosto</p><p>agosto/</p><p>setembro</p><p>setembro/</p><p>outubro</p><p>outubro/</p><p>novembro</p><p>Mesociclo Básico Específico Pré-competitivo Competitivo</p><p>Condicionantes</p><p>Condiciona-</p><p>mento</p><p>físico/técnico</p><p>geral</p><p>Condiciona-</p><p>mento</p><p>físico/técnico</p><p>específico</p><p>Intensidade e</p><p>refinamento</p><p>técnico</p><p>Controle e ma-</p><p>nutenção da</p><p>performance</p><p>Microciclo I O CH R O CH CH R CH PR CP CP CH R CP R</p><p>Legenda dos Microciclos: I = Incorporação O = Ordinário CH = Choque R= Recuperação</p><p>PR = Pré-Competitivo CP = Competitivo.</p><p>Fonte: o autor</p><p>A partir do entendimento das similaridades entre as modalidades de aventura</p><p>no meio aquático, também podemos definir aspectos e benefícios em comum entre as</p><p>distintas modalidades, o que também contribui para que o profissional de Educação</p><p>Física possa incentivar e motivar seus atletas durante as sessões de treinamento e,</p><p>principalmente, durante os períodos competitivos (FRANCO; CAVASINI; DARIDO, 2014;</p><p>SZANTO, 2014; MARCON; BOTTURA; NOVELLI, 2019). Sobre os benefícios de praticar</p><p>esportes de aventura no meio aquático, concordamos com a literatura, primeiramente,</p><p>sobre as três categorias primordiais (aspecto físico, psicológico e social), e, também,</p><p>sobre o recrutamento de grupos musculares semelhantes entre diferentes modalidades</p><p>(LISBOA; POSSAMAI; JUNIOR, 2020; SCOPEL et al., 2020; LOPES et al., 2021). A esse</p><p>respeito, concordamos com as seguintes considerações:</p><p>Aspecto físico: podemos citar a possibilidade de realizar atividades</p><p>físicas que promovam com pouco impacto nas articulações, estimu-</p><p>lando a musculatura e a manutenção do tônus muscular e efeitos</p><p>positivamente significativos no sistema cardiorrespiratório. Aspecto</p><p>psicológico: refere-se às questões de saúde mental, autoestima e</p><p>diminuição do estresse. Aspecto social: como muitas modalidades</p><p>esportivas aquáticas necessitam de trabalho em equipe, elas favo-</p><p>recem as relações interpessoais, aumentando ou estreitando os cír-</p><p>culos de amizade com pessoas com interesses e práticas de lazer</p><p>161</p><p>em comum. É possível ainda afirmar que as modalidades esportivas</p><p>aquáticas recrutam grandes grupos musculares, tanto em isometria</p><p>quanto em contrações concêntricas e excêntricas para garantir pos-</p><p>turas adequadas, equilíbrio e os movimentos necessários durante as</p><p>práticas. O SUP, o surf, wakeboard e o windsurf, por exemplo, favore-</p><p>cem o equilíbrio e fortificam os membros superiores, principalmente</p><p>no caso do SUP, e também da canoagem, que exigem os músculos</p><p>da região dos ombros fortes para a remada correta (LISBOA; POSSA-</p><p>MAI; JUNIOR, 2020, p. 192).</p><p>Levando em consideração a aproximação entre as habilidades técnicas e exigên-</p><p>cias físicas dos esportes de aventura aquáticos, e, ainda, balizados pela organização dos</p><p>microciclos de treinamento propostos na Figura 3, vamos exemplificar como o trabalho de</p><p>condicionamento físico adequado pode contribuir diretamente para a melhora da perfor-</p><p>mance dos movimentos técnicos e exigências motoras específicas de tais modalidades</p><p>(BERNARDES, 2013; FRANCO; CAVASINI; DARIDO, 2014; SZANTO, 2014). Primeiramente,</p><p>apresentamos os fundamentos teóricos de um método de treinamento resistido, e, na</p><p>sequência, ilustramos um exemplo de organização dos exercícios com sobrecarga orien-</p><p>tados por esse mesmo método, e, voltados para o mesociclo básico da periodização.</p><p>Método Excêntrico ou da Repetição Negativa</p><p>Esse método foi amplamente difundido na década de 1970 (MATVEEV, 1997;</p><p>ZAKHAROV, 2003). O método excêntrico ou da repetição negativa é um método</p><p>para treinar a contração excêntrica do músculo (GRECO, 2006). A fase excêntrica</p><p>de um exercício (ou fase negativa) é aquela em que ocorre o ganho de tensão com</p><p>o alongamento do músculo, ou seja, é a fase em que fazemos força para "segurar" o</p><p>peso (PALMEIRA; CAMPOS, 2005). Já a fase concêntrica (ou positiva) de um exercício</p><p>é aquela em que o músculo está contraído e se observa o encurtamento muscular,</p><p>fase em que ele está tenso (GOMES, 2009). O normal é levar de três a cinco segundos</p><p>na fase negativa (DOMINGUES FILHO et al., 2015; GUEDES et al., 2018). Com o objetivo</p><p>de intensificar o treinamento por meio das contrações excêntricas (negativas), a forma</p><p>do método que utilizaremos no primeiro mesociclo é a mais simples, que realiza a</p><p>contração excêntrica de forma mais lenta que o normal (MARCON; BOTTURA; NOVELLI,</p><p>2019; BRITO; OLIVEIRA, 2020). Portanto, com vistas a otimizar os resultados no ganho de</p><p>massa muscular, utilizaremos, nesse exemplo, o tempo de execução da fase excêntrica</p><p>entre dez e quinze segundos (BRITO; OLIVEIRA, 2020). Devido ao aumento da dificuldade</p><p>do exercício, o número de repetições e/ou o peso devem diminuir em relação ao que é</p><p>feito na velocidade normal (MATVEEV, 1997; ZAKHAROV, 2003; GRECO, 2006).</p><p>A seguir, apresentamos uma divisão dos treinamentos resistidos em sala de</p><p>musculação no formato A-B-C, considerando modalidades de aventura aquáticas que</p><p>utilizam as posições em pé, sentada, apoiada sobre um ou ambos os joelhos e deitada</p><p>sobre a superfície de apoio, na qual o fortalecimento dos membros inferiores é bastante</p><p>requisitado, porém, mantém-se o foco em todos os segmentos e grupos musculares</p><p>do atleta. Os treinos A-B-C levaram em consideração o primeiro mesociclo (Básico),</p><p>apresentado na Figura 4.</p><p>162</p><p>Figura 4 – Treinamento A-B-C</p><p>Treino: A</p><p>Aquecimento: 10 minutos de corrida leve na esteira/ polichinelo no jump/ corrida no elíptico</p><p>Ordem Foco Exercício</p><p>Séries</p><p>(X)</p><p>Repetições</p><p>Carga</p><p>(%)</p><p>Interv. (Seg.)</p><p>Vel. do</p><p>Mov.</p><p>1</p><p>Pernas</p><p>Agachamento</p><p>Livre</p><p>2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>2 Hack 2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>3</p><p>Leg Press</p><p>90°</p><p>2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>4 Leg Press 45° 2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>5 Adutora 2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>6 Abdominal</p><p>Infra - na</p><p>Bola</p><p>3 12 -------- 60 a 120 Moderada</p><p>Treino: B</p><p>Aquecimento: 10 minutos pular corda individual/ polichinelo frontal e lateral/ subir e descer degrau</p><p>Ordem Foco Exercício</p><p>Séries</p><p>(X)</p><p>Repetições Carga (%) Intervalo</p><p>Vel. do</p><p>Mov.</p><p>1 Peito Supino Reto 2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>2 Bíceps</p><p>Rosca -</p><p>Alternada</p><p>2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>3 Costas</p><p>Voador</p><p>"Inverso"</p><p>2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>4 Tríceps Polia Alta 2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>5 Pernas</p><p>Panturrilha</p><p>em Pé</p><p>2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>6 Abdominal Prancha 3 100 -------- 60 a 120 Moderada</p><p>Treino: C</p><p>Aquecimento: 10 minutos de corda naval/ burpees no banco + saltos barreiras/ sled de velocidade</p><p>Ordem Foco Exercício</p><p>Séries</p><p>(X)</p><p>Repetições Carga (%) Intervalo</p><p>Vel. do</p><p>Mov.</p><p>1</p><p>Pernas</p><p>Flexora 2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>2 Stiff 2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>3 Afundo 2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>4 Leg Matrix 2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>5 Abdutora 2 a 3 15 a 20 60 a 70 60 a 120 Moderada</p><p>6 Costas</p><p>Lombar - na</p><p>Bola suíça</p><p>3 12 -------- 60 a 120 Moderada</p><p>Fonte: o autor</p><p>163</p><p>É importante salientar que os treinamentos na sala de musculação, box de</p><p>treinamento funcional ou crossfit são essenciais e complementares aos treinamentos</p><p>técnicos dos fundamentos de cada modalidade aquática de aventura (GRECO, 2006;</p><p>GOMES, 2010). Ou seja, não é possível manter apenas o condicionamento físico isolado</p><p>e/ou separado das habilidades e exigências técnicas gerais e específicas de cada</p><p>modalidade (ACMS, 2009; GOMES, 2009). Para que esse entendimento fique mais claro,</p><p>elaboramos a Tabela 1, que demonstra o planejamento dos três primeiros microciclos, de</p><p>cada dia da semana, dentro do mesociclo básico.</p><p>Tabela 1 – Organização dos microciclos de treinamento aos esportes de aventura aquáticos</p><p>SEMANA 1</p><p>Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo</p><p>Aq..: 10 min</p><p>Princ..: TREINO</p><p>A musculação</p><p>Esf..: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq..: Mobilida-</p><p>de Geral</p><p>Princ..: Nat.</p><p>5x200 m/</p><p>Rem. 6x 400 m</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.:</p><p>TREINO B</p><p>musculação</p><p>Esf.:</p><p>Alongamen-</p><p>to final</p><p>Aq.: Mobilida-</p><p>de geral</p><p>Princ.: Nat.</p><p>5x200 m/</p><p>Rem. 6x</p><p>400 m</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.:</p><p>TREINO C</p><p>musculação</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.:</p><p>Treino</p><p>específico</p><p>da prova/</p><p>modali-</p><p>dade</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>FOLGA</p><p>SEMANA 2</p><p>Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo</p><p>Aq.: Mobilidade</p><p>Geral</p><p>Princ.: Nat.</p><p>5x200 m/ Rem.</p><p>6x 400 m</p><p>Esf.: 5 min. leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: For-</p><p>talecimento</p><p>muscular de</p><p>ombros e cin-</p><p>tura escapular</p><p>com elásticos</p><p>e teraband.</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.:</p><p>TREINO A</p><p>musculação</p><p>Esf.:</p><p>Alongamen-</p><p>to final</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: corre-</p><p>ções técnicas</p><p>das fases</p><p>da prova:</p><p>largada,</p><p>manutenção</p><p>e chegada</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.:</p><p>TREINO B</p><p>musculação</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.:</p><p>Treino</p><p>específico</p><p>da prova/</p><p>modali-</p><p>dade</p><p>FOLGA</p><p>SEMANA 3</p><p>Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: TREINO</p><p>C musculação</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Treino</p><p>específico da</p><p>prova/</p><p>modalidade</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: For-</p><p>talecimento</p><p>muscular de</p><p>ombros e</p><p>cintura es-</p><p>capular com</p><p>elásticos e</p><p>teraband.</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Treino</p><p>específico da</p><p>prova/</p><p>modalidade</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.:</p><p>Treino re-</p><p>generativo</p><p>na piscina/</p><p>soltura e</p><p>repouso</p><p>ativo</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.:</p><p>Treino</p><p>específico</p><p>da prova/</p><p>modali-</p><p>dade</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>FOLGA</p><p>Fonte: o autor</p><p>Legenda: Aq. = Aquecimento/ Princ. = Parte Principal/ Esf.: esfriamento ou volta à calma</p><p>164</p><p>Para finalizar esta primeira categoria dos esportes de aventura, reiteramos a</p><p>necessidade de o profissional de Educação Física conhecer e dialogar diretamente com</p><p>os diferentes métodos de treinamento dos esportes de aventura aquáticos, bem como</p><p>de condicionamento físico geral e específico de cada modalidade, uma vez que existem</p><p>elementos proximais entre as diferentes práticas. Entretanto, também é necessário</p><p>dedicar muita atenção e foco aos treinamentos específicos das técnicas e exigências</p><p>técnico-físicas de cada modalidade, construindo um modelo de treinamento que</p><p>simultaneamente prepare o atleta para a competição, considerando a sua individualidade</p><p>biológica, suas principais características e potencialidades e levando em consideração</p><p>a própria tarefa/prática/modalidade pela qual o atleta será submetido e exigido durante</p><p>os treinamentos e competições oficiais (MATVEEV, 1997; ZAKHAROV, 2003; GRECO,</p><p>2006; GOMES, 2009, 2010).</p><p>3.2 CONDICIONAMENTO FÍSICO/TÉCNICO PARA OS</p><p>ESPORTES DE AVENTURA AÉREOS</p><p>Neste subtópico, serão apresentados os fundamentos teórico-práticos</p><p>que ajudam o profissional de Educação Física a compreender um pouco melhor a</p><p>estruturação da periodização e da organização do plano de trabalho no que diz respeito</p><p>ao treinamento técnico-físico dos esportes de aventura aéreos. É apresentada uma</p><p>parte do macrociclo, com os mesociclos e microciclos correspondentes, sobre os quais</p><p>é elaborada uma sistematização de intervenção agrupando os conhecimentos dos</p><p>treinos técnicos com o condicionamento físico.</p><p>Quando observamos as questões fisiológicas e metabólicas inerentes às</p><p>práticas de aventura aéreas, conseguimos inferir que, assim como em outras atividades</p><p>físicas e exercícios, as exigências e demandas dos esportes aéreos promovem a</p><p>melhora significativa sobre alguns dos principais marcadores biológicos do indivíduo.</p><p>Como exemplos, podemos mencionar a manutenção e redução da pressão arterial, o</p><p>aprimoramento da capacidade pulmonar e cardíaca, o ganho de massa muscular, a</p><p>diminuição da massa livre de gordura, a melhora do humor da postura e da memória</p><p>dos seus praticantes (GRECO, 2006; ARMBRUST, 2011; MANFIOLETE et al., 2012;</p><p>BERNARDES, 2013).</p><p>De acordo com os fundamentos técnicos e os condicionantes biológicos</p><p>dos esportes de aventura aéreos, vamos apresentar um exemplo de periodização no</p><p>qual descrevemos um modelo simples para organizar os meso e os microciclos de</p><p>treinamento para o primeiro semestre do ano, no qual a fase competitiva está presente</p><p>no quarto e quinto mês do ano (MATVEEV, 1997; GOMES, 2009).</p><p>165</p><p>Figura 5 – Exemplo de periodização para esportes de aventura aéreos para 120 dias</p><p>Duração 1ºMês 2ºMês 3ºMês 4ºMês</p><p>Fase de Treina-</p><p>mento</p><p>Fase Básica Fase Básica Fase Específica Fase Específica</p><p>Período</p><p>Preparatório</p><p>Geral</p><p>Preparatório</p><p>Específico</p><p>Pré-competitivo Competitivo</p><p>Meses janeiro/fevereiro fevereiro/março março/abril abril/maio</p><p>Mesociclo Básico Específico Pré-competitivo Competitivo</p><p>Condicionantes</p><p>Condiciona-</p><p>mento</p><p>físico/técnico</p><p>geral</p><p>Condiciona-</p><p>mento</p><p>físico/técnico</p><p>específico</p><p>Intensidade e refi-</p><p>namento técnico</p><p>Controle e ma-</p><p>nutenção da</p><p>performance</p><p>Microciclo I O CH R O CH CH R CH PR CP CP CH R CP R</p><p>Legenda dos Microciclos: I = Incorporação O = Ordinário CH = Choque R= Recuperação</p><p>PR = Pré-Competitivo CP = Competitivo.</p><p>Fonte: o autor</p><p>Levando em consideração a aproximação entre os fundamentos técnicos,</p><p>habilidades, exigências físicas e fisiológicas dos esportes de aventura aéreos, vamos</p><p>propor uma forma de intervenção que organiza e sistematiza as sessões de treinamento/</p><p>condicionamento físico, combinando com as sessões de treinamento técnico específico</p><p>dessas práticas (SCOPEL et al., 2020; CBPQ, 2022).</p><p>Para que possamos avançar, vamos apresentar outro método de treinamento</p><p>resistido, no qual, balizados pela literatura, podemos atribuir bons ganhos de</p><p>performance aos atletas dos esportes de aventura aéreos devido às suas principais</p><p>características biofisiológicas inerentes à sua estrutura de organização (ACMS, 2009;</p><p>GOMES, 2009, 2010).</p><p>Método de Treinamento da Tensão Lenta e Contínua</p><p>O método da tensão lenta e contínua consiste em realizar a contração</p><p>concêntrica e a excêntrica, de cada repetição do exercício, de forma lenta, evitando</p><p>os encaixes articulares ou pausas no movimento (MARCON; BOTTURA; NOVELLI, 2019;</p><p>BRITO; OLIVEIRA, 2020). O objetivo com esta forma de execução é manter a tensão</p><p>contínua na musculatura em ação (MATVEEV, 1997). O método proporciona uma melhora</p><p>no trofismo e na resistência muscular, assim como, no domínio do movimento e na</p><p>contração muscular (GOMES, 2009, 2010).</p><p>O tempo de duração de cada repetição é de 10 a 12 segundos, sendo que</p><p>podem ser preconizadas execuções de uma repetição com tempos próximos de 30 a 40</p><p>segundos, respectivamente (BRITO; OLIVEIRA, 2020; GARCIA; PEREIRA, 2022). Devido</p><p>ao tempo prolongado de cada repetição, o volume do treinamento é aumentado e o peso</p><p>166</p><p>adicional diminuído proporcionalmente (ZAKHAROV, 2003; GRECO, 2006). Mesmo com</p><p>a diminuição do peso adicional, haverá um maior recrutamento de unidades motoras,</p><p>devido à somação assincrônica para a manutenção da contração por tempo prolongado,</p><p>além disso, é um bom método para trabalhar a consciência motora na execução dos</p><p>movimentos (MATVEEV, 1997; ZAKHAROV, 2003; GOMES, 2009, 2010).</p><p>A partir das informações do método de treinamento da tensão lenta e contínua,</p><p>vamos apresentar a seguir uma sistematização de treinamentos resistidos em sala</p><p>de musculação que sustentam a organização metodológica de forma coerente, e,</p><p>demonstram de forma prática como elaborar sessões de condicionamento físico para</p><p>os esportes de aventura aéreos que complementam os treinamentos técnicos específicos</p><p>das modalidades, separados em treinos D, E e F, para que seja mais fácil a compreensão</p><p>dos exercícios escolhidos (SCOPEL et al., 2020; CBPQ, 2022; QUEDA LIVRE, 2022).</p><p>Figura 6 – Treinos D, E e F</p><p>Treino: D</p><p>Aquecimento: Hitt – 10 minutos (6 tiros de 1’, descanso 30’’ entre tiros)</p><p>Ordem Foco Exercício</p><p>Séries</p><p>(X)</p><p>Repeti-</p><p>ções</p><p>Carga</p><p>(%)</p><p>Interv.</p><p>(Seg.)</p><p>Vel. Do</p><p>Mov.</p><p>1</p><p>Pernas</p><p>Agachamento</p><p>Livre</p><p>3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>2 Hack 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>3 Leg Press 45° 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>4 Extensora 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>5 Adutora 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>6 Abdominal</p><p>Elevação de</p><p>Pernas – Má-</p><p>quina</p><p>3 12 -------- 45 a 90 Lento</p><p>Treino: E</p><p>Aquecimento:</p><p>Hitt – 10 minutos (6 seq. de saltos/barreiras de 1’ minuto, descanso 30’’,</p><p>entre séries)</p><p>Ordem Foco Exercício Séries (X)</p><p>Repe-</p><p>tições</p><p>Carga</p><p>(%)</p><p>Intervalo</p><p>Vel. Do</p><p>Mov.</p><p>1</p><p>Peito</p><p>Supino – Con-</p><p>vergente</p><p>3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>2 Voador 3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>2 Bíceps</p><p>Rosca – Alter-</p><p>nada</p><p>3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>3</p><p>Costas</p><p>Remada – Cava-</p><p>linho</p><p>3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>4</p><p>Puxada Alta –</p><p>Frente</p><p>3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>4 Tríceps Tríceps 3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>167</p><p>5 Ombro</p><p>Elevação – La-</p><p>teral</p><p>3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>5 Pernas</p><p>Panturrilha em</p><p>Pé</p><p>3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>6 Abdominal Infra – na Bola 3 100 -------- 45 a 90 Lento</p><p>Treino: F</p><p>Aquecimento:</p><p>Hitt – 10 minutos (6 séries de corda individual de 1’ minuto, descanso 30’’,</p><p>entre séries)</p><p>Ordem Foco Exercício</p><p>Séries</p><p>(X)</p><p>Repetições</p><p>Carga</p><p>(%)</p><p>Inter-</p><p>valo</p><p>Vel. Do Mov.</p><p>1</p><p>Pernas</p><p>Levantamen-</p><p>to Terra</p><p>3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>2 Stiff 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>3 Gráviton 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>4 Flexora 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>5 Abdutora 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>6 Costas</p><p>Lombar –</p><p>Máquina</p><p>3 12 -------- 45 a 90 Lento</p><p>Fonte: o autor</p><p>Como forma de priorizar a organização das sessões de treinamento combinando</p><p>os fundamentos e habilidades técnicas, com, as sessões de condicionamento físico,</p><p>vamos apresentar a seguir a Tabela 2, que ilustra um exemplo de planilha de treinamento</p><p>semanal, na qual destacamos as três últimas semanas do mesociclo pré-competitivo,</p><p>que antecede a competição-alvo.</p><p>Tabela 2 – Planilha de treinamento semanal para esportes de aventura aéreos</p><p>SEMANA 1</p><p>Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Manhã:</p><p>TREINO D</p><p>musculação/</p><p>Tarde: treino</p><p>aeróbico/</p><p>corrida ou bike</p><p>em Z3</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Manhã:</p><p>técnicas de</p><p>salto + técni-</p><p>cas de aterris-</p><p>sagem/ Tarde:</p><p>Mobilidade</p><p>Articular MS</p><p>e MI</p><p>Esf.: 5 min. leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Manhã:</p><p>TREINO E</p><p>musculação/</p><p>Tarde: Trei-</p><p>no de tiros</p><p>de tração</p><p>elástica +</p><p>Treinamento</p><p>Funcional</p><p>Esf.:</p><p>Alongamento</p><p>final</p><p>Aq.: Mobili-</p><p>dade geral</p><p>Princ.: Tes-</p><p>te de Prova</p><p>Técnica/</p><p>fundamen-</p><p>tos e saltos</p><p>contínuos</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.:</p><p>Manhã:</p><p>TREINO F</p><p>muscula-</p><p>ção/ Tarde:</p><p>liberação</p><p>miofascial</p><p>+ mobilida-</p><p>de articular</p><p>Esf.: Alon-</p><p>gamento</p><p>final</p><p>Aq.: Mobili-</p><p>dade geral</p><p>Princ.: Teste</p><p>de Prova</p><p>Técnica/</p><p>fundamen-</p><p>tos e saltos</p><p>contínuos</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>FOLGA</p><p>168</p><p>SEMANA 2</p><p>Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Manhã:</p><p>técnicas de</p><p>salto + técni-</p><p>cas de aterris-</p><p>sagem/ Tarde:</p><p>Mobilidade</p><p>Articular MS</p><p>e MI</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: Mobilidade</p><p>geral</p><p>Princ.: Teste de</p><p>Prova Técnica/</p><p>fundamentos</p><p>e saltos contí-</p><p>nuos</p><p>Esf.: 5 min. leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Manhã:</p><p>TREINO D</p><p>musculação/</p><p>Tarde: treino</p><p>aeróbico/cor-</p><p>rida ou bike</p><p>em Z3</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: Mobili-</p><p>dade geral</p><p>Princ.: Tes-</p><p>te de Prova</p><p>Técnica/</p><p>fundamen-</p><p>tos e saltos</p><p>contínuos</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.:</p><p>Manhã:</p><p>técnicas</p><p>de salto +</p><p>técnicas de</p><p>aterrissa-</p><p>gem/ Tarde:</p><p>Mobilidade</p><p>Articular</p><p>MS e MI</p><p>Aq.: Mobili-</p><p>dade geral</p><p>Princ.: Teste</p><p>de Prova</p><p>Técnica/</p><p>fundamen-</p><p>tos e saltos</p><p>contínuos</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>FOLGA</p><p>SEMANA 3</p><p>Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Manhã:</p><p>TREINO E</p><p>musculação/</p><p>Tarde: treino</p><p>de tiros de</p><p>tração elástica</p><p>+ Treinamento</p><p>Funcional</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: Mobilidade</p><p>geral</p><p>Princ.: Teste de</p><p>Prova Técnica/</p><p>fundamentos</p><p>e saltos contí-</p><p>nuos</p><p>Esf.: 5 min. leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: For-</p><p>talecimento</p><p>muscular de</p><p>ombros e cin-</p><p>tura escapular</p><p>com elásticos</p><p>e teraband.</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: Mobili-</p><p>dade geral</p><p>Princ.: Tes-</p><p>te de Prova</p><p>Técnica/</p><p>fundamen-</p><p>tos e saltos</p><p>contínuos</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.:</p><p>Manhã:</p><p>TREINO F</p><p>muscula-</p><p>ção/ Tarde:</p><p>treino de</p><p>liberação</p><p>miofascial</p><p>+ mobilida-</p><p>de articular</p><p>Esf.: Alon-</p><p>gamento</p><p>final</p><p>Aq.: Mobili-</p><p>dade geral</p><p>Princ.: Teste</p><p>de Prova</p><p>Técnica/</p><p>fundamen-</p><p>tos e saltos</p><p>contínuos</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>FOLGA</p><p>Fonte: o autor</p><p>Para finalizar este subtópico, reiteramos que a organização dos treinamentos</p><p>técnicos deve sempre levar em consideração as capacidades físicas e motoras</p><p>inerentes a cada modalidade esportiva, bem como é necessário considerar os aspectos</p><p>da individualidade biológica do atleta, os princípios da especificidade e da sobrecarga,</p><p>em virtude de que cada modalidade possui peculiaridades que lhe são próprias, e</p><p>cabe ao profissional de Educação Física inteirar-se de todas as variáveis treináveis e</p><p>sistematizar um plano de trabalho que atenda às demandas da modalidade, bem como</p><p>às necessidades de cada atleta (GRECO, 2006; GOMES, 2009, 2010; MARCON; BOTTURA;</p><p>NOVELLI, 2019).</p><p>169</p><p>3.3 CONDICIONAMENTO FÍSICO/TÉCNICO PARA OS</p><p>ESPORTES DE AVENTURA TERRESTRES E MISTOS</p><p>Neste subtópico, são apresentados os elementos da periodização, da organização</p><p>e da sistematização das sessões de treinamento voltadas para os esportes de aventura</p><p>terrestres e mistos, elaboradas de forma prática para que seja possível visualizar e</p><p>compreender o processo de planejamento do plano de trabalho. Procuramos direcionar</p><p>nossos exemplos considerando apenas uma parte do macrociclo, enfatizando o período</p><p>de trabalho sobre um mesociclo e seus microciclos correspondentes, pois entendemos</p><p>que a sistematização de toda a periodização excede os limites deste subtópico.</p><p>Quando observamos os aspectos técnicos e físicos, suas exigências e</p><p>especificidades nos esportes de aventura terrestres, podemos observar muitas</p><p>semelhanças sobre os fundamentos e demandas pelas quais os atletas são submetidos,</p><p>seja no ambiente de treinamento, seja durante o período competitivo (GRECO, 2006;</p><p>GOMES, 2009). Para que possamos avançar, a Figura 7 traz uma parte do macrociclo</p><p>(período de 120 dias) no qual é possível identificar as diferentes fases e períodos que o</p><p>atleta irá percorrer, bem como, nos ajudar a ilustrar os exemplos da intervenção prática.</p><p>Figura 7 – Exemplo de periodização para esportes de aventura terrestres para 120 dias</p><p>Duração 1ºMês 2ºMês 3ºMês 4ºMês</p><p>Fase de Trei-</p><p>namento</p><p>Fase Básica Fase Básica Fase Específica Fase Específica</p><p>Período</p><p>Preparatório</p><p>Geral</p><p>Preparatório</p><p>Específico</p><p>Pré-competitivo Competitivo</p><p>Meses janeiro/fevereiro fevereiro/março março/abril abril/maio</p><p>Mesociclo Básico Específico Pré-competitivo Competitivo</p><p>Condicio-</p><p>nantes</p><p>Condicionamento</p><p>físico/técnico</p><p>geral</p><p>Condicionamento</p><p>físico/técnico</p><p>específico</p><p>Intensidade e refi-</p><p>namento técnico</p><p>Controle e ma-</p><p>nutenção da</p><p>performance</p><p>Microciclo I O CH R O CH CH R CH PR CP CP CH R CP R</p><p>Legenda dos Microciclos: I = Incorporação O = Ordinário CH = Choque R= Recuperação</p><p>PR = Pré-Competitivo CP = Competitivo.</p><p>Fonte: o autor</p><p>A partir do entendimento sobre as semelhanças nas exigências técnico-físicas</p><p>dos esportes de aventura terrestres, elaboramos uma sistematização voltada para a</p><p>intervenção prática sobre o condicionamento físico, bem como sobre a organização do</p><p>plano de trabalho técnico, de maneira que o profissional de Educação Física consiga,</p><p>em um primeiro momento, compreender o sentido/significado da relação entre o</p><p>condicionamento físico e a melhora da performance técnica ao longo do plano de</p><p>trabalho (ZAKHAROV, 2003; GOMES, 2009, 2010).</p><p>170</p><p>Para que possamos avançar, e com a finalidade de diversificar os conteúdos,</p><p>optamos por apresentar outro método de treinamento resistido para ser utilizado em</p><p>sala de musculação, no qual enfatiza-se o trabalho direto do Profissional de Educação</p><p>Física na condução e orientação dos programas de condicionamento físico (MARCON;</p><p>BOTTURA; NOVELLI, 2019; BRITO; OLIVEIRA, 2020).</p><p>Método de Repetição Forçada</p><p>É a execução de mais repetições de um exercício do que o indivíduo é capaz de</p><p>executar com ajuda de um terceiro (GOMES, 2010). Esta ajuda é fornecida por um auxiliar,</p><p>que pode ser o profissional de Educação Física ou um parceiro/atleta,</p><p>exercendo ajuda</p><p>apenas o suficiente para que o movimento possa ser completo nas repetições extras</p><p>(ZAKHAROV, 2003). Essas repetições extras realizadas com ajuda são denominadas de</p><p>repetições forçadas, e devem ser realizadas em um número de duas a quatro no máximo</p><p>(MATVEEV, 1997; GRECO, 2006).</p><p>Durante as repetições forçadas, executa-se normalmente o movimento até</p><p>a impossibilidade de mover a carga (BRITO; OLIVEIRA, 2020). Quando for detectada</p><p>a falha na fase concêntrica, o ajudante (ou professor) deve utilizar a quantidade de</p><p>força necessária para que o movimento concêntrico prossiga em sua cadência natural</p><p>(MARCON; BOTTURA; NOVELLI, 2019). O movimento “forçado” deverá prosseguir até que</p><p>se atinja o objetivo desejado (tempo sobtensão, número de repetições, etc.) ou que haja</p><p>necessidade de excessiva aplicação de força auxiliar (GOMES, 2010).</p><p>O objetivo desse método é o aumento da carga na fase excêntrica, que permite</p><p>a desintegração das pontes cruzadas de actomiosina, o que promove uma grande</p><p>fricção interna (GARCIA; PEREIRA, 2022). Através das repetições negativas, há também</p><p>uma maior retenção sanguínea fora do músculo e quando a musculatura relaxa há um</p><p>aumento da perfusão sanguínea, o que favorece a hipertrofia (BRITO; OLIVEIRA, 2020;</p><p>KOPS PETERSEN; ANCESKI BATAGLION; MAZO, 2020).</p><p>Com as informações do método de treinamento de repetição forçada,</p><p>vamos apresentar a seguir uma sistematização de treinamentos resistidos em sala</p><p>de musculação que sustentam a organização metodológica de forma coerente, e,</p><p>demonstram de forma prática como elaborar sessões de condicionamento físico para</p><p>os esportes de aventura terrestres que complementam os treinamentos técnicos</p><p>específicos das modalidades, separados em treinos G, H e I, para que seja mais fácil a</p><p>compreensão dos exercícios selecionados (GRECO, 2006; GOMES, 2009).</p><p>171</p><p>Figura 8 – Treinos G, H e I</p><p>Treino: G</p><p>Aquecimento: Hitt - 10 minutos (6 tiros de 1' minuto, caminha 30'' segundos (entre tiros))</p><p>Ordem Foco Exercício</p><p>Séries</p><p>(X)</p><p>Repetições</p><p>Carga</p><p>(KG)</p><p>Interv.</p><p>(Seg.)</p><p>Vel.</p><p>do</p><p>Mov.</p><p>1</p><p>Pernas</p><p>Agachamento</p><p>Livre</p><p>3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>2 Hack 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>3 Leg Press 90° 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>4 Leg Press 45° 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>5 Extensora 3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>6 Adutora 3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>5</p><p>Ombros</p><p>Desenvolvi-</p><p>mento</p><p>3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>6</p><p>Elevação - La-</p><p>teral</p><p>3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>7 Abdominal</p><p>Elevação de</p><p>Pernas - Má-</p><p>quina</p><p>3 12 -------- 45 a 90 Lento</p><p>Treino: H</p><p>Aquecimento: Hitt - 10 minutos (6 tiros de 1' minuto, caminha 30'' segundos (entre tiros))</p><p>Ordem Foco Exercício</p><p>Séries</p><p>(X)</p><p>Repetições</p><p>Carga</p><p>(KG)</p><p>Intervalo</p><p>Vel.</p><p>do</p><p>Mov.</p><p>1</p><p>Peito</p><p>Supino - Con-</p><p>vergente</p><p>3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>2 Voador 3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>2 Bíceps</p><p>Rosca - Alter-</p><p>nada</p><p>3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>3</p><p>Costas</p><p>Voador "Inver-</p><p>so"</p><p>3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>4</p><p>Puxada Alta -</p><p>Frente</p><p>3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>4 Tríceps Polia Alta 3 8 a 12 65 a 85 Alternado Lento</p><p>5 Pernas</p><p>Panturrilha - em</p><p>Pé...</p><p>3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>6 Abdominal Infra - na Bola 3 100 -------- 45 a 90 Lento</p><p>172</p><p>Treino: I</p><p>Aquecimento: Hitt - 10 minutos (6 tiros de 1' minuto, caminha 30'' segundos (entre tiros))</p><p>Ordem Foco Exercício</p><p>Séries</p><p>(X)</p><p>Repetições</p><p>Carga</p><p>(KG)</p><p>Intervalo</p><p>Vel. do</p><p>Mov.</p><p>1</p><p>Pernas</p><p>Levantamento</p><p>Terra</p><p>3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>2 Stiff 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>3 Gráviton 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>4 Flexora 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>5 Abdutora 3 8 a 12 65 a 85 45 a 90 Lento</p><p>6 Costas Lombar - na Bola 3 12 -------- 45 a 90 Lento</p><p>Fonte: o autor</p><p>Como forma de priorizar a organização das sessões de treinamento combinando</p><p>os fundamentos e habilidades técnicas, com, as sessões de condicionamento físico,</p><p>vamos apresentar a seguir a Tabela 3, que ilustra um exemplo de planilha de treinamento</p><p>semanal, na qual destacamos as três primeiras semanas do mesociclo específico da</p><p>fase preparatória, período preparatório específico.</p><p>Tabela 3 – Planilha de treinamento semanal para esportes de aventura terrestres</p><p>SEMANA 1</p><p>Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Manhã:</p><p>TREINO G</p><p>musculação/</p><p>Tarde: treino</p><p>corrida (4 Km)</p><p>em Z3</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Treino</p><p>técnico es-</p><p>pecífico da</p><p>modalidade/</p><p>correções</p><p>técnicas e</p><p>estratégia de</p><p>prova</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Ma-</p><p>nhã: TREINO</p><p>H muscula-</p><p>ção/ Tarde:</p><p>Treino de ti-</p><p>ros de tração</p><p>elástica +</p><p>Treinamento</p><p>Funcional</p><p>Esf.:</p><p>Alongamen-</p><p>to final</p><p>Aq.: Mobilida-</p><p>de Geral</p><p>Princ.: Treino</p><p>técnico es-</p><p>pecífico da</p><p>modalidade/</p><p>correções</p><p>técnicas e</p><p>estratégia de</p><p>prova</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Ma-</p><p>nhã: TREINO</p><p>I muscula-</p><p>ção/ Tarde:</p><p>liberação</p><p>miofascial +</p><p>mobilidade</p><p>articular</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: Mobili-</p><p>dade geral</p><p>Princ.:</p><p>Execução</p><p>da Prova</p><p>completa e</p><p>análise da</p><p>performan-</p><p>ce</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>FOLGA</p><p>173</p><p>SEMANA 2</p><p>Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Manhã:</p><p>TREINO G</p><p>musculação</p><p>Tarde: treino</p><p>de BIKE (10</p><p>km) em Z4</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Treino</p><p>técnico es-</p><p>pecífico da</p><p>modalidade/</p><p>correções</p><p>técnicas e</p><p>estratégia de</p><p>prova</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Ma-</p><p>nhã: TREINO</p><p>H muscula-</p><p>ção/ Tarde:</p><p>treino aeró-</p><p>bico/corrida</p><p>ou bike (40</p><p>min) em Z3</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Treino</p><p>técnico es-</p><p>pecífico da</p><p>modalidade/</p><p>correções</p><p>técnicas e</p><p>estratégia de</p><p>prova</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Ma-</p><p>nhã: TREINO</p><p>I muscula-</p><p>ção/ Tarde:</p><p>Liberação</p><p>Miofascial +</p><p>Mobilidade</p><p>Articular</p><p>Aq.: Mobili-</p><p>dade geral</p><p>Princ.:</p><p>Execução</p><p>da Prova</p><p>completa e</p><p>análise da</p><p>performan-</p><p>ce</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>FOLGA</p><p>SEMANA 3</p><p>Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Manhã:</p><p>TREINO G</p><p>musculação/</p><p>Tarde: treino</p><p>técnico +</p><p>correções</p><p>posturais</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: Mobilida-</p><p>de geral</p><p>Princ.: For-</p><p>talecimento</p><p>muscular de</p><p>ombros e cin-</p><p>tura escapular</p><p>com elásticos</p><p>e teraband</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Ma-</p><p>nhã: TREINO</p><p>G muscula-</p><p>ção/ Tarde:</p><p>treino de ti-</p><p>ros de tração</p><p>elástica e</p><p>Treinamento</p><p>Funcional</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: Mobilida-</p><p>de geral</p><p>Princ.: Treino</p><p>específico da</p><p>modalidade/</p><p>correções</p><p>técnicas e</p><p>estratégias</p><p>de prova</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>Aq.: 10 min</p><p>Princ.: Ma-</p><p>nhã: TREINO I</p><p>musculação/</p><p>Tarde: treino</p><p>de liberação</p><p>miofascial +</p><p>mobilidade</p><p>articular</p><p>Esf.: Alonga-</p><p>mento final</p><p>Aq.: Mobili-</p><p>dade geral</p><p>Princ.:</p><p>execução</p><p>da prova</p><p>completa e</p><p>análise da</p><p>performan-</p><p>ce</p><p>Esf.: 5 min.</p><p>leve</p><p>FOLGA</p><p>Fonte: o autor</p><p>No que diz respeito à organização do condicionamento físico para os esportes</p><p>mistos, a metodologia não é muito diferente do que foi apresentado nos esportes</p><p>de aventura aquáticos, aéreos e terrestres, salvaguardas as especificidades de cada</p><p>modalidade e suas peculiaridades. Dessa forma, como exemplo, optamos por apresentar</p><p>uma organização para o triathlon para facilitar a compreensão.</p><p>As diferentes modalidades que compõem o triathlon lhe atribuem um signifi-</p><p>cado muito peculiar no que tange a periodização e organização da sistemática de trei-</p><p>namento (SILVA, 2001). Isso implica diretamente no trabalho do profissional de Educa-</p><p>ção Física, pois, além dos conhecimentos técnicos das três modalidades (natação, bike</p><p>e corrida), ainda é necessário conhecer afundo as características e peculiaridades de</p><p>cada prática esportiva, bem como, conhecer as estratégias de transição de uma moda-</p><p>lidade para a outra (GARCIA; PEREIRA, 2022).</p><p>174</p><p>A distinção do triathlon para outras modalidades se explica por diferentes</p><p>vieses. Por um lado, é um esporte de alta exigência física, por outro, exige uma boa</p><p>saúde mental do atleta, seja na fase de treinamento, seja durante a competição, ou seja,</p><p>para além de uma resistência</p><p>como</p><p>habitualmente se apresentam; opõe-se ao que é sobrenatural</p><p>(RIBEIRO; CAVASSAN 2013, p. 63-64).</p><p>Nas ponderações mencionadas, podemos observar que qualquer tentativa de</p><p>conceituar natureza por um único viés é insuficiente. Assim, apresentamos um breve</p><p>resumo da evolução histórica dos conceitos que perfizeram e ainda circulam no cenário</p><p>dos debates acadêmicos. O Quadro 2 apresenta essas concepções.</p><p>https://periodicos.unifesp.br/index.php/revbea/article/view/11644/8826</p><p>https://periodicos.unifesp.br/index.php/revbea/article/view/11644/8826</p><p>10</p><p>Quadro 2 – Concepções de natureza</p><p>Natureza Cristã Natureza Pensada Natureza Moderna</p><p>Fruto do período na</p><p>Renascença (séculos XVI</p><p>e XVII), é a concepção</p><p>que não reconhece uma</p><p>inteligência ou vida própria</p><p>à natureza. Ou seja, na</p><p>ideia cristã, tudo parte</p><p>de um Deus criador e</p><p>onipotente. A natureza</p><p>aqui é comparada como</p><p>uma máquina de circuito</p><p>fechado, ou seja, não</p><p>possui capacidade de</p><p>mudar ou inteligência para</p><p>adaptar-se.</p><p>Nessa concepção, a</p><p>natureza é pensada, ou</p><p>seja, não necessariamente</p><p>é um objeto, mas, sim,</p><p>fruto da criação do</p><p>pensamento humano,</p><p>e, portanto, trata-se</p><p>de uma abstração. O</p><p>conceito então pode</p><p>variar conforme diferentes</p><p>grupos sociais, épocas e</p><p>culturas, sendo construído</p><p>e reconstruído por meio</p><p>das relações sociais</p><p>vividas no espaço-tempo.</p><p>Essa concepção parte do</p><p>pressuposto das teorias</p><p>evolucionistas, ou seja, é</p><p>possível compreender que</p><p>a natureza está submetida</p><p>constantemente a situações</p><p>de mudança. Nessa</p><p>perspectiva, a natureza não</p><p>pode ser comparada a uma</p><p>máquina, pois ela não é algo</p><p>pronto, como um produto,</p><p>mas, sim, um organismo</p><p>que pode ser submetido às</p><p>mudanças que ocorrem ao</p><p>longo do tempo.</p><p>Fonte: adaptado de Camponogara, Ramos e Kirchhof (2007); Carvalho (2012); Inácio, Moraes e</p><p>Silveira (2013); Ribeiro e Cavassan (2013).</p><p>Como vimos, os diferentes conceitos sobre natureza se entrelaçam com distin-</p><p>tas tendências. Também foi possível identificar que os termos ambiente, meio ambiente,</p><p>ecologia e natureza se complementam quando se trata de abordar a educação ambien-</p><p>tal e a formação do sujeito ecológico.</p><p>O conceito de natureza é vasto na literatura e abarca uma série de concep-</p><p>ções oriundas de diferentes áreas do conhecimento que estudam o tema.</p><p>Uma das perspectivas de se interpretar e/ou conceber a natureza está vincu-</p><p>lada à ideia de que o entendimento sobre o meio natural se dá pelo tipo de</p><p>ator social que nela intervém, ou seja, a compreensão da relevância da na-</p><p>tureza se dá através daquilo que as pessoas atribuem como valor, baseadas</p><p>em suas próprias convicções ou crenças. Como forma de discutir esse e ou-</p><p>tros assuntos relevantes, o estudo de Santos e Imbernon (2014) apresenta</p><p>importantes considerações a respeito. Vale a pena a leitura. Disponível em:</p><p>https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/td/article/view/8637372.</p><p>DICAS</p><p>Portanto, o profissional de Educação Física deve atentar-se para o fato de</p><p>que esses temas necessitam de um bom embasamento teórico, como, também,</p><p>um entendimento mais amplo na medida em que avança nas especificidades dos</p><p>conteúdos. Mais uma vez, vale ressaltar que são inúmeras as contribuições de diferentes</p><p>perspectivas teóricas e áreas de conhecimento envolvidas com tais temáticas, o que,</p><p>de certa forma, ao mesmo tempo que contribui para a interdisciplinaridade do assunto,</p><p>também requer cautela no momento de abordá-lo em sala de aula.</p><p>https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/td/article/view/8637372</p><p>11</p><p>2.1 IMPACTO DAS ATIVIDADES FÍSICAS NO</p><p>AMBIENTE NATURAL</p><p>Podemos iniciar este trecho do livro didático com uma pergunta norteadora:</p><p>para nós, o que representam as Afan quando iniciamos nossa trajetória profissional?</p><p>Para responder à questão, precisamos evocar nosso entendimento sobre como</p><p>o ser humano causa impactos ao meio ambiente desde tempos remotos, e quais são as</p><p>consequências dessas ações. As elucidações a seguir nos ajudam a pensar a respeito:</p><p>Verifica-se nos últimos anos uma mobilização mundial em prol das</p><p>causas ambientais. É notório que a sociedade mundial vem debaten-</p><p>do e buscando alternativas para a preservação do planeta. Há uma</p><p>comunhão de esforços entre as nações, ou pelo menos de inten-</p><p>ções, objetivando viabilizar a adoção do propagado desenvolvimen-</p><p>to sustentável. Um dos núcleos das discussões que se estabelece</p><p>é o que se refere aos processos de degradação do meio natural.</p><p>Não se concebe mais a intervenção humana com a natureza sem</p><p>o devido planejamento, sem a adoção de medidas que minimizem</p><p>ou eliminem possíveis impactos ambientais negativos. Na atualidade</p><p>é fundamental que todos os setores da sociedade desenvolvam e</p><p>disseminem conhecimentos e formem cidadãos com novas atitudes</p><p>e valores em relação ao meio ambiente. Divulgou-se na década de</p><p>80 que o buraco na camada de ozônio da atmosfera e o efeito estu-</p><p>fa iriam pôr fim à vida humana na Terra. O anúncio dessa catástrofe</p><p>que estava por vir mobilizou a sociedade mundial, o que resultou no</p><p>surgimento e fortalecimento de diversas entidades e organizações</p><p>ambientais. A relevância desta temática é explicitada ao se verifi-</p><p>car uma infinidade de reuniões, fóruns, congressos, convenções e</p><p>conferências que ocorreram a partir deste período, em níveis locais,</p><p>regionais, nacionais e internacionais, culminando em diversos acor-</p><p>dos, tratados, cartas, declarações, protocolos, normas, resoluções e</p><p>planos. Entretanto a implantação das mudanças que poderiam re-</p><p>verter o quadro caótico em que a Humanidade se encontra está em</p><p>ritmo aquém do desejado, pois as questões econômicas ainda pre-</p><p>valecem nos diversos fóruns de discussão sobre o futuro do planeta</p><p>(MAROUN; VIEIRA, 2007, p. 1).</p><p>Diante disso, torna-se imprescindível analisar e refletir como os envolvidos com</p><p>as Afan, sejam instrutores, proprietários dos locais, políticos, ambientalistas, acadêmicos,</p><p>dentre outros, têm direcionado seus esforços para intervir de forma consciente nos</p><p>impactos causados pelo uso indevido, ou ainda, inconsequente da fauna e da flora</p><p>pela sociedade mundial. Dentre as principais atividades nesse contexto, encontra-se o</p><p>ecoturismo e/ou turismo de aventura (MARTINS; SILVA, 2019).</p><p>A atividade ecoturística é essencialmente saudável, podendo comportar forte</p><p>sinergia entre a prática esportiva e a natureza (BERNARDES, 2013). As atividades de</p><p>aventura dão origem a implicações que podem ser de caráter positivo ou negativo. Por</p><p>isso, além de contabilizar a economia gerada, monitorar e avaliar o impacto gerado pelas</p><p>Afan, são tarefas importantes (TRIANI et al., 2020).</p><p>12</p><p>As atividades turístico-esportivas têm como objetivo inibir o estresse da</p><p>modernidade, sendo, por isso, investigadas por muitas pessoas como uma fuga</p><p>do cotidiano das grandes metrópoles, e nesse bojo, inserem-se motivos e desejos</p><p>relacionados ao meio ambiente e à preocupação com os aspectos do ecossistema</p><p>como critérios ímpares que explicam o porquê de tão grande procura (TRIANI; TELLES,</p><p>2020; BANDEIRA; SILVA; AMARAL, 2021). Portanto, a oferta comercial dessas atividades</p><p>é principalmente direcionada para um público-alvo com poucas aptidões físicas,</p><p>ocasionando a necessidade da instrução/orientação profissional qualificada (CIDREIRA-</p><p>NETO; RODRIGUES, 2017; MARTINS; SILVA, 2019). Por essas razões, se faz tão necessário</p><p>enfatizar os impactos gerados, a prevenção e a segurança das Afan.</p><p>Um dos eventos mais difundidos na Educação Física atualmente é o Con-</p><p>gresso Brasileiro de Atividades de Aventura (CBAA), que discute e apresenta</p><p>os estudos oriundos das intervenções profissionais em diferentes contextos.</p><p>Nessa mesa redonda, a temática foi “A Educação Ambiental no Contexto da</p><p>Aventura: diálogos e perspectivas”, apresentado por professoras inseridas</p><p>no cenário das Afan. Assista ao vídeo na íntegra. Disponível em: https://www.</p><p>youtube.com/watch?v=tWOVyGxgBo8.</p><p>DICAS</p><p>2.1.1 Impactos positivos</p><p>As Afan estão associadas à filosofia de desenvolvimento equilibrado de forma</p><p>física adequada, a resistência e resiliência mental são</p><p>fatores determinantes para a performance.</p><p>Visto que o triathlon possui provas e/ou categorias distintas, é imprescindível</p><p>conhecer cada distância de cada modalidade, em cada categoria, para que assim, seja</p><p>possível traçar um plano de trabalho específico de acordo com a prova específica que o</p><p>atleta irá disputar.</p><p>Para que seja possível estabelecer um viés de trabalho a médio e longo prazo,</p><p>são indispensáveis os modelos de organização e periodização para o triathlon (BRITO;</p><p>OLIVEIRA, 2020; GARCIA; PEREIRA, 2022). Com o intuito de valorizar a discriminação</p><p>das informações, optamos por apresentar dois instrumentos: o primeiro versa sobre</p><p>uma distribuição do plano de treinamento anual que traça as fases e ciclos correspon-</p><p>dentes; o segundo apresenta as diretrizes gerais de orientação sobre o treinamento</p><p>para cada mesociclo.</p><p>Quadro 4 – Divisão do plano anual de treinamento em fases e ciclos de treinamento</p><p>Fase Subfase</p><p>Duração em</p><p>semanas*</p><p>Intensidade</p><p>Volume de</p><p>treinamento</p><p>Preparação</p><p>Preparação geral</p><p>(preparação e de</p><p>base)</p><p>12 a 20 Muito pouca Baixo</p><p>Preparação</p><p>específica</p><p>(formação)</p><p>4 a 12 Moderada Moderado a alto</p><p>Competição</p><p>Pré-competição</p><p>(pico ou</p><p>desaceleração)</p><p>3 a 8 Pesada Moderado</p><p>Competição</p><p>(disputa de prova)</p><p>1 a 3 Muito pesada Baixo</p><p>Transição</p><p>Alguns dias a 6</p><p>semanas</p><p>Muito pouca Baixo</p><p>*22 a 49 semanas, no total.</p><p>Fonte: adaptado de Pereira (2022)</p><p>É importante salientar que as informações contidas no Quadro 4 respeitam</p><p>o modelo clássico de periodização no qual estão presentes as fases e suas subfases</p><p>bem definidas, com a finalidade de subdividir as cargas de trabalho e controlar interna</p><p>e externamente as variáveis da intensidade e do volume de treinamento (ZAKHAROV,</p><p>2003; GOMES, 2009, 2010). Dentro de cada fase ainda é possível detalhar com maior</p><p>175</p><p>precisão como a divisão das sessões de treinamento irá se comportar, permitindo</p><p>equacionar e gerenciar com mais cautela os momentos do treinamento que antecedem</p><p>a competição, bem como dosar as cargas de treinamento no período competitivo e,</p><p>ainda, facilitar as atividades durante o período de transição (GRECO, 2006; MARCON;</p><p>BOTTURA; NOVELLI, 2019; GARCIA; PEREIRA, 2022).</p><p>Com o intuito de facilitar a compreensão de cada fase do treinamento no triathlon,</p><p>vamos apresentar, no Quadro 5, as diretrizes gerais de orientação do treinamento que</p><p>contemplam cada mesociclo dentro do contexto da periodização.</p><p>Quadro 5 – Diretrizes de orientação do treinamento para cada mesociclo</p><p>Fase Subfase Foco no treinamento</p><p>Preparação</p><p>Preparação</p><p>Geral</p><p>O treinamento visa ao desenvolvimento de uma base sólida:</p><p>resistência aeróbia em geral, força muscular e técnica em</p><p>todo os esportes. A progressão ocorre principalmente com</p><p>o aumento do volume e da intensidade aeróbia. Essa fase</p><p>começa no início do plano anual de treinamento e tem du-</p><p>ração de 12 a 20 semanas. No caso de mais de um período</p><p>de competições, essa fase pode repetir-se após a primeira</p><p>competição, mas com menor duração, para reconstrução</p><p>da base de condicionamento físico.</p><p>Preparação</p><p>Específica</p><p>Visa à continuidade da fase de preparação geral e aos</p><p>sistemas especificamente necessários para a competição</p><p>em questão: resistência muscular, resistência anaeróbia e</p><p>potência. Esse período tem uma duração de 4 a 12 semanas,</p><p>e, dependendo do número de vezes que o atleta precisa</p><p>alcançar o desempenho máximo, pode se repetir tarde</p><p>durante a temporada.</p><p>Competição Pré-competição</p><p>O objetivo é o condicionamento físico em ritmo de competi-</p><p>ção, a estratégia de competição, as habilidades específicas</p><p>da prova e a demanda geral do período de competição. A</p><p>intensidade, a frequência e a duração do treinamento são</p><p>manipuladas, para que os objetivos da fase sejam alcan-</p><p>çados. A metodologia comum de treinamento nesta fase</p><p>consiste em reduzir a frequência e a duração do treinamento,</p><p>mantendo, ou até mesmo, aumentando a intensidade do</p><p>treinamento, o que resulta na recuperação fisiológica e</p><p>psicológica e permite que se alcance um nível mais elevado</p><p>de condicionamento. Esse período pode durar de 3 a 8 se-</p><p>manas, repetindo-se toda vez que o atleta precisa alcançar</p><p>um nível máximo de desempenho.</p><p>176</p><p>Competição</p><p>O foco é manter o condicionamento físico em um ritmo de</p><p>competição e promover a completa aptidão física e mental.</p><p>Esse período é determinado pelo cronograma da competição</p><p>principal e tem duração de 1 a 3 semanas, baseado na ne-</p><p>cessidade de o atleta alcançar desempenho máximo em uma</p><p>prova ou em várias provas no decorrer de algumas semanas</p><p>consecutivas. Durante essa fase e antes da grande compe-</p><p>tição, treinadores e atletas devem ter dois grandes pontos</p><p>de foco. O primeiro é a redução da carga ou desaceleração</p><p>do ritmo de treinamento, geralmente marcado por volumes</p><p>e intensidades reduzidos. Essa etapa permite que o corpo</p><p>se recupere e promove um efeito de supercompensação. O</p><p>segundo ponto de foco está na preparação especial para a</p><p>competição, durante a qual são desenvolvidas as capaci-</p><p>dades técnicas específicas da prova.</p><p>Transição</p><p>Essa fase tem por objetivo o descanso e a recuperação dos</p><p>sistemas físicos e mentais. Esse período de recuperação</p><p>ativa é caracterizado por uma baixa carga de trabalho e por</p><p>um pouco de treinamento não organizado. No fim desse</p><p>período e no início de um novo ciclo de treinamento, o atleta</p><p>pode retornar à fase de preparação geral ou específica. A fase</p><p>de transição tem duração de alguns dias a seis semanas,</p><p>dependendo do fato de estar situação no meio da tempo-</p><p>rada após uma competição e antes do ciclo de treinamento</p><p>seguinte ou no final da temporada.</p><p>Fonte: o autor</p><p>A partir do entendimento e discernimento de cada fase e dos períodos de trei-</p><p>namento, o treinador consegue enxergar a médio e longo prazo como seu trabalho será</p><p>direcionado e orientado com vistas a preparar melhor o atleta, respeitando sempre os</p><p>princípios científicos do treinamento esportivo (individualidade biológica, especificida-</p><p>de, variabilidade, dentre outros), como também atentando-se sempre para o calendário</p><p>de competições, estabelecendo uma relação de prioridades sob quais competições se-</p><p>rão utilizadas como preparatórias e quais serão o foco como disputas a serem vencidas</p><p>pelo atleta (MATVEEV, 1997; ZAKHAROV, 2003; FERREIRA, 2005; GOMES, 2009). Dentro</p><p>das diferentes provas do triathlon, escolhemos a prova de sprint para apresentar um</p><p>modelo de trabalho pensado para uma atleta do sexo feminino, em nível iniciante, sem</p><p>experiência competitiva nessa prova, e sistematizado para um período de 8 semanas</p><p>de trabalho, considerando seis sessões de treinamento durante cada semana até o dia</p><p>da prova.</p><p>177</p><p>Quadro 6 – Exemplo de organização do treinamento para o triathlon – sprint, em 8 semanas</p><p>Fonte: adaptado de Ferreira (2005)</p><p>O entendimento das variáveis de treinamento, das técnicas específicas de</p><p>cada modalidade e, ainda, uma boa capacidade de organização e planejamento são</p><p>habilidades indispensáveis para o treinador dos esportes de aventura (BRASIL et al.,</p><p>2019; GARCIA; PEREIRA, 2022). Nesse viés, ao longo deste tópico, perpassamos por</p><p>178</p><p>algumas modalidades esportivas de aventura que nos permitiram compreender a</p><p>sua lógica de funcionamento, como também, conhecer um pouco mais sobre as</p><p>variações e tipos de modalidades esportivas, suas principais técnicas específicas e as</p><p>principais variáveis de treinamento a serem consideradas pelo treinador no momento da</p><p>periodização e sistematização do planejamento (MARCON; BOTTURA; NOVELLI, 2019;</p><p>ANDRIES JÚNIOR; PIGNATA, 2020; BRITO; OLIVEIRA, 2020; GARCIA; PEREIRA, 2022).</p><p>Reiteramos que o estudo em profundidade, tanto das exigências técnicas de</p><p>cada modalidade esportiva, suas exigências físicas, motoras, psicológicas, dentre ou-</p><p>tras, devem estar diretamente associadas a uma análise do perfil do atleta e suas com-</p><p>petências, condição física, habilidades especiais, nível de experiência na modalidade,</p><p>disponibilidade para</p><p>a utilizar o know-how turístico do local para gerar riqueza e, assim, proporcionar</p><p>manutenção e valorização das qualidades ambientais da região. Seguindo essa linha,</p><p>temos quatro aspectos fundamentais que revelam as atividades de aventura como</p><p>sinônimo de sustentabilidade: a proteção dos recursos naturais; a valorização econômica;</p><p>a participação da população local; o turismo como ferramenta de conservação (GUAIANO,</p><p>2013, p. 310).</p><p>Segundo o autor previamente citado, as atividades de aventura são efetivamente</p><p>contabilizadas quando se incluem efeitos positivos na população local e no espaço</p><p>natural, tais como: nível de emprego, crescimento econômico, estímulo para outros</p><p>negócios e oportunidades, diversificação das atividades econômicas, aproveitamento</p><p>de terremos já saturados pela atividade agrícola ou outras utilizações, benefício nos</p><p>aglomerados ao nível das infraestruturas básicas, dentre outros. Veja a Figura 3.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=tWOVyGxgBo8</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=tWOVyGxgBo8</p><p>13</p><p>As Afan representam um cenário plural repleto de inúmeras possibilida-</p><p>des de intervenção profissional e podem servir a diferentes objetivos/</p><p>intenções. Os impactos positivos que podem ser produzidos pelo efeito</p><p>de um trabalho balizado pela consciência ambiental dos organizadores</p><p>permite colher resultados tangíveis que contribuem para disseminar a</p><p>cultura ecológica por meio das práticas corporais na natureza. Nessa di-</p><p>reção, o estudo proposto por Maroun e Vieira (2007) apresenta pontos</p><p>relevantes sobre esse assunto. Vale a pena a leitura. Disponível em: ht-</p><p>tps://efdeportes.com/efd108/impactos-ambientais-positivos-nos-espor-</p><p>tes-praticados-em-ambientes-naturais.htm.</p><p>DICAS</p><p>Figura 3 – Revitalizar a natureza</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/azul-cuidado-atencao-cautela-9324328/.</p><p>Acesso em: 25 jun. 2022.</p><p>Descrição: uma das atividades de sustentabilidade presente nas Afan compete</p><p>aos seus adeptos em entender e minimizar os impactos da ação do ser humano na</p><p>natureza. Para isso, dentro das atividades de caminhada, é possível escolher locais</p><p>para realizar o plantio de mudas de árvores nativas daquela região que outrora foram</p><p>suprimidas pelo homem e pela atividade industrial. Fato é que essas ações permitem</p><p>uma conscientização e uma reconexão do homem com seu habitat natural.</p><p>https://efdeportes.com/efd108/impactos-ambientais-positivos-nos-esportes-praticados-em-ambientes-naturais.htm</p><p>https://efdeportes.com/efd108/impactos-ambientais-positivos-nos-esportes-praticados-em-ambientes-naturais.htm</p><p>https://efdeportes.com/efd108/impactos-ambientais-positivos-nos-esportes-praticados-em-ambientes-naturais.htm</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/azul-cuidado-atencao-cautela-9324328/</p><p>14</p><p>2.1.2 Impactos negativos</p><p>Numerosas investigações (DULLEY, 2004; SCHWARTZ, 2006; MAROUN; VIEIRA,</p><p>2007; BERNARDES, 2013; CIDREIRA-NETO; RODRIGUES, 2017) comentam que a maioria</p><p>das empresas que ofertam serviços de Afan não está cumprindo o que oferece em seus</p><p>roteiros, como educação ambiental, deixando de lado os interesses do grupo de turistas.</p><p>Em razão do baixo impacto ambiental, as Afan passaram a ser vistas como</p><p>solução econômica ao meio ambiente, e, por isso, as consequências se contradizem</p><p>com o significado real do termo. Com esse mesmo foco, consideramos as seguintes</p><p>contribuições de Santos Soares e Paixão (2010, p. 1):</p><p>Não se pode negar que o contato com a natureza, através das prá-</p><p>ticas de aventura, apresenta um viés positivo e outro negativo. Por</p><p>um lado, pode, por exemplo, aumentar a consciência ecológica dos</p><p>envolvidos com a prática esportiva, pode inibir a ação predatória em</p><p>seus locais de prática e contribuir para a melhoria da qualidade de</p><p>vida. No entanto, quando não planejadas, essas mesmas práticas es-</p><p>portivas podem interferir negativamente nos fatores ambientais, po-</p><p>dendo ocasionar danos aos ambientes onde são praticados. Embora</p><p>divulguem que essas práticas junto à natureza são preservacionis-</p><p>tas, pode haver um desequilíbrio nos ecossistemas, devido à cons-</p><p>trução de infraestruturas de apoio à sua realização. Acrescenta-se</p><p>ainda a poluição sonora e ambiental, lixo, devastação e erosão nos</p><p>locais utilizados para a prática. (SANTOS SOARES; PAIXÃO, 2010, p. 1).</p><p>Com o intuito de satisfazer às necessidades daqueles que procuram por Afan,</p><p>lugares pouco conhecidos, porém repletos de uma condição natural para atividades de</p><p>aventura, imediatamente se tornaram pontos turísticos, movimentando a economia em</p><p>geral, trazendo visibilidade regional, proporcionando aos nativos a venda de seus bens</p><p>de produção (MAROUN; VIEIRA, 2007; PROCHNOW; VASCONCELOS, 2008; SANTOS;</p><p>IMBERNON, 2014). Entretanto, o mesmo local que antes era calmo e tranquilo, perdeu</p><p>esse status rapidamente. Além disso, muitas localidades não estavam preparadas</p><p>adequadamente para um crescimento imediato de suas atividades turísticas, por diversas</p><p>razões, como, por exemplo: falta de recursos humanos qualificados, a estrutura física</p><p>não contempla às necessidades dos turistas, e ainda, o comportamento inadequado</p><p>com a natureza, causando impactos ambientais pontuais, tais como: erosão e perda de</p><p>solo ao longo de trilhas, acúmulo de lixo, fogueiras em locais inapropriados (MARTINS;</p><p>SILVA, 2019; DAMAS, 2020). Também, por questões sociais como o tráfico de drogas, a</p><p>prostituição infantil, a desagregação familiar e a deterioração das comunidades locais</p><p>(POTT; ESTRELA, 2017; AMARAL JUNIOR et al., 2018).</p><p>15</p><p>2.1.3 Impactos negativos potenciais</p><p>Os efeitos gerados por qualquer atividade humana sobre a natureza podem</p><p>ser, dentre outros, econômico, sociocultural e ambiental. Do mesmo modo, as Afan</p><p>geram desafios, ocasionando impactos sobre o meio ambiente quando realizadas</p><p>incoerentemente.</p><p>Conhecendo os possíveis efeitos e impactos da atividade humana em decorrência</p><p>das Afan, podemos agir de forma proeminente para reduzir o impacto das ações na</p><p>natureza. Um dos movimentos mais interessantes que nos auxiliam diretamente a</p><p>entender melhor o assunto pode ser visto nas ações do Movimento “Leave No Trace” e</p><p>seus 7 princípios, conforme estão apresentados na Figura 4.</p><p>Figura 4 – Sete princípios do Leave No Trace</p><p>Fonte: Adaptado de Leave no trace (2022)</p><p>Visto pela ótica de minimizar impactos ambientais com consciência e eficácia,</p><p>diferentes autores (DULLEY, 2004; MAROUN; VIEIRA, 2007; RIBEIRO, 2012), têm se</p><p>debruçado para atingir esses objetivos atentando para o fato de que é possível, ao</p><p>mesmo tempo, praticar as Afan sem se descuidar das questões ambientalistas, como</p><p>também manter coerência com a conservação e preservação da natureza. Frente a isso,</p><p>podemos compreender melhor os efeitos e impactos negativos das Afan quando tais</p><p>objetivos não são atingidos.</p><p>16</p><p>Quadro 3 – Efeitos e impactos negativos potenciais das AFAN</p><p>Agente de impacto Efeitos potenciais Impactos potenciais</p><p>Trilhas pedonais</p><p>Pisoteio e compactação do</p><p>solo.</p><p>Alteração da qualidade</p><p>estética da paisagem.</p><p>Trilhas equestres</p><p>Remoção da cobertura</p><p>vegetal.</p><p>Aumento da sensibilidade à</p><p>erosão.</p><p>Carros/caminhonetes</p><p>Liberação de gases de</p><p>combustão.</p><p>Eliminação de habitat.</p><p>Veículos todo-o-terreno</p><p>Derrame de óleo/</p><p>combustível.</p><p>Interrupção de processos</p><p>naturais/ Deterioração da</p><p>qualidade do ar.</p><p>Barcos a motor Ruído.</p><p>Deterioração da qualidade da</p><p>água.</p><p>Perturbação da fauna e da</p><p>flora.</p><p>Lixo</p><p>Deterioração da paisagem</p><p>natural.</p><p>Alteração da acidez da água.</p><p>Contaminação de aquíferos.</p><p>Redução da qualidade</p><p>estética da paisagem.</p><p>Contaminação do solo.</p><p>Contaminação da água.</p><p>Descarga de efluentes</p><p>Deterioração da paisagem</p><p>natural.</p><p>Mau cheiro.</p><p>Redução da qualidade</p><p>estética da paisagem.</p><p>Interferência na fauna e na</p><p>flora aquáticas.</p><p>Vandalismo</p><p>Remoção de atrativos</p><p>naturais.</p><p>Interrupção dos processos</p><p>naturais.</p><p>Redução da qualidade</p><p>estética da paisagem.</p><p>Interferência na fauna e flora</p><p>aquáticas.</p><p>Perturbação de visitantes.</p><p>Construção de edifícios</p><p>Remoção da cobertura</p><p>vegetal.</p><p>Eliminação de habitat.</p><p>Liberação de fumos</p><p>de</p><p>combustão e poeiras.</p><p>Ruídos.</p><p>Alteração da qualidade</p><p>estética da paisagem.</p><p>Aumento da sensibilidade à</p><p>erosão.</p><p>Deterioração da qualidade</p><p>do ar.</p><p>Estresse na fauna e na flora.</p><p>Fonte: Guaiano (2013, p. 312)</p><p>17</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• Uma boa interpretação sobre os elementos político-sociais relacionados às áreas do</p><p>meio ambiente e ecologia, atentando para a importância desses temas quando se</p><p>trata da abordagem das Afan.</p><p>• Um aprofundamento das intervenções do homem sobre a natureza, sua relação</p><p>simbiótica e de como as interferências do homem sobre o meio em que vive podem</p><p>proferir diversos problemas sobre a natureza.</p><p>• Um amplo entendimento das questões ecológicas relacionadas à diferentes áreas do</p><p>conhecimento e de como é importante desenvolver uma visão transdisciplinar sobre o</p><p>assunto quando tratar diretamente do processo de ensino-aprendizagem das Afan.</p><p>• Uma aproximação conceitual com o sentido/significado das Afan, sua inserção no</p><p>vasto campo de pesquisa/intervenção da Educação Física e a sua relação com as</p><p>práticas corporais voltadas para a saúde e o esporte.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>18</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 Observe a figura, e, em seguida, leia o texto a seguir:</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoas-caminhando-no-campo-de-grama-</p><p>verde-2480554/. Acesso em: 5 jun. 2022.</p><p>Podemos compreender que, cada vez mais, os sujeitos estão buscando participar de</p><p>atividades físicas na natureza, principalmente em grupo, o que ancora objetivos rela-</p><p>cionados à qualidade de vida, à socialização e à busca por uma reconexão com a na-</p><p>tureza. Na Educação Física, essa necessidade dos sujeitos é ainda mais aflorada, visto</p><p>que a sensação de liberdade e as inúmeras possibilidades de movimento intrínsecas</p><p>nos diferentes cenários naturais incita os evolvidos às sensações de aventura, desafio e</p><p>adrenalina. De acordo com os estudos realizados neste tópico e os diferentes objetivos</p><p>que podem ser alcançados pelas Afan, assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As Afan atendem a objetivos físicos, esportivo-recreativos, de saúde mental e</p><p>qualidade de vida, treinamentos empresariais ou que agucem os instintos de</p><p>sobrevivência.</p><p>b) ( ) As Afan buscam objetivos que estão diretamente associados às questões de lucra-</p><p>tividade das empresas especializadas na oferta e organização dessas atividades.</p><p>c) ( ) As Afan possuem objetivos que reproduzem de forma irresponsável e degradante os</p><p>comportamentos humanos que impactam negativamente sobre o meio ambiente.</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoas-caminhando-no-campo-de-grama-verde-2480554/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoas-caminhando-no-campo-de-grama-verde-2480554/</p><p>19</p><p>d) ( ) As Afan atendem a objetivos políticos, culturais e sociais no que diz respeito às</p><p>leis e regimentos ambientais vigentes na constituição brasileira sobre a explora-</p><p>ção da natureza.</p><p>e) ( ) As Afan possuem objetivos voltados para a agricultura e agropecuária no meio</p><p>rural em virtude de que tais atividades ocorrem em ambientes produzidos e/ou</p><p>modificados pelo homem.</p><p>2 Com o passar do tempo e a vida cada vez mais agitada e estressante nas grandes</p><p>cidades, uma parcela da população busca atividades dinâmicas e que não sejam as</p><p>praticadas em academia, clubes ou algo do gênero, se distanciando um pouco do</p><p>cotidiano urbano com destino a ambientes mais naturais. Por isso, indivíduos têm</p><p>procurado um dos fenômenos de maior crescimento na atualidade que é a busca</p><p>de atividades de aventura na natureza, seja por meio de Esportes de Aventura,</p><p>Ecoturismo e, claro, as Afan, podendo ser entendida, compreendida e significada sob</p><p>diversos olhares.</p><p>Fonte: MANFIOLETE, L. D.; AUGUSTI, M. R. A.; TEJERA,</p><p>D. B. O.; AGUIAR, C. M. Atividades físicas de aventura</p><p>na natureza: emoções, aventura, risco e imaginário.</p><p>Ef Deportes – Revista Digital, v. 17, n. 168, p. 1,</p><p>2012. Disponível em: https://efdeportes.com/efd168/</p><p>atividades-fisicas-de-aventura-na-natureza.htm.</p><p>Acesso em: 20 maio 2022.</p><p>Considerando o texto, leia as afirmações a seguir:</p><p>I- As Afan despertam o espírito aventureiro dos praticantes.</p><p>II- Possuem forte relação com o meio natural em que são vivenciadas.</p><p>III- Afetam os processos cognitivos dos sujeitos pelo alto grau de risco envolvido.</p><p>É CORRETO o que se afirma em:</p><p>a) ( ) I e II.</p><p>b) ( ) I, apenas.</p><p>c) ( ) II apenas.</p><p>d) ( ) II e III.</p><p>e) ( ) III apenas.</p><p>3 O esporte se relaciona com a natureza principalmente através do movimento esporti-</p><p>vo denominado Esportes da Natureza. Essas atividades esportivas são caracterizadas</p><p>pela interação de seus praticantes com o ambiente natural, ou seja, são praticadas</p><p>em espaços naturais – na terra, água e/ou ar. Se, por um lado, pode-se lançar um</p><p>olhar positivo em relação a essa interação do homem com a natureza através da prá-</p><p>tica esportiva, por outro, esse processo merece atenção, pois o crescente surgimento</p><p>de modalidades esportivas que utilizam o meio natural para a sua prática, associado</p><p>https://efdeportes.com/efd168/atividades-fisicas-de-aventura-na-natureza.htm</p><p>https://efdeportes.com/efd168/atividades-fisicas-de-aventura-na-natureza.htm</p><p>20</p><p>ao aumento do número de praticantes, resulta em uma exploração maior dos fatores</p><p>ambientais envolvidos no desenvolvimento dessas atividades. Isso exige que todos os</p><p>envolvidos nos eventos esportivos, sejam esportistas, organizadores, público ou mídia,</p><p>tenham a compreensão de sua responsabilidade frente às questões ambientais.</p><p>Fonte: MAROUN, K.; VIEIRA, V. Impactos ambientais</p><p>positivos são possíveis nos esportes praticados em</p><p>ambientes naturais? Ef Deportes – Revista Digital,</p><p>v. 12, n. 108, p. 1, 2007. Disponível em: https://efdepor-</p><p>tes.com/efd108/impactos-ambientais-positivos-nos-</p><p>-esportes-praticados-em-ambientes-naturais.htm.</p><p>Acesso em: 22 maio 2022.</p><p>Considerando as informações apresentadas, assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) Cabe responsabilidade aos envolvidos traçar planos de ação cada vez mais</p><p>responsáveis com relação ao uso dos recursos naturais e, assim reduzir, o</p><p>impacto sobre o meio ambiente.</p><p>b) ( ) É de inteira responsabilidade do governo federal manter fiscalização permanente</p><p>em todas as propriedades rurais para evitar a erosão do solo e o desmatamento</p><p>das árvores nativas.</p><p>c) ( ) A responsabilidade é das empresas de ecoturismo, que devem cobrar um custo</p><p>adicional denominado “taxa de limpeza” para evitar a poluição ambiental causa-</p><p>da pelos turistas.</p><p>d) ( ) Os hotéis-fazenda que proporcionam atividades físicas na natureza são os</p><p>responsáveis pelas altas taxas de poluição e desmatamento em prol da oferta de</p><p>seus serviços aos turistas.</p><p>e) ( ) A redução do impacto ambiental pelas atividades e/ou esportes na natureza será</p><p>resolvida quando o Comitê Olímpico Internacional obtiver a gerência de todas as</p><p>atividades realizadas.</p><p>4 Com o passar dos séculos, a compreensão do homem como centro do universo</p><p>se acentuou, principalmente na Idade Moderna. Tecnologias foram desenvolvidas</p><p>aumentando a produção de bens de consumo, proporcionando o desenvolvimento</p><p>urbano e o crescimento econômico; porém, a degradação ambiental também</p><p>cresceu na mesma proporção. Assim, estamos diante de uma questão abrangente</p><p>e complexa. Vive-se numa crise ambiental nunca vista antes na história. Cursos de</p><p>rios foram alterados, interferiu-se na composição de solos e devastou-se florestas,</p><p>o que está causando a extinção de espécies, mudanças climáticas, dentre outros</p><p>problemas ambientais. Portanto, é preciso mudanças de atitudes, pensar na formação</p><p>ecológica, uma Educação Ambiental, para que as futuras gerações possam desfrutar</p><p>das riquezas naturais ainda existentes.</p><p>Fonte: NEUENFELDT, D. J.; MARTINS, C. C. Educação física</p><p>escolar e vivência com a natureza: contribuições para a</p><p>formação ecológica de estudantes. RevistaDidática</p><p>Sistêmica, v. 18, n. 2, p. 56–70, 2016. Disponível em:</p><p>https://periodicos.furg.br/redsis/article/view/7157.</p><p>Acesso em: 21 abr. 2022.</p><p>https://efdeportes.com/efd108/impactos-ambientais-positivos-nos-esportes-praticados-em-ambientes-naturais.htm</p><p>https://efdeportes.com/efd108/impactos-ambientais-positivos-nos-esportes-praticados-em-ambientes-naturais.htm</p><p>https://efdeportes.com/efd108/impactos-ambientais-positivos-nos-esportes-praticados-em-ambientes-naturais.htm</p><p>https://periodicos.furg.br/redsis/article/view/7157</p><p>21</p><p>De acordo com o texto, nota-se que o crescimento industrial e tecnológico contempo-</p><p>râneo impactou diretamente no estilo de vida, e, principalmente, nas ações do homem</p><p>sobre o meio ambiente. Tais comportamentos humanos são responsáveis pelos inúmeros</p><p>impactos ambientais, por vezes irreversíveis, e como consequência, observam-se altos</p><p>níveis de degradação da natureza, bem como da extinção de muitas espécies da fauna</p><p>e da flora. A partir das informações mencionadas, responda: como a educação ecológica</p><p>pode contribuir para a preservação das riquezas naturais do nosso país?</p><p>5 Visto que vivemos em uma sociedade que explora diretamente os recursos naturais de</p><p>forma exacerbada, e, por vezes, inconsequente, é preciso agir de forma proeminen-</p><p>te para fomentar práticas mais inteligentemente sustentáveis e harmoniosas com a</p><p>natureza, a fim de garantir que as próximas gerações ainda possam usufruir da fauna</p><p>e da flora que nos resta. Diante disso, disserte sobre o papel do profissional de Edu-</p><p>cação Física nesse cenário.</p><p>22</p><p>23</p><p>RELAÇÃO HISTÓRICA HOMEM-NATUREZA</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>UNIDADE 1 TÓPICO 2 -</p><p>Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos temas relacionados à convivência, nem</p><p>sempre harmoniosa, do homem com a natureza, procurando enfatizar os princípios</p><p>históricos dessa relação conturbada e de como no século XXI estamos sofrendo com</p><p>as consequências das ações impensadas ou até mesmo exploratórias do homem em</p><p>busca de um crescimento e expansão econômica desenfreada.</p><p>Nesse viés, são apontados elementos constituintes de uma proposta voltada</p><p>para o Desenvolvimento Sustentável, sob os quais se ancoram um arcabouço de</p><p>objetivos necessários de serem alcançados por meio de inúmeras ações pensadas</p><p>e cultuadas de forma prática, e que envolvem todas as esferas da denominada</p><p>sociedade capitalista.</p><p>Vamos, ainda, avançar sobre os fundamentos da Educação Ambiental,</p><p>apresentando documentos oficiais, leis e demais recursos que ancoram e sustentam</p><p>seus princípios fundamentais, além de trazer à tona a necessidade de aprofundar</p><p>políticas sociais e ações voltadas para uma sociedade mais sustentável e que utilize de</p><p>forma inteligente os recursos naturais da fauna e da flora disponíveis.</p><p>Bons estudos!</p><p>2 RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA</p><p>Historicamente, a conexão entre o homem e a natureza sempre foi conturbada</p><p>e desigual. Quando examinamos a fundo tal vínculo, podemos observar quanto o ser</p><p>humano vem sendo inconsequente e agindo de forma irresponsável com a natureza.</p><p>Vejamos esse exemplo: desde os tempos mais remotos, o ser humano se utiliza do</p><p>ecossistema como principal recurso de sobrevivência. Dessa forma, ele, ainda vagante,</p><p>usufruía deliberadamente das fontes de alimento de um determinado local até, que</p><p>essas se esgotassem, migrando para um novo local sempre que necessário.</p><p>Ao mesmo tempo que o progresso das civilizações cresceu demasiadamente,</p><p>assim também foi com as demandas do homem, exigindo gradativamente do ecossis-</p><p>tema mais proventos. Atualmente, sofremos as consequências resultantes do modo</p><p>como a sociedade mundial zela e se relaciona com a natureza. Com essa mesma visão,</p><p>24</p><p>A partir da segunda metade do século passado a humanidade pôde acompanhar</p><p>as consequências de um sistema remanescente da Revolução Industrial que, por visar</p><p>apenas a produtividade com foco no crescimento econômico, não zelou pela qualidade</p><p>do ambiente e a consequente saúde da população. Contaminações de rios, poluição</p><p>do ar, vazamento de produtos químicos nocivos e a perda de milhares de vidas foram</p><p>o estopim para que, partindo da população e passando pela comunidade científica,</p><p>governantes de todo o mundo passassem a discutir e buscar formas de remediação</p><p>ou prevenção para que tamanhas catástrofes não se repetissem. O momento atual,</p><p>no que se refere a meio ambiente, é reflexo de uma série de erros e decisões tomadas</p><p>no passado. Encontramo-nos num ponto em que devemos basicamente reduzir os</p><p>impactos desses erros, que nos foram deixados como legado, por uma geração, e</p><p>trabalhar sob o enfoque da prevenção e da precaução para que as mesmas falhas não</p><p>sejam repetidas (POTT; ESTRELA, 2017, p. 271).</p><p>Diante da procura pelo desenvolvimento e crescimento econômico, o homem</p><p>procura paulatinamente alargar as suas inter-relações com a natureza. Acompanha-</p><p>mos diariamente na mídia as consequências constantes da interferência do ser hu-</p><p>mano no ecossistema. Mas essa relação, muitas vezes ambígua, pode ser melhorada?</p><p>A resposta é sim!</p><p>Para que isso seja possível, precisamos nos interessar por restabelecer com</p><p>prudência os limites inteligentes na utilização dos recursos naturais, em detrimento</p><p>de que a quantidade e a periodicidade do abuso na extração dos recursos retirados</p><p>do ecossistema, e ainda, da infinidade de rejeitos nele depositados são, a cada dia que</p><p>passa, maiores. O ritmo desenfreado de consumo de bens não renováveis da natureza</p><p>leva à produção em larga escala de resíduos no meio em que vivemos, causando</p><p>doenças e poluição. A devastação da natureza é a consequência entre a dependência</p><p>do homem e o meio ambiente. Vejamos a Figura 5.</p><p>25</p><p>Figura 5 – Irresponsabilidades humanas com a natureza</p><p>Fonte: https://www.pexels.</p><p>com/pt-br/foto/fotografia-</p><p>da-fabrica-929385/.</p><p>Acesso em: 15 ago. 2022.</p><p>Fonte: https://www.pexels.</p><p>com/pt-br/foto/aterro-</p><p>perto-de-arvores-2768961/.</p><p>Acesso em: 15 ago. 2022.</p><p>Fonte: https://www.pexels.</p><p>com/pt-br/foto/aterro-</p><p>perto-de-arvores-2768961/.</p><p>Acesso em: 15 ago. 2022.</p><p>Descrição: a Figura 5 ilustra três exemplos básicos da interferência humana sobre a</p><p>natureza. Em um primeiro momento, podemos identificar a degradação da camada de</p><p>ozônio pela poluição oriunda da emissão de gases nocivos ao meio ambiente. Também</p><p>podemos observar a produção e descarte inconsequentes de lixo e resíduos no ambiente</p><p>natural, comprometendo diretamente a sobrevivência de outros seres vivos. Por fim,</p><p>mas não menos irresponsável, vemos a contaminação das fontes hídricas, que são a</p><p>base da sobrevivência da espécie humana, sendo contaminadas pelo descarte abusivo</p><p>de resíduos e vasilhames nas encostas dos rios e dos mares.</p><p>Nessa direção, podemos apontar que a desolação da natureza é resultante de</p><p>três fatores primordiais. São eles: a quantidade de recursos utilizados ou descartados,</p><p>mais o tempo e frequência com que essa utilização ou descarte ocorrem e o tipo de</p><p>recurso utilizado, e as distintas formas de causar poluição (CARVALHO, 2017; CIDREIRA-</p><p>NETO; RODRIGUES, 2017). Ou seja, para manter seu padrão de vida, o homem realiza de</p><p>forma exacerbada a obtenção de recursos de maneira insustentável, causando ao meio</p><p>ambiente um colapso.</p><p>As intervenções do ser humano na natureza são historicamente prejudiciais,</p><p>entretanto já existem movimentos e ações globais para a conscientização da</p><p>economia verde, da preservação do ecossistema e de uma educação ecológi-</p><p>ca. Para saber mais a respeito disso, assista ao vídeo intitulado “O Futuro que</p><p>queremos”, produzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dr5dueiANhI.</p><p>DICAS</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/fotografia-da-fabrica-929385/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/fotografia-da-fabrica-929385/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/fotografia-da-fabrica-929385/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/aterro-perto-de-arvores-2768961/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/aterro-perto-de-arvores-2768961/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/aterro-perto-de-arvores-2768961/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/aterro-perto-de-arvores-2768961/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/aterro-perto-de-arvores-2768961/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/aterro-perto-de-arvores-2768961/</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=dr5dueiANhI</p><p>26</p><p>Além disso, no período mais recente do pós-guerra, ocorre uma explosão tec-</p><p>nológica maior ainda, as máquinas e equipamentos se tornam maiores e mais potencial-</p><p>mente exploradores dos recursos naturais, e desse contexto emergem duas ideologias</p><p>errôneas: a primeira é acreditar que os recursos naturais são infinitamente renováveis;</p><p>a segunda é o consumismo, que é diferente de consumo, na iminência de sermos, hoje,</p><p>mais 7 bilhões de seres humanos. E segundo alguns cientistas mais cautelosos afirmam,</p><p>já passamos do ponto de equilíbrio. A natureza, a biosfera do planeta, já não está mais</p><p>em condições de repor, na verdade, todos os gastos que o ser humano causa ao am-</p><p>biente natural (SCHEUER; NEVES, 2016; MACIEL; GÜLLICH; LIMA, 2018).</p><p>Precisamos urgentemente de uma profunda mudança de pensamento porque</p><p>nós estamos agindo numa espécie de postura suicida, como se fosse possível dispormos</p><p>indiscriminadamente do meio ambiente sem uma maior preocupação com a nossa</p><p>própria manutenção.</p><p>Tais atitudes reduzem nossas possibilidades de existência no universo, ou seja,</p><p>estamos destruindo o planeta terra e a biosfera que o compõe. A genuína esfera social</p><p>do ser humano é a cultura, entretanto possuímos uma conexão intrínseca com a natureza e</p><p>nós temos que nos voltar inteiramente para a preservação da biosfera planetária. Sobre</p><p>uma possibilidade de Desenvolvimento Sustentável, a Organização das Nações Unidas</p><p>(ONU) vem desenvolvendo inúmeras ações para conscientizar a população mundial. No</p><p>Brasil, temos 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável apoiados pela ONU, como</p><p>podemos visualizar na Figura 6.</p><p>Figura 6 – Objetivos do desenvolvimento sustentável no brasil</p><p>1- ERRADICAÇÃO</p><p>DA POBREZA</p><p>2- FOME ZERO</p><p>E AGRICULTURA</p><p>SUSTENTÁVEL</p><p>3- SAÚDE E</p><p>BEM-ESTAR</p><p>4- EDUCAÇÃO</p><p>DE QUALIDADE</p><p>5- IGUALDADE</p><p>DE GÊNERO</p><p>6- ÁGUA</p><p>POTÁVEL E</p><p>SANEAMENTO</p><p>7- ENERGIA LIM-</p><p>PA E ACESSÍVEL</p><p>8- TRABALHO</p><p>DECENTE E CRESCI-</p><p>MENTO ECONÔMICO</p><p>9- INDÚSTRIA,</p><p>INOVAÇÃO E IN-</p><p>FRAESTRUTURA</p><p>10- REDUÇÃO</p><p>DAS DESIGUAL-</p><p>DADES</p><p>11- CIDADES E</p><p>COMUNIDADES</p><p>SUSTENTÁVEIS</p><p>12- CONSUMO</p><p>E PRODUÇÃO</p><p>RESPONSÁVEL</p><p>13- AÇÃO CON-</p><p>TRA A MUDANÇA</p><p>GLOBAL DO CLIMA</p><p>14- VIDA NA</p><p>ÁGUA</p><p>15- VIDA TER-</p><p>RESTRE</p><p>16- PAZ, JUSTIÇA</p><p>E INSTITUIÇÕES</p><p>EFICAZES</p><p>17- PARCERIAS E</p><p>MEIOS DE IMPLE-</p><p>MENTAÇÃO</p><p>Fonte: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs. Acesso em: 10 jun. 2022.</p><p>https://brasil.un.org/pt-br/sdgs</p><p>27</p><p>Nós dependemos absolutamente e completamente da preservação ambiental</p><p>em qualquer nível. Portanto, as nossas condutas individuais, coletivas, privadas, públicas,</p><p>políticas, devem se voltar inexoravelmente para uma preocupação de preservação</p><p>ambiental a qualquer preço, porque, senão, o nosso custo será a nossa própria extinção,</p><p>e não apenas a extinção das demais espécies do planeta.</p><p>2.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL</p><p>O Brasil, enquanto país associado à ONU, tem elaborado documentos e</p><p>orientações norteadoras que vão de encontro às políticas mundiais para uma possível</p><p>Educação Ambiental. Nesse cenário, estão dispostos os referenciais legais mencionados</p><p>na Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, denominada de Política Nacional de Educação</p><p>Ambiental (BRASIL, 1999). Nesse documento, nos artigos 4º e 5º, respectivamente, estão</p><p>mencionados e outorgados os princípios básicos e os objetivos fundamentais da</p><p>Educação Ambiental. Para melhor compreendê-los, vejamos o quadro 4.</p><p>Quadro 4 – Princípios e objetivos da educação ambiental.</p><p>Art. 4º – São Princípios Básicos da</p><p>Educação Ambiental:</p><p>Art. 5º – São Objetivos Fundamentais da</p><p>Educação Ambiental:</p><p>I- O enfoque humanista, holístico,</p><p>democrático e participativo;</p><p>II- A concepção do meio ambiente</p><p>em sua totalidade, considerando</p><p>a interdependência entre o</p><p>meio natural, o socioeconômico</p><p>e o cultural, sob o enfoque da</p><p>sustentabilidade;</p><p>III- O pluralismo de ideias e</p><p>concepções pedagógicas, na</p><p>perspectiva da inter, multi e</p><p>transdisciplinaridade;</p><p>IV- A vinculação entre a ética,</p><p>a educação, o trabalho e as</p><p>práticas sociais;</p><p>V- A garantia de continuidade</p><p>e permanência do processo</p><p>educativo;</p><p>VI- A permanente avaliação crítica</p><p>do processo educativo;</p><p>VII- A abordagem articulada das</p><p>questões ambientais locais,</p><p>regionais, nacionais e globais;</p><p>VIII- O reconhecimento e o respeito</p><p>à pluralidade e à diversidade</p><p>individual e cultural.</p><p>I- O desenvolvimento de uma compreensão</p><p>integrada do meio ambiente em suas múltiplas</p><p>e complexas relações, envolvendo aspectos</p><p>ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,</p><p>econômicos, científicos, culturais e éticos;</p><p>II- A garantia de democratização das informações</p><p>ambientais;</p><p>III- O estímulo e o fortalecimento de uma</p><p>consciência crítica sobre a problemática</p><p>ambiental e social;</p><p>IV- O incentivo à participação individual e coletiva,</p><p>permanente e responsável, na preservação do</p><p>equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a</p><p>defesa da qualidade ambiental como um valor</p><p>inseparável do exercício da cidadania;</p><p>V- O estímulo à cooperação entre as diversas</p><p>regiões do País, em níveis micro e</p><p>macrorregionais, com vistas à construção de</p><p>uma sociedade ambientalmente equilibrada,</p><p>fundada nos princípios da liberdade, igualdade,</p><p>solidariedade, democracia, justiça social,</p><p>responsabilidade e sustentabilidade;</p><p>VI- O fomento e o fortalecimento da integração</p><p>com a ciência e a tecnologia;</p><p>VII- O fortalecimento da cidadania, autodeterminação</p><p>dos povos e solidariedade como fundamentos</p><p>para o futuro da humanidade.</p><p>Fonte: adaptado de Brasil (1999)</p><p>28</p><p>Entretanto, quando investigamos o tema mais a fundo, encontramos referências</p><p>anteriores à Lei nº 9. 725, publicada em 1999 (BRASIL, 1999). Entre aquelas mais</p><p>difundidas na literatura, e que apresentam forte correlação com as ações e políticas</p><p>ambientais nacionais, o Estado de São Paulo, no ano de 1993, compilou documentos</p><p>em uma publicação Oficial que reuniu Declarações, Cartas e Tratados que fomentavam</p><p>a ideologia da conscientização e Educação Ambiental.</p><p>O Documento Publicado pelo Estado de São Paulo (1993), intitulado</p><p>“Meio ambiente e desenvolvimento: documentos oficiais, Organização</p><p>das Nações Unidas, Organizações não governamentais”, oferece subsí-</p><p>dios para entender um pouco mais a trajetória histórica dos esforços</p><p>internacionais e nacionais pelo estabelecimento de critérios e ações vol-</p><p>tadas para a Educação Ambiental. O documento poder ser acessado na</p><p>íntegra, portanto, aproveite a leitura. Acesse: https://acervo.socioambien-</p><p>tal.org/sites/default/files/documents/S7D00004.pdf.</p><p>DICAS</p><p>No intuito de buscar compreender melhor as ações nacionais voltadas para a</p><p>Educação Ambiental, são de suma importância as considerações proferidas pelo estudo</p><p>de Carvalho (2012), que recupera informações pertinentes sobre o Tratado de Educação</p><p>Ambiental para Sociedades Sustentáveis,</p><p>No Brasil, a Educação Ambiental que se orienta pelo Tratado de Edu-</p><p>cação Ambiental para sociedades sustentáveis tem buscado cons-</p><p>truir uma perspectiva interdisciplinar para compreender as questões</p><p>que afetam as relações entre os grupos humanos e seu ambiente e</p><p>intervir nelas, acionando diversas áreas do conhecimento e diferen-</p><p>tes saberes – também os não escolares, como os da comunidade e</p><p>populações locais – e valorizando a diversidade das culturas e dos</p><p>modos de compreensão e manejo do ambiente. No plano pedagógi-</p><p>co, a Educação Ambiental tem-se caracterizado pela crítica à com-</p><p>partimentalização do conhecimento em disciplinas. É, nesse sentido,</p><p>uma prática educativa impertinente, pois questiona as pertenças</p><p>disciplinares e os territórios de saber/poder já estabilizados, provo-</p><p>cando com isso mudanças profundas (CARVALHO, 2012, p. 54-55).</p><p>A partir das ponderações do autor citado anteriormente, podemos compreender</p><p>que a Educação Física, enquanto área do conhecimento, está inserida nesse bojo, e</p><p>possui elementos didático-pedagógicos que podem fortalecer práticas educativas</p><p>sustentáveis no que diz respeito às questões ambientais.</p><p>Nessa direção, de acordo com Branco, Royer e Branco (2018), os documentos</p><p>oficiais</p>
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